segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Santas Ripsima, Gaiana e Comp., Virgens e Mártires da Armênia - 29 de setembro

    





     A Vita destas Santas, bem como a de São Gregório o Iluminador, também chamado São Gregório Armênio, são recordadas nas fontes da tradição armênia. As Actas destas virgens apresentam pormenores extravagantes, mas não há dúvida de que a veneração a estas virgens e mártires existe desde tempos imemoriais na Armênia. Ripsima é venerada no Egito com o nome de "Arepsima" (ver Analecta Bollandiana, vol. XIV (1927), pp. 157 e 395), como também nos textos em árabe e no Martirológio Sírio de Rabban Silba.
     Segundo o testemunho dos historiadores armênios Fausto e Lázaro, podemos dizer que as mártires começaram a ser veneradas desde meados do século quinto (ver Tournebize, na Histoire politique et religieuse d´Armenie, pp. 452 e ss.). A versão grega das suas Actas, atribuída a Agatângelo, foi impressa na Acta Sanctorum sept. vol. VIII, junto com as de São Gregório, em 30 de setembro.
     Todos os pesquisadores dessas legendas concordam em dizer que a parte atribuída a Ripsima é pura fábula, conforme também S. Weber, em Die katholiche Kirche in Armenien (1903), p. 117 e a Analecta Bollandiana, vol. LX (1942), pp. 102-114.
     Mas, segundo a opinião do Pe. Paul Peeters "seria um atrevimento negar a existência destas mártires...".
*
     Em 306, em Roma, o imperador Maxêncio (278-312) tomou o poder e de acordo com o historiador Eusébio, a princípio, usando de moderação, ordenou o fim da perseguição aos cristãos, mas com o passar do tempo, seguindo sua natureza perversa, começou a usar seu poder para roubar as esposas de seus maridos, especialmente dos patrícios e senadores.
     As senhoras nobres de Roma passaram tempos difíceis e então Ripsima, que pertencia à nobreza imperial, mas vivia a vida monástica com outras companheiras sob a orientação de Gaiana, decidiu deixar a cidade para escapar a esta infâmia.
     O grupo de mulheres decidiu mudar-se para o Oriente. A origem romana destas santas parece provável examinando seus nomes armênios: Gaiana certamente é o diminutivo de Gaia; Nune, nome de uma das companheiras, lembra o nome latino de Nona e o nome armênio de Hripsime parece ser uma alteração do nome latino Crispina.
     Na Armênia os fatos ocorridos com Ripsima, Gaiana (priora) e as suas companheiras estão interligados com os de São Gregório o Iluminador, o apóstolo da Armênia.
     O rei da Armênia, Tiridate III (+ 330), era inicialmente inimigo do Cristianismo e perseguia os cristãos. De acordo com o biógrafo, Ripsima e 33 companheiras foram decapitadas em 26 Hori (correspondente a 4 de novembro de 313) e Gaiana e duas virgens em 27 Hori (5 de novembro de 313).
     Poucos dias após o martírio das santas virgens São Gregório foi libertado da prisão. Depois da cura do rei, alcançada pela intercessão de São Gregório, e de sua posterior conversão, o santo bispo pegou as relíquias das mártires e construiu três capelas no local do martírio para guardar os túmulos das santas.
     Estas Capelas foram completamente restauradas no século VII e naquela época as relíquias foram redescobertas. No século XVII, os missionários tentaram, sem sucesso, levar as relíquias para o Ocidente; elas permaneceram na Armênia e as três capelas, joias da arquitetura armênia, são objeto de um cuidado especial do governo.
     A Igreja Armênia celebra as mártires em dois dias: na segunda e na terça-feira após a festa da SSma. Trindade. Como o martírio destas virgens está na origem da conversão da Armênia, grande é a popularidade delas naquela Nação. Elas são consideradas as primeiras mártires da Igreja Armênia.


(1) São Gregório o Iluminador é o apóstolo dos Armênios, Nação que se converteu ao Cristianismo em 301. Gregório nasceu em 260 e foi educado na fé cristã por sua ama de leite. Recusou-se a sacrificar aos deuses pagãos, como desejava o Rei Tiridate, e foi aprisionado. Depois, Tiridate adoeceu e foi curado pelo Santo, que foi então libertado. São Gregório converteu a família real, o que resultou na conversão de toda a Nação ao Cristianismo. São Gregório morreu em 328. Algumas de suas relíquias estão na igreja de São Gregório Armênio em Nápoles, na homônima rua, célebre por seus presépios. Outras se encontram em Nardò e Constantinopla. A mais importante é o braço direito, com a qual se benze o novo Katholikos (bispo) na Armênia.

Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Martírio de católicos hoje, na Síria e outros países

    
          Verdadeiros martírios de católicos em mãos de fundamentalistas islâmicos aconteceram em Maaloula, aldeia situada ao norte de Damasco, na Síria.     O testemunho de uma mulher católica, cujo nome é preservado no anonimato por razões de segurança, permitiu à agencia vaticana Fides reconstituir detalhadamente o martírio.
     No dia 7 de setembro, os seguidores de Maomé foram violando casas dos católicos: destruíam imagens religiosas, objetos familiares e semeavam o terror.
     Numa casa estavam os católicos Mikhael Taalab, seu sobrinho Antoun Taalab e seu neto Sarkis el Zakhm, além da mulher A., única sobrevivente.
     Os devotos do Corão intimaram os presentes a se perverterem ao Islã, ameaçando matá-los se não o fizessem. Sarkis respondeu alto e bom som: “Sou cristão, e se quereis me matar porque sou cristão, fazei-o!”.
     O jovem e seus parentes foram fuzilados a sangue frio. A mulher ficou ferida, mas foi salva num hospital de Damasco como que por milagre.
     “O que aconteceu com Sarkis é um verdadeiro martírio, um assassinato por ódio à fé (in odium fidei)”, disse à Fides a Irmã Carmel.
     Houve grande emoção entre os cristãos de Damasco – onde há muitos fugitivos de Maalula –, especialmente entre os presentes ao funeral.
     As exéquias foram celebradas pelo Patriarca Gregório III Laham na catedral católica do rito greco-melquita. 

Maaloula, Síria

Beatas Mártires de 1936 - 27 de setembro

     
     Hermínia Martinez Amigo nasceu na Espanha em 31 de julho de 1887 em Puzol (Valência) e foi batizada na mesma igreja paroquial de Santos Juanes onde se casou em 24 de fevereiro de 1916.
     Ela teve duas filhas que morreram na infância. Tendo nascido em uma família rica, se dedicou às obras de caridade aos pobres. Fundou uma sociedade para o cuidado dos pobres doentes em sua cidade, nela empenhando todos os seus bens. Devido a uma doença do coração, Hermínia não podia assistir a Santa Missa todos os dias, porém recitava sempre o Rosário.
     Ela foi presa com o marido e ambos foram mortos em 27 de setembro de 1936 em Gilet, durante a perseguição religiosa que caracterizou a Guerra Civil Espanhola.
     Hermínia foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 11 de março 2001, junto com outros 232 mártires espanhóis testemunhas da fé, que foram executados em uma tentativa para destruir a Igreja Católica no país ibérico.
*
     No mesmo dia são celebradas as religiosas da Ordem Terceira das Capuchinhas da Sagrada Família: Irmã Francisca Xavier de Rafelbunol; Irmã Rosária de Soano (Pietra Maria Vitória Quintana Argo) e Irmã Serafina Maria de Ochovi: 

     Maria Fenollosa Alcayna, Irmã Francisca Xavier de Rafelbunol, nasceu em Rafel-bunol, na província de Valência (Espanha), no dia 24 de maio 1901. Ingressou no convento em 1921 e fez sua profissão de temporária em 1924 e perpétua em 1928. Em Masamagrell ocupava o cargo de assistente da mestra de noviças. Ela era respeitada por todos como uma freira devota, fervorosa, humilde, amante do silêncio, sempre sorridente. Voltando para a família por causa do perigo que pairava sobre a sua comunidade, em 27 de setembro de 1936, foi presa com seu irmão José. No dia seguinte, seus corpos foram encontrados em cemitérios diversos. 
     Pietra Maria nasceu em 13 de maio de 1866 em Soano, província de Santander (Espanha). Em 1889 ingressou na Congregação das Irmãs Terceiras Capuchinhas da Sagrada Família, fundada por Luis Amigó y Ferrer (1854-1934). Foi Superiora em diversas casas da instituição, Mestra de Noviças, Superiora Geral e Vigária Geral de 1926 até sua morte. Ao romper a revolução espanhola se encontrava na casa de noviciado de Masamagrell (Valência), junto com a Superiora local, Ir. Serafina Maria de Ochovi.
     Na tarde de 21 de agosto de 1936, Irmã Rosária de Soano e Irmã Serafina Maria da Ochovi foram aprisionadas, porque eram religiosas, e foram assassinadas na noite seguinte.
*
     Carmen, Rosa e Madalena eram três jovens que muito cedo se tornaram religiosas no Instituto das Filhas do Ssmo. Coração Imaculado de Maria. Elas tiveram apenas tempo de pronunciar os votos solenes quando iniciou a guerra civil de 1936.
     Como as outras coirmãs, foram obrigadas a abandonar às presas o convento para buscar refúgio onde podiam. As três voltaram para sua terra natal, junto aos pais, vestiram roupas civis e procuraram, na medida do possível, continuar a vida de oração e retiro que haviam escolhido. A observância da regra do seu Instituto e a precária tranquilidade duraram cerca de um mês e meio. No alvorecer do dia 27 de setembro de 1936 foram despertadas por pancadas na porta. Eram os vermelhos, avisados não se sabe por quem, que foram prendê-las e as levaram longe, para um bosque. Os revolucionários pretendiam violá-las, mas as três se defenderam com unhas e dentes. Se bem que homens, em maior número e armados, não conseguiram violentá-las. A ira os levou a torturá-las de mil modos antes de matá-las.
     O "sol do porvir" é sempre tingido de sangue.
 
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Santa Ketevan (Catarina), Rainha da Geórgia, mártir - 24 de setembro

    
     Ketevan (* 1565 - + 13 de setembro de 1624) era filha do príncipe Ashotan de Mukhrani (Bagrationi) e casou-se com o príncipe David de Kakheti, futuro David I, rei de Kakheti 1601-1602.

     Após a morte de David, Ketevan dedicou-se à religião e à caridade. No entanto, quando o irmão de David, Constantino I, matou seu pai, o reinante Alexandre II e usurpou a coroa com o apoio iraniano em 1605, Ketevan reuniu os nobres de Kakheti contra o parricida, enfrentando as forças leais a Constantino. Após a revolta, ela negociou com o muçulmano Abbas I do Irã para confirmar o seu filho menor de idade, Teimuraz I, como rei de Kakheti, enquanto ela assumia a função de regente.
     Em 1614, enviada por Teimuraz como negociadora junto a Abbas I, Ketevan entregou a si mesma como refém numa tentativa frustrada de evitar que Kakheti fosse atacada pelos exércitos iranianos. Ela foi mantida em Shiraz por vários anos. Naquela cidade Ketevan encontrou-se com alguns missionários agostinianos provenientes de Portugal, que ficaram tão impressionados com seu testemunho de fidelidade ao Cristianismo, que após sua morte propuseram a sua canonização ao Papa.
     Após tê-la mantido na prisão por muito tempo sem obter a diminuição de sua fé, nem a de seus companheiros, Abbas I decidiu colocá-la diante da alternativa de abraçar o islã ou ser condenada à morte. Ketevan não teve dúvida e se colocou em paz nas mãos de seus algozes. Abbas I mandou torturá-la até a morte com tenazes em brasa, em 1624.
     Parte de suas relíquias foi levada pelos missionários católicos portugueses, testemunhas oculares de seu martírio, para a Geórgia, e enterrada no Mosteiro Alaverdi. O restante de seus despojos mortais foi sepultado na Igreja de Santo Agostinho, em Goa, na Índia. Várias expedições partiram da Geórgia e chegaram a Goa à procura do local exato de seu túmulo, em vão.
     O relato do martírio de Ketevan feito pelos missionários Agostinianos foi explorado por seu filho, Teimuraz, em seu poema O Livro e a paixão da rainha Ketevan (1625), bem como pelo autor alemão Andreas Gryphius em sua tragédia clássica Katharine von Georgien (1657). O monge georgiano Grigol Dodorkeli-Vakhvakhishvili do Mosteiro David Gareja foi outro autor quase contemporâneo cujos escritos, uma obra hagiográfica, bem como vários hinos, concentram-se na vida e no martírio de Ketevan. O poeta escocês William Forsyth compôs o poema O martírio de Kelavane (1861), com base no relato da morte de Ketevan de Jean Chardin.
     A importância da Rainha Ketevan para o povo georgiano levou-o à "caça" de uma relíquia sua durante as últimas décadas. Nomeadamente em Goa, e desde 1989, várias delegações provenientes de Georgia têm trabalhado em conjunto com o órgão “Pesquisa Arqueológica da Índia” para tentar localizar o túmulo de Ketevan dentro das ruínas do convento agostiniano de Nossa Senhora da Graça, em Goa Velha. Todos esses esforços foram frustrados, porque as equipes não foram capazes de interpretar corretamente os documentos portugueses que davam pistas sobre o lugar do sepultamento de Ketevan.
     Fontes históricas afirmam que fragmentos de ossos do braço e da palma da mão de Ketevan foram guardados dentro de uma urna de pedra debaixo de uma janela específica dentro da Capela do Capítulo do convento agostiniano.
     Em maio de 2004, a Capela do Capítulo e a janela, mencionadas nas fontes, foram encontradas durante um trabalho em colaboração com órgãos portugueses e indianos, e o arquiteto Sidh Losa Mendiratta. Embora a urna pedra estivesse desaparecida, a sua cumeeira de pedra e uma série de fragmentos ósseos foram encontrados perto da janela mencionada nas fontes portuguesas.
     Os cientistas indianos realizaram uma análise de DNA dos fragmentos de ossos encontrados durante esta escavação, mas o mistério das relíquias de Ketevan continua, uma vez que seria necessária a análise em confronto com as supostas relíquias existentes na Geórgia.

Santa Tecla de Icônio, Virgem e Mártir - 23 de setembro


     Não houve nome mais célebre na Antiguidade cristã; dizer duma mulher que era outra Tecla era reconhecer-lhe as mais elevadas virtudes. Assim se exprimiam São Jerônimo para louvar Santa Melânia e São Gregório Nazianzeno para exaltar a santidade de Santa Macrina, sua irmã.
     As informações que a respeito de Santa Tecla se encontram nos antigos Padres são tiradas das Actas de Paulo e Tecla, documento apócrifo do 2º século, que já Santo Agostinho afirmava ter sido interpolado e falsificado.
     Convertida por São Paulo, Tecla viveu durante algum tempo em Icônio (na atual Turquia). Sofreu muitas tribulações para se conservar fiel à fé e ao voto de virgindade que tinha pronunciado, e acabou tranquilamente a vida em Selêucia, onde o seu túmulo foi venerado desde o século IV.
     Nada mais se sabe ao certo desta virgem ilustre, venerada tanto na Igreja Grega como na Romana, exaltada por Santo Epifânio, São João Crisóstomo, São Metódio de Olimpo e Santo Ambrósio, a qual era invocada pela liturgia, à cabeceira dos moribundos, na seguinte oração:

     “Senhor, que livraste a bem-aventurada Tecla, virgem e mártir, de três tormentos cruéis, nós Vos suplicamos que na vossa bondade Vos digneis libertar esta alma e conceder-lhe a graça de gozar convosco dos bens celestiais. Amém”. 

     Os três tormentos mencionados nesta prece são: a fogueira, os leões, e as serpentes, aos quais, segundo dizem as Actas de Paulo, Tecla foi condenada e que não lhe causaram qualquer mal. Diz-se que a deixaram finalmente morrer em paz ao terminar o século I.
     Santa Tecla é invocada pelos fieis como a padroeira dos agonizantes e é também solicitada para interceder por eles contra os males da vista. A Igreja confirmou o seu culto pela tradição dos fiéis e manteve o dia em que tradicionalmente a sua festa é realizada.
 
Fonte: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. Editorial A. O. – Braga.
 
Etimologia: Tecla, do grego Thékla, abreviação de Theókleia: "glória (kleia) de Deus (theós). O nome é ainda muito usado principalmente nos países de língua alemã.
 
* * *
O Estado de S. Paulo, domingo, 8 de setembro de 2013
Forças leais a Assad e insurgentes disputam enclave cristão            Lourival Santanna

Beirute — Três dias depois de uma ousada incursão conjunta do Exército Sírio Livre (ESL) e do Movimento Islâmico Homens Livres do Levante (Harakat Ahrar ash-Sham al-Islami) no vilarejo cristão de Maaloula, 50 quilômetros a nordeste de Damasco, tropas leais ao governo e insurgentes travavam ontem intensa batalha na área, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição.
Uma freira do Convento de Santa Tecla, em Maaloula, onde ainda se fala o aramaico, a língua de Jesus, disse pelo telefone à Associated Press que os invasores andaram na quarta-feira pelas ruas da cidade gritando em um megafone: “Aqueles que quiserem continuar vivos, convertam-se ao Islã”. Ela contou que a população estava aterrorizada: “É a primeira vez que nos atacam”.
As particularidades dessa incursão podem dificultar a campanha de Obama para angariar apoio no Congresso americano e entre países aliados para uma ação militar contra o regime Assad. A dificuldade de distinguir extremistas islâmicos dos combatentes seculares tem sido um argumento, no Ocidente, contra a ajuda aos insurgentes sírios.
Alguns observadores da guerra civil na Síria afirmam que o Ahrat ash-Sham tem se tornado um dos maiores e mais fortes grupos combatentes no país. Em seus primeiros comunicados, o grupo afirmou que seu objetivo de longo prazo é a imposição dos preceitos islâmicos no país, mas que entendia que a população síria não estava “preparada para isso”.
Maaloula é um local de peregrinação cristã. Nela estão, segundo a tradição, os restos de Santa Tecla, discípula de São Paulo e considerada uma das primeiras mártires do cristianismo. Condenada à fogueira por aderir ao cristianismo e ao celibato pregado por São Paulo, ela chegou ao local fugindo de soldados romanos. Segundo a tradição, Tecla se viu encurralada pela montanha, e Deus abriu o desfiladeiro, para facilitar sua fuga. Ironicamente, muitos dos 5 mil moradores cristãos de Maaloula têm fugido do vale, temendo a perseguição dos radicais islâmicos.
Na ocupação de Qusair, no oeste da Síria, com participação da Frente Nusra, no primeiro semestre, todas as imagens cristãs foram destruídas, e as paredes das igrejas, pichadas com frases em favor do Islã e contra o cristianismo.
 
 

domingo, 22 de setembro de 2013

Santa Ifigênia, Virgem etíope - 22 de setembro

Martírio de S Mateus e Sta Ifigênia, séc.XIV
     Ifigênia ou Efigênia [do grego Iphigenes: "nascida (genes) com poder (iphi)”], foi uma das responsáveis pela propagação do Cristianismo na Etiópia. Por ter sido uma grande colaboradora do Apóstolo São Mateus, é festejada no dia 22 de setembro, um dia após a festa daquele Santo.
     De acordo com o livro de Tiago de Voragine, A Legenda Áurea, Ifigênia era filha do rei etíope Egipo. Ela foi catequisada, batizada e consagrada a Deus por São Mateus, o Evangelista, que difundiu o Evangelho na região.
     Quando Hirtaco sucedeu o pai da santa no trono, prometeu que daria metade de seu reino ao Apóstolo caso persuadisse a filha do falecido monarca a se casar com ele. São Mateus, então, convidou o rei a acompanhar a missa de domingo. Aproveitando que ele ali se encontrava, explicou-lhe que não poderia permitir que a jovem virgem se casasse com ele, pois ela fora consagrada ao Senhor. Enfurecido, Hirtaco então mandou seus homens matarem São Mateus aos pés do altar, o que o tornou mártir da fé católica.
     Após a morte de São Mateus, o rei tentou destruir a casa de Ifigênia, que vivia com duzentas companheiras, como ela dedicadas à oração e à penitência, incendiando-a. Entretanto, o apóstolo apareceu e expulsou as chamas do lugar, voltando-as em direção ao palácio real. Completando o castigo divino, o filho de Hirtaco ficou possesso pelo demônio e o próprio rei contraiu a lepra.
     O povo aclamou o irmão da santa como seu rei. Este contava com os sábios conselhos da veneranda irmã e reinou por setenta anos; foi sucedido por seu filho, que por sua vez mandou construir muitas igrejas católicas pela Etiópia.
     Ifigênia morreu bem idosa, vendo o Evangelho espalhar-se pelos reinos vizinhos. Perto havia um reino, Abissínia, cujo rei, Elesbão, também se converteu a fé cristã, e é venerado como santo pela Igreja Católica.
     Os Carmelitas dizem-se descendentes dos Israelitas que viviam em comunidade no Monte Carmelo desde o tempo do Profeta Elias. Quando aceitaram o Evangelho acompanhavam os Apóstolos incentivando os primeiros cristãos a viver como eles. Eis porque Santa Ifigênia veste hábito carmelita em suas representações.
     O triunfo sobre a voracidade das chamas fez de Santa Ifigênia a advogada contra incêndios e protetora da moradia.
     Esta devoção começou entre os Carmelitas de Cádiz, na Andaluzia. Dessa região espanhola passou a Portugal e de lá ao Brasil. Por ser africana, Santa Ifigênia logo despertou a atenção e o amor do sofrido povo negro, que começou a receber abundantes graças por sua poderosa intercessão. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Santa Maura de Troyes, Virgem leiga - 21 de setembro

    
     Maura nasceu em Troyes, região de Champagne, França. Era filha do nobre Maurano e da rica Sedulia. Seu irmão, Eutrópio, sacerdote, foi um eminente prelado de Troyes.

     Existe uma Vita contemporânea de Santa Maura, breve, mas confiável, escrita por São Prudêncio de Troyes (celebrado a 6 de abril), que baseia o seu relato em conversas mantidas com a mãe da Santa. Ele narra que desde a mais tenra idade Maura, que nasceu em 827, levou uma vida de intensa oração, completamente focada em Deus. Existem também escritos sobre ela em Goujet e Mezangui, Vidas dos Santos.
     Como seu irmão renunciara à sua parte na herança, Maura dispunha de um grande dote que utilizou para promover instituições voltadas para a assistência aos pobres. Preferiu entregar-se ao Senhor e não a um homem. Dizia ter quatro noivos: os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, São Gervásio e São Protásio. Rezava para eles com frequência e mantinha igrejas a eles dedicadas.
     Com a oração e o exemplo, se bem que fosse ainda menina, converteu o pai, Maurano, que levava uma vida dissipada. Graças às advertências da filha mudou de vida e se converteu em pai honrado e virtuoso.
     Com sua caridade e devoção havia impelido o irmão, Eutrópio, a se tornar sacerdote e posteriormente bispo de Troyes. Maura entretanto continuou a viver junto à família onde passava o tempo rezando, ajudando a mãe e assistindo aos pobres e aos necessitados.
     Sua vida era planejada com esmero para desempenhar qualquer atividade e pontuada por atos de penitência: ela jejuava todas as quartas-feiras e sextas-feiras, por exemplo, e às vezes caminhava descalça pelos três ou quatro quilômetros que a separavam da Abadia de Mantenay, onde se encontrava com o santo abade que era seu diretor espiritual.
     A Santa passava longas horas na igreja, adorando a Deus e meditando sobre a Vida e a Paixão de Nosso Senhor. Naqueles momentos de adoração era frequente que lágrimas corressem dos olhos de Maura, refletindo seu amor, sua alegria e o encanto de seu relacionamento com o Deus escondido no sacrário.
     Era grande o seu entusiasmo ao costurar vestimentas sagradas, ao aparar as mechas das velas na igreja e preparar a cera das velas para o altar.
     Maura era muito humilde e procurava não atrair a atenção para os seus dons, embora fossem conhecidos vários milagres alcançados graças às suas orações.
     A Santa virgem faleceu em 21 de setembro de 850, com somente 23 anos de idade, após uma longa enfermidade. Ela recebeu a Extrema Unção e o Viático com extraordinárias demonstrações de alegria divina e de amor, recitando orações. Ela expirou quando eram ditas estas palavras: Venha a nós o vosso reino. Santa Maura foi sepultada em Château Nore de Troyes. Suas relíquias são veneradas em várias igrejas por toda a França.
 
Etimologia: Mauro (a), do latim Maurus, do grego, Mauros: “nativo da Mauritânia”; ou “pardo como um mouro”.
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Santa Emília Maria G. de Rodat, Fundadora - 19 de setembro

    
     Maria Guilhermina Emília de Rodat nasceu no castelo de Druelle, situado a 8 k de Rodez, capital de Rouergue, no dia 6 de setembro de 1787, era a primogênita do casal João Luís Guilherme Amans de Rodat e Henriete de Pomairols. Além de Eleonora, modelo de virtude, Emília tinha mais três irmãos: Carlota, Luís Guilherme e Armando Henrique.

     Aos 11 anos recebeu sua primeira comunhão clandestinamente, na capela de Ginals, sem nenhuma festa. Seus avós aproveitaram a presença de um dominicano, José Delbès, refugiado no castelo, para realizar a cerimônia, marcando uma etapa de sua vida interior. Era a época da infame Revolução Francesa, na qual os religiosos foram expulsos dos conventos, as igrejas foram profanadas, as relíquias quebradas e os túmulos violados.
     Em 1803, Emília era uma encantadora jovem, viva e graciosa, um pouco altiva e autoritária - notava-se nela tendências para a vaidade e o orgulho. Apesar das crises próprias da adolescência, Emília conservou sempre vivo o atrativo pelos pobres. Em companhia de Maria Ana Gombert, uma humilde moça de Villefranche, visitava os pobres e doentes com frequência.
     Em 1804, na Festa do Corpo de Deus, as palavras de um missionário determinaram a sua total conversão. Começou a vestir-se com muita simplicidade desprezando as modas. Ia diariamente à Igreja de Ampiac, à meia hora de Druelle, onde assistia à Santa Missa. Ainda nesse ano, recebeu o sacramento da crisma com muito fervor.
     Deixou então Druelle a fim de voltar para Villefranche e foi morar na casa da Sra. Saint-Cyr, dona de um pensionato reservado às senhoritas da sociedade. O Pe. Antônio Marty era o confessor da casa e tornou-se seu diretor espiritual.
     Em 1806, a Sra. Saint-Cyr aproveitou a relativa instrução de Emília para lhe confiar aulas de Catecismo e de Geografia.
     Em 1809, aos 22 anos, Emília fez algumas tentativas de ingresso na vida religiosa, sem sucesso. Triste, mas não desanimada com esse fracasso, obteve de seu diretor a permissão para pronunciar os votos privados em 21 de novembro desse mesmo ano.
     Em maio de 1815, durante uma visita que fazia aos pobres, Emília ouviu várias mães de família lamentarem a ignorância de suas filhas, sobretudo quanto à instrução religiosa. Elas diziam que antes da Revolução Francesa as religiosas ursulinas ensinavam-nas gratuitamente, o que não tinham suas filhas.
     Este lamento transpassou como um dardo a alma de Emília, que lhes disse: “Enviem-me suas filhas, eu as instruirei”. Sentiu o apelo irrecusável de Deus para socorrê-las numa fundação, em Villefranche, destinada à instrução das meninas pobres.
     Querendo iniciar sem demora a execução do seu projeto, Emília obteve da Sra. Saint-Cyr a permissão para dar aulas às crianças no seu exíguo quarto, tendo chegado rapidamente ao número de quarenta meninas.
     Com algumas companheiras teve que enfrentar grandes dificuldades. Em um ambiente hostil e sem meios financeiros, era difícil achar um local para morar, mas a Providência veio enfim em auxílio delas: no início de 1816, uma antiga aluna da Sra. Saint-Cyr, a Srta. Vitória Alric, prometeu alugar a metade de um imóvel, embora insalubre e mal situado.
     No dia 30 de abril, com suas companheiras, começou a viver ali uma rigorosa vida religiosa e, no dia 1º de maio, vestiram um hábito muito simples. No dia 3 de maio, à sombra da cruz, abriram também uma classe denominada Santa Maria para as meninas de média condição. Três órfãs foram igualmente adotadas.
     Em junho de 1816, D. Grainville, Bispo de Cahors, que se encontrava em Villefranche, consentiu que as Irmãs tivessem uma capelinha com o Santíssimo Sacramento. A partir desse momento, as Irmãs julgaram-se ricas no meio de tanta pobreza. Na Páscoa de 1817, Emília fez seus primeiros votos temporários.
     O grande número de alunas tornara necessária a aquisição de um novo local. No dia 29 de junho de 1817, transferiram-se para a casa Saint-Cyr, abandonada pelos membros da frágil federação. O número das Irmãs dobrou, e o Pe. Marty, apesar de inúmeras ocupações, permaneceu como capelão oficial. A obra prosperava sempre.
     O Pe. Grimal, benfeitor do instituto e protetor das Irmãs, decidiu pela compra do antigo Convento dos Franciscanos, abandonado desde 1793, uma casa contínua e mais tarde, um jardim. Em 29 de junho de 1819, as Irmãs tomaram posse da moradia definitiva, atual Casa-Mãe das Religiosas da Sagrada Família, onde solenemente fizeram os primeiros votos.
     Em agosto de 1820, começaram para Madre Emília as terríveis tentações contra a fé, a esperança e a caridade, que duraram 32 anos, levando-a a um estado extraordinário de sofrimento interior. Além disso, as Irmãs, as postulantes e até mesmo as alunas foram atingidas por uma terrível epidemia. A maioria das meninas abandonou as classes, e as postulantes voltaram para suas famílias. Nenhuma candidata se apresentava por ter medo do contágio e da morte.
     No dia 29 de agosto de 1822, o Pe. Marty enviou Madre Emília a Aubin para consultar-se com um médico renomado. Ao mesmo tempo, a Sra. Constans, pensionista em Villefranche e originária da localidade, convidou Madre Emília para fundar um educandário para moças em Aubin. O Pe. Marty deu o seu consentimento.
     Chegando a Aubin, ela ocupou-se ativamente da nova fundação, primeira do instituto, que estava no seu sexto ano de existência. O projeto foi bem aceito pelas autoridades locais e pelos habitantes. Além do cuidado com as crianças, as Irmãs visitavam os doentes e os pobres. Em breve, várias jovens, atraídas pelos bons exemplos das Irmãs, pediram para serem admitidas na Sagrada Família.
     No dia 1º de agosto de 1832, Madre Emília, acompanhada de três Irmãs, viajou para Livinhac com a difícil missão de transformar uma pequena comunidade numa casa religiosa destinada à educação das jovens, como as de Villefranche e Aubin. A princípio, havia duas comunidades na mesma casa. Aos poucos, as Irmãs foram se adaptando ao novo estilo de vida, depositando em Madre Emília confiança e estima.
     Até 1834 a Congregação da Sagrada Família compunha-se exclusivamente de Irmãs clausuradas que se dedicavam ao ensino no interior do convento, e de Irmãs conversas que exerciam diversas funções fora do claustro, dedicando-se aos pobres e aos doentes. Foi naquele ano que ocorreu algo totalmente imprevisto: a fundação das casas não clausuradas. Em alguns meses, houve três fundações. A Providência aproveitou-se do fato para dar origem ao segundo ramo do instituto: as Irmãs das Escolas, que seguiam em tudo as mesmas diretrizes que as outras, com exceção da clausura.
     No dia 15 de novembro de 1834, o Pe. Marty faleceu aos 78 anos de idade. A madre, que o teve como diretor espiritual desde os 18 anos, sofreu profundamente com a perda. No dia 18 de novembro, o conselho escolheu o Pe. Blanc para substituí-lo no governo da congregação.
     A fundadora continuou abrindo escolas num ritmo bastante acelerado.
     Além das provações interiores e das doenças, Madre Emília carregou também com profunda humildade e paciência a cruz da incompreensão que teve de suportar da parte de várias Irmãs da comunidade. Acusavam-na de arruinar a congregação com sua caridade exagerada, foi submetida à vigilância de uma ecônoma. Abriam suas cartas, vigiavam-na para impedi-la de conversar com as Irmãs que sofriam com essas humilhações e que pareciam auxiliá-la.
     Apesar de tantas provações, a Madre vivia na mais inalterável paz. Na sua profunda humildade, dizia: “Peço a Deus que suscite alguém para reparar meus erros”.
     No início de julho, sentindo-se livre das tentações que há anos a martirizavam, pressentiu estar perto o seu fim. Na madrugada de 4 de setembro, sofreu um desmaio que a impediu de descer para a missa. A partir desse dia, não deixou mais o seu quarto. Dedicou seus últimos dias às suas filhas: falou com cada uma em particular para lhes dar seus derradeiros avisos. Apesar de sua fraqueza, permaneceu lúcida até o fim.
     No dia 19 de setembro de 1852, às 13h30m, na presença do Pe. Faber e de algumas Irmãs, num último esforço, tomou seu crucifixo, que nunca deixava, fitou-o, colocou os lábios nas chagas do Salvador e, inclinando a cabeça, exalou o último suspiro.
     Quando a triste notícia do falecimento de Madre Emília espalhou-se pela cidade, o povo, chorando e lastimando a grande e irreparável perda, exclamava: “Morreu a Santa!”.
     Madre Rodat foi beatificada em 9 de junho de 1940; e canonizada em 23 de abril de 1950.
 

sábado, 14 de setembro de 2013

Santa Eugênia da Alsácia ou de Hohenbourg, Abadessa - 16 de setembro

    


Relicário de Santa Eugênia
     Eugênia nasceu em uma família principesca por volta do fim do século VII em Obernai, França. Seu era pai Adalberto, Duque da Alsácia, e sua mãe Gerlinda, de uma família não menos importante que a de seu pai. Eugênia teve também uma irmã, Santa Atala.

     Eugênia recebeu do céu um coração terno e sensível e cheio de boas inclinações para a virtude. Embora tudo concorresse para que ela se voltasse para as coisas do mundo - a nobreza de sua raça, os bens de seus pais, a beleza e a sabedoria, a doçura de seu caráter e as graças de seu espírito - a Providência desejava que todos esses dons fossem usados para a maior glória de Deus.
     Bem jovem ela prometeu consagrar a Deus sua vida e desejava viver a pobreza, dedicando-se a socorrer os doentes, consolar os aflitos e proteger os fracos.
     Ao completar 15 anos, data marcada por sua tia Santa Odília, fundadora da Abadia de Hohenbourg, para sua consagração pública a Nosso Senhor, Adalberto e Gerlinda a abençoaram e acompanhada por eles ela se dirigiu para Hohenbourg.
     Com coragem Eugênia seguiu os passos de sua tia e manteve a regularidade e a disciplina, e dava, como Odília, o exemplo de todas as virtudes à sua santa comunidade.
     O espírito da piedosa fundadora reinava nas duas casas e era um espetáculo bem edificante para a Alsácia ver jovens virgens nascidas nas primeiras famílias da região renunciarem às doçuras de uma vida cômoda e agradável para ir se consagrar às práticas da penitência e da oração.
     Após a morte de Santa Odília, Eugênia foi designada para suceder a fundadora. A sua assinatura como abadessa de Hohenbourg aparece em um documento do ano 722.
     Santa Eugênia tornou-se a consoladora dos necessitados da região. Para exemplificar sua imensa caridade, na Quinta-Feira Santa, para imitar a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela convidava para a abadia grande número de pobres dos quais ela lavava e beijava os pés; após esta cerimônia, lhes dava roupas e os servia à mesa. Era grande sua compaixão pelos doentes. Nem a chuva, nem o mal tempo no inverno a impediam de ir visitá-los no Asilo São Nicolau, ou mesmo nas suas pobres casas no vale.
     Eugênia governou seu mosteiro por 15 anos e foi incluída no número das santas. Seu corpo foi colocado na capela de São João Batista, perto do túmulo de Santa Odília. Suas relíquias foram conservadas neste local até a guerra dos suecos.
     Em 1622, o Conde de Mansfeld, chamado de “o Atila da Cristandade”, mandou incendiar a Abadia de Hohenbourg e com seus soldados pilhou tudo de precioso que encontraram. Estes fanáticos abriram então o túmulo de Santa Eugênia e dispersaram seus restos mortais. Entretanto, naquele mesmo ano as monjas haviam transferido para Oberheim parte de suas relíquias, que podem ainda serem encontradas nas igrejas de Obernai e de Willgotheim.
     Em 1632, novamente os suecos incendiaram e pilharam a Abadia. Em 1687 o mosteiro e a igreja foram reconstruídos. Atualmente o local ainda é visitado por muitos peregrinos e devotos de Santa Odília e de sua santa sobrinha Eugênia.
     No século XIV Santa Eugênia era celebrada no dia 1o. de outubro, e posteriormente no dia 16 de setembro, dia de sua morte em Hohenbourg.
Abadia de Hohenbourg, Alsácia
 
 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Santa Placila (Ælia Flaccilla) Imperatriz - 14 de setembro

    

     Santa Placila, forma italiana do nome grego Plakilla, como é relatado pela respeitável Bibliotheca Sanctorum, é a imperatriz conhecida no mundo latino com o nome de Ælia Flaccilla, primeira esposa de São Teodósio I o Grande.
     Como o marido, ela também era de origem espanhola, talvez filha de Cláudio Antônio, prefeito de Gaul e cônsul no ano 382.
    O casamento de Teodósio e Placila foi celebrado por volta do ano 376. Pelo fim do ano seguinte nasceu o primeiro filho do casal, Santo Arcádio, que deveria herdar o império do Oriente, e nos anos sucessivos Placila deu à luz outros dois filhos: Honório, em 384, depois imperador do Ocidente, e Pulquéria, falecida em tenra idade.
     Placila faleceu prematuramente pouco depois, em 385, provavelmente devido a complicações após este último parto. São Gregório de Nissa, seu hagiógrafo, declarou expressamente que ela deu a Teodósio somente três filhos.
     A sua breve existência terrena não foi porém irrelevante na história da Cristandade, já que sob o benéfico influxo da sua personalidade inspirou a moderação e a clemência na política de seu marido, contribuindo para a promoção da fé cristã com a destruição dos cultos pagãos ainda vigentes.
     O casal imperial tornou-se assim um sustentáculo da doutrina cristã defendida pelo Concilio de Niceia, tendo Placila impedido que seu marido estipulasse um acordo ambíguo com o herético Ario.
     A obra desta santa imperatriz não foi porém exclusivamente de caráter teológico e doutrinário: São Gregório de Nissa também a considerou de fato um modelo brilhante de virtude cristã e caridade ardente, enquanto Santo Ambrósio, o célebre bispo milanês que batizou seu marido, a definiu como “Fidelis anima Deo” (alma fiel a Deus).
     Em um panegírico composto por ele, São Gregório de Nissa celebra a sua virtuosa vida, descrevendo Placila como a inspiradora das boas obras de Teodósio, seu esposo, o ornamento do império, a promotora da justiça, o ícone da beneficência. Além disso, segundo o seu autor, foi plena de zelo pela fé, coluna da Igreja e mãe dos indigentes. Teodoreto em particular exaltou a sua caridade para com os mais pobres e necessitados, concretizada não apenas com doações de dinheiro, mas por serviços prestados a eles.
     Santa Placila foi sepultada em Constantinopla, com orações fúnebres oficiadas por São Gregório de Nissa.
     A Acta Sanctorum redigida pelos Bollandistas de tradição latina se limita a mencioná-la como “venerável”; a Igreja Ortodoxa Grega ainda em data moderna a comemora como “santa”.
 
 
Sacrílego atentado contra Nossa Senhora em Roma
     No dia 14 de julho – data da queda da Bastilha durante a Revolução Francesa – profanadores em Roma “jogaram um líquido semelhante a sangue contra a imagem da Virgem, cujo rosto e vestimentas ficaram sujos de sulcos vermelhos”, denunciou a associação “Pela Villa Pamphilj”.
     É nesta Villa que se encontra a imagem de Nossa Senhora, no centro de um monumento dedicado aos soldados que em 1849 lutaram contra as tropas anticatólicas que estabeleceram uma espúria República Romana.
     O bem-aventurado Pio IX, legítimo monarca dos Estados Pontifícios, havia partido para o exílio poucos meses antes da proclamação dessa sacrílega república. Os continuadores dos revolucionários daquela época e prováveis autores do presente atentado cristofóbico contra a Santíssima Virgem talvez o tenham perpetrado por julgarem existir clima propício para por esse meio atacar a monarquia papal.
 

 
São Silvestre I, o primeiro Papa-rei de Roma (celebrado no dia 31 de dezembro)
     Dom Prosper Guéranger OSB (1805-1875), refundador da Abadia de Solesmes, escreveu em sua célebre obra L’Année Liturgique um grande elogio de São Silvestre I Papa (280-335), no qual, entre outras coisas, ele diz:
     Era justo, então, que a Santa Igreja, para reunir nessa oitava triunfante todas as glórias do céu e da terra, inscrevesse nesses dias, o nome de um santo confessor que representasse todos os confessores.
     Este é São Silvestre, esposo da Santa Igreja Romana e, por ela, da Igreja Universal.
     Um pontífice de reinado longo e pacífico, um servidor de Cristo ornado de todas as virtudes, e dado ao mundo após esses combates furiosos que tinham durado três séculos, nos quais triunfaram pelo martírio milhares de cristãos sob a direção de numerosos papas, mártires predecessores de Silvestre.
     Silvestre anuncia também a paz que Cristo veio trazer ao mundo e que os anjos cantaram em Belém.
     Amigo de Constantino, confirma o Concílio de Nicéia que condenou a heresia ariana e organiza a disciplina eclesiástica para uma era de paz. Seus predecessores representaram Cristo padecente; ele figura Cristo triunfante.
     Ele completa, nessa oitava, o caráter do Divino Menino que chega na humildade de Suas faixas, exposto à perseguição de Herodes e, entretanto, é o Príncipe da Paz e o Pai do século futuro.
     De acordo com os ensinamentos de Silvestre, o piedoso imperador confirmou com seu exemplo o direito concedido aos cristãos de construir seus templos de modo ostensivo, pois ele elevou grande número de Basílicas.
     A saber, a de Laterão dedicada a Cristo Salvador, a do Vaticano a São Pedro, a da via de Óstia a São Paulo, a de São Lourenço no Agro Verano, da Santa-Cruz no palácio de Sessorius, dos santos Pedro e Marcelino e de Santa Inês nas vias Lavicana e Nomentana, e outras ainda que ele ornou esplendidamente com imagens santas e dotou magnificamente com propriedades e privilégios.
     Foi sob seu pontificado que se reuniu o primeiro Concílio de Niceia, no qual, sob a presidência de seus legados, na presença de Constantino e de trezentos e dezoito bispos, a santa Fé católica foi explicada e Ario e seus sectários foram condenados. (…)
     São Silvestre também ditou vários decretos vantajosos para a Igreja de Deus que levam seu nome, a saber: (…) que os diáconos usariam a dalmática na Igreja e levariam no braço esquerdo um ornamento de linho; que o Sacrifício do altar se celebraria sobre uma toalha de linho.