Juliana nasceu no ano de 1270 em
Florença, na Toscana. Ela recebeu muito da vida: a nobreza de linhagem, a
riqueza de família, o amor apaixonado dos pais, que tinham esperado tanto o seu
nascimento, considerando-a dom do céu e, portanto, merecedora de todas as
atenções. Também recebeu a beleza física, propostas atraentes de casamento, uma
boa educação. Além de tudo isto, um tio santo, Santo Aleixo Falconieri, que é
um dos Sete Fundadores da Ordem dos Servos de Maria.
Apesar desta combinação de dons naturais havia quem
pensasse que essa menina linda, educada em algodão, como talvez todas as
crianças nascidas quando seus pais são de idade avançada, era mais feita para o
céu do que para a terra. E não se enganavam. Ela não sabia o que era um
espelho, não se preocupava com suas roupas, não mostrava nenhum interesse por
joias e prazeres mundanos. Junto com
algumas amigas, cantava e rezava ao Menino Jesus e à Virgem Maria. Devolvia aos
remetentes as propostas de casamento, mesmo os mais sérios, que recebia;
demonstrava uma inclinação extraordinária para a prática da piedade e pela
vocação religiosa.
Tornou-se Terciária Servita aos 14 anos. Juliana
recebeu o apoio de suas amigas aristocratas e com a ajuda dos religiosos,
começou a visitar os hospitais e a desenvolver dezenas de atividades
caritativas. Estas jovens se organizam e decidem formar sua própria
instituição.
Assim que a mãe, morrendo, a deixou
sozinha, ela fundou um mosteiro escolhendo a linha espiritual traçada pelo
santo tio Aleixo, a espiritualidade dos Servos de Maria, que já respirava na
família e na qual se tinha lançado sob a orientação de outro santo, São Felipe
Benicio, vivendo em casa como uma consagrada.
O exemplo de Juliana é contagioso na
cidade de Florença. Ela e suas companheiras herdaram dos Servos de Maria o
amplo manto negro e logo foram batizadas pelo povo de “le Mantellate” (algo
como “as veladas”). Vivem em contemplação e no exercício da caridade, o jejum
completo na quarta-feira e na sexta-feira de cada semana, no sábado se
contentam com pão e água; todos os dias passam a maior parte do tempo em oração
e meditação sobre as Sete Dores de Maria.
Solicitou e obteve a aprovação canônica de
sua Ordem em 1304.
A cidade de Florença,
onde vivem, estava cheia de nova vida e antigos rancores, dividida pela
inimizade e pela discórdia que a cada dia se transformava em vinganças
sangrentas. As religiosas assumem a tarefa de rezar e jejuar para serenar os
espíritos, para alcançar a paz a seus concidadãos.
Juliana,
em particular, ao jejum e à oração adiciona o dom precioso da sua dor física,
especialmente de estômago, que a persegue há vários anos, chegando ao ponto de
consumi-la completamente, não lhe permitindo sequer tomar o mais leve alimento.
É por isso que no dia
19 de junho de 1341, estando ela à morte, foi-lhe negado até mesmo o conforto
do viático, porque tinham receio de que ela nem fosse capaz de engolir a Hóstia
Consagrada.
Não podendo comungar, a Santa pediu que
uma Hóstia Consagrada fosse colocada sobre o seu peito. Colocaram então a
Hóstia num corporal que repousaram sobre seu peito. A partícula – enquanto ela
falecia dizendo “Meu doce Jesus, Maria!” – desapareceu, para espanto dos
presentes. As freiras só conseguiram resolver o enigma após ela ter falecido:
quando estavam recompondo o cadáver, notaram uma manja roxa na altura do
coração, do tamanho da Hóstia Consagrada, como se esta tivesse sido gravada em
seu corpo. É a marca que ainda hoje as Mantellate têm impressa no seu hábito
religioso, em memória do milagre da “última comunhão” de sua fundadora.
Foi beatificada em 8 de julho de 1678 pelo
Papa Inocêncio XI, ele mesmo um terciário da Ordem dos Servos de Maria; e
canonizada pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737, por ocasião em que
foram canonizados São Vicente de Paula, São Francisco Régis e Santa Catarina de
Gênova.
Santa Juliana Falconieri é celebrada em 19
de junho e é invocada especialmente contra as dores de estômago. Seu corpo é
venerado na Basílica da Santíssima Anunciação de Florença.
Corpo incorrupto de Sta. Juliana Falconieri |
https://www.pildorasdefe.net/santos/celebraciones/santoral-catolico-santa-juliana-falconieri-patrona-enfermos-19-junio
Autor: Gianpiero Pettiti - www.santiebeati.it/
A Ordem dos Servos de Maria
Deus costuma suscitar fundadores, Ordens e
Congregações religiosas em função das necessidades de cada época. E poder-se-ia
dizer que o demônio, além de instigar tanto indivíduos quanto instituições ao
vício e ao pecado, também cria condições para o aparecimento de heresiarcas e
heresias, as quais, por vezes, constituem caricaturas de movimentos de sadia
reação católica contra os vícios característicos de uma fase histórica.
Pouco antes de surgir a Ordem dos Servos
de Maria, em 1206, São Domingos de Gusmão pregou no sul da França contra os
hereges albigenses, cátaros, e pátaros valdenses – propugnadores de uma falsa
virtude da pobreza – tornando-se ademais grande difusor da devoção mariana
mediante a recitação do rosário.
E São Francisco de Assis, em 1209, começou
sua pregação itinerante desposando a "dama" pobreza.
Dois portentosos fundadores, cuja missão
era de grande alcance para combater tanto o vício da ganância quanto a
caricatura herética da virtude da pobreza, bem como para incrementar a tão
necessária devoção mariana.
Aproximadamente duas décadas depois, sete
jovens florentinos são diretamente convocados pela Mãe de Deus para complementar
e reforçar a obra providencial realizada por São Domingos e São Francisco. De
fato, essa é a verdadeira perspectiva na qual deve ser compreendida a
espiritualidade e a atuação dos Sete Fundadores e de sua família espiritual.
A Ordem dos Servos de Maria (sigla O.S.M.)
é uma ordem religiosa mendicante de frades dedicados a uma devoção particular a
Nossa Senhora das Dores. Os seus membros religiosos são normalmente chamados de
Frades Servos de Maria ou, simplesmente, Servitas.
Inicialmente foram Sete Santos Fundadores
da Ordem dos Servitas, festejados coletivamente pela Igreja em 17 de fevereiro,
e cujo nome completo de um deles era Alexis Falconieri e os outros seis tinham
como sobrenomes: Monaldi, Manetto, Buonagiunta, degli Amidei, Uguccioni,
Sostegni. Todos pertenciam a um grupo de poetas da região umbrotoscana que
costumavam fazer versos (laudes) diante de uma imagem de Nossa Senhora e, em 15
de agosto de 1233, Ela milagrosamente apareceu-lhes toda dolorosa por causa das
lutas fratricidas de Florença entre os Guelfos e os Gibelinos.
Nossa Senhora escolheu esses sete
privilegiados para uma vocação sublime: praticar a pobreza e uma renúncia
radical ao mundo, além de severa penitência; e especial devoção a Ela,
vinculada às dores que sofreu durante a Paixão de Seu divino Filho.
Eles pertenciam a estirpes locais das mais
notáveis. Com o apoio do Bispo Ardingo, os jovens se retiraram no Monte
Senário, de 800 metros de altitude localizado a 18 quilômetros de Florença, para
se dedicarem à penitência e à oração num cenóbio.
Terá sido São Felipe Benício, ao ser
eleito seu Prior Geral em 5 de junho de 1267, que reformou os estatutos
transformando-a em ordem mendicante.
Foi igualmente ele, com a colaboração
Santa Juliana Falconieri, que era sobrinha do referido fundador desta ordem, Santo
Alexis Falconieri, que deram início à Ordem Terceira dos Servitas, sua congênere.
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