terça-feira, 8 de junho de 2021

Beata Ana Maria Taïgi, Padroeira das mães de família – 9 de junho

   
     Nascida a 29 de maio de 1769, na bela cidade toscana de Siena, na Itália, já no dia seguinte recebeu o nome Ana Maria Antonia Gesualda Giannetti, na pia batismal da Igreja de São João Batista, de Sena. Seus pais, Luigi Giannetti e Maria Santa Masi, procediam da pequena, mas próspera burguesia da cidade. Luigi herdara de seu pai uma conceituada farmácia, considerada como um dos melhores boticários de toda a Toscana.
     Os anos de alegria duraram pouco. Luigi, de espírito imprevidente e extravagante, não tardou em ter de vender tudo a fim de pagar suas dívidas e abandonar a cidade. Na completa ruína, todavia com a honra salva, decidiu recomeçar a vida bem longe. E para tal escolheu a Cidade Eterna.
     A vida em Roma trouxe uma mudança radical nos hábitos da família, que passou a morar em uma pobre e pequena casa no bairro Monti. Os pais de Ana viram-se obrigados a trabalhar como empregados em casas de família, ganhando tão somente o necessário para garantir parca alimentação. Ana foi matriculada na escola gratuita sob os cuidados do Instituto das Pias Mestras Filipinas. Ali aprendeu lições de religião, leitura, cálculo e trabalhos domésticos, mas foi obrigada a interromper seus estudos devido a uma epidemia de varíola.
     Na idade de treze anos, Ana começou a ganhar o pão com seu trabalho. Durante algum tempo esteve empregada em uma fábrica de tecidos de seda. Regressando do trabalho, dedicava-se às prendas domésticas. Ao contrário dos pais, mesmo na adversidade, a jovem mantinha um constante sorriso.
     Em 1787, abandonou o trabalho no ateliê para empregar-se como doméstica no Palácio Maccarani, onde trabalhava o pai. A patroa, Maria Serra Marini, satisfeita com a nova empregada, ofereceu ofício também à mãe, bem como alguns cômodos no palácio, e para lá se trasladou a família Giannetti.
     Encantada com a jovem, a senhora não cessava de elogiá-la, deixando-a cada vez mais vaidosa. Presenteava-a com os vestidos que não mais queria usar, e Ana os aceitava comprazida. A influência desta vida mundana, aliada a seu temperamento amável e extrovertido, ameaçavam sua honestidade, e só não caiu nos abismos do mal graças a seus bons princípios. Em 1790, se casou com Domenico Taïgi, um servidor do vizinho Palácio do Príncipe Chigi. Fixaram residência em um pequeno apartamento na ala de serviço do Palácio Chigi, oferta do generoso Príncipe aos novos cônjuges.
     Domenico se orgulhava da bela esposa, fazendo-a ser admirada por todos nos bailes, teatros e passeios. Ela levava a fidelidade matrimonial muito a sério, cumprindo todas as suas obrigações de esposa e tomando o marido como seu senhor, tendo-lhe uma inteira submissão afetuosa, suavizando aos poucos seu caráter. Ele era um homem piedoso, mas de caráter difícil e grosseiro, que nunca compreendeu os dons especiais da esposa. Aos vinte e um anos nasceu-lhe o primeiro filho.
     Até então, nada fazia entrever o especial chamado a que fora predestinada pela Providência. Pouco a pouco, contudo, a graça foi se fazendo sentir em sua alma. Sem explicação aparente, uma angústia e uma inquietação começaram a tomar conta do coração da jovem mãe, mostrando-lhe o vazio daquela vida.
     Em um domingo, passeando com o esposo pela colunata de Bernini, na Praça de São Pedro, cruzou ela com um religioso Servita de Maria, o padre Angelo Verardi, a quem nunca tinha visto. Os dois se entreolharam e o sacerdote ouviu uma voz sobrenatural advertindo-o: “Preste atenção nesta mulher, ela lhe será confiada um dia e tu trabalharás por sua conversão. Ela se santificará, porque Eu a escolhi para ser uma santa”.
     Ana percebeu aquele olhar fitando-a com profundidade, porém não o entendeu. Mas, desde então, começou a perder o gosto pelas coisas do mundo. Tentou aquietar a ansiedade falando com seu confessor, mas este se limitou aos conselhos habituais para as senhoras casadas: seja fiel e obediente a seu marido...
     Buscou, então, outros confessores. No entanto, nenhum conseguiu devolver-lhe a paz de alma. Por fim, decidiu visitar a Igreja de São Marcelo, onde se casara, e encontrou um sacerdote no confessionário. Era o padre Angelo Verardi! Ao ajoelhar para se confessar, o sacerdote ouviu de novo a mesma voz: “Olhe-a. Eu a chamo à santidade”. Cheio de alegria e satisfação, disse-lhe ele: “Afinal viestes, minha filha. O Senhor vos chama à perfeição e vós não podeis recusar o seu chamado”. Contou-lhe, então, a mensagem recebida na Praça São Pedro. Finalmente Deus concedera àquela alma escolhida a graça da conversão. A partir daí, renunciou a todas as vaidades do mundo e não participou mais de diversões fúteis, encontrando o maior consolo e alegria na oração.
     Começava para esta bem-aventurada, de condição simples e desconhecida, uma vida de oração, penitência e austeridade. Visões, revelações, sofrimentos, curas e milagres serão agora o seu cotidiano, sem nunca deixar de cumprir seus deveres de esposa e mãe. Ela quis se entregar a duras penitências, mas o padre a fez compreender que seu sacrifício consistia no amor e fidelidade ao sacramento do casamento e no papel de mãe.
     Por 49 anos ela, finíssima no trato, teve a oportunidade de exercitar continuamente a paciência e a caridade. Conhecendo todo o valor do casamento e considerando-o como uma altíssima missão recebida do céu, a Beata transformou a sua casa em um verdadeiro santuário, onde Deus tinha o primeiro lugar. Dócil ao marido, fazia com que nada faltasse à família e o pouco que tinha era sempre dividido com os pobres e doentes que nunca deixou de ajudar.
     A sua família foi crescendo com a chegada de sete filhos, três dos quais morreram ainda pequenos, e dos seus velhos pais. Mas ela encontrava tempo para ajudar nas despesas da casa costurando sob encomenda. Mais tarde, quando a filha Sofia ficou viúva com seis filhos, foi Ana Maria que os acolheu e criou dando-lhes uma formação reta.
     Ana Maria era devotíssima da Santíssima Trindade, de Jesus Sacramentado e da Paixão de Nosso Senhor; tinha uma terníssima devoção por Nossa Senhora. Em 26 de dezembro de 1808, ingressou na Ordem Secular Trinitária e tornou-se fervorosa serva e adoradora da Santíssima Trindade.
     Favorecida com dons especiais da profecia, tornou-se conhecida por seus conselhos no meio do clero. Ana Maria se tornou muito respeitada durante todos os quarenta e sete anos em que “um sol luminoso aparecia diante dos olhos, onde via os acontecimentos do mundo, os pensamentos e as almas das pessoas”, como ela mesma descrevia.
     Na sua declaração juramentada, e que pode ser consultada no processo de beatificação de Ana Maria, o Cardeal Pedicini se refere aos portentos que ele presenciou nessa mulher extraordinária.
     O Pe. Bouffier S.J. nos fala desse sol misterioso onde Deus quis mostrar a ela “os fios secretos dos movimentos do mundo”: “Era uma maravilha ouvir uma boca tão apagada narrar com serena candura as agitações das sociedades, as convulsões dos povos, a derrubada das dinastias, e até nesses grandes acontecimentos da História, os detalhes íntimos e escondidos dos corações que só o olhar de Deus pode penetrar. (...)
     “Sob essa luz ela via o estado das consciências, a situação das diversas nações da terra, as revoluções, as guerras, os planos dos governos, as maquinações das sociedades secretas, as armadilhas montadas pelos demônios, os crimes, os pecados, as superstições dos idólatras, os flagelos que Deus havia preparado para punir as prevaricações humanas”.
     O sol lhe apareceu pela primeira vez por volta de 1790, quando ela se flagelava em seu pequeno oratório doméstico. E nunca se afastou de sua vista, acompanhando-a por toda parte, dia e noite, até a sua morte, acontecida 47 anos depois.
     Os Papas que reinaram durante a vida da Beata mantiveram uma especial relação com ela. Eles viam nela um humilde instrumento da Providência para tirar o Papado de encruzilhadas que poderiam tê-lo levado a fracassos deploráveis. Especialmente diante da prepotência napoleônica e das insídias das sociedades anticatólicas secretas que tramavam contra a Igreja – inclusive com a participação de eclesiásticos muito altos e aparentemente insuspeitos.
     A Beata foi conselheira espiritual de vários sacerdotes, hoje todos Santos, como Vicente Pallotti, Gaspar Del Búfalo, Vicente Maria Strambi, de nobres e outras personalidades eclesiásticas ilustres.
     Em sua última enfermidade, Nosso Senhor permitiu que ela participasse de suas dores nas últimas horas da Cruz, sofrendo o abandono total. Tendo recebido o Viático numa quarta-feira e a Extrema Unção no dia seguinte, sentia as dores da morte. Todos pensavam não haver ainda chegado seu fim, deixando-a tranquila e só. O sacerdote seu confessor teve a inspiração de ir visitar a doente na madrugada da sexta-feira, encontrando-a só. Rezou então as orações da Igreja, deu-lhe a absolvição e ela faleceu em seguida. Era o dia 9 de junho de 1837.
     Sua causa de canonização foi introduzida em 8 de janeiro de 1863, sob o pontificado do Beato Pio IX, pelo qual ela oferecera inúmeros padecimentos e orações. Em 4 de março de 1906, São Pio X aprovou o decreto de virtudes heroicas declarando-a Venerável.
     Ana Maria Taïgi foi beatificada no dia 30 de maio de 1920 por Bento XV. Este papa designou sua celebração para o dia de sua morte e a declarou padroeira das mães de família. O decreto de beatificação a aponta como: “prodígio único nos fastos da santidade”. O corpo da Beata Ana Maria Taïgi, que prodigiosamente se conservou incorrupto, está guardado na Igreja de São Crisógono, em Roma, numa Capela a ela dedicada.
 
Revelações de Deus à Beata Ana Maria Taïgi
     Deus enviará ao mundo duas espécies de castigos. Primeiro virão vários castigos terrenos: vão ser muito maus, mas serão mitigados e encurtados pelas orações e penitências das almas santas.  Haverá grandes guerras nas quais morrerão pelo ferro milhões de pessoas (as duas Grandes Guerras do séc. XX?). Mas depois destes castigos terrenos virá o celeste que será dirigido aos impenitentes. Este castigo será muito mais horroroso e terrível, não será mitigado por coisa alguma, atuará em todo seu rigor e será universal. Contudo, em que este castigo consistirá Deus não o revelou a ninguém, nem mesmo aos Seus mais íntimos amigos.
     Trevas excessivamente espessas se espalharão pelo mundo inteiro e envolverão a terra durante três dias e três noites. Durante essas trevas será absolutamente impossível distinguir-se qualquer coisa. O ar ficará empestado pelos demônios que aparecerão sob todas as formas, as mais odiosas. Essa pestilência atingirá não exclusivamente, mas bem principalmente, os inimigos da religião, ocultos ou conhecidos, com exceção de alguns poucos que Deus converterá logo depois.
     Enquanto durarem as trevas será impossível a luz natural. Aquele que por curiosidade abrir as janelas, olhar para fora, ou sair pela porta, cairá morto instantaneamente. Durante esses dias devemos ficar em casa rezando o Rosário e invocando a misericórdia de Deus. As velas bentas preservarão da morte, assim como a invocação a Maria e aos Anjos.
                                                           (das Atas de Beatificação de Ana Maria Taïgi)
Urna com o corpo incorrupto da Beeata


Postado neste blog em 9 de junho de 2011
 
Fontes:
https://aparicaodelasalette.blogspot.com/
http://www.santosebeatoscatolicos.com/
 

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