(também conhecida como Sunnifa ou Synnöve
da Noruega)
A legenda de Santa Sunniva ainda é muito
viva na Noruega, embora este país seja majoritariamente protestante. A Noruega
tem dois Santos: Olavo e Halvard, sobrinho-neto do primeiro e patrono da
capital, Oslo; e uma Santa, Sunniva, Santa guardiã da Noruega ocidental. A
Gruta de Santa Sunniva, na Ilha de Selje, onde se acredita que ela morreu, é
uma grande caverna onde há vestígios das paredes de uma igreja construída em
honra de São Miguel Arcanjo.
Alguns historiadores se referem à Santa
Sunniva como uma religiosa irlandesa que sofreu um naufrágio na Noruega e
fundou um convento com suas companheiras, por volta do ano 960. Não há
informações sobre ela na Irlanda, mas, de acordo com a legenda (que é similar a
de Santa Úrsula), ela era uma princesa ou uma religiosa, ou ambas as coisas, que
fugiu da Irlanda com seu irmão Albano, suas irmãs Borni e Marita, e várias
outras donzelas.
Diz-se que eles estavam procurando um
refúgio onde pudessem viver suas vidas consagradas em exílio, por amor de Jesus
Cristo. Eles naufragaram na costa oeste da Noruega e chegaram à Ilha Selja. Ali
eles iniciaram uma vida de devoção em comum, vivendo em grutas e tendo os
peixes como subsistência. Há também quem diga que Sunniva fugiu da Irlanda para
não se casar com um chefe Viking pagão.
Sua história tem dois finais. Uns dizem
que os habitantes da ilha os mataram. Outros relatam que Jarl Haakon, um chefe
local, ouviu falar da chegada dos irlandeses e como os moradores da ilha se
queixavam que eles roubavam seus animais, foi investigar. Levou consigo vários de
seus homens e pretendia matá-los. Os membros da comunidade se refugiaram dentro
das grutas. Santa Sunniva rezou rogando que nem ela nem seus companheiros
fossem aprisionados pelo pagão. Então, uma grande quantidade de pedras
desmoronou e bloqueou todas as entradas, matando os cristãos.
Navegadores que passavam pela ilha viam
uma curiosa luminosidade sobre Selja. Por volta de 995, alguns mercadores
aportaram na ilha e acharam um crânio que brilhava muito e exalava forte aroma.
Eles o levaram para Nidaros (a capital do tempo) e entregaram-no ao Rei Olaf
Tryggvason, contando-lhe a descoberta. Ele falou-lhes de Nosso Senhor e os
mercadores foram batizados. Olaf (Olavo) enviou pessoas a Selja a procura de
Sunniva. Eles encontraram lá mais ossos brilhantes. Depois, sob uma enorme
pilha de rochas, Sunniva foi encontrada. Ela parecia estar adormecida, tão bela
como quando vivia. Eles compreenderam que ela devia ser santa e levaram-na para
a igreja mais próxima. Ela foi posteriormente declarada Santa.
A construção das igrejas na Ilha de Selje
iniciou-se durante o reinado do Rei Olavo (995-1000). A pequena era feita de
madeira e foi terminada rapidamente. A catedral era uma construção monumental
de pedra e só foi terminada bem depois do reinado de Olavo. A igreja menor foi
provavelmente construída para ser utilizada pelo bispo enquanto a maior era
completada. O estilo da Catedral de Lund, na Suécia, deve ter influenciado na
construção da catedral, já que artesãos de Lund trabalharam em muitas igrejas
de Bergen entre 1130 e 1170.
O Rei Magnus Erlingson foi coroado na
catedral em 1163/64, o Rei Sverre em 1194 e o Rei Håkon Håkonsson em 1247. Em
1261, o Rei Magnus Lawmender e a Rainha Ingeborg também foram coroados em
Selja, bem como o Rei Eirik Magnusson em 1280. Em 1281, a Rainha Margareta
Alexandersdatter foi coroada após seu casamento com o Rei Eirik. A filha do
casal, a jovem princesa Margareta, falecida com apenas 8 anos de idade,
tornou-se um mito em Bergen. Há uma igreja construída em sua honra, a Igreja de
Santa Margareta.
As relíquias da padroeira de Bergen, Santa
Sunniva, foram guardadas na catedral. Em 1170, as relíquias foram transladadas
para Bergen. A igreja de Selje foi entregue aos beneditinos que a dedicaram ao
Santo Albano (irmão de Sunniva). As ruínas de cinco igrejas ainda existem na
ilha (Benedictines, Farmer, Montague).
Abadia da Ilha de Selje
O Mosteiro
de Selje, na Ilha de Selje, a quinze minutos de barco de Silda, foi fundado por
volta de 1100 e dedicado a Santo Albano e a Santa Sunniva.
Naquele tempo a abadia da Ilha de Selje
era um importante centro católico. Era o local original do túmulo de Santa
Sunniva, ali martirizada. Por esta razão era local de peregrinação e também a
sede de um bispado e de uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo, estabelecida
em 1070. O bispo fora responsável pelo estabelecimento de um mosteiro na ilha,
e durante toda sua história houve uma forte conexão entre a abadia e o bispado.
Entretanto, o bispo mudou-se para Bergen logo após a fundação do mosteiro; as
relíquias da Santa não foram transladadas da ilha para Bergen até cerca de
1170. Após aquela data somente o mosteiro ficou na ilha.
Nos dois primeiros séculos de sua
existência, ela foi um centro próspero e importante, mas um incêndio
desastroso, em 1305, causou danos dos quais ela nunca mais se recuperou.
O local na ilha é espetacular. Por causa
da pouca povoação, as ruínas - não só da abadia como do antigo santuário de
Santa Sunniva e da catedral - estão ainda muito bem preservadas; uma torre
continua intacta. Podemos ainda admirar as ruínas da primeira igreja paroquial,
as ruínas da igreja de Santa Sunniva, construída por Santo Olavo em sua honra,
uma das primeiras igrejas católicas no país, e as ruínas da abadia que ainda
hoje são usadas para cerimônias, como missas e casamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário