Não só nos
mosteiros e conventos se refugiava e florescia a santidade na Idade Média. Nos
palácios, as famílias reais deram muitos santos a Igreja. Em Portugal, três
filhas de D. Sancho I (1154-1211), bem
fidalgamente souberam se enfeitar com a riqueza e a beleza das virtudes
cristãs, para se tornarem exemplos aos reis e aos povos. Nascidas e educadas na
corte, duas delas chegaram mesmo a contrair matrimônio. Mas todas três
renunciaram depois ao mundo, suas comodidades e enredos, para se consagrarem à
perfeição religiosa. Foram elas Beata Sancha
(1180-1229 festejada 11 de abril), Beata Teresa (1177-1250) e Beata Mafalda (1195-1256
festejada 2 de maio). Uma outra irmã, Branca de Portugal, também tornou-se
religiosa.
Hoje a Igreja comemora a Beata Teresa de Portugal, no século Teresa
Sanches de Portugal. Ela é a menos conhecida das Santas que levam o seu nome, e
às vezes é citada com a forma antiga do seu nome: Tarasia ou Tareja. Ela também ficou conhecida mais tarde como Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa. Era a filha mais
velha de Sancho I, segundo rei português; seus avós paternos foram Mafalda
de Saboia, filha do Conde Amadeu III, e Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Da. Teresa nasceu em Coimbra no ano 1177. Prometida em casamento a seu primo Afonso IX, Rei de Castela e Leão, as
núpcias foram celebradas em Guimarães no dia 15 de fevereiro de 1191; do
casamento nasceram três filhos: Sancha, Dulce e Fernando. Em 1196 o matrimônio
foi declarado nulo por “impedimentum affinitatis” e quatro anos depois Da.
Teresa se retirou no convento beneditino de Lorvão, que ela mesma haveria depois de
transformar em abadia cisterciense, e nela tomar o véu religioso. Este mosteiro foi um dos principais
centros de produção de manuscritos e iluminuras na Idade Média no país,
destacando-se o “Apocalipse do Lorvão” e o “Livro das Aves”. Na mesma
altura, a sua irmã Da. Sancha fundava em Coimbra o mosteiro feminino de Celas.
Por ocasião da morte do pai Sancho I, em
1211, a infanta Teresa deveria ter herdado, segundo disposição testamentária
deste último, o Castelo de Montemor-o-Velho, e tudo o que compreendia tal
posse, inclusive o direito ao título de ‘rainha’, enquanto senhora de tal
castelo. Afonso II, seu irmão, desejando concentrar em suas mãos todo o poder,
não aceitou tal testamento e impediu Teresa de tomar posse do seu título e dos
direitos respectivos, como também o de suas irmãs Mafalda e Sancha.
Em 1230, seu ex-esposo Afonso morreu depois de ter tido cinco filhos da sua
segunda esposa, Berengária de Castela. Este segundo casamento foi também
anulado devido à consanguinidade. Assim, os filhos de ambos os casamentos
viriam a disputar a coroa (até porque Afonso deserdara o primogênito do seu
segundo casamento, e legara o reino às duas filhas que tivera de Da. Teresa). Da.
Teresa interveio e permitiu que São Fernando III assumisse o trono,
incentivando assim a paz no reino de Castela e Leão.
Resolvida esta querela dinástica, Da. Teresa retornou ao Mosteiro de
Lorvão e finalmente tomou os votos conventuais após ter vivido anos como monja.
Ali morreu em 18 de junho de 1250 de causas naturais. Os seus restos mortais
foram colocados junto aos de sua irmã Da. Sancha. Ambas encontram-se
sepultadas na capela-mor de Lorvão, guardando-se os restos mortais das Santas
Rainhas em túmulos de prata, obra realizada em 1715 pelo ourives portuense
Manuel Carneiro da Silva.
A 13 de
dezembro de 1705, Da. Teresa foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da
bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Da. Sancha.
O Martirológio Romano comemora a Beata Teresa no dia 17 de junho.
A memória litúrgica da Beata Teresa de Portugal é actualmente (2024) a 20 de Junho. Aliás, na liturgia celebra-se na mesma data a memória das suas irmãs e igualmente Beatas, D. Sancha e D. Mafalda.
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