No final do século XIX e nas primeiras
décadas do século XX, ocorreram na Santa Igreja Católica um florescer de
Fundadores de obras sociais que se ocuparam da instrução de crianças e jovens;
do cuidado e do acolhimento dos pobres, velhos, abandonados, órfãos; na
assistência aos doentes em suas casas, ou em hospitais; na formação
profissional dos operários, artesãos, agricultores; na direção espiritual e
formação dos jovens.
Entre tais Santos Fundadores encontramos a espanhola Madre Petra de São
José.
Vale de Abdalajís (Málaga) foi o povoado que viu
nascer, no dia 7 de dezembro de 1845, Petra de São José, cujo nome de batismo
foi Ana Josefa Pérez Florido. Ana Josefa era a última
de 19 filhos de José Pérez e Maria Florido.
Aos três anos ficou órfã de mãe e foi entregue aos
cuidados da avó paterna, Teresa Reina, muito religiosa, que lhe inculcou a fé
desde tenra idade. Sua precoce caridade era alimentada pela devoção à
Eucaristia, a Nossa Senhora das Dores e a São José.
Fez os estudos elementares na escola da
aldeia onde logo se sentiu chamada à oração e à vida consagrada, como dirá mais
tarde: “Não pensava mais nada do que ser
freira; e neste desejo me consumia”.
Muito caridosa, distribuía quanto podia
aos pobres e quando lhe era impossível acudir às suas necessidades ficava mais
triste que eles, como ela própria confessa: “Quando
me pediam alguma coisa e não conseguia dar nada, ficava desconsolada como eles”.
Não era apenas a pobreza material que lhe
tocava a alma. Também a entristecia a ignorância religiosa dos seus
conterrâneos e a pouca vontade de aprenderem a conhecer os mistérios de Deus. “Dava-me pena que, ao ouvir os sermões,
alguns dormissem, desperdiçando tão bela ocasião de se instruírem”.
Com o irmão João levava comida às famílias
mais necessitadas do povoado; quando não tinha meios de socorrê-los, vencendo a
oposição do pai, ia com três companheiras, pedir de porta em porta e pelas
quintas, vencendo assim a sua natural repugnância de mendigar. Derramava à sua
volta simplicidade e alegria. Atraídas pelo seu modo caridoso e desinteressado,
outras jovens também se dedicavam às crianças abandonadas.
Após a morte do pai, ocorrida em 11 de
janeiro de 1875, Ana Josefa pode se dedicar inteiramente à sua vocação. Dois
meses depois, em
19 de março de 1875, a pedido do prefeito de Alora (Málaga), abriu uma pequena
casa para idosos, sempre sem ligação a qualquer Ordem religiosa e com a ajuda
das jovens que se tinham ligado a ela.
Em 2 de novembro de 1877, Ana e suas companheiras vestiram o hábito das
noviças da nova Congregação Mercedárias da Caridade, fundada pelo cônego de
Málaga, João Nepomuceno Zegri, que lhes deixou a Casa de Alora.
Em 23 de setembro de 1879, Ana Josefa deixou o hábito mercedário e se
colocou à disposição do Bispo de Málaga, Mons. Manuel Gomez-Salazar.
Em 25 de dezembro de 1880, encorajada por Mons. Manuel
Gomez-Salazar, fundou a Congregação das Mães dos Desamparados. Na realidade foi
o próprio bispo que lhes pôs o nome de Mães dos Desamparados para identificá-las
com o modo como tratavam os pobres.
Receberam o hábito e fizeram os votos no
dia 2 de fevereiro de 1881. Nos primeiros anos não faltaram dificuldades para atender
os desprotegidos que iam abrigar-se à sombra do seu amor. Mas a Madre Petra, nome
adotado por ela depois da profissão religiosa, conquistou a confiança das
famílias mais ricas, que reconheciam os desvelos com que eram tratados os
indigentes; assim a Congregação pode erguer lares em Málaga, Gibraltar,
Andújar, Barcelona, Martos, Valência e Arriate, ainda que à custa de muito
sacrifício. Mas as vocações continuaram a afluir para tanto trabalho.
Em 1895, como
resultado de sua grande devoção a São José, iniciou a construção de um
Santuário em honra do seu patrono, sobre a Montanha Pelada, Barcelona, cuja
igreja foi inaugurada em 19 de março de 1901. Em 1903 fundou a revista religião
“A Montanha de São José” para difundir devoção ao protetor da Santa Igreja.
A fortaleza espiritual e a energia firme
da Beata Petra resultavam de uma fé interior muito robusta, confiante e
esclarecida, alimentada por uma oração contínua, por um amor visível e
assombroso ao sacrifício e à cruz de todos os dias, e uma devoção terníssima e
confiante em São José, cujo exemplo de simplicidade quis sempre reproduzir.
Em 1905, o Papa São Pio X acrescentou o
título “e de São José da Montanha” ao nome da Congregação, para ilustrar a
devoção ao pai adotivo de Jesus.
Madre Petra faleceu no dia 16 de agosto de 1906, aos
61 anos de idade, no Santuário de São José da Montanha, a joia mais bela da sua
coroa, num ambiente de grande serenidade e paz.
A Congregação espalhou-se por diversos
países: Itália, Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala, México, Estados Unidos e
Porto Rico, onde prossegue e persevera no acolhimento dos desamparados que
ninguém quer.
Madre Petra foi beatificada por João Paulo
II em 16 de outubro de 1994.
Bem aventurada seja a Madre Petra
ResponderExcluirBem aventurada seja a Madre Petra
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