Úrsula
Giuliani nasceu em Mercatello, Urbino, perto de Milão, na Itália, em 1660, e
entrou no convento dos Capuchinhos na Città di Castello, Úmbria, em 1677.
Filha de uma família abastada, já em sua
infância os sinais de futura santidade foram observados nela. Ainda menina trazia
no coração um grande amor à Nossa Senhora; praticava a
penitência, a mortificação e se empenhava sinceramente na caridade para
com os mais necessitados. Aos 11 anos era fervorosa devota na Paixão do
Senhor.
Úrsula decidiu-se a tornar-se religiosa
quando teve visões da Virgem Maria, mas seu pai se opunha. Ela insistiu e
finalmente, em 1677, seu pai permitiu que ela se tornasse uma noviça do
Convento dos Capuchinhos em Città di Castello, onde tomou o nome de Irmã Verônica.
Sua personalidade, inicialmente,
pendia para o mal da teimosia, que acabava
culminando em desabafos e violentas explosões de ira. Com a graça
divina e sua energia individual conseguiu
vencer estes defeitos e veio a ser a religiosa mística que representa uma
verdadeira glória para os membros de sua Ordem, consequentemente
para toda a Santa Igreja.
Seu noviciado foi difícil. Ela
aumentou sua devoção à Paixão de Cristo e foi agraciada com visões de
Jesus Cristo carregando a cruz e algum tempo depois começou a sentir dores no
coração.
Em 1693, teve outra visão na qual o Senhor
lhe deu a tomar o cálice; Verônica o aceitou e desde aquele momento os
estigmas da Paixão começaram a se gravar em seu corpo e em sua alma. No ano
seguinte apareceram sobre sua fronte as marcas da coroa de espinhos.
Três anos mais tarde ela ouviu a Virgem
Maria dizer a Jesus “Deixe tua noiva ser crucificada com Vós” e então, com a
idade de 37 anos, ela recebeu os estigmas nas mãos, nos pés e no lado, num
longo período de êxtase no dia 5 de abril de 1697, uma Sexta-feira Santa. Medicamentos
foram dados a ela, mas os ferimentos não cicatrizavam. Ela escreveu com
detalhes a sua experiência e disse como os raios de luz vieram dos ferimentos
de Jesus e tornaram-se pequenas chamas de fogo em forma de prego e o quinto em
forma de uma lança de ouro.
Ao acordar do êxtase, ela encontrou os
ferimentos ainda doloridos, o sangue e a água saindo do seu lado. Ela não
queria que os ferimentos fossem vistos e os escondeu até 1700, quando Jesus
prometeu que as marcas só ficariam mais três anos. Daí em diante só o seu lado
sangrava.
Logo após o seu primeiro aparecimento, os
ferimentos foram examinados pelo bispo de Città di Castello que imaginou uma
forma de excluir qualquer fraude. Os ferimentos foram envolvidos em bandagem,
atados e lacrados com o selo do bispado, e ela foi cuidadosamente separada das
outras Irmãs, sempre sob observação e guarda. Os ferimentos permaneceram.
Durante seus êxtases ela exalava um odor suave e às vezes levitava.
O bispo ficou impressionado por sua
obediência e humildade, e convencido de que o fenômeno era genuíno. Um
relatório favorável foi enviando ao Santo Oficio em Roma e foi permitido a ela
continuar sua vida normal.
Durante 34 anos Irmã Verônica desempenhou o
cargo de mestra de noviças. Em 1716, onze anos antes de sua morte, foi eleita
abadessa, cargo que exerceu por 11 anos. Formava a suas noviças no
exercício da perfeição e das virtudes cristãs, proibindo-as de ler livros sobre
misticismo.
Ela não só se empenhava na formação
espiritual do seu mosteiro, como era também uma mulher prática. Como abadessa,
o mosteiro sob sua direção teve um período de grande prosperidade até material:
ela expandiu os prédios do mosteiro e nele instalou água encanada.
Ao final de sua vida, Santa Verônica, que
durante quase 50 anos havia sofrido com admirável paciência, resignação e
alegria, se viu acometida de uma apoplexia que causou seu falecimento em 9 de
julho de 1727. Deixou escrito um relato de sua vida, uma autobiografia de
10 volumes escrita para seu confessor, que foi de grande utilidade no processo
para sua beatificação. Suas experiências místicas foram autenticadas por várias
testemunhas e publicadas após sua canonização.
Antes de sua morte Santa Verônica havia
dito ao seu confessor que os instrumentos da Paixão do Senhor estavam impressos
em seu coração, tendo ela desenhando seu próprio coração, representando
estes instrumentos, pois dizia que os sentia porque mudavam de posição.
Ao fazerem-lhe a autópsia, na qual esteve
presente o bispo, o alcaide e vários cirurgiães, descobriu-se em seu
coração uma série de objetos minúsculos, que correspondiam aos que a Santa
havia desenhado. Os exames também revelaram que a curvatura do seu ombro direito
era como se ela tivesse carregado uma pesada cruz por muitos anos.
Seu corpo se conserva incorrupto no
Mosteiro de Santa Verônica, na localidade de Città di Castello, Úmbria, Itália.
Foi beatificada em 1804 e canonizada em 1839.
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