Há uma singular concordância entre os
testemunhos dados nos vários processos canônicos por parte das testemunhas que
a tinham conhecido e convivido com ela, ao descrevê-la como uma menina bondosa
no mais amplo sentido do termo. A natural mansidão e bondade de Albertina
conjugavam-se bem com uma vida cristã compreendida e vivida completamente. Da
prática cristã derivava a sua inclinação à bondade, às práticas religiosas e às
virtudes, na medida em que uma criança da sua idade podia entendê-las e
vivê-las.
Sabia ajudar os pais no trabalho dos
campos e especialmente em casa. Sempre dócil, obediente, incansável, com
espírito de sacrifício, paciente, até quando os irmãos a mortificavam ou lhe
batiam ela sofria em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus, que amava
sinceramente.
A frequência aos sacramentos e a profunda
compenetração que mostrava ter na participação da mesa eucarística é um índice
de maturidade espiritual que a menina tinha alcançado; distinguia-se pela
piedade e recolhimento.
O cenário no qual foi consumado o delito é
terrivelmente simples, quanto atroz e violenta foi a morte de Albertina. No dia
15 de junho de 1931, estava ela apascentando os animais de propriedade da
família quando o pai lhe disse para ir procurar um bovino que se tinha
distanciado. Ela obedeceu. Num campo vizinho encontrou Idanlíci e perguntou-lhe
se tinha visto o animal passar por ali.
Idanlício Cipriano Martins, conhecido com
o nome de Manuel Martins da Silva, era chamado pelo apelido de Maneco. Tinha 33
anos, vivia com a mulher próximo da casa de Albertina e trabalhava para um tio
dela. Embora já tivesse matado uma pessoa, era considerado por todos um homem
reto e um trabalhador honesto. Albertina muitas vezes levava-lhe comida e
brincava com os seus filhos; portanto, era uma pessoa do seu conhecimento.
Quando Albertina lhe perguntou se tinha
visto o boi, Maneco responde que sim, acrescentando que o tinha visto ir para o
bosque próximo dali e ofereceu-se para acompanhá-la e ajudar na busca. Mas, ao
chegarem perto do bosque, fez-lhe proposta libidinosa, e a seguira com intenção
de lhe fazer mal. Albertina não consentiu e Maneco então a pegou pelos cabelos,
jogou-a ao chão e, visto que não conseguia obter o que queria porque ela
reagia, pegou um canivete e cortou o seu pescoço. A jovem morreu imediatamente.
Dos testemunhos dos companheiros de prisão de Maneco foi revelado que a menina
não aceitou o convite dizendo que aquele ato era pecado. A intenção de Maneco
era clara, a posição de Albertina também: não queria pecar.
Durante o velório, Maneco controlava a
situação fingindo velar a vítima e ficando por perto da casa. Porém, antes que
descobrissem quem era o assassino, algumas pessoas notaram um fenômeno: todas
as vezes que ele se aproximava do cadáver de Albertina a grande ferida do
pescoço começava a sangrar.
No funeral de Albertina participou um
elevado número de pessoas e todos diziam já que era uma "pequena
mártir", pois dado o seu temperamento, a sua piedade e delicadeza, estavam
convencidos de que tinha preferido a morte ao pecado. Albertina sacrificou a
vida somente pela virtude.
Com o decreto de beatificação assinado por
Bento XVI, no dia 16 de dezembro de 2006, Albertina Berkenbrock foi beatificada
em 20 de outubro de 2007.
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