Santa Joana foi contemporânea de São
Carlos Borromeu, da Itália; de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz, da
Espanha; de seus conterrâneos, São João Eudes e seus dois renomados diretores
espirituais, São Francisco de Sales e São Vicente de Paula.
Nascida em uma aristocrática família
francesa católica fervorosa, era filha de Benigno Frémyot e de Margarida de
Barbissy. Sua mãe morreu quando ela tinha 18 meses, ficando sob a tutela de seu
pai e de seu avô materno. Foi educada por sua irmã mais velha. Recebeu uma
formação muito completa e desde a infância se destacava por sua vida piedosa.
Em 1593, contraiu matrimônio com o Barão
de Chantal, a quem deu, durante os sete anos seguintes, seis filhos, dos quais
dois morreram durante a infância. No Castelo de Bourbilly, onde passou a viver,
formou uma família harmoniosa na qual se vivia os ideais cristãos.
Em 1601, o Barão de Chantal morreu,
deixando Joana viúva. Ela vai para a casa do pai em Dijon para ali passar o ano
de luto, mas seu sogro exigiu que retornasse com seus filhos para o Castelo de
Monthelon, próximo de Autun. O velho senhor a submetia a contínuas humilhações
que a jovem viúva aceitava bem, mostrando agradecimento e enchendo seu castelo
de alegria familiar.
Durante a Quaresma de 1604, ela viajou para
Dijon junto com seu sogro para visitar seu pai e ali ouviu um sermão de São
Francisco de Sales, Bispo de Genebra, que com frequência tomava refeição na
casa de Benigno Frémyot.
O bispo ficou profundamente impressionado
com a espiritualidade de Joana. A partir desse momento ele se tornou seu
diretor espiritual e, a seu conselho, ela passou a moderar suas devoções e atos
piedosos para cumprir suas obrigações de mãe, filha e nora. Esta é a base da
espiritualidade salesiana da qual Madame Chantal é o exemplo mais perfeito. São
Francisco de Sales não permitia que a sua dirigida esquecesse que estava no
mundo, que tinha um pai ancião e, sobretudo, que era mãe; falava com frequência
da educação dos filhos e moderava sua tendência a ser demasiado severa com
eles.
Joana desde jovem tinha uma especial
tendência para a vida contemplativa. E quando, em 1607, São Francisco de Sales
lhe expõe seu projeto de fundar uma nova congregação, ela o acolheu com grande
alegria, dividindo seu coração, pois tinha uma intensa vida familiar. O bispo
lhe recordou então que seus filhos já não eram crianças e que do claustro
poderia velar por eles.
Joana casou sua filha mais velha com o
Barão de Thorens e levou consigo para o convento duas filhas mais novas; a
primeira morreu pouco tempo depois e a segunda se casou mais tarde com o Senhor
de Toulonjon. Celso Benigno, o filho mais velho, ficou sob os cuidados do avô
paterno e de vários tutores.
O primeiro convento da Congregação da
Visitação de Nossa Senhora foi inaugurado no Domingo da Ssma. Trindade, 6 de
junho de 1610, em Annecy (Sabóia). Com Joana estavam duas damas, Maria Favre e
Carlota de Bréchard, e uma serviçal chamada Ana Coste. No mesmo ano o número
cresceu para uma dezena de religiosas.
A vocação da nova Congregação era uma
novidade: devia servir de refúgio a quem não podia entrar em outros institutos
e as religiosas não deviam viver na clausura; para poder se consagrar à nova
família religiosa deviam visitar e assistir aos doentes pobres em suas casas,
unindo a vida ativa à contemplativa.
Alguns anos depois, o Arcebispo de Lion
obrigou os fundadores a aceitar a clausura para as religiosas; e em 1618, Santa
Joana e São Francisco de Sales redigiram a Regra baseada na de Santo Agostinho,
com a humildade e a mansidão na base de sua observância: “Na prática, a humildade é a fonte de todas as outras virtudes; não
coloquem limites na humildade e façam dela o princípio de todas as ações, e
mantenham o nome de Congregação da Visitação de Nossa Senhora”.
As Constituições foram aprovadas pela
Santa Sé em 1626.
Joana Francisca foi eleita a primeira
superiora e para sua vida interior, bem como das suas irmãs, São Francisco de
Sales compôs o “Tratado do Amor de Deus”,
um método de oração simples e natural, compatível com qualquer circunstância
pessoal.
A vida conventual da nova superiora,
entretanto, era bastante movimentada: ela deixava Annecy com frequência para
fundar novos conventos em Lion, Moulins, Grénoble e Bourges, como também para
cumprir suas obrigações de família.
Em 1619, ela fundou o Mosteiro de Paris,
onde permaneceu nos três anos seguintes. Ali se submeteu à direção espiritual
de São Vicente de Paula, e conheceu Angélica Arnauld, Abadessa de Port-Royal,
que renunciou a seu cargo e ingressou na Congregação da Visitação.
Em 1622, São Francisco de Sales faleceu e
foi sepultado no convento da Visitação de Annecy; e em 1627, seu filho Celso Benigno
pereceu no campo de batalha e deixou viúva e uma filha de um ano, a futura
célebre Madame de Sévigné.
Em 1628, uma epidemia assolou a França,
Sabóia e o Piemonte. Joana não abandonou seu mosteiro de Annecy e pos a disposição
do povo todos os recursos de seu convento, e a comunidade participou no
atendimento dos enfermos. Ela mesma foi contagiada, porém foi curada
milagrosamente. A estas desgraças vem se juntar uma secura espiritual que lhe
causava intenso sofrimento.
Entre 1635 e 1636, visitou todos os
conventos da Visitação, que já eram então sessenta. Sua reputação de santidade
se espalhara. Rainhas, príncipes e princesas procuram o Mosteiro da Visitação.
Aonde ela fosse para fazer suas fundações o povo a ovacionava. “Esta pessoas não me conhecem”, ela
dizia, “elas estão enganadas”.
Em 1641, ela vai visitar Madame de
Montmorency e a Rainha Ana d’Áustria em Paris. Durante a
viagem de volta a Annecy caiu doente com pneumonia e faleceu no convento de
Moulins, no dia 13 de dezembro de 1641. Seu corpo foi trasladado para Annecy e
sepultado próximo ao de São Francisco de Sales. À sua morte a Congregação que
fundara contava com oitenta e seis conventos.
Foi beatificada por Bento XIV em
1751, e canonizada por Clemente XIII em 1767.
A vida da Santa foi escrita no século XVII
por sua secretária, Madre de Chaugy. Mons. Bougaud, Bispo de Laval, publicou
uma “História de Santa Chantal” em
1863, que teve um grande sucesso.
Santa Joana deixou vários trabalhos, entre
os quais as instruções sobre a vida religiosa e o admirável “Deposição para o Processo de Beatificação de
São Francisco de Sales”, e um grande número de cartas. As qualidades da
Santa podem ser admiradas no seu estilo preciso e vigoroso que aparecem no
livro, que pode ser chamado sua obra prima, “Respostas sobre as Regras, Constituições e Costumes”, um código
prático e completo de vida religiosa, que não está em circulação.
Fontes: diversas
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