Não
se sabe a data certa do nascimento de Milburga, mas sabe-se que era filha do
rei da Mércia (na atual Inglaterra) Merevaldo e de Santa Ermenburga. Era a irmã
mais velha de Santa Mildred e Santa Mildgita. Foi educada na França.
Milburga foi pedida em casamento por um
príncipe vizinho, que resolveu tê-la como esposa, mesmo à custa de violência. Milburga
fugiu dele através de um rio. O príncipe, em perseguição, foi forçado a
desistir quando o rio milagrosamente ficou tão cheio, que ele foi incapaz de atravessar
a vau.
Ela entrou posteriormente no mosteiro
beneditino de Wenlock, em Shropshire (hoje conhecido como Much Wenlock). O
mosteiro fora fundado com doações de seu pai e de seu tio, Wulferio de Mércia, e
era dirigido por uma abadessa francesa, Liobinde de Chelles. Após a morte desta
abadessa Milburga foi eleita para substituí-la.
Depois de receber a consagração abacial
das mãos de São Teodoro, o mosteiro de Santa Milburga floresceu como um paraíso
sob seu governo devido às suas virtudes e os dons espirituais com os quais fora
agraciada. Destacou-se por sua humildade e recebeu o dom de curar e restaurar a
visão aos cegos, segundo histórias populares. Através da força de suas
exortações, ela também tinha a reputação de levar os pecadores ao
arrependimento. Organizou, também, a evangelização e o cuidado pastoral do sul
de Shropshire.
Muitos fatos maravilhosos da vida da santa
foram preservados. Por exemplo, diz-se que uma noite ela ficou tanto tempo em
oração, que adormeceu e não acordou senão após o amanhecer; enquanto se vestia
às pressas, o véu da cabeça se desprendeu, mas um raio de sol o segurou no ar
até que a santa o pegasse. Em outra ocasião, uma viúva levou o cadáver do filho
para que ela o ressuscitasse; Milburga repreendeu a mulher, mas ela se recusou
a sair. Então a santa se ajoelhou para rezar e foi imediatamente cercada por um
fogo celestial. Uma das religiosas que entrou naquele momento gritou alarmada,
acreditando que era um incêndio, mas o fogo desapareceu no mesmo momento e a
santa colocou a criança ressuscitada nos braços da viúva.
Em seus últimos anos de vida Santa
Milburga teve uma dolorosa doença, que foi vivida com serenidade. Faleceu no
dia 23 de fevereiro de 727 e suas últimas palavras foram: “Bem-aventurados os
puros de coração, bem-aventurados os pacificadores”. Ficou conhecida por seu
poder sobre os pássaros e após a sua morte era invocada para a proteção das
plantações contra seus estragos.
Seu túmulo foi venerado por muito tempo,
até que sua abadia foi destruída durante a invasão dos dinamarqueses à Mércia.
Após a conquista normanda, em 1101 os monges franceses de Cluny construíram um
mosteiro no local.
No decorrer da construção, duas crianças
que estavam brincando ali caíram em um buraco; os monges cavaram um pouco e
descobriram os restos de Santa Milburga. As belas ruínas de Much Wenlock, que
ainda podem ser visitadas, são as do segundo mosteiro.
Suas relíquias passaram a ser destino de
peregrinação para os leprosos. Estas peregrinações eram impopulares entre os
ingleses locais, mas atraiu com sucesso pessoas da França e do País de Gales.
Na “Vidas dos Santos”, de Butler, há o
registro: “embora muitos santos nativos, da maior importância histórica, sejam
pouco notados em nossos calendários ingleses, o nome de Milburga aparece em
vários deles, começando pelo Saltério Bosworth”, escrito por volta de 950.
Seu culto muito deve ao testemunho de São
Bonifácio e de um legado papal medieval que testemunharam curas milagrosas em
seu túmulo.
Um documento intitulado Miracula
Inventionis Beatae Mylburge Virginis foi produzido por volta dessa época e,
possivelmente, logo depois, o conhecido hagiógrafo Goscelin escreveu sua Vita
Mildburga na qual incorporou um relato preexistente chamado 'Mildburh's
Testimony', que pretende ser o primeiro relato de sua vida.
Ela é mencionada em algumas das
genealogias da Legenda Real de Kentish, que parece se basear em material
anglo-saxão, mas não há cópias manuscritas sobreviventes anteriores ao século
XI. Ela também é um dos 89 santos listados no texto do século XI, escrito em
inglês antigo, conhecido como Secgan, ou Nos Lugares de Descanso dos Santos.
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