Ela jamais
havia pensado em tornar-se uma ‘fundadora’. O seu horizonte era Lovere, cidade
do norte da Itália sujeita à República de Veneza. A empresa comercial que
geriam garantia aos Gerosa uma vida abastada.
Santa
Vicência nasceu em 29 de outubro de 1784 e foi batizada com o nome de Catarina;
começou a estudar nas Beneditinas de Gandino, em Val Seriana, mas a saúde frágil
a impediu de continuar e teve que voltar para Lovere.
A sua vida
é constelada de projetos que as circunstâncias revolvem continuamente.
Reservada
e tímida, durante um período viveu contente atrás do balcão do pequeno comércio
da família. Mas, sob o ciclone napoleônico os negócios entram em crise,
enquanto Lovere passava do domínio veneziano ao francês na República Cisalpina.
A crise
econômica levou à morte seu pai, depois sua irmã Francisca e por último, em
1814, também sua mãe. Apesar da tragédia pessoal, com ânimo e fé inabalável ela
aceitou tudo com resignação. Confiante em Deus sofreu no silêncio do seu
coração, encontrando forças na oração e na penitência.
Quando
Napoleão caiu, Lovere passou para o domínio do Império dos Habsburg. Naquele
período, Catarina se dedicou ao ensino gratuito para jovens pobres, a atividade
de assistência e de formação religiosa, encorajada por dois párocos sucessivos.
Este empenho local lhe bastava, porque se revelava muito rico de estímulos e de
desafios. E eis que surge outro projeto que mudou o curso de sua existência.
Em 1824,
iniciou uma amizade com Bartolomea Capitanio, jovem professora de 17 anos,
nascida também em Lovere. Desde menina Bartolomea pensava em dedicar-se a
praticar a caridade junto aos pobres e aos doentes. Por isso se diplomou
professora no colégio das Clarissas de sua cidade natal.
O encontro
levou Catarina para uma nova aventura: criar um hospital. O que as duas conseguiriam
alguns anos depois. Com os bens herdados da família Gerosa, Catarina teria
possibilidade de fazê-lo, mas era necessário terem pessoal preparado para a
assistência hospitalar.
Bartolomea
tem um projeto bem claro: fundar um instituto religioso com os objetivos de dar
assistência aos doentes, dar instrução gratuita às jovens, criar um orfanato, dar
assistência à juventude. E convence a amiga. De maneira que no outono de 1837 o
instituto nasceu e foi chamado de Instituto das Irmãs de Maria Menina, com sede
em Lovere, e com as regras escritas por Bartolomea. Para evitar objeções de
caráter político, o instituto foi fundado autônomo. E assim independente ele
permaneceu, cresceu e se difundiu nos anos subsequentes.
Último e
tremendo impacto: Bartolomea Capitanio morre no dia 26 de julho de 1833, com
apenas 26 anos. Caterina Gerosa fica sozinha, tem pouca instrução, se sente
quase velha, desejaria deixar tudo... Mas, ao contrário, permanece, não
renuncia.
Decidida,
Catarina acolheu as primeiras jovens e por sete anos a pequena comunidade
seguiu a regra das Irmãs de Santa Maria Antida Thouret, até que em 1840 chegava
o reconhecimento pontifício, e as Irmãs de Maria Menina tomam vida
canonicamente com as regras escritas por Bartolomea Capitanio e com a direção
de Caterina Gerosa, que emite os votos assumindo o nome de Irmã Vicência.
Já em
1842, embora fossem ainda poucas, chamam-nas a Milão. O Arcebispo Cardeal
Gaysruk (da alta aristocracia austríaca) desejava fazer uma instituição
diocesana. Mas Irmã Vicência resiste: elas nasceram em Lovere e Lovere deve ser
a sua casa, com as suas regras.
Quando
Santa Vicência morreu, depois de uma longa doença, em 28 de junho de 1847, as
Irmãs eram somente 171. No início do terceiro milênio são cerca de 5.200
religiosas.
Santa
Vicência foi sepultada ao lado da cofundadora no santuário da Casa-mãe em
Lovere. Atualmente o Instituto das Irmãs da Caridade das Santas Bartolomea
Capitanio e Vicência Gerosa, ou Irmãs de Maria Menina, atua em toda a Europa,
África, Ásia e nas Américas.
Santa
Vicência Gerosa é celebrada no dia de sua morte e foi canonizada por Pio XII no
Ano Santo de 1950, junto com Santa Bartolomea Capitanio.
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