Na. Sra. Auxiliadora, Igreja de
Na. Sra. Auxiliadora em S. Paulo
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O fim da Igreja, instituindo esta festa,
foi principalmente: 1) comemorar um acontecimento dos mais notáveis da história
do catolicismo, em que Maria de um modo patente mostrou o seu poder; 2)
aumentar nos fiéis a confiança em Maria Santíssima.
O acontecimento foi o seguinte: Napoleão,
que só respeitava leis e tradições quando lhe convinha, detestava o Papa Pio
VII por se ter ele negado a declarar inválido o matrimonio de Jeronimo
Bonaparte, legitimamente casado com uma protestante, filha de uns negociantes
da América do Norte.
Sem se dar ao trabalho de procurar um
pretexto plausível, mandou o general Miollis ocupar Roma em seu nome,
declarando: “Sendo eu imperador de Roma,
exijo a restituição do Estado eclesiástico, doação de Carlos Magno. Declaro
findo o Império dos Papas”. Pio VII protestou contra esta arbitrariedade
inaudita, e na noite de 10 para 11 de junho de 1809, aparecia fixada na porta
da basílica de São Pedro a bula de excomunhão contra o usurpador do trono de
França.
Nessa mesma noite, às 2 horas da
madrugada, o general Radet forçou o palácio do Quirinal, onde encontrou o Sumo
Pontífice, com todos os seus ornatos pontificais, sentado num dos imensos
salões do palácio abandonado, tendo a seus pés o Cardeal Pacca.
O general Radet, sentindo-se criminoso,
apesar de lá ter ido para prender o Santo Padre, disse com voz trêmula: “Cabe-me a execução de uma ordem
desagradabilíssima: tendo, porém, prestado juramento de fidelidade e obediência
ao meu imperador, devo cumpri-la: em nome do imperador declaro-vos que deveis
renunciar ao governo civil de Roma e aos Estados eclesiásticos e se a isso vos
negardes, levar-vos-ei ao general Miollis”.
Pio VII respondeu com voz firme e
tranquila: “Julgais ser do vosso dever
executar as ordens do imperador, a quem juraste fidelidade e obediência. Deveis
compreender de que modo somos obrigados a respeitar os direitos da Santa Sé,
nós, que a eles nos ligamos por tantos juramentos. Não podemos renunciar ao que
não nos pertence; o poder temporal pertence à Igreja Católica e nós somos
apenas seu administrador. O imperador pode nos esquartejar, mas do que ele nos
pede nada lhe daremos”.
Radet conduziu o Sumo Pontífice e o
Cardeal Pacca a uma carruagem. O calvário do Augusto Ancião, havia pouco
começado com a invasão de Roma, estava ainda no seu início. Todas as pessoas
que rodeavam o Sumo Pontífice, e mereciam a sua confiança, tinham sido
afastadas, para que o isolamento aumentasse ainda as suas angústias. O
Breviário lhe foi proibido.
O Velho Representante de Cristo na terra
não foi conduzido ao general Miollis, mas à sua prisão rodante tomou a estrada
de França. Assim que a notícia da passagem do Sumo Pontífice se espalhava, as
populações acorriam a se lançar aos pés de Sua Santidade, e Pio VII, pela
janela de sua carruagem, abençoava os fiéis.
A alimentação, porém, dos prisioneiros,
como os denominaram os maçons de França, era tão minguada, que Sua Santidade,
debilitado, caiu gravemente enfermo.
Foi durante suas tribulações, estando Pio
VII moribundo em Savone, e os inimigos da Igreja a falar no último dos Papas,
que o voto de se coroar solenemente a Nossa Senhora foi feito por Pio VII.
Em 1812 foi o Papa transportado a Paris,
onde sofreu os maiores vexames. Inesperadamente, porém, as coisas mudaram.
Napoleão perdeu a batalha de Leipzig, e pouco tempo depois teve de assinar a
sua abdicação no mesmo castelo em que matinha preso o Sumo Pontífice.
Retorno de Pio VII a Roma, 24 de maio de 1814
Pio VII voltou imediatamente a Savone,
onde, em presença de SS. MM. a rainha da Etrúria e o rei da Sardenha, e de um
número enorme de Cardeais, corou a imagem da Mãe de Misericórdia fazendo logo
em seguida a sua solene entrada em Roma, entusiasticamente aclamado pela
multidão.
Enquanto o Papa voltava ao pleno gozo de
seus direitos, Napoleão esperava em Santa Helena a hora de prestar contas
Àquele que não se apressa em toma-las.
Pio VII atribuiu a vitória da Igreja sobre
as forças da Revolução à poderosa intercessão de Maria Santíssima. E aos
católicos, hoje tão perseguidos em tantos países, é prudente lembrar que se
ainda há perseguidores vulgares como Napoleão, a Mãe de Deus também continua a
ser a mesma dispensadora de graças.
Plinio Corrêa de Oliveira - Legionário,
21 de maio de 1939, N. 349, pag. 5
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