Estas quatro mártires eram Irmãs da
Caridade de São Vicente de Paulo, no convento de Arrás. Foram: Beata Madalena
Fontaine, de 71 anos; Beata Francisca Lanel, de 42 anos; Beata Teresa Fantou,
de 47; Beata Juana Gerard, de 42.
Filha de uma boa família temente a Deus,
Maria Madalena Fontaine nasceu em Etrépagny, França, a 22 de abril de 1723.
Chamada por Deus a vida religiosa na família de São Vicente de Paulo, no dia 9
de julho de 1748, iniciou na Casa-Mãe das Filhas da Caridade, em Paris, os
exercícios do Seminário.
Logo manifestou um desejo de perfeição,
uma retidão de espírito e uma firmeza de vontade e não tardaram em designá-la
para Superiora da “Casa da Caridade” em Arrás, fundada no tempo de SãoVicente
de Paulo e de Santa Luisa de Marillac.
Havendo triunfado a lúgubre Revolução
Francesa em 1789, logo começaram as medidas de perseguição contra a Igreja e as
congregações religiosas que atingiram a Casa da Caridade de Arras, mas não
fizeram a Irmã Fontaine perder a serenidade e a prudência.
Depois de por em lugar seguro as
irmãzinhas mais novas, ficou com as que julgou mais firmes para afrontar a
tempestade. Só pensando em fazer bem até o fim, mantinha-se indiferente a todas
as paixões políticas, mas indefectivelmente fiel a Igreja e a Religião.
Em fins de 1793, a Convenção estendeu às
religiosas da França a obrigação do juramento liberdade-igualdade, reprovado
pela Igreja. O Bispo de Arrás não julgou lícito que elas o prestassem e a Madre
Fontaine, com as suas companheiras Irmãs Lanel, Fantou e Gerard, recusou
prestá-lo.
No dia 1o. de novembro do mesmo ano, José
Lebon, padre apóstata, chegou a Arrás a fim de ser "representante do
povo". Lá iniciou a era do Terror. As Irmãs confessaram não ter prestado,
nem estar dispostas a prestar, o tal juramento. Tiveram que suportar
inventários de tudo o que se encontrava no hospital. A "Casa da
Caridade" passou a se chamar "Casa da Humanidade". As Irmãs
continuaram a atender os hospitalizados apesar de terem perdido a
independência, pois não havia quem as substituisse.
No inicio de 1794, André Mury passou a
dirigir a 'casa da humanidade'. As Irmãs foram expulsas e, acusadas de
anti-revolucionárias, foram enviadas para o tribunal revolucionário do
departamento. Presas e sujeitas a miúdos e capciosos interrogatórios, respondeu
por todas a Superiora com calma, firmeza e prudência.
Transferidas para Cambrai, foram julgadas
e condenadas a morte pelo sinistro José Lebon: Madre Fontaine foi condenada
como "piedosa contra-revolucionária" que mantinha escondido brochuras
e jornais monarquista e recusado o juramento; as outras Irmãs foram condenadas
como "cúmplices da dita Madalena Fontaine".
Quando preparavam as condenadas para a
morte, os algozes tiveram uma surpresa: as quatro tinham-se mostrado sempre
dóceis e resignadas, mas quando lhes quiseram tirar os terços para lhes
prenderem as mãos atrás das costas, elas não deixaram. O verdugo propos-lhes
então, a fim de troçar delas, por-lhes os terços como coroas nas cabeças. Assim
foram para o suplício.
Até o fim Madre Fontaine, bem como suas
companheiras, manteve uma atitude digna e heróica. Não passaram tristes a
caminho do local da execução, pelo contrário, rezavam e cantavam o Ave Maris
Stella. Ao chegaram junto ao cadafalso, se ajoelharam e desta forma esperaram
sua vez de morrer. As três Irmãs foram as primeiras.
A última a ser executada foi a Superiora.
Madre Fontaine antes de se apresentar ao algoz voltou-se para o povo e gritou
forte: "Cristãos, ouvi-me. Somos as últimas vítimas. Amanhã a perseguição
cessará, o cadafalso será destruído e os altares de Jesus levantar-se-ão
gloriosos". Foram executadas no dia 26 de junho de 1794.
Os fatos confirmaram a profecia de Madre
Fontaine: Lebon, o padre apóstata, violentamente atacado na Convenção, teve de
suspender as execuções; ele foi por sua vez guilhotinado em outubro de 1795.
As gloriosas mártires foram beatificadas a
13 de junho de 1920 por Bento XV.
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