Até aos 16 anos seguiu um longo percurso de
educação civil e religiosa: estudou nas Irmãs Ursulinas de Monistral, onde
também recebeu sua primeira comunhão em 1888; nas Irmãs de São José de sua
cidade Yssingeaux e em 1889-1892, no Colégio de Santa Maria de Le Puy,
conduzidas pelas Irmãs de Notre Dame.
Em 1895, aos 19 anos, aconselhada pelo seu
diretor espiritual, Padre Rubussier, sacerdote jesuíta, entrou no Instituto da
Sagrada Família do Sagrado Coração, fundada por ele e pela Madre Maria Inácia
Melin, Instituto destinado ao ensino da catequese, sobretudo aos mais pobres e
mais abandonados.
Eugênia fez o noviciado em Saint-Denis
(1896), e sua profissão religiosa em 1897, dedicando-se completamente ao
apostolado e ao ensino do catecismo aos meninos e meninas.
Irmã Eugénia foi catequista de 1897 até
1901, nas próximas redondezas de Paris, primeiramente em Aubervilliers e depois
em Saint-Denis, onde ela se ocupou igualmente das crianças dos bateleiros e dos
feirantes que ali eram numerosos.
Consolidou ali a sua missão pelo estudo
aprofundado das verdades da fé, graças a São Tomás de Aquino e aos Padres da
Igreja. Assim o desejava a Fundadora para as irmãs designadas para esta missão.
A irmã Eugénia tinha uma vida de oração
intensa, um amor muito especial à Santíssima Eucaristia, à Santíssima Virgem
Maria. Estas disposições interiores vão exercer sobre as crianças uma
particular influência, porque não tendo método pessoal, ela vive ao mesmo tempo
o que ensina.
Os testemunhos recolhidos para o processo
de beatificação são unânimes sobre isso: “Ela
atraía imediatamente as crianças graças à sua fé comunicativa, ela sabia
interessá-las, tornar por assim dizer vivas as verdades que ela ensinava. Ela
pedia à Virgem Maria para ajudá-la, e pedia às crianças que invocassem a Mãe do
Céu para que Ela os ajudasse a compreender e a aprender as suas lições”.
As crianças menos receptívas e mais
atrasadas eram entregues à Irmã Eugênia. Ela possuía a arte de compreendê-las e
de interessá-las pelos ensinamentos que recebiam; ela inculcava-lhes coragem e
conseguia resultados magníficos que surpreendiam os seus Superiores. Eram
também para ela as crianças mais turbulentas e as mais indisciplinadas. Ela
conseguia acalmá-las, ganhando pouco a pouco a confiança delas pela sua doçura,
pelo seu carinho e pelas suas preces a Maria, que ela invocava frequentemente.
Muitas vezes dizia a estas crianças
turbulentas e demasiado indisciplinadas: “Atenção,
Deus vê-nos, Deus olha para nós!” Esta pequena mensagem tinha o dom de
acalmá-las e de torná-las atentas aos ensinamentos.
Irmã Eugênia tinha uma devoção particular
ao Anjo da Guarda e por isso mesmo invocava os Anjos das Guarda das crianças
que tinha a seu encargo, pedindo sua ajuda para o seu apostolado.
E porque o fogo interior deve ser
alimentado, Eugênia não fugia aos sacrifícios, oferecendo-os para o bom sucesso
do seu apostolado. Contemporânea de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Beata
Isabel da Santíssima Trindade, como elas, Eugênia vivia o espírito da infância
a “pequena via” ou “pequeno caminho”, a infância evangélica numa união cada vez
mais íntima com a Santíssima Trindade.
Habitada pelo ardor apostólico, ela conseguia
comunicá-lo às crianças que tinha ao seu encargo. Um deles, verdadeiro chefe de
bando, reuniu os seus camaradas da rua e, mostrando um crucifixo, bradou: “Quem
o pregou na Cruz?” Ninguém respondeu. Continuando, o mesmo jovem disse, cheio
de grande convicção: “Fomos nós, foram os nossos pecados”. Com mais força
ainda, o mesmo jovem continuou: “Por isso mesmo, todos de joelhos”, e todos
obedeceram.
Mas tudo isto não é conseguido senão pela própria
doação total e sincera. A Irmã Eugênia nunca recuava diante de uma dificuldade,
qualquer que ela fosse, como nunca recuava diante da fadiga, algumas vezes fadiga
até ao esgotamento; era preciso continuar, custe o que custar, a fazer com que
Deus seja amado e adorado, nosso único Salvador e Senhor.
Chamada para a Casa de Saint-Denis, ela
não só se dá ali sem medidas na catequização dos jovens, como também continua a
dispensar a sua ajuda às irmãs de Aubervilliers. Eugênia ensina quase sem parar
durante todas as tardes. À noite a voz falta-lhe, mas nem por isso cessa de rezar
em comum ou na sua cela: ela precisa deste alimento salutar, deste maná celeste
que alimenta as almas e as torna fortes e enamoradas de Cristo.
Aos 26 anos, em 1902, adoeceu gravemente;
apesar disso, permaneceu em Roma por um ano, de abril de 1903 a maio de 1904.
De retorno a Liége, a enfermidade a leva ao leito. Ela, que até ali não se
tinha poupado, é agora obrigada a deixar o seu apostolado.
Depois de muito sofrimento, alguém coloca
diante dela uma estampa do Menino Jesus. Diante desta imagem Irmã Eugênia
exclama por três vezes o nome de Jesus. O corpo daquela jovem de 28 anos
parecia ter doze anos; um belo sorriso iluminou seu rosto. Irmã Eugênia, a
“virgem prudente”, entregou a alma a Deus, seu divino Esposo, no dia 2 de julho
de 1904, em Liége, Bélgica. “Rezarei por todas no céu!”, havia prometido às
suas irmãs de hábito. Seu corpo repousa na capela das Irmãs de São Família do
Sagrado Coração em Dinant.
Foi beatificada em 20 de novembro de 1994.
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