Não se sabe o local de nascimento de
Hilda, mas, de acordo com São Beda o Venerável, foi no ano de 614. Era a
segunda filha de Hereric, sobrinho de Eduino, primeiro rei cristão da
Nortúmbria (atual Inglaterra), e de sua esposa Bregusvita. Sua irmã mais velha,
Heresvita, se casou com Etelrico, irmão do rei Anna da Anglia Oriental. Quando
era apenas um bebê, seu pai foi envenenado no exílio, na corte do rei de Elmet
(hoje em dia West Yorkshire). Presume-se que ela cresceu na corte de Eduino, na
Nortúmbria.
O batismo de Hilda
Em 12 de abril de 627, Festa da Páscoa, o
rei Eduino foi batizado junto com sua corte, que incluía Hilda, na pequena
capela de madeira construída, especialmente para a ocasião, próximo do local em
que está hoje a Catedral de York. A cerimônia foi oficializada pelo monge bispo
Paulino, que viera de Roma com Agostinho (Santo Agostinho de Canterbury). Ele
acompanhava Etelburga, uma princesa cristã que voltava para Kent para casar-se
com Eduino.
Desconhecem-se os detalhes da vida de
Hilda de 627 a 647. Parece que depois da morte de Eduino em uma batalha, em
633, ela foi viver com sua irmã. São Beda resume sua história num ponto chave
de sua vida quando, na idade de 33 anos, ela decidiu ir viver em um convento de
Chelles, na França, acompanhando sua irmã que enviuvara. Santo Adriano, bispo
de Lindisfarne, dissuadiu-a de tal propósito e aconselhou-a a voltar para a
Nortúmbria e viver como monja beneditina.
Os mosteiros de Santa Hilda
Não se sabe exatamente aonde Hilda iniciou
sua vida de monja, apenas que ela se fixou com algumas companheiras junto ao Rio
Wear. Elas aprenderam as tradições do monaquismo celta trazidas pelo Bispo de
Iona, Santo Adriano. Depois de um ano, Santo Adriano nomeou Hilda a segunda
Abadessa de Hartepool. Não restam vestígios desta abadia, porém o cemitério
monástico foi encontrado próximo da atual Igreja de Santa Hilda.
Em 657, Hilda fundou com suas rendas um
novo mosteiro duplo em Whitby (então conhecido como Straneshalch), aonde
permaneceu o resto de sua vida até sua morte em 680. (Whit =
Pentecostes; by = mantido por). Whitby era então a capital da Nortúmbria.
Hilda governou os dois mosteiros com grande prudência durante 30 anos.
Vida monástica em Whitby
Em Whitby erguem-se impressionantes ruínas
de uma abadia beneditina do século XII. Entretanto, não foi este o edifício que
Hilda conheceu. Evidências arqueológicas mostram que o seu mosteiro tinha
estilo celta, com seus monges vivendo em pequenas casas para duas ou três
pessoas. Na tradição dos mosteiros duplos, como os de Hartepool e Whitby, os
monges e as monjas viviam separados, porém podiam rezar juntos na Missa.
São Beda nos conta que as idéias originais
do monaquismo eram seguidas com rigor na abadia de Hilda. Todas as propriedades
e bens eram comuns, praticavam-se os conselhos evangélicos, especialmente a paz
e a caridade, todos tinham que estudar as Sagradas Escrituras e praticar obras
de caridade. Entretanto, o número de monges e monjas que viviam em Whitby não é
conhecido.
Cinco monges de Whitby se tornaram bispos
e um foi venerado como santo, São João de Beverly. A rainha Eanfreda de Deira e
sua filha Alfreda se tornaram monjas, e juntas foram abadessas de Whitby depois
da morte de Hilda.
São Beda descreve Santa Hilda como uma
mulher de grande energia, uma audaz e eficaz administradora e mestra. Gozava da
reputação de grande sabedoria por toda a Inglaterra, e todas as grandes
personalidades a consultavam: reis, príncipes e bispos. Entretanto, ela também
se preocupava com as pessoas comuns, como Caedmon, um pastor e bardo religioso.
Santa Hilda teve o dom da profecia e foi celebrada por todos os escritores e
historiadores ingleses, tanto pela sabedoria divina que possuía como pela
santidade altíssima. Mesmo tendo um temperamento forte, ela inspirava afeto. São
Beda disse: "Todos os que a
conheciam a chamavam de 'mãe' por causa de sua grande devoção e graça".
O Sínodo de Whitby
Na segunda metade do século VI, os monges
irlandeses, discípulos de São Patrício e São Columbano, chegaram à Inglaterra e
fundaram uma série de mosteiros, entre eles o de Iona. Paralelamente, Roma
havia enviado para lá vários monges, entre eles Santo Agostinho de Canterbury,
com idêntica missão de evangelização. Esses empreendimentos missionários
acabaram se chocando devido a diferenças que existiam entre eles de ritual, de
estilo e de organização.
A Nortúmbria ficou durante alguns anos sem
saber a quem dar razão, se aos monges irlandeses ou aos romanos. Então, o rei
Oswin da Nortúmbria decidiu resolver a questão convocando o Sínodo de Whitby, o
que aconteceu no ano de 664. São Beda o Venerável se refere a esta reunião em
sua Historia eclesiástica dos ingleses.
O rei Oswin escolheu o mosteiro de Santa
Hilda como sede para o Sínodo de Whitby, o primeiro sínodo da Igreja em seu
reino. A maioria dos presentes, incluindo Santa Hilda, seguiam as tradições do
Cristianismo celta, porém, vários no reino, incluindo a rainha Eanfreda e sua
filha, a monja Alfreda, que vivia com Hilda no mosteiro, seguiam as tradições
da Igreja Romana. Convencidos por São Vilfrido, um mensageiro de Roma,
decidiu-se optar pelas tradições romanas. Santa Hilda aceitou esta decisão e
aderiu às novas regras dando um bom exemplo de devoção e de obediência.
Muitas das tradições celtas continuaram em
uso, porém pontos essenciais como festas e celebrações foram mudados. São
Cutberto de Lindisfarne, um Santo da Nortúmbria, demonstrou com sua vida como
as tradições beneditinas e celtas podem ser combinadas efetivamente.
Morte de Santa Hilda
Santa Hilda faleceu em 17 de novembro de
680 ao cabo de longa e penosa doença que durou seis anos. Não cessou,
entretanto, de trabalhar durante esses anos. No último ano de vida ela fundou
outro mosteiro em Hackness. Ela entregou a alma a Deus depois de receber o viático,
e, segundo a tradição, os sinos do mosteiro de Hackness tocaram no momento de
sua morte.
O legado de Santa Hilda
As sucessoras de Santa Hilda foram
Eanfreda, viúva do Rei Oswin, e sua filha Alfreda. Depois das mortes destas,
não se sabe mais nada da Abadia de Whitby, além do fato de ter sido destruída
pelos invasores daneses em 867. Depois da invasão da Inglaterra por Guilherme
I, monges vindos de Evesham fundaram outra abadia beneditina para homens. E
continuou existindo até a dissolução dos mosteiros por Henrique VIII em 1539.
A partir do século XIX até hoje, surgiu no
mundo todo um renovado interesse e uma grande devoção por Santa Hilda. Com o
crescimento da educação feminina, muitas escolas e universidades foram fundadas
em sua honra. A Universidade Santa Hilda, em Oxford, recebeu este nome em sua
homenagem. Santa Hilda é considerada uma das padroeiras da educação e da
cultura, inclusive da poesia, graças ao apoio que dedicava a Caedmon.
Etimologia: Hilda, do alemão, abreviatura de nomes como Hildegarda. Do alto
alemão antigo Hiltia: “combate,
guerra”, também se traduz por “guerreira”.
Amo os relatos das vidas e missões dos bem- aventurados Santos com maravilhosos milagres... Louvado seja Deus...
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