Isabel de
Aragão nasceu no palácio de Aljaferia, na cidade de Zaragoza, onde reinava o
seu avô paterno, D. Jaime I. Era a filha mais velha de D. Pedro III e de D.
Constança de Hohenstaufen. Por via materna era descendente de Frederico II,
Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, pois seu avô era Manfredo de
Hohenstaufen, rei da Sicília, filho de Frederico II.
A
princesa recebeu o nome de Isabel por desejo de sua mãe, em recordação de sua
tia Santa Isabel da Hungria, Duquesa da Turíngia. O seu nascimento veio acabar
com as discórdias na corte de Aragão, pelo que o seu avô a chamava “rosa da
casa de Aragão”.
As
virtudes da sua tia-avó viriam a servir-lhe de modelo e desde muito nova
começou a mostrar gosto pela meditação, oração e jejum, não a atraindo os
divertimentos comuns das jovens de sua idade. Isabel não gostava de música,
passeios, nem joias e enfeites, vestia-se sempre com simplicidade.
A infanta
D. Isabel tornara-se conhecida pela beleza, discrição e santidade. As suas
virtudes levaram muitos príncipes a se apresentarem a D. Pedro como
pretendentes à mão da sua admirável filha.
D. Dinis I de Portugal tinha 19 anos
quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão;
assim, D. Dinis enviou uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Quando os
embaixadores lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos reis
de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus
filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.
Isabel
estava mais inclinada a encerrar-se num convento, no entanto, como era
submissa, viu na resolução dos pais a vontade do céu.
A 11 de fevereiro de 1282, com
12 anos, Isabel casou-se por procuração com D. Dinis, tendo celebrado a boda ao
passar a fronteira da Beira, na Vila de Trancoso, em 26 de junho do mesmo ano.
Por esse motivo, o rei acrescentou esta vila ao dote que habitualmente era
entregue às rainhas (a chamada Casa das Rainhas,
conjunto de senhorios a partir dos quais as consortes dos reis portugueses
colhiam as prendas destinadas à manutenção da sua pessoa).
Nos
primeiros tempos de casada Da. Isabel acompanhava o marido nas suas deslocações
pelo país e com a sua bondade conquistou a simpatia do povo. Dava dotes a
jovens pobres e educava os filhos de cavaleiros sem fortuna.
Da. Isabel
deu ao rei dois filhos: Constança
(3/1/1290 – 18/11/1313), que casou em 1302 com o rei Fernando IV de Castela; e
D. Afonso IV (8/2/1291 – 28/5/1357), sucessor do pai no trono de Portugal.
As
numerosas aventuras extraconjugais do marido humilhavam-na profundamente. Mas Da.
Isabel mostrava-se magnânima no perdão, criando com os seus também os filhos
ilegítimos de Dinis, aos quais reservava igual afeto.
Entre
seus familiares, constantemente em luta, desempenhou obra de pacificadora,
merecendo justamente o apelido de "Anjo da paz". Desempenhou sempre o
papel de medianeira entre o rei e o seu irmão D. Afonso, bem como entre o rei e
o príncipe herdeiro. Por sua intervenção foi assinada a paz em 1322.
A sua
vida será marcada por quatro virtudes fundamentais: a piedade, a caridade, a
humildade e a inquietude pela paz. Tornou-se uma mulher de grande piedade
conservando em sua vida a prática da oração e a meditação da palavra de Deus.
Buscou sempre a reconciliação e a paz entre as pessoas, as famílias e até entre
Nações.
Da.
Isabel costumava dizer “Deus tornou-me rainha para me dar meios de fazer
esmolas”. Sempre que saía do paço era seguida por pobres e andrajosos a quem
sempre ajudava.
D. Dinis morreu em 1325. Pouco depois da
sua morte Da. Isabel peregrinou ao Santuário de Santiago de Compostela,
fazendo-o montada num burro e a última etapa a pé, onde ofertou muitos dos seus
bens pessoais. Há historiadores que defendem a ideia que ela terá se deslocado
local duas vezes.
Após a
morte de seu marido, entregou-se inteiramente às obras assistenciais que havia
fundado. Recolheu-se
por fim no então Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito
da Ordem das Clarissas, mas não fazendo votos, o que lhe permitia manter a sua
fortuna usada para a caridade. Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da
morte, em 1336.
Nessa altura, Afonso declarara guerra ao
seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de
Portugal, e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este
infligia à sua mulher Da. Maria, filha do rei português. Não obstante a sua
idade avançada e a sua doença, a rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz,
cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois
exércitos desavindos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente com
a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha
em 1339.
Da. Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Constavam também de seu testamento grandes legados a hospitais e conventos.
Da. Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Constavam também de seu testamento grandes legados a hospitais e conventos.
Segundo uma história hagiográfica, sendo a
viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada
pelo calor que fazia, e conta-se que a meio da viagem, debaixo de um calor abrasador,
o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais escorria um líquido, que todos
supuseram provir da decomposição cadavérica. Qual não foi, porém a surpresa
quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do
ataúde.
Da. Isabel mandou edificar o hospital de Coimbra, o de Santarém e o de Leiria para
receber enjeitados. Viveu uma profunda caridade sendo sempre sensível às
necessidades dos mais pobres; o resto da vida praticou a pobreza voluntária,
dedicando-se aos exercícios de piedade e de mortificações.
O povo
criou à sua volta uma áurea de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres,
como a cura da sua dama de companhia e de diversos leprosos. Diz-se também que
fez com que uma pobre criança cega começasse a ver e que curou numa só noite os
graves ferimentos de um criado. No entanto o mais conhecido é o milagre das
rosas.
Reza a
tradição que durante o cerco de Lisboa D. Isabel estava a distribuir moedas de
prata para socorrer os necessitados da zona de Alvalade, quando o marido
apareceu. O rei perguntou-lhe: “O que levais aí, Senhora?” Ao que ela, com
receio de desgostar a D. Dinis, e, como que inspirada pelo céu respondeu:
"Levo rosas senhor”, e, abrindo o manto, perante o olhar atônito do rei,
não se viram moedas, mas sim rosas encarnadas e frescas.
Por ordem
do bispo D. Afonso de Castelo Branco abriu-se o túmulo real, verificando-se que
o corpo da saudosa Rainha estava incorrupto. Beatificada pelo Papa Leão X
(breve de 15/4/1516), a canonização solene teve lugar em 1625, pelo Papa Urbano
VIII. Quando esta notícia chegou à cidade realizaram-se grandes festejos que se
prolongam até aos nossos dias. É
reverenciada a 4 de julho, data do seu falecimento.
O seu marido, D. Dinis, repousa
no Mosteiro de São Dinis, em Odivelas.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Coimbra, onde se encontra o sarcófago de Sta. Isabel
Nenhum comentário:
Postar um comentário