Não houve nome mais célebre na Antiguidade cristã; dizer duma mulher que
era outra Tecla era reconhecer-lhe as mais elevadas virtudes. Assim se
exprimiam São Jerônimo para louvar Santa Melânia e São Gregório Nazianzeno para
exaltar a santidade de Santa Macrina, sua irmã.
As informações que a respeito de Santa Tecla se encontram nos antigos Padres
são tiradas das Actas de Paulo e Tecla,
documento apócrifo do 2º século, que já Santo Agostinho afirmava ter sido
interpolado e falsificado.
Convertida por São Paulo, Tecla viveu durante algum tempo em Icônio (na
atual Turquia). Sofreu muitas tribulações para se conservar fiel à fé e ao voto
de virgindade que tinha pronunciado, e acabou tranquilamente a vida em
Selêucia, onde o seu túmulo foi venerado desde o século IV.
Nada mais se sabe ao certo desta virgem ilustre, venerada tanto na Igreja
Grega como na Romana, exaltada por Santo Epifânio, São João Crisóstomo, São
Metódio de Olimpo e Santo Ambrósio, a qual era invocada pela liturgia, à
cabeceira dos moribundos, na seguinte oração:
“Senhor, que livraste a bem-aventurada Tecla, virgem e mártir, de três
tormentos cruéis, nós Vos suplicamos que na vossa bondade Vos digneis libertar
esta alma e conceder-lhe a graça de gozar convosco dos bens celestiais. Amém”.
Os três tormentos mencionados nesta prece são: a fogueira, os leões, e
as serpentes, aos quais, segundo dizem as Actas
de Paulo, Tecla foi condenada e que não lhe causaram qualquer mal. Diz-se
que a deixaram finalmente morrer em paz ao terminar o século I.
Santa Tecla é invocada pelos fieis como a padroeira dos
agonizantes e é também solicitada para interceder por eles contra os males da
vista. A Igreja confirmou o seu culto pela tradição dos fiéis e manteve o dia
em que tradicionalmente a sua festa é realizada.
Fonte: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. Editorial A. O. – Braga.
Etimologia: Tecla, do grego Thékla, abreviação
de Theókleia: "glória (kleia) de Deus (theós). O nome
é ainda muito usado principalmente nos países de língua alemã.
* * *
O Estado de S. Paulo, domingo,
8 de setembro de 2013
Forças leais a Assad e insurgentes disputam enclave
cristão Lourival Santanna
Beirute — Três dias
depois de uma ousada incursão conjunta do Exército Sírio Livre (ESL) e do
Movimento Islâmico Homens Livres do Levante (Harakat Ahrar ash-Sham al-Islami) no
vilarejo cristão de Maaloula, 50 quilômetros a nordeste de Damasco, tropas
leais ao governo e insurgentes travavam ontem intensa batalha na área, de
acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição.
Uma freira do Convento de Santa Tecla, em Maaloula, onde ainda se fala o
aramaico, a língua de Jesus, disse pelo
telefone à Associated Press que os invasores andaram na quarta-feira
pelas ruas da cidade gritando em um megafone: “Aqueles que quiserem
continuar vivos, convertam-se ao Islã”. Ela contou que a população estava
aterrorizada: “É a primeira vez que nos atacam”.
As particularidades dessa incursão podem dificultar a campanha de Obama
para angariar apoio no Congresso americano e entre países aliados para uma ação
militar contra o regime Assad. A dificuldade de distinguir extremistas
islâmicos dos combatentes seculares tem sido um argumento, no Ocidente,
contra a ajuda aos insurgentes sírios.
Alguns observadores da guerra civil na Síria afirmam que o Ahrat
ash-Sham tem se tornado um dos maiores e mais fortes grupos combatentes no
país. Em seus primeiros comunicados, o grupo afirmou que seu objetivo de longo
prazo é a imposição dos preceitos islâmicos no país, mas que entendia que a
população síria não estava “preparada para isso”.
Maaloula é um local de peregrinação cristã. Nela estão, segundo a tradição, os restos de Santa Tecla, discípula de São Paulo e considerada
uma das primeiras mártires do cristianismo. Condenada à fogueira por aderir ao
cristianismo e ao celibato pregado por São Paulo, ela chegou ao local fugindo
de soldados romanos. Segundo a tradição, Tecla se viu encurralada pela
montanha, e Deus abriu o desfiladeiro, para facilitar sua fuga. Ironicamente,
muitos dos 5 mil moradores cristãos de Maaloula têm fugido do vale, temendo a
perseguição dos radicais islâmicos.
Na ocupação de Qusair, no oeste da Síria, com participação da Frente
Nusra, no primeiro semestre, todas as imagens cristãs foram destruídas, e as
paredes das igrejas, pichadas com frases em favor do Islã e contra o
cristianismo.
Muito interessante a questão da figura tão conhecida e tão enigmática de Santa Clara.
ResponderExcluir