A tradição considera que ela
nasceu em Tiatira, na antiga Grécia asiática e morou em Filipos, porto do Mar
Egeu, na hoje república da Macedônia; não se sabe se era solteira ou casada.
Era uma dama dedicada ao comércio de púrpura (fino tecido nesta tonalidade,
utilizado na confecção de roupas de nobres e sacerdotes). Era uma “prosélita”,
quer dizer, uma pagã convertida ao judaísmo. Os negócios terrenos não a haviam
impedido de se dedicar ao espírito.
Pelo ano 55, fez-se cristã ao ouvir a
pregação de São Paulo, quando ele evangelizava essa região, e tanto ela como
sua família se converteram à fé em Cristo, sendo batizados pelo Apóstolo dos
Gentios. Lídia é um personagem que ocupa um breve espaço nos Atos dos
Apóstolos, mas que se tornou protagonista num momento da evangelização.
O porto de Filipos foi a primeira etapa do
Apóstolo em terra europeia; ele ali fora com Timóteo, Lucas e Sila. São Paulo deveria
ir à sinagoga para anunciar o Evangelho, antes de tudo aos hebreus, como
sempre. Mas estes eram poucos na cidade já muito romanizada e não havia uma
sinagoga: no sábado, dirigiam-se a uma margem de um rio para pregar e rezar.
São Paulo também vai ao rio, mas só encontra mulheres. Ele prega para elas,
conforme São Lucas narrou este episódio:
“Embarcamos
em Tróade e fomos diretamente a Samotrácia; no dia seguinte, fomos a Neápolis
e, de lá, a Filipos, cidade de primeira categoria deste distrito da Macedônia,
e colônia. Estivemos ai durante alguns dias. No dia de sábado saímos às portas,
em direção à margem do rio, onde era costume haver oração. Depois de nos
sentarmos, começamos a falar às mulheres que lá se encontravam reunidas. Uma
das mulheres, chamada Lídia, negociante de púrpura da cidade de Tiatira e
temente a Deus, pôs-se a escutar. O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao
que Paulo dizia. Depois de ser batizada, bem como os de sua casa, fez este
pedido: ‘Se me considerais fiel ao Senhor, vinde ficar a minha casa’. E obrigou-nos a isso”. (Act 16, 11-15)
No dia seguinte, São Paulo e Sila acabam
na prisão, mas foram libertados milagrosamente e recebem as desculpas das
autoridades, porque São Paulo é cidadão romano.
Antes de partirem, os dois voltam à casa
de Lídia. “E ali encontraram os amigos,
os exortaram e depois partiram”. Poucas e iluminadas palavras: à pregação
de São Paulo houve conversões e se formou uma comunidade cristã. E antes de ir
embora, o Apóstolo a reúne e admoesta. Ali mesmo, na casa da lúcida e enérgica
Lídia, tomou vida a primeira Igreja fundada na Europa por São Paulo.
Foi Barônio (+ 1607) que em 1586, com a
sua própria autoridade, introduziu Santa Lídia no Martirológio Romano, cuja
revisão lhe estava entregue.
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