Santa Cunegundes,
com cerca de 20 anos, esposou o Duque de Baviera, o qual em 1002 foi coroado
Rei da Alemanha e em 1014 Imperador
Pelos fins do século X, nascia Cunegundes,
Condessa de Luxemburgo. Seu pai, o Conde Sigefredo, e sua mãe, a Condessa Edwiges,
soberanos de Luxemburgo, favorecidos pela fortuna, muito se esmeraram na
educação dessa princesa, cuja beleza e inteligência cresciam com a idade.
Desde a sua infância, o traço
característico de seu caráter foi uma constante inclinação às coisas santas. O
desejo de servir a Deus e a Maria Santíssima em perfeita castidade, brotou
espontâneo de seu coração. Deus satisfez milagrosamente esse seu santo desejo.
Não podendo se furtar aos deveres de seu nascimento, aceitou como esposo a
Henrique, Imperador da Alemanha, e com o seu esposo recebeu a coroa imperial
das próprias mãos do Papa Benedito VIII, em Roma. Piedoso e de grandes
virtudes, Henrique estimava a castidade tanto quanto a sua esposa, e no próprio
dia do casamento fizeram de comum acordo o voto de castidade, afastando assim
as consequências, para eles desastrosas, desse casamento político.
Viviam eles na maior alegria, trabalhando
imensamente pela maior glória de Deus e pela felicidade de seus súditos.
Tão grande virtude, em tamanha altura, não
podia deixar indiferente o inimigo de todo o bem. Por toda a corte imperial
começou a murmurar-se que a Imperatriz facilmente se consolava das virtudes de
seu esposo. No início sofreu Cunegundes com paciência a calúnia levantada
contra a sua honra, e procurava sofrear a revolta de todo o seu ser contra
tanta maldade.
Mas quando não soube mais duvidar da
insistência desses boatos, e portanto das consequências desastrosas que eles
podiam acarretar, quando viu que até o próprio esposo já manifestara a sua
apreensão, a Imperatriz fez uma declaração pública, desfazendo claramente as
calúnias de seus detratores. E, em confirmação de suas palavras, andou descalça
sobre umas grelhas em brasa, recorrendo ao testemunho do próprio Deus.
Ninguém mais, à vista desse milagre, pôde
duvidar de sua santidade e o próprio Imperador, prostrando-se a seus pés,
pediu-lhe perdão pelos seus juízos temerários.
Um ano depois da morte do Imperador,
Cunegundes apresentou-se com toda a pompa imperial na igreja de um convento de
sua fundação para assistir à sua solene sagração.
Estavam presentes o clero e toda a corte.
Logo depois da sagração, Cunegundes ofereceu à igreja uma partícula do Santo
lenho. Após o Evangelho da Missa, que então se rezou, ela despiu todos os
ornamentos imperiais e revestindo-se de um hábito tecido pelas suas próprias
mãos, ordenou que lhe cortassem os cabelos, e depois, coberta com um véu, foi
por um prelado entregue à comunidade. Desde esse dia, ela viveu constantemente
sujeita à regra e à santa obediência, e dando a todas as irmãs exemplos das
maiores virtudes.
Percebendo nos seus últimos momentos que
as irmãs traziam vestes preciosíssimas para a exposição do corpo daquela que
fora Imperatriz da Alemanha, pediu, porque não podia mandar, que a deixassem
com o hábito da Ordem e a enterrassem simplesmente ao lado de seu virtuoso
esposo e senhor.
Conta a tradição, que por ocasião de ser
aberta a sepultura, ouviu-se uma voz dizer: “O Virgo virgini, locum tribue!”
(Virgem, dê lugar à virgem). E o sarcófago de Henrique espontaneamente se
movera para ceder lugar ao de sua esposa.
O túmulo desses Príncipes foi glorificado
por inúmeros milagres, e Cunegundes foi, em 1200, santificada pelo Papa
Inocêncio III.
Como a vida desses antigos Imperadores
deve ser hoje por nós meditada, hoje em que os rapazes não são católicos por
causa da castidade e em que a pureza afasta tantos da religião! Os que tem a
graça inestimável de serem católicos, isto é, de crerem e praticarem
integralmente a doutrina cristã, esmerem-se nessa virtude angélica, porque ela
é hoje a verdadeira pedra de toque dos servos do Senhor.
Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira - Legionário, 26 de
fevereiro de 1939, N. 337, pag. 5
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