domingo, 27 de fevereiro de 2011

Santas festejadas no mês de março

1         Santa Inês Cao Kuiying, Viúva, mártir chinesa (séc. XIX)
1         Santa Eudoxia de Heliópolis, Mártir (séc. II)
1         Beata Joana Maria Bonomo, Religiosa (séc. XVII)
2         Santa Domnina Virgem, mártir na Síria (séc. II ?)
 2         Santa Inês da Boêmia, Princesa, Abadessa Clarissa (séc. XIII)
 2         Santa Ângela da Cruz, Fundadora (séc. XIX-XX)
3         Santa Camila de Auxerre, Virgem (séc. V)
 3         Santa Catarina Drexel, Fundadora (séc. XIX-XX)
 3         Santa Cunegunda, Imperatriz (séc. XI)
 3         Santa Teresa Eustochio Verzeri (séc. XIX)
4         Beata Plácida Viel, Virgem (séc. XIX)
 5         Beata Joana Irrizaldi, Virgem mercedária (séc. XIV)
 6         Santa Coleta de Corbie, Clarissa reformadora (séc. XIV-XV)
 6         Santa Rosa de Viterbo, Virgem (séc. XIII)
 7         Santas Perpétua e Felicidade, Mártires (séc. III)
 7         Santa Teresa Margarida (Redi) do Coração de Jesus (séc. (XVIII)
 9         Santa Catarina (Vigri) de Bologna, Virgem (séc. XV)
9         Santa Francisca Romana, Religiosa (séc. XV)
10        Santa Maria Eugênia de Jesus, Fundadora (séc. XIX)
11        Santa Rosina de Wenglingen, Virgem, mártir (IV século)
12        Beata Ângela (Aniela) Salawa, Terciária Franciscana (séc.XIX-XX)
12        Santa Fina de São Gimignano, Virgem (séc. XIII)
12        Beata Justina Bezzoli Francucci, Virgem beneditina (séc. XIII-XIV)
13        Santa Eufrásia de Nicomedia, Virgem e Mártir (séc. IV)
13        Santa Judite de Ringelheim, Abadessa (séc. X)
14        Beata Eva, Reclusa de S. Martinho de Liège (séc. XIII)
14        Santa Matilde da Alemanha, Rainha (séc. X)
14        Santa Paulina, Religiosa (séc. XII)
15        Santa Lucrecia de Córdoba, Virgem e mártir (séc. IX)
15        Santa Luisa de Marillac, Viúva e religiosa (séc. XVII)
16        Beata Benta de Assis, sucessora de Sta. Clara (séc. XIII)
16        Santa Eusébia, Abadessa de Hamay (séc. VII)
17        Santa Gertrudes de Nivelles (séc. VII)
18        Beata Celestina Donati, Fundadora (séc. XIX-XX)
18        Beata Marta (Amata Adele) Le Bouteiller, Religiosa (séc. XIX)
19        Beata Sibilina Biscossi, Dominicana (séc. XIV)
20        Santas Alexandra e Cláudia de Amiso e Comp.Mártires (séc. III)
20        Santa Ma. Josefina do Coração de Jesus, Fundadora (séc. XIX-XX)
21        Santa Benedita Cambiagio Frassinello Religiosa (séc. XVIII-XIX)
21        Beata Lúcia da Verona (séc. XVI)
22        Santa Lea (séc. IV)
23        Beata Anunciada Cocchetti, Religiosa (séc. XIX)
23        Santa Rebeca Pierrette Ar-Rayes (séc.XIX-XX)
24        Beata Berta de Laon, Mãe de S. Carlos Magno (séc. VIII)
24        Santa Catarina da Suécia, Religiosa (séc. XIV)
24        Beata Maria Karlowska, Fundadora (séc. XIX-XX)
24        Beata Maria Serafina do S. Coração, Fundadora (séc. XIX-XX)
25        Santa Matrona de Tessalônica, Mártir (séc. III)
25        Santa Margarida Clitherow, Mártir da Inglaterra (séc.XVI)
25        Santa Lúcia Filippini, Fundadora (séc. XVII-XVIII)
25        Beata Maria Rosa Flesch, Fundadora (séc. XIX-XX)
25        Beata Josafata M. Hordashevska, Fundadora (séc. XIX-XX)
26        Beata Madalena Catarina Morano, Salesiana (séc. XIX-XX)
26        Santa Máxima e esposo, S. Montano, mártires (séc. IV)
27        Santa Augusta de Serravalle, Virgem e mártir (séc. II)
27        Santa Lídia e esposo, S. Fileto, e filhos, Mártires (séc. II)
27        Beata Panacéia de Muzzi, Virgem e mártir (séc. XIV)
28        Beata Joana Maria de Maillé, Viúva (séc. XV)
28        Beata Renata Maria Feillatreau, Mártir da Rev. Francesa
29        Beata Inês de Chatillon, Monja cisterciense (séc. XVII)
29        Santa Gladys (Gwladys), Rainha (séc. VI)
30        Beata Restituta Kafka, Mártir do nazismo (séc. XX)
31        Santa Balbina de Roma, Mártir (séc. II)
31        Beata Joana de Toulouse, Condessa, 3a. carmelita (séc.XV)
31        Beata Natalia Tulasiewicz, Mártir do nazismo (séc. XX)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Beata Maria de Jesus Deluil-Martiny - Festejada 27 de fevereiro


             Filha de um brilhante advogado e excelente católico, sua mãe era uma digna sobrinha bisneta da Venerável Ana Madalena Remuzat (¹), a visitandina que durante a peste de 1720 havia conseguido que Marselha se consagrasse ao Coração de Jesus. Assim, a devoção ao Sagrado Coração era considerada "patrimônio familiar".
Maria nasceu em Marselha a 28 de maio de 1841. Foi educada pelos pais e pelas religiosas da Visitação. Um dia as Irmãs contam suas travessuras ao Mons. de Mazenod, fundador dos Oblatos de Maria Imaculada (canonizado em 1995), que lhes responde: "Não se inquietem, são coisas de menina; verão que um dia será a Santa Maria de Marselha".
            Em 1848, após vários distúrbios, o rei Luis Felipe abdica. As ruas tranqüilas de Marselha, cidade cheia de recordações de São Lázaro, Santa Marta e Santa Maria Madalena, foram invadidas pelo ódio revolucionário. Maria tinha apenas 7 anos. Aproveitando-se da distração momentânea dos adultos, sai de casa para ver de perto o que está acontecendo. Chega até as barricadas feitas pelos soldados. Sem medo, aproxima-se e observa tudo com interesse. Alguns soldados a ignoram, outros sorriem diante de sua inocente e viva curiosidade. Um a toma pela mão e a reconduz a casa.
            Estes episódios da infância nos revelam muito da personalidade desta Beata. Vivaz, brilhante, cultíssima e muito a par das coisas da sociedade e da história.
Aos 16 anos, prossegue sua formação em Lyon com as religiosas do Sagrado Coração, fundadas por Santa Sofia Barat.
Terminados os estudos superiores em 1858, fez exercícios espirituais e consultou São João Batista Vianney, o Santo Cura d’Ars, sobre a própria vocação. O Santo respondeu-lhe: “Minha filha, antes de a conheceres, terás de rezar muitos Veni, Sancte Spiritus (Vem, Espírito Santo). Sim, serás toda de Deus, mas deverás esperar longamente no mundo”. De fato, aguardou durante anos a inspiração do que Deus queria dela.
            Embora ainda vivendo com a sua família, ocupando-se de seus pais, pratica as obras de apostolado, coloca-se a serviço dos pobres, ajuda os sacerdotes e as missões. Mons. Comboni, em sua viagem à França, teve a ajuda da jovem Maria.
Em 1864, providencialmente cai em suas mãos um folheto procedente da Visitação de Bourg-en-Bresse intitulado: Guarda de honra do Sagrado Coração: finalidade da obra. A jovem lê e relê essas linhas que parecem dirigidas a sua alma de fogo. A 7 de fevereiro escreve ao Mosteiro solicitando ser inscrita na Guarda de honra e oferecendo-se, cheia de entusiasmo, para trabalhar pela obra.
Inicia-se então uma ativa correspondência entre a Irmã Maria do Sagrado Coração e a "pequena Maria", como a chama carinhosamente a fundadora. Maria consegue seu primeiro êxito fazendo chegar a Guarda de Honra até Santa Sofia Barat, que se inscreve com todas suas religiosas.
No dia 5 de junho do mesmo ano, o Cardeal de Villecourt consagra solenemente a nova igreja de Na. Sra. da Guarda, em Marselha. É uma cerimônia impressionante a qual assiste também o Cardeal Pitra e grande número de bispos franceses. Maria consegue que os dois cardeais e 20 bispos se inscrevam na Guarda de Honra.
Graças à direção espiritual do Padre Calage, ela vai pouco a pouco conhecendo a sua vocação. O Bem-aventurado Papa Pio IX e o Cardeal Dechamps, Arcebispo de Malines-Bruxelas, se interessaram por ela. Este último a define como “a Santa Teresa d’Ávila do nosso século”.
Finalmente, a 20 de junho de 1873, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, com algumas amigas, funda o Instituto das Filhas do Coração de Jesus, cuja finalidade é dedicar-se, na clausura, à adoração da Eucaristia, à oração e à imolação pela conversão do mundo distante de Deus, reparação pelos sacrilégios e pela santificação dos sacerdotes. O centro é Jesus Eucarístico oferecido ao Pai em todos os altares do mundo, presente no Tabernáculo, adorado noite e dia, vivido na intimidade da graça santificante e da caridade. O seu modelo, como ela mesma explica, é Nossa Senhora.
Seguiram-se breves e densos anos. Muitas jovens acorreram e Madre Maria de Jesus – nome que adotou quando se tornou religiosa – funda mais dois mosteiros: Aix-en-Provence e La Servianne, perto de Marselha, numa propriedade herdada de sua mãe.
Madre Maria cresce na intimidade com Jesus, educa as suas “filhas” nessa intimidade com Ele e na doação total. As suas “filhas” a amam como a uma mãe.
No mês de abril de 1882 é obrigada a fechar o mosteiro de Aix-en-Provence devido à ameaça de perseguição por parte do governo francês. As religiosas são acolhidas parte em Berchem, parte em La Servianne.
Madre Maria de Jesus escreve: “Legalmente, eles não têm nenhum poder sobre nós na La Servianne: estou na minha casa, na propriedade da minha família por quatro gerações e nenhum tribunal pode me mandar sair daqui. Mas, em nome da revolução, com o motim, os infames poderão quanto Deus permitir. Não haverá regras que os detenham. Quanto a nós, permaneçamos muito tranqüilas...”.
 Madre Maria de Jesus é uma religiosa, uma contemplativa, mas não vive nas nuvens, fora do mundo. Nem é ignorante ou ingênua. A família e o ambiente do qual provém lhe abriram os olhos a tudo. Assim, o quadro que traça nesta carta de 8 de dezembro de 1882 é completo, a visão da História do mundo é lúcida, com um conhecimento claro de quanto gera na sociedade a rebelião contra Cristo e a Sua Igreja. Na segunda parte da carta, ela escreve:
"Ao ver o triunfo do erro, a aparente legalidade com que se quer legitimar tanto mal, deveríamos nos desesperar do presente e do futuro? Não, irmãs, nunca! Jesus venceu satanás e o mundo! A Jesus Cristo pertence todo poder; ao ouvir o seu Nome todos os joelhos se dobram, inclusive nos abismos. As nações Lhe foram dadas em herança. Enquanto Ele permite que o monstro infernal se agite aos seus pés em fugazes e falsos sucessos, Ele vence e triunfa, os Anjos já cantam a Sua vitória definitiva. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja fundada por Ele. O triunfo final não é para aqueles que trazem as insígnias do dragão, mas para nós que levamos o nome de Jesus Cristo sobre nossas frontes e o Seu amor em nossos corações!"
"A Igreja prossegue de luta em luta, de conquista em conquista, até a eternidade bendita. Engana-se quem quisesse, no momento presente, julgar o conjunto das coisas. Nós temos a promessa e a certeza da vida eterna e, aquilo que conforta: Deus triunfa tão mais grandiosamente quanto mais a nós custa a vitória...."
"A nossa tarefa é lavrar a terra, trabalhar removendo penosamente o terreno! Outros colherão a seara... Mas esta, fecunda e copiosa, será colocada certamente no celeiro do Pai celeste... Modestas operárias desta grande obra, trabalhemos no silêncio e na esperança. Rezemos - é a condição para o sucesso; reparemos, porque a dor suprema é a de ver Deus ultrajado e blasfemado; soframos, lutemos, morramos, se for preciso, certas de que lá no alto a Providência vela, a Onipotência de Deus nos assiste e tornar-se-á vitoriosa..."
"Nós somos da estirpe de Maria Santíssima, a qual Deus mesmo pôs na inimizade perpétua com a raça de satanás, estirpe à qual Ele dá a vitória por meio de Jesus Cristo, sem, entretanto, eximi-la da fadiga, nem privá-la da honra e do mérito da luta".
Madre Maria de Jesus teve que vencer não poucas dificuldades até ver o seu Instituto aprovado. Governou-o apenas durante dez anos, porque no dia 27 de fevereiro de 1884 foi barbaramente assassinada por um jardineiro que havia sido despedido do Convento La Servianne por sua preguiça e desleixo. Ele era ligado a grupos anarquistas e nela o assassino descarregou o seu ódio à Fé. Suas últimas palavras são: "Eu o perdôo! Pela a Obra!" Ela se tornou virgem e mártir como sempre havia desejado.
A 22 de outubro de 1989 foi solenemente beatificada pelo Papa João Paulo II em Roma.

(¹) Vide http://www.aascj.org.br/ para vida da Ven. Ana Madalena Remuzat

domingo, 20 de fevereiro de 2011

20 de Fevereiro – Festa litúrgica dos Beatos Jacinta e Francisco Marto

    

    Hoje é um dia especial! Comemoramos as breves vidas de Jacinta e Francisco Marto.


    Que hoje, nós possamos refletir sobre o testemunho e a contemplação dos pastorinhos que, mesmo com pouca idade, entenderam a seriedade da mensagem da Fátima e a importância de difundi-la ao mundo.
    Rezemos o Rosário em honra aos dois beatos que por sua pureza foram escolhidos por Nossa Senhora para serem mensageiros dos céus aqui na Terra.



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Santa Valburga, Abadessa de Heidenheim – Festa 25 de fevereiro


"Deus te ungiu com o óleo da alegria" (Salmo 54,8)

     Santa Valburga foi uma das mais populares santas da Idade Média. Ela nasceu na Inglaterra. Seu pai, Ricardo, possuía um castelo em Dorsetshire; sua mãe, Viana, era piedosa e mãe extremosa. Ambos são venerados como santos pela Igreja. O casal teve três filhos: Vilibaldo, Vinibaldo e Valburga.
     Vilibaldo foi educado na Abadia de Waltham, perto de Winchester. Vinibaldo, de temperamento menos ativo e mais contemplativo, foi educado em casa. Quando tinha seis anos de idade, nasceu-lhe uma irmã que foi batizada com o nome de Valburga, equivalente no grego a Eucheria, que significa “graciosa”. Muito cedo perderam a mãe e uma amizade muito profunda ligou os dois irmãos.
     Em 721, Vilibaldo, então com cerca de vinte anos, manifestou o desejo de visitar a Terra Santa. Deixou a abadia com a licença de seu superior e voltou para Dorsetshire para persuadir o irmão a acompanhá-lo na viagem. Ricardo estava enfermo e Vinibaldo não queria deixá-lo só. Sequer mencionou ao pai os planos do irmão mais velho. Mas, este revelou seu plano e tão eloqüente foi, que o pai resolveu acompanhar os filhos na peregrinação.
     Valburga tinha então 11 anos apenas. Ela sabia, contudo, que as peregrinações, muitos freqüentes entre os saxões, exigiam muito dos viajantes que enfrentavam dificuldades e perigos; muitos meses se haviam de passar antes que fosse possível receber noticias dos peregrinos; o seu pai era velho, talvez não resistisse aos rigores da penosa e longa peregrinação... Todavia, nada fez para dissuadir seu pai de tão santa decisão.
     A Rainha Cuthberga fundara recentemente em Dorsetshire a Abadia de Wimbourne. Esposa do Rei Alfredo, a rainha sentira um chamado para uma dedicação total a Deus e obtivera licença do esposo para se tornar monja. O magnífico mosteiro duplo de Wimbourne tornou-se logo célebre pela santidade de seus habitantes e austeridade da sua disciplina.
     Ricardo resolveu levar a pequena Valburga para esta grande abadia, para que dela cuidassem as monjas enquanto ele se ausentava. Ao se despedir de seu pai, Valburga não imaginava que não o tornaria a ver: o santo homem faleceu na Itália, sendo sepultado pelos dois filhos em Lucca.
     Enquanto seus irmãos abraçavam a vida monástica em Roma, Valburga adotou também o estado religioso, passando vinte e seis anos em Wimbourne.
     Destes vinte e seis anos pouco se sabe, mas, tendo em vista que o nível intelectual das monjas daquele mosteiro era muito elevado, pois escreviam com fluência o latim e o grego, e com facilidade citavam os clássicos, sendo notáveis suas iluminuras e transcrições de Missas, Sagradas Escrituras, etc., além de bordados em fio de ouro e prata, presume-se que Valburga recebeu sólida instrução e aperfeiçoou-se em todos estes trabalhos.
     Aconteceu então que São Bonifácio, tio de Valburga, o grande apóstolo da Alemanha, foi a Roma pedir ajuda para o seu trabalho missionário naquela região. O Papa instou Vilibaldo e Vinibaldo a acompanharem o dedicado tio.
     Mais tarde, por meio de uma carta dirigida a Lioba, sua prima, e a Valburga, sua sobrinha, São Bonifácio convidou-as a fundar um mosteiro em sua diocese, para mostrar às mulheres daquela região o exemplo das virgens cristãs. Após breves preparativos Santa Lioba e Santa Valburga, com algumas companheiras, deixaram sua terra natal para devotar suas vidas à conversão da Alemanha.
     Durante a viagem da Inglaterra para a Alemanha as monjas enfrentaram uma tempestade que obrigou os marinheiros a se desfazerem da carga. Valburga implorou a Deus e, sobrevindo repentina calma, os viajantes desembarcaram sãos e salvos em Antuérpia. Na mais antiga igreja desta cidade há uma gruta onde Santa Valburga costumava rezar enquanto esperava para reiniciarem a viagem. Ela é muito venerada naquela cidade desde sua permanência ali.
     Vilibaldo fundou o Mosteiro de “Eihstat”, que se tornaria mais tarde a Diocese de Eichstätt. Valburga tornou-se abadessa de um mosteiro beneditino feminino em Heidenheim - morada dos pagãos, em alemão - local onde já se instalara seu irmão Vinibaldo com seus monges. Em breve o significado desse nome perderia o sentido, pois os dois mosteiros converteram gradualmente a aridez espiritual e material da região, e os campos deram abundantes colheitas.
     À morte de seu irmão, Valburga assumiu a direção do mosteiro masculino que ele dirigira. Ela era muito respeitada e amada ainda em vida. Sua vida de profunda oração, sua caridade e coragem, bem como os milagres que ela realizava, tornaram-na venerada pelo povo que vivia à sombra dos mosteiros dirigidos por ela.
     Nos últimos anos, conforme relata o monge Wolfhard que escreveu sua vida mais ou menos cem anos depois de sua morte, ela "confirmada no santo amor de Deus, tendo vencido o mundo e todos os seus atrativos, repleta de fé, saturada de caridade com os adornos da sabedoria e a jóia da castidade, notável pela benevolência e humildade, foi receber o galardão que devia coroar tantas virtudes".
     Santa Valburga foi assistida por seu irmão São Vilibaldo em seus últimos momentos, tendo ele lhe administrado os Sacramentos. Ela faleceu em 25 de fevereiro de 779 e foi sepultada ao lado do irmão Vinibaldo. Cem anos depois, o Bispo Otkar de Eichstätt, resolveu restaurar a igreja e o mosteiro de Heidenheim, e exumou o corpo de Santa Valburga que foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido precioso, qual puríssimo óleo. O corpo foi transladado para a Catedral de Eichstätt, e milagrosas curas se operaram durante o trajeto da preciosa relíquia.
     Há mais de mil anos esta misteriosa umidade oleosa, que é coletada das relíquias de Santa Valburga pelas monjas, vem operando milagrosas curas. Os documentos mais antigos que relatam os milagres atribuídos ao óleo foram escritos entre 893 e 900.
     Este óleo tornou-se conhecido como "óleo de Santa Valburga" e vem sendo um sinal de sua contínua intercessão. O óleo é colocado pelas religiosas em pequenas ampolas de vidro que são dadas aos peregrinos. Curas atribuídas à intercessão de Santa Valburga acontecem até os nossos dias.


    No século XVI, a terra natal de Santa Valburga, Inglaterra, separou-se da Igreja Católica após séculos de fidelidade a Roma. Naquele século, muitos católicos foram martirizados por não aceitarem a nova igreja fundada pelo rei Henrique VIII, que se auto-proclamou chefe da Igreja Anglicana. Depois dele, os reis da Inglaterra sempre exerceram aquele cargo até os dias de hoje.
     Neste início do século XXI, entretanto, uma onda de conversões de anglicanos percorreu todo o Reino Unido (Inglaterra e suas ex-colônias). A notícia abaixo aponta para este auspicioso fato.

Mais bispos anglicanos declaram intenção de entrar para a Igreja Católica
09-11-2010 por  GaudiumPress
     Um ano após o anúncio da criação dos Ordinariatos específicos, que compõem a base da constituição apostólica "Anglicanorum Coetibus" para que religiosos ex-anglicanos que desejem pertencer à Igreja Católica, cinco bispos anglicanos declararam na Inglaterra vontade de estar sob a jurisdição de Roma. (A constituição apostólica "Anglicanorum Coetibus" foi anunciada em 4 de novembro de 2009.)
     O porta-voz vaticano e diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, recorda que tal decisão requer "obrigação de demitirem-se das atuais tarefas pastorais na Igreja da Inglaterra". A criação do primeiro Ordinariato deve acontecer já no próximo ano.
     Os bispos angicanos Andrew Burnham, de Ebbsfleet; Keith Newton, de Richborough; John Broadhurst, de Fulham; Edwin Barnes, bispo assistente de Winchester; e David Silk, bispo assitente de Exeter, são os cinco prelados anglicanos que manifestaram desejo de ingressar na Igreja Católica. [...]
     As razões para a decisão dos bispos são os desenvolvimentos "incompatíveis com a vocação histórica do Anglicanismo e a tradição da Igreja por quase dois mil anos", que são a ordenação de mulheres e outras iniciativas tidas como "liberais". Trata-se de uma decisão de uma parte do clero anglicano de tradição católica, não protestante, na Inglaterra. [...]

Santa Lúcia Yi Zhenmei, Catequista chinesa, mártir - Festejada 19 de fevereiro

    
     O Cristianismo foi anunciado na China do século V ao inicio do século VII, quando foi ereta a primeira igreja. Graças ao profundo espírito de religiosidade dos chineses, o Cristianismo floresceu naquele imenso país. No século XIII constituiu-se a primeira missão católica com sede episcopal em Belfin.
     A partir do século XVI, quando a comunicação entre o Oriente e o Ocidente passara a ser mais freqüente, a Igreja Católica pretendeu intensificar a evangelização e enviou vários missionários escolhidos com cuidado, entre os quais o jesuíta Mateus Ricci, para instaurar relações religiosas e também sociais e científicas.
     Em 1591, o excelente trabalho destes pioneiros levou o imperador “filho do céu” K'ang Hsi a assinar o primeiro decreto de liberdade religiosa, que permitia aos súditos aderirem ao Cristianismo. Os missionários podiam pregar por toda parte, alcançando milhares de conversões e chineses batizados.
     Mas, a partir da primeira década do século XVII as coisas mudaram. A penosa questão dos “ritos chineses” irritou o imperador e a forte influência do vizinho Japão, hostil ao Cristianismo, deram margem às perseguições que aberta ou veladamente, em sucessivas ondas até a metade do século XIX, resultaram na morte de muitos missionários e de inúmeros fieis leigos chineses, e a destruição de várias igrejas.
     São Francisco Fernandez de Capillas, da Ordem dos Pregadores, martirizado em 1648, é considerado como o Protomártir da China; foi o primeiro de uma longa lista de mártires missionários ocidentais, pertencentes a várias Ordens Religiosas, como os Dominicanos, os Franciscanos, os Agostinianos, e sacerdotes da Missão de Paris, os Lazaristas, as Franciscanas Missionárias de Maria. Pelo fim do longo período de perseguições também os Jesuítas, desde o início respeitados, sofreram o martírio em julho de 1900; os Salesianos de Dom Bosco tiveram dois mártires, Santos Luis Versiglia e Calisto Caravario, em 1930.
     Os fieis leigos, dos quais muitos apostataram com medo das perseguições, souberam resistir e testemunharam com seu sangue a fidelidade a Cristo. Entre estes figuram catequistas leigos, tanto homens como mulheres, que davam aos catecúmenos exemplo de entusiasmo, de fidelidade a Igreja Católica, aos missionários, sofrendo até o martírio com eles.
     Destes numerosíssimos mártires religiosos e leigos, 120 foram canonizados em 1º de outubro de 2000 por João Paulo II.
     Dentre os milhares de mártires chineses, destacou-se uma humilde leiga chinesa Lucia Yi Zhenmei, para representar aqueles que como ela souberam enfrentar os tormentos e a morte infringidos por seus compatriotas, especialmente os famigerados “boxers”, que por motivos políticos e econômicos, ou de intolerância e inveja dos bonzos, desencadearam as longas e sanguinolentas perseguições contra “a religião dos estrangeiros odientos”.
     Lucia Yi Zhenmei nasceu no dia 17 de janeiro de 1815 em Mainyang, Sichuan, última de cinco irmãos. O pai era um católico convertido há pouco do budismo.
     Com 12 anos adotou o nome de Lucia e se consagrou ao Senhor, mas os pais, segundo o uso, a haviam prometido em casamento. Não sabendo como livrar-se da situação, Yi Lucia se finge se boba, conseguindo assim desfazer acordos matrimoniais futuros.
     Retomou os estudos para tornar-se professora e ao mesmo tempo pode dedicar-se ao progresso de sua vida espiritual.
     Os missionários católicos lhe deram o encargo de ensinar catecismo. Seus dias transcorriam serenos entre os afazeres domésticos, o atendimento dos enfermos e o ensino do catecismo.
     Quando adulta, decidiu se separar da família e passou a viver com as irmãs missionárias. Uma grave enfermidade a obrigou a retornar para sua casa. Naquela ocasião pessoas malévolas lançaram dúvidas sobre sua moral, levando até a superiora a acreditar nelas. Os seus familiares quiseram vingar-se, mas ela se opôs suportando tudo com paciência.
     Posteriormente foi chamada pelo bispo de Kweichow que lhe deu o cargo de catequista da aldeia do Vicariato. Superando as dificuldades postas pela família, que temiam novos perigos para ela, Lucia Yi Zhenmei logo se entrega ao trabalho, coadjuvando a obra missionária do Padre João Pedro Néel, da Missão de Paris, ele também mártir e proclamado santo em outubro de 2000.
     Durante a perseguição desencadeada pela seita “Ninfa Branca”, foi presa pelos soldados. Durante o interrogatório lhe fizeram propostas vantajosas se renunciasse a religião católica – a proposta era apoiada também pelo ex noivo, que havia conservado afeto e estima por ela.
     Lucia com firmeza recusou e por isso foi condenada a decapitação. Aceitou com dignidade a condenação, rebelando-se somente quando quiseram despoja-la das vestes antes da sentença, conseguindo evitar tal humilhação.
     Foi decapitada no dia 19 de fevereiro de 1861 em Kaiyang, Guizhou, tinha 47 anos. Nos dias 18 e 19 foram mortos também o Padre Néel, três homens catequistas.
     Seu chapéu, banhado de sangue, foi levado para casa e ao ser colocado sobre o corpo de sua sobrinha Paula, gravemente enferma, esta se restabeleceu imediatamente.
     Foi declarada venerável com o grupo de mártires de Guizhou em 2 de agosto de 1908 e beatificada em 2 de maio de 1909 por São Pio X. A sua festa com o grupo de Guizhou é no dia 19 de fevereiro e, no dia 9 de julho, com todos os 120 mártires canonizados no dia 1º de outubro de 2000.

     Infelizmente as perseguições na China continuam, agora perpetradas pelo comunismo. Os católicos chineses sofrem continuas agressões e têm enfrentado com heroismo a dura realidade que enfrentam naquela Nação. Vide notícia abaixo um dos exemplos da sanha anti-cristã na Nação de Santa Lucia.


Perseguição desmente “distensão” do comunismo chinês
     A única igreja católica em Ordos (Mongólia Interior) foi demolida pela polícia chinesa. O pároco, Pe. Gao Em, foi preso juntamente com Yang Yizhi, líder católico leigo. O crime sacrílego foi praticado à meia-noite. Os fiéis erigiram um cruzeiro de cinco metros de altura no local e montam guarda para impedir o saque das ruínas. Poucos dias depois, o Pe. Zhang Shulai e a religiosa Wei Yanhui, da “Igreja clandestina” (fiel a Roma), foram mortos a facadas em Wuhai, na mesma província. Os fiéis deploram o fato e não entendem por que a diplomacia vaticana mantém uma política de coexistência com a tirania comunista, enquanto esta intensifica a violência contra os católicos fiéis ao Papa. 

Fonte Catolicismo Agosto/2010

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Santas festejadas no mês de fevereiro

 1                     Santa Brígida da Irlanda, Abadessa (séc. V-VI)
 1                     Santa Verdiana (ou Veridiana) (séc. XIII)
 1                     Besta Ana Michelotti (Joana Fca.da Visitação) (séc. XIX)
 2                     Santa Catarina de Ricci (séc. XVI)
 2                     Santa Adeloga de Kitzingen, Abadessa (séc.VIII)
 2                     Santa Joana de Lestonnac (séc. XVII)
 2                     Beata Maria Catarina Kasper (séc. XIX)
 3                     Santa Claudina Thevenet (séc. XVIII-XIX)
 3                     Beata Maria Ana Rivier, Fundadora (séc. XVIII-XIX)
 3                     Beata Maria Helena Stollenwerk (séc. XIX)
 3                     Santa Vereburga, Abadessa (séc. VII)
 4                     Sta. Joana de Valois, Rainha e Fundadora (séc. XV-XVI)
 5                     Santa Ágata (ou Águeda), Virgem e mártir (séc. III)
 5                     Santa Alice (Adelaide) de Vilich, Abadessa (séc. XI)
 5                     Beata Elisabete Canori Mora (séc. XVIII-XIX)
 5                     Beata Francisca Mezière, mártir da Rev. Francesa (séc. XVIII)
 6                     Santa Doroteia, Virgem e mártir da Capadocia (séc. IV)
 6                     Santa Hildegunda, Viúva e Fundadora (séc. XII)
 7                     Beata Eugênia Smet (Maria da Providência) (séc. XIX)
 7                     Beata Ana Maria Adorni, Fundadora (séc. XIX)
 7                     Beata Rosalia Rendu, Religiosa (séc. XVIII-XIX)
 8                     Santa Cointa (ou Quinta), mártir de Alexandria (séc. III)
 8                     Sta.Josefina Bakhita, Religiosa Canossiana (séc.XIX-XX)
 8                     Beata Josefina Gabriela Bonino, Fund. (séc. XIX-XX)
 9                     Santa Apolônia, Virgem e mártir (séc. III)
 9                     Beata Ana Catarina Emmerick, Mística (séc. XVIII-XIX)
10                    Santa Escolástica, irmã de S. Bento (séc. VI)
10                    Santa Austreberta, Abadessa (séc. VIII)
10                    Beata Clara Agolanti de Rimini, Clarissa (séc. XIV)
10                    Beata Eusébia Palomino Yenes, Religiosa (séc.XX)
11                    Santa Heloisa, viúva e reclusa (séc. XI)
11                    Santa Sotera, Virgem e mártir (séc. III)
12                    Beata Umbelina, Abadessa (irmã de S.Bernardo) (séc.XII)
13                    Santas Fosca e Maura, Mártires (séc. III)
13                    Beata Cristina de Espoleto (séc. XV)
13                    Beata Eustáquia Bellini de Pádua (séc. XV)
14                    Santa Alexandra do Egito, Reclusa e Penitente (séc. IV)
15                    Santa Geórgia, Virgem (séc.VI)
16                    Santa Juliana de Nicomédia, Mártir (séc. III)
16                    Beata Filipa Mareri, Clarissa (séc. XIII)
17                    Santa Mariana, viúva contemporânea dos Apóstolos (séc.I)
18                    Santa Constança de Vercelli, Monja (séc. VI)
18                    Santa Gertrudes Comensoli, Fundadora (séc. XIX-XX)
19                    Beata Elisabete de Mântua (séc. XV)
19                    Sta.Yi Zhenmei Lúcia, Catequista mártir chinesa (séc.XIX)
20                    Beata Jacinta Marto, vidente de Fátima (séc. XX)
20                    Beata Amada (de Corano) de Assis (séc. XIII)
21                    Beata Maria Henriqueta Dominici, Superiora (séc. XIX)
21                    Sta. Leonor ou Eleonora, Rainha e Religiosa (séc. XIII)
22                    Santa Margarida de Cortona, Religiosa (séc. XIII)
22                    Beata Isabel de França, Princesa e Clarissa (séc. XIII)
22                    Beata Ma. de Jesus (Emilia d’Hooghvorst), Fund.(séc.XIX)
23                    Santa Romana, Venerada em Todi (Itália) (séc. IV)
23                    Beata Josefina Vannini, Fundadora (séc.XIX-XX)
23                    Beata Rafaela Ybarra, Fundadora (séc. XIX)
23                    Madre Helena do Esp.Santo, Conv. da Luz (séc.XVIII)
24                    B Ascensão do Coração de Jesus, Cofund. (séc. XIX-XX)
24                    Beata Berta de Busano, Abadessa (séc. XII)
24                    Beata Josefa Naval Girbès, Leiga catequista (séc. XIX)
25                    Santa Valburga, Abadessa de Heidenheim (séc. VIII)
25                    Beata Cecília, Dominicana (séc. XV-XVI)
25                    Beata Maria Adeodata Pisani, Abadessa (séc. XIX)
26                    Sta. Paula de S.José de Calazans, Fundadora (séc. XIX)
26                    Beata Piedade da Cruz, Fundadora (séc. XIX-XX)
27                    Santa Honorina, Mártir (séc. IV)
27                    Sant’Ana Line, Mártir inglesa (séc. XVII)
27                    Beata Maria de Jesus Deluil-Martiny, Fundadora
27                    B Caridade (Ma. Josefa C. Brader), Fund.(séc.XIX-XX)
27                    B Fca. Ana da Virgem Dolorosa, Fundadora (XVIII-XIX)
28                    Beata Antonia de Firenze, Abadessa (séc. XV)

Santa Marcela de Roma, Viúva - Festejada 31 de janeiro

     Algumas cartas de São Jerônimo, em especial a de número 127 (1) para a virgem Principia, discípula de Marcela, constituem a principal fonte para a vida da Santa.
     A presença pagã ainda era forte no Império quando Marcela nasceu. Havia decorrido pouco mais de uma década do Edito de Milão (ano 313), pelo qual Constantino tirou a Igreja das catacumbas, dando-lhe liberdade e permitindo sua expansão.
     Santa Marcela viveu quando Roma já não era mais a orgulhosa cidade que causava inveja a todos os povos. Com a divisão do Império e a importância que adquiriu Bizâncio, perdera muito de sua grandeza. Os imperadores posteriores a Constantino pouco permaneceram em Roma, escolhendo outras cidades do Império para capital, como Milão e Ravena.
     A Cidade Eterna tornou-se cobiçada como possível presa por vários povos bárbaros. Alarico, rei dos visigodos, a sitiou duas vezes em 408. Alarico retornou dois anos depois, invadindo e saqueando a cidade a ferro e fogo.

     Marcela pertencia a uma das mais ilustres famílias romanas, os Marcelos (segundo outros dos Claudios). Nasceu em 325, ficando órfã do pai na adolescência. Com a educação que recebeu, Marcela tornou-se uma donzela muito culta, capaz de manter conversação em qualquer campo do saber. Cresceu em meio ao luxo, freqüentando os mais altos ambientes de Roma.
     Casou-se muito jovem, ficando viúva apenas sete meses depois das núpcias. Jovem, bela, de alta estirpe, logo apareceram vários pretendentes à sua mão. Apesar das pressões da mãe, Albina, Marcela tinha decidido consagrar-se inteiramente a Jesus Cristo, dedicando-se inteiramente a uma vida retirada. Assim, segundo S. Jerônimo, Marcela foi a primeira matrona romana a desenvolver os princípios do monaquismo entre as famílias nobres, desafiando o ambiente mundano que a cercava.
     Marcela entrou em contato com alguns sacerdotes de Alexandria refugiados em Roma devido à perseguição ariana, dos quais ouviu o relato da vida de Santo Antão, ainda vivo, e de como funcionavam os mosteiros da Tebaida fundados por São Pacômio para virgens e viúvas. Resolveu seguir o exemplo dessas heroínas da solidão. Vestiu-se com uma pobre túnica, passou a jejuar moderadamente por causa de sua frágil saúde, e a dedicar longo tempo à oração e ao estudo das Sagradas Escrituras.
     Seu majestoso palácio do Aventino transformou-se em um cenáculo para onde confluíam outras nobres romanas como Sofronia, Asélia (sua irmã), Principia, Marcelina, Lea; a própria mãe, Albina, aderiu àquela nova forma de vida.
     Entre aquelas nobres romanas destacou-se Santa Paula (2), de tão alta estirpe quanto a de Marcela, que também tinha consagrado a Deus sua viuvez. São Jerônimo afirma que “foi na cela de Marcela que Eustóquia (filha de Paula, ainda criança), esse paradigma de virgens, foi gradualmente formada”. Mais tarde Santa Eustóquia mudou-se com sua mãe para a Terra Santa, a fim de trabalharem com São Jerônimo. Santa Paula conhecia os idiomas grego e hebraico. Ela e a filha auxiliavam São Jerônimo nos seus trabalhos de tradução dos textos bíblicos, a famosa Vulgata usada durante séculos pela Santa Igreja. Mãe e filha finalmente fundaram um mosteiro na Terra Santa, onde viveram santamente.
     A casa de Marcela tornou-se um centro de propaganda monástica. Penitência, jejum, oração, estudo, exclusão de conversações fúteis eram praticados na vida quotidiana.
     No ano 382 o imperador Teodósio e o Papa São Dâmaso resolveram convocar um sínodo em Roma para combater as heresias que pululavam principalmente no Oriente. Entre os que compareceram figuravam Santo Epifânio, bispo de Salamina (Chipre), e São Paulino, bispo de Antioquia. Com eles veio a Roma o monge Jerônimo, já então com fama de grande exegeta. Adoecendo Santo Ambrósio, que deveria ser o secretário do sínodo, São Dâmaso nomeou São Jerônimo para substituí-lo.
     Esse futuro Doutor da Igreja assinalou-se tanto por sua erudição e segurança de doutrina que, terminado o sínodo, São Dâmaso escolheu-o para seu secretário particular.
     Santa Marcela, estudiosa erudita das Escrituras, tudo fez para que o santo a dirigisse, com suas discípulas, nos estudos e na vida de piedade. Conta São Jerônimo:
     Em minha modéstia, evitava os olhos das damas de alta categoria. Contudo ela pleiteou tão pressurosamente — ‘oportuna e importunamente’ (2 Tm 4, 2), como diz o Apóstolo — que por fim sua perseverança superou minha relutância. E, como nesses dias meu nome tinha alguma fama como estudante das Escrituras, ela nunca veio me ver sem que me perguntasse alguma questão relativa a elas; nem aquiescia logo às minhas explicações, pelo contrário, as debatia. Não era entretanto para discutir, mas para aprender as respostas às objeções que poderiam ser feitas aos meus pronunciamentos”. Com admiração, acrescenta: “Quanta virtude e habilidade, quanta santidade e pureza encontrei nela, espanto-me em dizer. [...] E o que em mim era o fruto de longo estudo e, como tal, feito pela constante meditação que se tornou parte de minha natureza, isso ela saboreou e fez como próprio dela” (Carta 127, 7).
     Quando São Jerônimo retirou-se para Belém, Santa Marcela ficou como árbitra em matéria de Sagrada Escritura para os discípulos que o santo deixara em Roma, inclusive alguns sacerdotes.
     São Jerônimo diz que Santa Marcela estava atenta à pureza da fé. E quando surgiram em Roma, ou nela se tornaram conhecidas algumas heresias como a dos pelagianos, ela pôs-se em guarda: “Consciente de que a fé de Roma — louvada por um apóstolo (Rm 1, 8) — estava agora em perigo, e de que essa nova heresia estava levando consigo não somente padres e monges, mas também muitos leigos, [...] ela resistiu a seus mestres, escolhendo agradar antes a Deus que aos homens” (Id. nº 9).
     A Santa desejou transferir-se para Belém, atendendo ao pedido de suas amigas Santas Paula e Eustóquia, mas preferiu continuar a vida ascética e penitente em Roma. Por volta do ano 399 mudou-se para um local mais isolado, nos arredores de Roma, onde vivia com a jovem Principia, sua discípula, mantendo entretanto sua casa no Aventino.
     Em 410, quando Alarico e os seus bárbaros invadiram Roma, encontraram a casa de Santa Marcela no prestigioso bairro do Aventino. Apesar dos seus 85 anos de idade, ela os recebeu sem nenhum temor. Quando perguntaram por ouro, mostrou-lhes seu pobre hábito como prova de que vivia na pobreza. Mas eles não acreditaram, e flagelaram-na impiedosamente. Esquecida de si mesma, ela só pedia que poupassem Principia, então ainda nova, pois sabia que a ela, octogenária, eles não ultrajariam, o mesmo não se dando com a jovem virgem. Afinal os bárbaros levaram as duas para a basílica de São Paulo Apóstolo, e lá as abandonaram. Poucos dias depois, Santa Marcela entregava sua alma a Deus (Id. nº 13).
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Notas:
1. Cfr. Saint Jerome, Letters, New Advent, CD-Rom.
2. Festejada dia 26 de janeiro.