quinta-feira, 5 de julho de 2018

Santa Maria Goretti, Virgem e mártir da pureza - 6 de julho

    
Única foto existente de Sta. Maria Goretti
     Maria Teresa Goretti, nasceu em 16 de outubro de 1890, em Corinaldo, Província de Ancona, Itália, filha de Luigi Goretti e Assunta Carlini. Era a terceira de seis filhos. Suas irmãs chamavam-se Teresa e Ersilia; seus irmãos eram Angelo, Sandrino e Mariano. Era uma família pobre de bens terrenos, mas rica em fé e virtudes, cultivadas por meio da oração em comum, do terço rezado todos os dias, e aos domingos, Missa e Sagrada Comunhão. No dia seguinte a seu nascimento, foi batizada e consagrada à Virgem. Aos seis anos recebeu o Sacramento da Confirmação.
     Depois do nascimento de seu quarto filho, o pai de Maria, pela dura crise econômica que enfrentava, decidiu emigrar com sua família às grandes planícies dos campos romanos, ainda insalubres naquela época. Instalou-se em Ferriere di Conca, colocando-se a serviço do Conde Mazzoleni. Neste lugar Maria mostra claramente uma inteligência e uma maturidade precoce, nenhum pingo de capricho, nem de desobediência, nem de mentira. É realmente o anjo da família.
     Após um ano de trabalho esgotante, Luigi contraiu uma doença fulminante, a malária, que o levou à morte depois de padecer por dez dias. Como consequência de sua morte, Assunta, a mãe de Maria, teve que trabalhar deixando a casa a cargo dos irmãos mais velhos. Maria frequentemente chorava a morte de seu pai, e aproveita qualquer ocasião para ajoelhar-se diante de sua tumba, para elevar a Deus suas preces para que seu pai goze da glória divina. Sua mãe confirma: “Todas as noites ela rezava um terço a mais, em sufrágio da alma de seu pai”. (p.32)
     Segundo depôs Assunta, Mariazinha demonstrava uma maturidade humana extraordinária em seus relacionamentos. ... “Era corajosa e procurava inclusive encorajar-me quando me via angustiada”. Ela também demonstrava ter uma grande capacidade de discernimento. Sabia ler os sinais de Deus na sua história e na de sua família, dispondo-se imediatamente a fazer a vontade de Deus. Assim, soube reagir à morte do pai com estas palavras, que foram as primeiras a serem registradas: “Mamãe, não fique preocupada. Eu fico no seu lugar, tomando conta da casa”. De fato, ela “dirigia a casa” e “cuidava dos irmãozinhos”. (p.65)
     Mariazinha enfeitava com flores do campo o quadro de Nossa Senhora. Todas as noites rezava o terço com a família. Nos últimos tempos, o terço havia se tornado indispensável para ela, trazia-o sempre enrolado em torno do braço. Assim como a contemplação do crucifixo, que foi para Maria uma fonte onde se nutria de um intenso amor de Deus e de um profundo horror pelo pecado. Ia com prazer ao santuário de Nossa Senhora das Graças, em Nettuno, embora tivesse que enfrentar quatro horas de caminhada. E no final de sua vida, já no hospital, faz este pedido afetuoso: “Levem-me para perto do quadro de Nossa Senhora”. (p.31)
     Além da tarefa de cuidar de seus irmãos menores, Maria seguia assistindo a seu curso de catecismo, pois desejava intensamente fazer a 1ª. Comunhão. Era costume na época esperar até os onze anos para receber a Sagrada Eucaristia. Além disso Maria não sabia ler e a mãe não tinha dinheiro para o vestido, os sapatos e o véu. Ajudada pelos vizinhos que providenciaram o necessário para a ocasião, ela pode fazê-la no dia 29 de maio de 1901.
     A comunhão constante acrescenta nela o amor pela pureza e a anima a tomar a resolução de conservar essa angélica virtude a todo custo. Um dia, após ter escutado um intercâmbio de frases desonestas entre um rapaz e uma de suas companheiras, diz com indignação à sua mãe: – Não quero nem pensar, mamãe; antes que fazê-lo, preferiria... E a palavra morrer fica entre seus lábios. Um mês depois, ocorreu o que ela sentenciou.
     Ao entrar a serviço do Conde Mazzoleni, Luigi Goretti havia se associado com João Serenelli e seu filho Alessandro. As duas famílias vivem em quartos separados, mas a cozinha era comum. Luigi se arrependeu em seguida daquela união com João Serenelli, pessoa muito diferente dos seus, bebedor e carente de discrição em suas palavras.
     Depois da morte de Luigi, Assunta e seus filhos haviam caído sob o jugo despótico dos Serenelli. Maria, que compreendeu a situação, esforça-se para apoiar sua mãe. Desde a morte de seu marido, Assunta sempre esteve no campo e nem sequer tem tempo de ocupar-se da casa, nem da instrução religiosa dos menores.
     Maria se encarrega de tudo na medida do possível. Durante as refeições, não se senta à mesa até que todos estejam servidos, e para ela serve as sobras. Quando sua mãe observava que ela comia pouco (e, naquele tempo, a fome era grande!), dizia: “Mamãe, come a senhora, pois precisa para trabalhar”. (p.26)
     Sua mãe conta: “Nos últimos tempos, eu encontrava tudo pronto: ela preparava o almoço, voltava a lavar roupa, sem que ninguém a obrigasse. E fazia mil serviços necessários numa casa com tantas crianças: passava roupa, remendava, esfregava o chão com escovão, arrumava as camas, limpava os quartos, cuidava dos irmãozinhos”. Encontrava sempre mil pequenas ocasiões para servir. (p.50)
     Sua obsequiosidade se estende igualmente aos Serenelli. Por sua vez, João, cuja esposa havia falecido no hospital psiquiátrico de Ancona, não se preocupa em nada com seu filho Alessandro, jovem robusto de dezenove anos, grosseiro e vicioso, que gostava de cobrir seu quarto com imagens obscenas e ler livros indecentes.
     Em seu leito de morte, Luigi Goretti havia pressentido o perigo que a companhia dos Serenelli representava para seus filhos, e havia repetido sem cessar à sua esposa: – Assunta, volte para Corinaldo! Infelizmente Assunta está endividada e comprometida por um contrato de arrendamento.
     Depois de ter maior contato com a família Goretti, Alessandro começou a fazer proposições desonestas à inocente Maria, que em um princípio não compreende. Mais tarde, ao adivinhar as intenções perversas do rapaz, a jovem está de sobreaviso e rejeita a adulação e as ameaças. Suplica à sua mãe que não deixe sozinha na casa, mas não se atreve a explicar-lhe claramente as causas de seu pânico, pois Alessandro a havia ameaçado: – Se contar algo a tua mãe, te mato. Seu único recurso é a oração.
     Na véspera de sua morte, Maria pede novamente chorando à sua mãe que não a deixe sozinha, mas, ao não receber mais explicações, esta considera ser um capricho e não dá nenhuma importância àquela reiterada súplica.
     No dia 5 de julho, às três da tarde, no momento em que Maria se encontra sozinha em casa, Alessandro entra e a ameaça de morte se ela não fizesse o que ele mandava. A intenção do rapaz era violá-la, porém, ela não se submeteu, ajoelhou-se, protestando que seria um pecado mortal e avisando Alessandro que poderia ir para o Inferno.
     Ela lutou para evitar a violação, gritava: "Não! É um pecado! Deus não gosta disto!" Alessandro primeiro tentou controla-la, mas como ela insistia que preferia morrer, ele a apunhalou 11 vezes. Pensando que estava morta, o assassino atira a faca e abre a porta para fugir, mas ao escutá-la gemer de novo, volta sobre seus passos, pega a arma e a atravessa outra vez de parte a parte; depois, sobe e se tranca em seu quarto.
     Sua mãe e irmãos a encontram ferida e a levam para o hospital. Ao chegar ao hospital, os médicos se surpreenderam que a menina ainda não havia sucumbido a seus ferimentos, pois alcançou o pericárdio, o coração, o pulmão esquerdo, o diafragma e o intestino. Ao diagnosticar que não tem cura, chamaram o capelão. Maria se confessa com toda clareza. Em seguida, durante duas horas, os médicos cuidaram dela sem adormecê-la.
     Maria não se lamenta, e não deixa de rezar e de oferecer seus sofrimentos à Santíssima Virgem, Mãe das Dores. Sua mãe conseguiu que lhe permitam permanecer à cabeceira da cama. Maria ainda tem forças para consolá-la: – Mamãe, querida mamãe, agora estou bem... Como estão meus irmãos e irmãs?
     O sacerdote também está a seu lado, assistindo-a paternalmente. No momento de lhe dar a Sagrada Comunhão, perguntou-lhe: – Maria, perdoa de todo coração teu assassino? Ela respondeu: – Sim, perdoo pelo amor de Jesus, e quero que ele também venha comigo ao paraíso. Quero que esteja a meu lado... Que Deus o perdoe, porque eu já o perdoei.
     Passando por momentos análogos pelos quais passou o Senhor Jesus na Cruz, Maria recebeu a Eucaristia e a Extrema unção, serena, tranquila, humilde no heroísmo de sua vitória.
     Depois de breves momentos, escutam-na dizer: "Papai". Maria falece. É o dia 6 de julho de 1902, às três horas da tarde.
     O corpo da Santa é mantido em uma cripta na Basílica de Santa Maria delle Grazie e Santa Maria Goretti, em Nettuno, ao sul de Roma.
A mãe e as irmãs da Santa

Beatificação e Canonização    
     Em 27 de abril de 1947 o Papa Pio XII celebrou a cerimônia de beatificação na Basílica de São Pedro. Três anos após, em 24 de junho de 1950, o mesmo Papa canonizou Maria Goretti, a “Santa Inês do século XX". A celebração foi realizada na Praça São Pedro, em frente à Basílica. Uma multidão de 500.000 pessoas assistiu à celebração, na sua maioria jovens, vindos de vários países do mundo.
     Sua mãe estava presente na cerimônia, junto com os quatro irmãos e irmãs ainda vivos. Alessandro Serenelli, o assassino, também estava presente na celebração.
     Três irmãos contaram que Santa Maria Goretti havia intervindo miraculosamente nas suas vidas. Angelo ouviu sua voz orientando-o a emigrar para a América. Sandrino recebeu de maneira inesperada uma quantia para pagar sua viagem aos EUA. Faleceu em 1917, ao lado do irmão Angelo. Este, por sua vez, faleceu em 1964, quando retornou para a Itália. O terceiro irmão, Mariano, enquanto lutava na 1ª. Grande Guerra, recebeu ordens de abandonar a trincheira e atacar. Neste momento, teve uma visão de Santa Maria Goretti dizendo-lhe para desobedecer e permanecer na trincheira. De todo batalhão, ele foi o único a salvar-se.
*
Da. Assunta assiste a
canonização
Folha de S. Paulo, 15 de junho de 1970.
     “O assassino de Santa Maria Goretti, Alessandro Serenelli, morreu aos 87 anos, 68 anos depois de ter assassinado em Nettuno, na Itália, com 14 punhaladas, a menina de 12 anos, que em 1950 foi canonizada pelo Papa Pio XII”.
     “Alessandro Serenelli, que era vizinho da menina, tentou inutilmente conquistá-la. Um dia assediou-a e assassinou-a com 14 punhaladas. Quando a menina estava num hospital, um padre que a confessou perguntou-lhe se perdoava o assassino. Maria Goretti respondeu: ‘Sim, claro que perdoo Alessandro; quero-o comigo no Céu’”.
     “Em 1902 Serenelli foi condenado a 30 anos de prisão, com os três primeiros anos passados em prisão solitária. A mãe da vítima, entretanto, interveio junto ao tribunal, dizendo que sua filha já perdoara o assassino”.
     “Seis anos depois, numa prisão da Sicília, Serenelli teve uma visão e a descreveu assim: - ‘Marieta, como a chamava, apareceu-me num lindo jardim. As grades desapareceram para dar lugar a um jardim. E ela ofereceu-me 14 lírios, cada um correspondendo a uma das punhaladas que lhe dei’”.
     “A partir de então Maria Goretti passou a ser venerada em toda a Itália e pouco a pouco na Europa e na América. Os fiéis intercediam junto a ela principalmente para que conseguisse de Deus o perdão para os pecados carnais. Em 1950 Pio XII canonizou-a”.
     “Em 1929, Serenelli se havia convertido num prisioneiro exemplar depois da visão, tendo sido antes um detento rebelde e problemático. E foi libertado depois de ter cumprido 27 anos de pena”.
     “Quando Maria Goretti foi canonizada, falava-se por toda parte da Itália de milagres concedidos pela santa. Pio XII ateve-se à evidência desses milagres, principalmente o da cura de um surdo que recorrera à intercessão da santa. Agora, ao morrer, Serenelli, já calvo e corcunda, reiterou a visão que tivera. Disse ele que Maria Goretti lhe apareceu outra vez, prometendo-lhe o Céu em troca do crime praticado contra ela - primeiro os lírios e depois o próprio céu.  Serenelli morreu tranquilamente, recebendo os sacramentos da Igreja e o conforto dos que o cercaram nos seus últimos dias”.
     Vídeo da canonização de Santa Maria Goretti pelo Papa Pio XII (29 de junho de 1950) http://youtu.be/_55qVRuWhGY 
     “Uma religiosa avança entre a multidão: é a irmã de Maria Goretti; o Papa, da sedia gestatória, abençoa os circunstantes; o Presidente da República Italiana assiste a cerimônia; dois irmãos da santa se acham presentes na tribuna da postulação; de uma janela do Vaticano, a mãe da jovem mártir da pureza contempla a canonização”.

Fontes: a-grande-guerra.blogspot

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