Godelina nasceu em Hondeforte-lez-Boulogne,
c. 1049 e morreu em Gistel, no dia 6 de julho de 1070. Era a mais nova dos três
filhos de Hemfrid, Senhor de Wierre-Effroy, e sua esposa Ogina. Godelina desde
criança praticava a piedade e os pobres afluíam à procura da jovem, cujo desejo
de satisfazer as suas necessidades muitas vezes envolveu-a em dificuldades com
o mordomo de seu pai e até mesmo com seu piedoso pai.
Aos dezoito anos, a fama de sua beleza e
de suas qualidades admiráveis tinham se espalhado por Artois e até mesmo em
Flandres, e muitos pretendentes apresentaram-se, Entretanto, como a decisão
fora deixada com Godelina, ela persistia na resolução de renunciar ao mundo pelo
claustro. Um dos jovens nobres, Bertoldo de Gistel, decidido a casar-se com
ela, invocou a influência do suserano de seu pai, Eustáquio II, Conde de
Boulogne, e foi bem sucedido.
Após o casamento, Bertoldo e sua esposa
partiram para Gistel, onde, no entanto, Godelina encontrou na mãe de Bertoldo
uma inimiga amarga e implacável que induziu o filho a abandonar a sua esposa no
mesmo dia de sua chegada, e mandou emparedá-la em uma cela estreita, com
alimentação apenas suficiente para sobreviver. Mesmo assim, a santa compartilhava
o alimento com os pobres.
Sob a influência da mãe, Bertoldo
espalhara calúnias sobre sua esposa. Depois de algum tempo, Godelina conseguiu
fugir para a casa de seu pai, que obteve do Bispo de Tournai e Soissons e do Conde
de Flandres que ameaçassem Bertoldo com as condenações da Igreja e do Estado.
Aparentemente arrependido, ele prometeu dar à sua esposa o tratamento adequado,
mas após seu retorno a Gistel a perseguição se renovou de uma forma agravada.
Após cerca de um ano, Bertoldo, mais uma vez
fingindo tristeza, simulou uma reconciliação apenas para evitar a suspeita do
crime do qual ele fora mediador. Durante sua ausência, dois dos seus servos, sob
sua orientação, estrangularam Godelina, causando a impressão de que ela tinha
morrido de morte natural.
Bertoldo logo contraiu um segundo
casamento, mas a filha que nasceu deste matrimônio era cega de nascença. A
recuperação milagrosa de sua visão por meio da intercessão de Santa Godelina afetou
de tal maneira seu pai, que, agora verdadeiramente convertido, viajou para Roma
para obter a absolvição do seu crime, empreendeu uma peregrinação à Terra Santa,
e, finalmente, entrou no Mosteiro de St-Winnok, em Bergues, onde expiou seus
pecados numa vida de grande penitência.
A seu pedido, sua filha ergueu em Gistel
um mosteiro beneditino dedicado a Santa Godelina, onde ela ingressou como religiosa.
Um monge da antiga abadia de São Winnok,
em Bergues, escreveu a biografia de Godelina, a Vita Godeliph, uns dez anos depois de sua morte.
Em 1084, o corpo de Godelina foi exumado
pelo Bispo de Tournai e Noyon na presença de Gertrudes da Saxônia, esposa de
Roberto I de Flandres, do abade de São Winnok e de numerosos clérigos. A
devoção a Santa Godelina se espalhou a partir de então. Suas relíquias,
reconhecidas em vários momentos pela autoridade eclesiástica, podem ser
encontradas em várias cidades da Bélgica. Todos os anos, no domingo seguinte ao
dia 5 de julho, a procissão de Santa Godelina acontece em Gistel.
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