Maria Helena MacKillop
nasceu em Fizroy, Melbourne (Austrália), em 15 de janeiro de 1842. Foi batizada
seis semanas depois. Seu pai, Alexandre MacKillop, era escocês e havia sido
educado no Colégio Escocês em Roma e na Faculdade Kincardineshire Blair para o
sacerdócio, mas, na idade de 29 anos, pouco antes de sua ordenação, deixou os
estudos e decidiu emigrar para a Austrália. Chegou a Sidney em 1838. Sua mãe,
Flora MacDonald, deixou a Escócia e chegou a Melbourne em 1840. Eles se casaram
em Melbourne em 14 de julho de 1840 e tiveram oito filhos. Destes, Donald se
tornou sacerdote Jesuíta e trabalhou entre os aborígines no Território do Norte.
Maria, a mais velha, foi educada por seu pai e em escolas privadas. Ela recebeu
sua Primeira Comunhão em 15 de agosto de 1850 com apenas 8 anos.
Em fevereiro de 1851, Alexandre MacKillop hipotecou suas terras e suas
ferramentas de trabalho e sustento para realizar uma viagem à Escócia, que
durou uns 17 meses. Ele foi um pai e marido amoroso, porém não tinha habilidade
para o campo, por isso nunca foi capaz de progredir. Durante muitas
oportunidades a família teve que sobreviver com pequenos ganhos obtidos pelas
crianças.
Maria começou a trabalhar com a idade de catorze anos como escriturária em
Melbourne e depois como professora em Portland. Em 1860, para manter a sua
necessitada família, aceitou um trabalho como governanta em Penola no sul da
Austrália. Seu trabalho consistia em cuidar e educar crianças.
Sempre que lhe era possível ajudava os pobres, e começou a cuidar das crianças
das outras fazendas do Estado de Cameron, entrando em contato com o Padre
Julião Tenison Woods, que era o pároco do território sudeste desde sua
ordenação sacerdotal em 1857, e se tornou seu diretor espiritual.
Em 1864 abriu sua própria escola, Bay View
House, Seminário para Moças, hoje Bayview College, e foi acompanhada pelo resto
de sua família.
O
Padre Woods sempre se preocupara com a educação e particularmente com a
formação católica deficiente no sul da Austrália. Em 1866 ele convidou Maria
Helena e suas irmãs Annie e Lexie para irem a Penola para abrir uma escola
católica. Essa escola foi inaugurada em um estábulo, adaptado pelos irmãos de
Maria, e onde ela e as irmãs logo começaram a educar mais de cinquenta
crianças.
O Padre Woods foi nomeado Diretor de
Educação, e, junto com Maria, tornou-se o fundador. Maria fez uma declaração de
sua dedicação a Deus e começou a vestir-se de preto. Em 1867 a recém-formada
Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração de Jesus, para o ensino,
tornou Maria a primeira Irmã e a superiora do instituto, tendo ela se mudado
para o novo convento em Grote Street, Adelaide. Aos 25 anos ela adotou o nome
religioso de Irmã Maria da Cruz.
No ano seguinte, abriu uma segunda escola em Adelaide, a pedido do Bispo
Laurence Boaventura Sheil, e as atividades se estenderam a assistência dos
órfãos, dos pobres, dos velhos.
A Regra da Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração foi escrita
pelo próprio Padre Woods, e foi aprovada pelo Bispo Sheil, em 1867. No final
daquele ano outras dez Irmãs se uniram à Congregação. Era a primeira ordem
religiosa fundada por uma australiana.
Em 1872, o Bispo Sheil excomungou Madre Maria Helena devido a desentendimentos
sobre matéria educativa, vistos por ele como desobediência, e dissolveu a
Congregação. Cinco meses depois, no leito de morte, o bispo confessou seu erro
e voltou atrás na sua decisão, diante da vida exemplar de Madre Maria.
Em 1873, Madre Maria viajou para Roma e se entrevistou com o Papa Pio IX, a fim
de obter aprovação para o Instituto, o qual deu o beneplácito para sua obra.
Ela então refez a Regra original escrita pelo Padre Woods, que por isso se
afastou da Congregação. Madre Maria visitou naquela ocasião a Inglaterra, a
Escócia e a Irlanda, onde recrutou novas Irmãs.
A partir de então sua responsabilidade pela obra foi total, tendo que enfrentar
duras lutas e sacrifícios percorrendo longas distâncias para visitar, apoiar,
ajudar as suas Irmãs aonde quer que se encontrassem. Ao longo da década de
1880, a Congregação inaugurou escolas por todo país e na Nova Zelândia.
Mas os conflitos com a hierarquia da
Igreja australiana não tinham ainda terminado: nos anos 1880, enfrentou uma
desavença com o então bispo Christopher Reynolds, que ordenou que ela deixasse
a diocese de Adelaide devido a desentendimentos sobre a tutela de escolas e
instituições de caridade.
Em 1888, seria de novo um papa, Leão XIII, a tomar o partido de uma mulher
descrita como carinhosa, mas determinada, com um enorme amor pelo próximo e
grandes olhos azuis como traço físico marcante. Leão XIII aprovou a
Congregação, com a disposição de haver uma Superiora Geral em Sidney.
Dedicada à educação das crianças pobres, foi a primeira Congregação religiosa
fundada por australianos. A Regra escrita pelo Padre Woods e por Madre Maria
para as Irmãs enfatizava a pobreza, uma dependência total à Divina Providência
- não podiam ter propriedades pessoais, confiando sempre que Deus proveria o
necessário - e as Irmãs deveriam ir aonde se fizessem necessárias.
A principal preocupação de Madre Maria da
Cruz nesta época era com a formação espiritual e profissional das irmãs. Em
1900 foram inaugurados dois noviciados, em Adelaide e Sidnei. A Escola na qual
as irmãs ganhavam prática como professoras, ao Norte de Sidnei, ainda hoje
existe, sendo parte da Universidade Católica Australiana.
Também em 1900, as irmãs de Queensland,
que haviam se separado por instigação do Bispo local, retornaram à Congregação.
O novo Bispo Higgins não apenas incentivou como reabriu a diocese para o
trabalho das irmãs. Também foi incorporado o Instituto da Irmãs de Wilcannia.
Em 1903, foi aprovado o voto feminino no
país. Madre Maria da Cruz escreveu para as irmãs incentivando que se alistassem
e procurassem atentamente escolher candidatos de acordo com os ensinamentos da
Igreja.
Madre Maria da Cruz padeceu de reumatismo
durante anos, e em 1901 foi aconselhada a ir descansar nas águas termais em
Roturoa, Nova Zelândia. Estando lá teve um derrame que deixou seu lado esquerdo
paralisado, ficando presa a uma cadeira de rodas, apesar de ter conservado as
faculdades mentais. Após retornar para a Austrália, ela procurou manter uma
rotina de visitas às escolas e orfanatos próximos a Sidnei, além de escrever
muitas cartas para as diversas casas. Mesmo com sua saúde frágil, foi reeleita
em 1905, embora as tarefas administrativas diárias já estivessem sob
responsabilidade da Irmã La Merci.
Madre
Maria MacKillop faleceu no dia 8 de agosto de 1909 no convento josefita ao
norte de Sidnei e foi enterrada no Cemitério Gore Hill. Depois de seu
enterro as pessoas começaram a pegar terra ao redor de seu túmulo o que levou a
que a exumassem e transferissem para a nova Capela em Mount Street, Sidney, em
27 de janeiro de 1914.
Quando Madre Maria da Cruz faleceu a
Congregação contava com 750 religiosas e tinha 117 escolas e centros de
acolhimento para pobres. Sua ação contribuiu para a difusão do Catolicismo na
Austrália e Nova Zelândia. Quase cem anos depois da morte de Madre Maria
MacKillop, as Irmãs estão trabalhando em muitos povoados no Sul da Austrália,
incluindo Aldgate em Adelaide Hills.
Atualmente as Irmãs de São José do S. Coração de Jesus é o grupo mais numeroso
de religiosas presente na Austrália, com difusão na Nova Zelândia, Peru, Brasil
e Tailândia.
Madre
Maria foi beatificada por João Paulo II em 19 de janeiro de 1995. Em 19 de
dezembro de 2009, Bento XVI autorizou a promulgação do decreto que reconheceu
um milagre atribuído à intercessão da Beata Maria da Cruz. A canonização da
primeira Santa australiana se realizou em 17 de outubro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário