S Germano, Bispo de Auxerre e Sta Magnança |
Eis uma
legenda que remonta suas origens nas profundezas do patrimônio cultural da
região de Yonne, França.
É preciso,
para situar os fatos no seu contexto, recuar até a primeira metade do século V.
São Germano ia suceder Santo Amatre e se preparava para ser o sexto Bispo de
Auxerre. Esta sucessão seguiu-se a um verdadeiro plebiscito da população.
Germano, inicialmente reticente, acabou por aceitar tornar-se Bispo de Auxerre.
Assim,
durante os 30 anos que durou o seu episcopado, de 418 a 448, a popularidade de
Germano não parou de crescer e sua renomada aumentar com a imagem de um homem
justo e bom, preocupado no amparo aos mais necessitados. Também lhe atribuem
numerosos milagres, ao longo das viagens que ele empreendia.
Por isso,
quando em 448 São Germano foi para a Itália, em Ravena, atuando como mediador
do povo de Armorique (em revolta contra os funcionários romanos) junto ao
Imperador Valentiniano, ele estava, pode-se dizer, no auge de sua reputação. E
foi naquele momento que a doença o atingiu, levando à sua perda.
Antes de sua
morte, São Germano manifestou o desejo de que seu corpo fosse enviado ao seu
país natal, Auxerre. Sua vontade foi atendida e cinco jovens, que haviam sido
suas discípulas, foram designadas para acompanhar os “despojos embalsamados” de
São Germano até a sua última morada: Magnança, Paládia, Camila, Pórcia e
Máxima. Ao longo do caminho os peregrinos se revezavam para tornar bom o estado
das estradas e das pontes, a fim de facilitar o avanço do cortejo fúnebre.
Mas, o trajeto de Ravena à
Auxerre é longo e a viagem punha à prova. Assim, a mais frágil das jovens,
Magnança, após ter com toda boa vontade atravessado os Alpes, caiu enferma a
alguns dias do término da viagem. Seu devotamento a São Germano lhe fora fatal
e ela morreu a beira da estrada, suplicando a suas companheiras que a
sepultassem ali onde ela se encontrava e que continuassem a viagem para
Auxerre. Isto ocorreu em novembro de 448.
Durante um século e meio não
mais se ouviu falar de Magnança; o lugar onde seu corpo havia sido sepultado se
tornara desconhecido, embora os eruditos o situassem nos arredores da aldeia de
Saint-Pierre-sous-Cordois.
A legenda
conta que no século VII um peregrino à procura de um lugar para dormir se
deitou no mesmo local onde Magnança fora sepultada, tendo como travesseiro o
esqueleto da cabeça de um cavalo. À noite, ele teve um sonho em que uma
serpente saia da cabeça do cavalo e tentava se introduzir em sua boca. Ele
acordou em pânico e teve então a visão de duas jovens que se apresentaram como
Magnança e Paládia e o tranquilizaram dizendo que a serpente havia fugido e que
elas o haviam acordado para salvar sua vida.
Ao
amanhecer, o homem foi para a aldeia próxima, Saint-Pierre-sous-Cordois, e
contou sua história. Acreditou-se no milagre, e após terem cavado no local
indicado pelo peregrino, o esqueleto de uma mulher foi encontrado e o
transportaram para a aldeia. Foi assim que aquela aldeia tomou o nome de Santa
Magnança.
Mais tarde,
por volta do século XV, um túmulo foi construído para acolher Santa Magnança.
O pouco que se sabe sobre as duas virgens
Magnança e Máxima vem de duas fontes: uma “Vida” anônima do século XII e o
"Miracula Sancti Germani" de Henry de Auxerre.
Segundo Henry, das discípulas de São
Germano que seguiam com carinho e orações o trajeto de seu corpo, três morreram
durante a longa viagem e seus túmulos foram construídos em várias igrejas.
Henry relata que em seu tempo (976) multidões de peregrinos chegavam a Auxerre
durante todo o ano.
Para confirmar isto, existe na Borgonha a
cidade de Santa Paládia (Vermenton) e Santa Magnança. Os monges de
Moutier-Saint-Jean ajudaram na divulgação do culto de Santa Magnança.
O belo túmulo da virgem Magnança, que até
hoje está preservado, data do século XII e seus artísticos baixos-relevos
representando cenas da legenda felizmente escaparam da destruição das relíquias
pelos calvinistas e pelos adeptos da Revolução Francesa.
Em 1823 e 1842 foram realizados dois
reconhecimentos canônicos das relíquias. Santa Magnança vem sendo invocada
especialmente para as crianças em perigo de morte. A sua festa na Diocese de
Sens é no dia 26 de novembro.
As relíquias de Santa Máxima foram
preservadas no Mosteiro de Auxerre até 1567, quando foram destruídas pelos
calvinistas. Por ambas - Magnança e Máxima - terem aparecido para salvar o
peregrino, juntas elas são lembradas em tantos lugares na França.
Fonte:
www.santiebeati.it
A Abadia de São Germano d’Auxerre é um
mosteiro beneditino do centro da França, dedicado ao seu fundador São Germano,
Bispo de Auxerre, falecido em 448.
A abadia atingiu o ápice de sua
importância cultural durante o período carolíngio; a fonte de sua história
inicial consta do Miracula Sancti Germani Episcopi Autissiodorensis
("Milagres de São Germano, Bispo de Auxerre") escrito por volta do
ano 880.
Em 1927, foram descobertos afrescos do
século IX sob os afrescos do século XVII nas paredes da cripta; aqueles
afrescos são os únicos sobreviventes de pinturas de sua época na França para
serem comparados com manuscritos iluminados.
Durante a Revolução Francesa várias ogivas
da nave foram demolidas e a abadia foi secularizada e usada como hospital. A nave
primitiva se estendia sob o átrio atual.
Nos últimos séculos os edifícios
residenciais e de serviços da abadia foram remodelados como museu, apresentando
descobertas pré-históricas, galo-romanas e medievais de Auxerre. Uma exposição
em 1990 pôs em evidência o impacto cultural da abadia. A antiga igreja da
abadia permanece em uso em determinadas ocasiões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário