A fé cristã começou a penetrar na região
graças aos missionários que vinham não só de Bizâncio, mas também dos
territórios vizinhos dos eslavos do Ocidente - os quais celebravam a liturgia
em língua eslava, segundo o rito instaurado pelos Santos Cirilo e Metódio - e
das terras do Ocidente latino.
Como atesta uma antiga Crônica, chamada
Crônica de Nestor ("Povest' Vremennykh Let"), no ano de 944 já
existia em Kiev uma igreja cristã dedicada ao Profeta Elias.
Foi neste ambiente propício que Olga
fez-se batizar, livre e publicamente, pelo ano de 955, permanecendo depois
sempre fiel às promessas batismais. As cerimônias para a sua recepção formal em
Constantinopla aparecem minuciosamente descritas pelo Imperador Constantino VII
(Porfirogênito, "o Nascido na Púrpura", reinou de 913-959) na sua
obra De Cerimonialis. Durante o seu Batismo, Olga adotou o nome Yelena
(Helena), em honra da imperatriz reinante Helena Lecapena.
Olga, a primeira Santa ucraniana - ou
russa por causa da influência do império russo - inserida no calendário
católico bizantino, é considerada o elo entre a época pagã e a cristã na
história das populações eslavas. As fontes que a citam são numerosas e todas de
relevância histórica.
Olga nasceu em 890, na aldeia Vybut,
próxima de Pskov e do rio Velika. Era uma belíssima jovem típica daquela
região. Era filha do chefe dos Varegos, uma tribo normanda de origem
escandinava que se dedicava à exploração do transporte e do comércio ao longo
do Rio Volga, do Mar Negro e do Cáucaso.
Em 903, quando o príncipe Igor de Kiev
conheceu-a, quis se casar com ela apesar de sua pouca idade. O seu casamento
foi um símbolo concreto da fusão do povo ucraniano com o eslavo, que ao final
do século IX começava a viver sob a influência do Cristianismo.
Em 945 o príncipe Igor foi assassinado, e
Olga vingou-se com firmeza e crueldade dos assassinos. Mandou matar muitos
chefes inimigos e impôs tributos e taxas de todos os tipos aos sobreviventes.
Tornou-se regente, pois seu filho Svistoslav tinha treze anos de idade apenas, e
governou Kiev com sabedoria política, conseguindo que a Província de Novgorod
se tornasse tributária de Kiev.
Olga era amada pelo povo, que reconhecia
suas virtudes, pois era justa e misericordiosa, mas também severa e inflexível.
Educou o filho retamente, mas não teve a felicidade de vê-lo se converter ao
Cristianismo como ela tinha feito. Seu neto Vladimir é quem lhe daria esta
alegria. Em 988, Vladimir oficializou o Cristianismo como religião do
Principado de Kiev. Além de se tornar cristão, veio a ser canonizado pela
Igreja.
Olga tentou estreitar os laços com o
sólido Império de Bizâncio por meio do casamento de seu filho com uma princesa
bizantina. Em 957 viajou para Constantinopla para concretizar seu plano, porém
não obteve bons resultados, para desilusão dos cristãos e satisfação dos
pagãos.
Em 961, a princesa Olga buscou então o
apoio de Otão I, Imperador da Alemanha, e obteve que ele enviasse missionários
e um bispo para "que lhes mostrasse o caminho da verdade".
Mas, a conversão do povo foi muito difícil: eles eram pagãos, e ainda ofereciam
sacrifícios humanos. Em 962, todos os missionários foram assassinados, com
exceção de Santo Adalberto de Tréveris.
Olga rezava dia e noite pela conversão do
filho e dos súditos. Ao terminar a regência, segundo as leis da época, se
retirou para suas atividades privadas, dando continuidade às obras de seu apostolado.
Construiu algumas igrejas, inclusive uma dedicada à Santa Sofia, em Kiev.
Viveu piamente e morreu com quase oitenta
anos em 11 de julho de 969. Dela escreveu seu biógrafo: "Antes
do Batismo, a sua vida foi manchada por fraquezas e pecados, crueldade e
sensualidade; entretanto, tornou-se Santa não tanto pelo seu próprio mérito,
mas por um plano especial de Deus para o povo russo".
O seu neto, Vladimir, e os novos
convertidos experimentaram a beleza da liturgia e da vida religiosa da Igreja de
Constantinopla. Havia a Igreja do Oriente e a do Ocidente; cada uma delas se
desenvolvera segundo tradições, disciplinas e litúrgicas próprias, mas subsistia
a plena comunhão entre o Oriente e o Ocidente, entre Roma e Constantinopla,
que mantinham relações recíprocas. E foi a Igreja indivisa do Oriente e do
Ocidente que recebeu e ajudou a Igreja de Kiev.
O príncipe Vladimir deu-se conta de que
havia esta unidade da Igreja e da Europa, e por isso manteve relações não só
com Constantinopla, mas também com o Ocidente e com Roma, cujo Bispo era
reconhecido como aquele que presidia à comunhão de toda a Igreja.
A veneração por Santa Olga começou durante
o governo do seu neto Vladimir. Em 996, ele mandou transferir as relíquias da
avó para a igreja que mandara construir especialmente para recebê-las. O seu
culto foi confirmado pela Igreja, mantendo a festa litúrgica no mesmo dia que
ocorreu seu falecimento.
Em 17 de abril de 1075, numa carta
dirigida ao rei Demétrio, e à rainha sua esposa, o Papa São Gregório VII
declarou o reino da Ucrânia sob a proteção de São Pedro.
Em 1240 os mongóis invadiram e destruíram
Kiev completamente. Quatrocentos anos depois, o metropolita da cidade, Pedro
Moghila, mandou restaurar as antigas igrejas destruídas, e as relíquias de
Santa Olga foram encontradas. Mas, desde 1700 não se tem notícia sobre o
paradeiro de seus despojos.
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