Há
740 anos falecia esta Santa que é um exemplo para as empregadas domésticas
Em nossos infelizes dias, tão trabalhados
pela corrupção dos costumes e pela decadência moral, e sobretudo pela luta de
classes, muitos empregados pensam mais nos seus direitos, devidos ou indevidos,
e em fazer ações trabalhistas contra os patrões por qualquer motivo, do que em
se esmerar em seu trabalho. Assim, o exemplo dessa empregada doméstica dedicada
ao seu trabalho e aos seus patrões, sendo por eles estimada, representa uma
lufada de ar fresco que nos conforta a alma.
Quando esta humilde empregada doméstica
expirou no nobre palácio dos Fatinelli, era tão querida, que toda a
aristocrática família estava junto ao seu leito, para onde depois acorreu também
toda a cidade de Luca em torno de seu caixão.
Foi numa humilde família de camponeses que
nasceu Zita no ano de 1218, na vila de Monsagrati, próxima a Lucca, na Toscana,
Itália. A sua irmã mais velha entrou para um convento de Cister e seu tio foi
eremita e morreu com fama de santidade. Destituída de qualquer especial
instrução, desde criança tinha escolhido para si uma regra de comportamento religioso,
perguntando-se: “Isto agrada ao Senhor? Isto desagrada a Jesus?”. Essa era a
sua norma de conduta diante de todos os sucessos que lhe aconteciam.
Quando era adolescente, os pais lhe
entregavam um cesto de verduras ou frutas, para ela vender nas ruas da cidade.
O seu aspecto recolhido, seu ar de modéstia e de pureza, toda sua pessoa,
enfim, chamaram a atenção de um dos mais ricos e nobres cidadãos de Lucca, o Senhor
de Fatinelli, que a pediu a seus pais como empregada.
Zita tinha então 18 anos, e era a primeira
vez que deixava seu humilde lar, ainda mais para viver num palácio, entre a
imensa criadagem da casa. Isso poderia ter certa sedução, e também apresentava
alguns perigos, principalmente no convício com os outros empregados menos
virtuosos que ela.
Entretanto, a casa dos Fatinelli, como não
era raro na época, era governada com princípios de severa moralidade. E os
criados sabiam manter essa linha. Por isso Zita, mesmo entre os Fatinelli,
continuaria a mesma linha de proceder, interrogando-se “Isto agrada ao
Senhor?”.
Entretanto, por sua bondade e esforço era
frequentemente hostilizada e até maltratada pelo resto da criadagem, mas nunca
se deixou abater nem permitiu que isso alterasse sua calma interior. Aos poucos
foi sendo aceita por todos e chegou a ser responsável por toda a administração
da casa.
Ela obteve licença da patroa para
diariamente à Missa numa igreja vizinha, enquanto o resto da criadagem dormia.
E, de regresso a casa, agradava ao Senhor que ela se entregasse com toda
dedicação e seriedade aos afazeres domésticos que lhe eram destinados.
Ocorreu então que um dia Zita demorou-se
mais em oração na igreja. Quando deu conta de si, o sol já tinha aparecido.
Temerosa, porque passara o tempo de fazer o pão diário, correu para o palácio.
Mas encontrou o pão, que ela deveria ter preparado, dourado e bem cheiroso em
cima da toalha da mesa da cozinha. “Alguém”, que não era nenhuma de suas
companheiras, era o responsável por aquele milagre.
Todas as sextas-feiras da semana os pobres
da cidade se atropelavam à porta do palácio. Como Zita, era a criada de mais
confiança, tinha a missão de distribuir as esmolas reservadas pelos patrões.
Mas desejava acrescentar algo de seu. Assim, jejuava ou limitava-se no comer
para conseguir pôr de sua parte mais comida para os pobres. A eles dava também
alguma roupa sua. Isso depressa chegou aos ouvidos do Senhor de Fatinelli, que
Zita dava mais do que ele tinha estipulado. E um dia em que ele encontrou Zita
trazendo no avental o supérfluo que havia economizado, perguntou-lhe
severamente o que levava. “Flores e folhas”, respondeu a empregada. E abrindo o
avental ocorreu o que já ocorrera com outras santas: flores e folhas caíram ao
solo, testemunhando ao patrão a virtude da serva.
Desse modo Zita tornou-se, na casa dos
Fatinelli, a empregada santa, que os patrões queriam como se fosse membro da
família. Disso ela não se prevalecia, conservando-se humilde e sempre pontual e
obediente, como se servisse ao próprio Nosso Senhor.
Zita nunca foi incômoda aos patrões, nem
mesmo na última doença, que durou apenas cinco dias, quando expirou aos 60
anos, no ano de 1278, no seu pobre quarto. Toda a família Fatinelli estava
ajoelhada em redor de seu leito. Pouco depois, toda Lucca também se ajoelhava
em torno de seu caixão.
Depois de sua morte, numerosos milagres
foram atribuídos à sua intercessão, de modo que ela era venerada como santa na
cidade de Lucca. Os poetas Fazio degli Uberti (Dittamonde, III, 6) e Dante
(Inferno, XI, 38), ambos designam a cidade de Lucca simplesmente como
"Santa Zita". O Ofício em sua honra foi aprovado por Leão X.
Em 1580 seu túmulo foi descoberto na Igreja de São Frediano e verificou-se que
seu corpo se encontrava incorrupto, mas foi-se mumificando desde então. Assim,
foi sugerida a solene aprovação de seu culto, que foi concedida por Inocêncio
XII em 1696, após o reconhecimento de 150 milagres atribuídos à sua intercessão.
A mais antiga biografia da santa é
preservada em um manuscrito anônimo pertencente à família Fatinelli, que foi
publicado em Ferrara, em 1688, por Monsenhor Fatinelli, "Vita beata Zita virginis Lucensis ex vetustissimo codice
manuscripto fideliter transumpta". Para a sua obra mais
completa, "Vita e miracoli de S. Zita vergine lucchese" (Lucca, 1752),
Bartolomeo Fiorito usou este e outros documentos, especialmente aqueles
retirados do processo elaborado para provar o culto imemorial.
Atualmente seu corpo mumificado, deitado
em uma cama de brocado, está em exposição em um relicário de vidro para
veneração pública na Basílica de São Frediano, em Lucca, Itália.
Pio XII proclamou-a padroeira das
empregadas domésticas do mundo inteiro.
Fontes:
http://franciscanos.org.br/?p=34891
Vide
post neste blog em 26 de abril de 2014
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