A “Peregrinação de Egéria” fala de uma
vigília antes da festa e da festa em si, eventos que ela testemunhou na igreja
construída sobre a gruta na qual os fiéis acreditam ter nascido Jesus em Belém.
É possível que antes do século V, o evento narrado nos Evangelhos tenha sido
comemorado em conjunto com a Páscoa ou o Pentecostes. Alguns acreditam que o
controverso e muito debatido decreto 43 do Sínodo de Elvira (c. 300), condenando
a prática de observar uma festa no quadragésimo dia depois da Páscoa e de
esquecer de comemorar o Pentecostes no quinquagésimo, implica que a prática
apropriada na época era comemorar a Ascensão junto com o Pentecostes.
Representações artísticas do evento aparecem em dípticos e afrescos a partir do
século V.
Os termos em latim para a festa, "ascensio"
e, ocasionalmente, "ascensa”, significam que Cristo ascendeu
através de seus próprios poderes e é destes termos que o dia santo derivou seu
nome. No Catolicismo romano, a "Ascensão do Senhor" é um “dia santo
de obrigação”. Os três dias antes da quinta-feira da Ascensão são, às vezes,
chamados de “Dias de rogação" e o domingo anterior, o sexto da Páscoa (ou
quinto "depois" da Páscoa), “Domingo de rogação". A Ascensão
prevê uma vigília e, desde o século XV, uma oitava, que já é uma novena
preparatória para o Pentecostes conforme as instruções do papa Leão XIII.
Em diversos países que não observam a
festa como feriado público, a Igreja Católica Romana deu permissão para mudar a
observância da Ascensão da quinta-feira para o domingo seguinte, o domingo
antes do Pentecostes. Este relaxamento está de acordo com a tendência de mover
os dias de obrigação de dias da semana para os domingos para encorajar mais
católicos a observar as festas consideradas mais importantes. A decisão de
mudar a data é tomada pelos bispos de uma província eclesiástica, ou seja, um
arcebispo e seus bispos.
Dia da espiga
O "dia da espiga" ou
"Quinta-feira da espiga" é uma celebração portuguesa que ocorre no
dia da Quinta-feira da Ascensão com um passeio, em que se colhem espigas de
vários cereais, flores campestres (papoilas e pampilhos) e raminhos de oliveira
para formar um ramo, a que se chama de espiga. Em certas localidades, segundo a
tradição, o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada e só deve ser
substituído por um novo, no dia da espiga, do ano seguinte. É considerado
"o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era
chamado o "dia da hora" porque havia um momento em que tudo parava:
pelo meio-dia, em algumas localidades e pelas três horas da tarde, noutras
localidades, onde "as águas dos ribeiros não correm, o leite não
coalha, o pão não leveda e as folhas de oliveira cruzam-se".
O seguinte provérbio é do conhecimento do
povo português:
“Se
os passarinhos soubessem
Quando
é dia d'Ascensão,
Nem
subiam ao seu ninho,
Nem
punham o pé no chão”.
Em alguns locais do país, era nessa hora
que se colhiam as plantas para fazer o ramo da "espiga" e também se
colhiam as ervas medicinais. Deviam rezar-se igualmente cinco Padres-Nossos, cinco
Ave Marias e cinco Gloria ao Pai, para que durante o ano houvesse sempre em
casa azeite, ouro e prata. Nesses lugares, em dias de trovoadas queimava-se um
pouco dessa "espiga" no fogo da lareira para afastar as trovoadas.
CHAVES,
Luís. Páginas Folclóricas - I: A Canção do Trabalho. Separata do vol.
XXVI da "Revista Lusitana". Imprensa Portuguesa. Porto, 1927.
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