sábado, 29 de abril de 2017

Beata Rosamunda, esposa e mãe – 30 de abril

     
Figura medieval com dama e guerreiro
     Rosamunda de Blaru, esposa de João, senhor de Vernon, foi a mãe de Santo Adjutor a quem deu uma esmerada educação cristã. João de Vernon e Rosamunda tiveram vários filhos: Adjutor, Ricardo, Mateus, Anzeray e uma filha cujo nome não se conhece. João e Rosamunda eram conhecidos por sua grande piedade e caridade. Rosamunda particularmente foi mesmo honrada com o título de beata.
     Quando João de Vernon faleceu, em 1094, seus domínios passaram para seu filho mais velho, Adjutor, que fora educado por São Bernardo, Abade de Tiron, na observância estrita da religião Católica.
     Em 1095, Adjutor partiu para a Terra Santa com duzentos cavaleiros para participar na 1ª Cruzada, deixando seus domínios nas mãos de seu irmão Mateus. Acompanhava-o seu irmão Ricardo. Próximo de Antioquia, estes valentes defensores do Cristianismo foram cercados por mil e quinhentos infiéis ameaçadores. Adjutor invocou Santa Maria Madalena, por quem a cidade de Vernon já tinha grande devoção, e subitamente os infiéis foram vítimas de uma violenta tempestade e fizeram meia-volta. Muitos tombaram sob as flechas dos homens de Adjutor.
     Tendo sido vítima de uma emboscada em Tambire, foi capturado, lançado numa prisão, carregado de correntes, duramente pressionado para renegar sua fé. Novamente Adjutor recorreu à sua Santa Protetora e foi miraculosamente transportado para Vernon, após ter ficado ausente por dezessete anos. O fato foi constatado pelo bispo Hugues de Rouen, mas uma hipótese leva a supor que na realidade Adjutor voltou para a França após a vitória de Antioquia.
     Segundo uma legenda, o santo reconheceu com alegria a floresta onde muitas vezes passara horas contemplando e rezando a Deus. Pediu então a um pastor que se encontrava próximo que fosse avisar sua mãe, a Duquesa Rosamunda, que seu filho tinha retornado. Conta ainda a legenda que quando Rosamunda chegou ao local onde fora dito que seu filho se encontrava, este agonizava.
     Após seu retorno, Adjutor mandou construir uma capela em honra de Santa Maria Madalena para agradecer a graça de voltar são e salvo ao seu país. Ele se tornou beneditino na Abadia de Tiron, mas logo preferiu a solidão de sua pequena capela, onde ele passou os últimos anos de sua vida como eremita, recebendo os doentes para lhes proporcionar algum remédio ao corpo e conduzir as almas à alegria de Deus.
     Santo Adjutor faleceu em Pressagny-l’Orgueilleux em 30 de abril de 1131.
     Ele tornou-se um santo muito popular entre os Normandos. Em Blaru, uma fonte milagrosa era o local onde a nutriz de Adjutor lavava suas roupas.
     Quanto a Duquesa Rosamunda de Blaru, como viúva recebeu o véu tornando-se religiosa e após sua morte foi sepultada junto a seu filho. Rosamunda logo foi venerada como beata e é comemorada no dia 30 de abril, junto com o filho, nas Dioceses de Chartres, Evreux e Rouen, no norte da França.
     O túmulo de Santo Adjutor existe ainda nos dias atuais.



Etimologia: Rosamunda = do germânico, “proteção ou protetora (mund) da glória (hroud)”; ou “boca (mund) vermelha (rothe)”.


quinta-feira, 27 de abril de 2017

Beata Hosana de Cattaro (Kotor) ou Catarina de Montenegro - 27 de abril

     
     A Beata Hosana de Kotor foi uma alma contemplativa que, como toda dominicana, se nutriu da Sagrada Escritura. Deus lhe concedeu o dom do conselho para guiar muitas almas para Ele. Nasceu e cresceu na Igreja Ortodoxa Grega e se converteu ao Catolicismo. Considerada em sua cidade patrona do movimento ecumênico, ela pode nos ajudar a encontrar os caminhos da unidade querida por Jesus para os seguirmos.
     Montenegro é um Estado situado nos Balcãs, às margens do Mar Adriático. No ano 2003 formou com a Sérvia a Federação de Sérvia-Montenegro e em 2006 foi declarada a independência de Montenegro, votada num plebiscito popular.
     Deve seu nome a Lobcen, a “montanha negra”, assim chamada devido a tonalidade dos bosques que cobrem seu cume. A montanha faz parte dos Alpes Dináricos.
     Podgorica, hoje capital da República de Montenegro, de 1466 a 1878 fez parte do império otomano e a partir de então pertenceu a Montenegro.
     Kotor, importante cidade portuária de Montenegro, é circundada por uma impressionante muralha. De 1420 a 1797 a cidade e seus arredores pertenciam à República de Veneza. Este território veneziano foi um baluarte contra a expansão dos turcos otomanos nos Balcãs.
     É uma das cidades medievais mais preservadas nesta parte do Mediterrâneo. Típica cidade dos séculos XII e XIV, sua configuração original se conservou bastante até nossos dias.
     A estrutura simétrica de suas ruas estreitas, praças, numerosos e valiosos monumentos da arquitetura medieval, contribuíram para que Kotor fosse colocada numa lista de “Patrimônio Cultural da Humanidade” da UNESCO. O sistema de fortificação de Kotor, que a protege do mar, é um paredão de 4.5 km de comprimento, 20 m de altura e 15 de largura, e é considerado um tesouro histórico.
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     Catarina Kosic nasceu em 25 de novembro de 1493 em Relezi, aldeia nas montanhas que pode ser vista a partir de Kotor. Hoje pertence à província de Podgorica. Seus pais, muito humildes, eram ortodoxos gregos e nesta fé Catarina foi batizada
     Durante sua infância e adolescência Catarina foi pastora de ovelhas. Com sua inclinação contemplativa soube descobrir, nas magníficas paisagens de sua formosa Montenegro, a beleza do Criador. Se enamorou do Autor de tantas maravilhas. Na solidão do monte, Deus se lhe mostrava e imprimia em seu coração uma atração irresistível.
     Catarina adolescente pensava que na cidade de Kotor, tendo ela tantas igrejas, poderia ter mais oportunidade de rezar, e convenceu sua mãe para ir para Kotor. Sua mãe conseguiu trabalho em Kotor: foi servir como criada numa casa de família de um senador, muito rico, ótimo católico.
     A família Bucá permitia que a jovem Catarina frequentasse a igreja, onde passava horas, que eram sua alegria. Em Kotor Catarina se converteu ao Catolicismo romano, se confessou e recebeu sua primeira Comunhão.
     Ela aprendeu a ler e a escrever durante seu tempo livre. Era de uma inteligência privilegiada. Leu livros religiosos em latim e italiano, e muito especialmente as Sagradas Escrituras.
     Em sua última adolescência Catarina se sentiu chamada a viver como anacoreta. Embora a considerassem muito jovem para tal vocação, seu diretor espiritual a aceitou e a fez emparedar em uma cela construída próximo da igreja de São Bartolomeu, em Kotor. Ela assim se retirou numa vida de ascetismo e de reclusão.
     Por uma janela Catarina podia assistir a Santa Missa e por outra as pessoas podiam se aproximar dela para pedir-lhe orações ou dar-lhe algum alimento. Catarina fez as promessas de costume de estabilidade e a porta foi selada.
     Entregue à contemplação dos mistérios divinos e à uma contínua oração, não se preocupou somente com sua salvação pessoal, mas colaborou eficazmente na dos demais, sendo-lhe atribuídas numerosas graças para sua cidade.
     A jovem desejava uma vida de total identificação com Cristo. Então, em 25 de janeiro de 1515, ingressou na Ordem Secular de São Domingos, tomando o hábito e mudando seu nome para Hosana, em honra a outra ilustre terciária: a Beata Hosana de Mântua, que havia falecido com fama de santidade em 1505. Seu confessor era o dominicano Frei Tomas Bosco.
     Depois de um terremoto que destruiu sua primeira ermida, se transladou, em 1521, para uma cela junto à igreja de São Paulo.
     Viveria como dominicana os 52 anos seguintes de sua vida, dedicada à contemplação da Paixão de Cristo, à penitência e às boas obras.
     Um grupo de irmãs dominicanas que surgiu em Kotor colocou sua residência próximo dela, a consultavam, ela as dirigia pelos caminhos da perfeição cristã. A consideravam sua fundadora, embora ela nunca tenha visto o local do convento.
     Em sua pequena cela, Hosana teve muitas visões. Via o Menino Deus, a Virgem Maria e vários santos. Viveu uma elevada união mística com Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Por sua vida santa, em Kotor a chamavam “a trombeta do Espírito Santo” e “mestra mística”. Pessoas de todas as partes vinham até ela em busca de conselho. Ela recebia as pessoas do povo que se aproximavam dela com grande alegria e levava todos a viver uma vida cristã autêntica.
     Hosana intercedeu particularmente pela paz na cidade e entre as famílias e por isso também era chamada de “virgem reconciliadora” e “anjo da paz”. Foi realmente um anjo tutelar para Kotor.
     Quando em 9 de agosto de 1539 a cidade foi atacada pelos turcos e Kotor se viu ameaçada, os cidadãos recorreram a Hosana para pedir-lhe ajuda. O povo atribuiu o triunfo a sua orações e conselhos.
     Em outra ocasião intercedeu para livrar Kotor de uma praga.
     A Beata Hosana faleceu no dia 27 de abril de 1565, na idade de setenta e dois anos. O seu corpo incorrupto ficou enterrado na igreja de São Paulo até 1807, quando o exército francês invasor converteu a igreja em um armazém, então seu corpo foi transladado para a igreja de Santa Maria, convento dos franciscanos.
     Em 1905 o processo para sua beatificação foi iniciado em Montenegro e terminou com êxito em Roma. Seu culto foi confirmado por Pio XI em 21 de dezembro de 1927, que a invocou como intercessora para a unidade da Igreja; foi beatificada em 1934. Sua festa é 27 de abril. É patrona da cidade de Kotor.

Fuente: dominicasorihuela.org


Etimologia: Hosana ou Hosaná, de origem cristã, do latim hosanna, do grego hosanná, derivado do aramaico hoshi’ahna: “salva, peço-te!” Vale o mesmo que salve!, viva!


domingo, 23 de abril de 2017

Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano – 26 de abril

     
     Nossa Senhora do Bom Conselho (em latim Mater boni consilii) é uma das invocações da Virgem Maria. Esta devoção está centrada num ícone da Virgem atualmente exposto em Genazzano, Itália, na Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho.
     As origens do ícone são envoltas em lendas e milagres. A história se divide em duas partes. A maioria dos relatos liga uma imagem de Nossa Senhora de Shkodra (Bom Conselho) cultuada na Albânia e o ícone atualmente venerado na Itália.
     Na Albânia Nossa Senhora era venerada desde tempos muito antigos sob este e outros títulos. Um deles é o de Zoja e Bekueme (Senhora Bendita), e havia muitas capelas a ela dedicadas. Especialmente uma delas, localizada em Shkodra, onde havia um ícone da Virgem, se tornou um centro de peregrinação durante as guerras contra os otomanos.
     Um dia, durante um cerco à cidade, dois albaneses devotos se postaram ao pé da imagem e rezaram para que pudessem escapar com segurança. Neste momento a imagem se desprendeu do altar e flutuou no ar, saindo da igreja. Os dois homens, Gjorgji e De Sclavis, seguiram a pintura, que finalmente os conduziu até Roma, onde desapareceu diante de suas vistas. Lá, depois de algum tempo, ouviram rumores sobre uma imagem da Virgem que aparecera miraculosamente em Genazzano. Acorreram para o local e identificaram a imagem como a sua venerada Zoja e Bekueme. Depois disso os dois fixaram morada na cidadezinha.
     Aqui inicia a outra parte da história. Quando o Papa Sisto III solicitou ajuda dos fiéis para renovações na Basílica de Santa Maria Maggiore, o povo de Genazzano contribuiu generosamente, recebendo em troca um terreno na sua cidade, onde foi erguida uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho. Com a passagem do tempo a igreja, sem cuidados, foi caindo em ruínas.
     Em 1467, uma viúva do local, Petruccia de Geneo, sentiu-se movida a reparar o templo com seus próprios, mas reduzidos, recursos. Sem encontrar ajuda, ela gastou o que possuía sem conseguir terminar as obras.
     Na festa de São Marcos, em 25 de abril daquele ano, a população se reuniu para festejar o santo padroeiro da cidade. Por volta das 16h o povo ouviu uma bela música e procurou de onde vinha. Então viram uma nuvem, e em meio ao céu claro, descer do céu e cobrir uma das paredes inacabadas da igreja, lá permanecendo por algum tempo. Quando a nuvem se dissipou, a população atônita viu sobre a parede uma pintura da Virgem com o Menino onde nada existia antes, e então os sinos começaram a tocar sozinhos, atraindo as pessoas de longe para ver o que estava acontecendo. A própria Petruccia, que estava longe, veio depressa, e ao ver a imagem caiu em prantos.  
   Depois da notícia se espalhar por toda a Itália, peregrinos começaram a chegar de todos os lugares, e assinalou-se a ocorrência de muitos milagres diante da pintura. Foi tão grande o número de prodígios que foi indicado um notário para registrar os mais notáveis, e este registro ainda existe, listando 171 milagres.
     Além de suas propriedades miraculosas, a imagem por si mesma é extraordinária, pois ela desde o século XV permanece como que suspensa no ar, sem moldura ou fixação, afastada da parede cerca de três centímetros, apenas parcialmente tocando uma base em sua borda inferior. Relatos diversos afirmam ainda que a fisionomia da Virgem muda de acordo com certas circunstâncias.
     O povo da Albânia não esqueceu da imagem desaparecida, e ainda a festeja duas vezes no ano, rezando para que ela volte para sua antiga casa. Pio XII colocou seu papado sob a proteção da Virgem do Bom Conselho.

Nossa Senhora do Bom Conselho, da Itália para o Brasil
Maravilhosa história do quadro venerado há várias décadas na igreja de São Luís, na capital paulista
     Ensina-nos o Catecismo que, entre as Obras de Misericórdia espirituais, a primeira é "dar bom conselho". Em meio ao terrível caos mental da sociedade contemporânea, o que o homem mais precisa é dessa Obra de Misericórdia. Assim, a devoção à Nossa Senhora do Bom Conselho reveste-se de importância capital.
     Catolicismo já publicou várias matérias sobre o milagroso afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho, venerado na cidade italiana de Genazzano. Apresentamos a seguir, resumidamente, a história de uma cópia desse afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho, que a própria Mãe de Deus quis enviar ao Brasil.
Dois irmãos da cidade de Itu tornam-se jesuítas
     Em meados do século XVIII, na tradicional cidade paulista de Itu, os irmãos Miguel e José, da família Campos Lara, uma das mais distintas da localidade, eram noviços da Companhia de Jesus.
     A combativa Ordem fundada pelo grande Santo Inácio de Loyola era então muito perseguida. Em 1760, o Rei de Portugal D. José I -- influenciado por seu ímpio ministro Marquês de Pombal -- expulsou de Portugal, Brasil e outras colônias a Companhia de Jesus.
     Jovens de verdadeira têmpera, os irmãos Campos Lara acompanharam os jesuítas em sua viagem de exílio a Roma. Na Itália, tendo concluído os estudos, receberam a ordenação sacerdotal. Pouco tempo depois, faleceu o Padre Miguel. Quanto ao Padre José, foi enviado por seus superiores a vários lugares.
     Porém, os governos ímpios de vários países vinham exercendo fortes pressões para que o Papa extinguisse a Companhia de Jesus. As coisas chegaram a tal ponto que, em 1773, Clemente XIV fechou-a.
     Por mais terrível e inexplicável que fosse aquela dificuldade, o Padre José de Campos Lara não desanimou. Confiou em Nossa Senhora, e a Virgem enviou-lhe um embaixador celeste para ajudá-lo.
Encontro com um Anjo nas areias da praia
     Corria o ano de 1785, e fazia 25 anos que o Padre José deixara o Brasil. Quando passeava pensativo por uma praia deserta, deparou com um jovem que lhe ofereceu um quadro a óleo representando a Mãe do Bom Conselho, e dizendo-lhe que o levasse para o Brasil. E, ao mesmo tempo, lhe anunciou que no lugar onde Ela fosse venerada erguer-se-ia um grande colégio jesuíta.
     Respondeu-lhe o sacerdote não dispor de recursos para a viagem. Mas o jovem desconhecido garantiu-lhe que o comandante de um navio prestes a partir o admitiria gratuitamente. Consolado, quis o Padre Campos Lara despedir-se de seu interlocutor, mas eis que este havia desaparecido. Persuadido de que se tratava de um Anjo, dirigiu-se ao cais e encontrou o navio indicado. Seu capitão concordou em aceitá-lo como passageiro gratuito.
Regresso a Itu
     Depois de longa viagem, o navio chegou finalmente a Santos, de onde o Padre José dirigiu-se com o quadro para a sua cidade natal, Itu. Seus pais, já falecidos, haviam-lhe deixado de herança uma chácara, na qual ergueu uma capela para venerar a imagem do Bom Conselho.
     A primeira parte da profecia do Anjo estava cumprida. O Padre Campos Lara agradeceu à Mãe do Bom Conselho, e continuou a rezar e a confiar. Agora faltava a restauração da Companhia de Jesus, para que pudesse ser erguido o colégio jesuíta.
     Ao completar 35 anos de seu retorno ao Brasil, cerrou para sempre os olhos o Padre José de Campos Lara.
Ergueu-se o Colégio Jesuíta, após 87 anos
     Anos depois, a chácara do Padre Campos Lara foi doada à Companhia de Jesus, cujas atividades no Brasil haviam se reiniciado. Nesse local, em 1868, os filhos de Santo Inácio ergueram um grande colégio.
     Em 1872, o quadro da Mãe do Bom Conselho foi entronizado no altar-mor da nova igreja, anexa ao colégio.
     E quando o colégio foi transferido para a cidade de São Paulo, em 1918, com ele foi também o quadro. Hoje ele se encontra numa capela interna no edifício atual do Colégio São Luís, ao lado da igreja de mesmo nome.
     Quando estudante do Colégio São Luís, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira rezou muitas vezes diante do milagroso quadro. Durante toda sua heroica existência, sempre teve ardentíssima devoção à Nossa Senhora, particularmente sob a invocação de Mãe do Bom Conselho de Genazzano.

Fontes
www.catolicismo.com.br - Abril de 1996

pt.wikipedia.org/.../Nossa_Senhora_do_Bom_Conselho

sábado, 22 de abril de 2017

Santa Felipa Mareri, Clarissa – 24 de abril

   
      A primeira Clarissa a ser honrada com culto público não foi Santa Clara, mas a Beata Felipa Mareri, morta em 1236, quando Santa Clara ainda vivia em São Damião, em Assis.
     Felipa nasceu no final do século XII, cerca do ano 1195, da nobre família dos Mareri, no castelo de sua propriedade situado em San Pietro de Molito, hoje Borgo San Pietro, província de Rieti.
     O fundador da baronia da família Mareri foi Felipe, que teve pelo menos quatro filhos: Tomás, Gentil, Felipa e outra filha cujo nome se desconhece. O maior incremento da fama e fortuna da família se deveu a Tomás, que foi um alto funcionário do imperador Frederico II.
     Felipa começou já na infância a dar mostras de virtude pouco comum e de aptidão excepcional para os estudos. Era-lhe familiar a língua latina o que a ajudou na leitura das Escrituras.
     Orientada para a vida de perfeição por São Francisco de Assis nos anos 1221-1225, quando o Santo, peregrinando pelo Vale de Rieti, se hospedava na casa de seus pais, Felipa tomou ainda jovem a decisão de consagrar-se a Deus, e se manteve com tal firmeza em seu propósito, que não conseguiram dobrar sua vontade nem as pressões dos parentes, nem as ameaças de seu irmão Tomás, nem as ofertas e pedidos de seus pretendentes.
     Diante da atitude de seus familiares, Felipa, como anos antes Santa Clara de Assis, cortou por si própria o cabelo, vestiu hábito pobre e, junto com sua irmã e algumas companheiras, se refugiou em uma gruta nas montanhas próximas de seu castelo, desde então chamada “Gruta de Santa Felipa”.
     Ela a adaptou com austeridades para seus fins e ali permaneceu até que seus irmãos Tomás e Gentil subiram ao monte para solicitar-lhe o perdão e ofereceram às servas de Deus uma igreja dedicada a São Pedro e, com uma ata notarial datada de 18 de setembro de 1228, lhe deram o castelo de sua propriedade em San Pietro de Molito e a antiga igreja beneditina anexa.
A "Gruta de Sta. Felipa"
     Para ali se trasladaram Felipa e suas seguidoras, e em seguida começaram a organizar sua vida claustral seguindo a forma de vida e as normas que São Francisco havia dado a Santa Clara e a suas irmãs do mosteiro de São Damião em Assis.
     São Francisco indicou um de seus primeiros companheiros, o Beato Rogério de Todi, para dirigir espiritualmente a Beata e as Clarissas do mosteiro por ela fundado. Para tanto, Rogério se trasladou para o Vale de Rieti, e ali permaneceu cumprindo sua missão até a morte da Beata em 1236.
     O Beato Rogério de Todi, por seu equilíbrio, associado ao mais fervoroso zelo missionário, fora enviado por São Francisco à Espanha para implantar ali a Ordem Franciscana. Erigiu conventos, acolheu religiosos que soube formar no espírito seráfico e os organizou como Província religiosa. Terminada sua missão, regressou à Itália.
     Com os sábios conselhos do Beato Rogério, homem de grande fervor e não menor prudência, a comunidade de Felipa Mareri, se firmou exemplarmente na Regra da Ordem Segunda. Felipa se ligou com afetuosa devoção ao franciscano de Todi, sob cuja direção a comunidade por ela querida progredia na perfeição.
     O mosteiro logo se converteu em uma escola de santidade. A ocupação principal da comunidade monástica era o culto e o louvor de Deus, a vida litúrgica, a leitura e o estudo da Sagrada Escritura, a oração e a contemplação. Porém, ao mesmo tempo, o trabalho era tido em grande consideração, como também o atendimento dos pobres e o apostolado.
     No mosteiro eram preparados remédios que eram distribuídos gratuitamente aos doentes pobres. O fervor da caridade nas palavras e nas obras, bem como o estilo de vida daquelas Clarissas, com Felipa à frente e todas seguindo o Santo de Assis, fizeram reviver a vida evangélica no Vale de Rieti, como antes havia acontecido no Vale de Espoleto.
     Quando Felipa se sentiu próxima da morte, pediu a presença do Beato Rogério. Ela morreu no seu mosteiro no dia 16 de fevereiro de 1236. Nas orações fúnebres o Beato Rogério a invocou como se faz aos santos.
     O Beato Rogério de Todi sobreviveu pouco a sua filha espiritual: faleceu em 1237 e Bento XIV aprovou o seu culto em 24 de abril de 1751.
O novo santuário 
     Logo o túmulo de Felipa se converteu em meta de peregrinações e as graças e os favores extraordinários alcançados de Deus por sua intercessão se multiplicaram.
     Em 1706 foi feito um reconhecimento de seus restos mortais e se constatou que seu coração permanecia incorrupto e é ainda hoje conservado em um relicário de prata.
     O Papa Inocêncio IV deu o título de “santa” a Felipa em uma bula de 1247, mas foi o Pio VII quem, em 30 de abril de 1806, confirmou seu culto imemorial e aprovou a missa e o ofício em sua honra.
     Em 1940, o antigo Borgo San Pietro e o mosteiro de Clarissas fundado por Santa Felipa ficaram submersos sob as águas de um novo lago artificial, às margens do qual foi reconstruído tanto o mosteiro como o povoado. A capela do século XIII, onde eram venerados os restos mortais da Santa, foi restaurada na nova igreja com as mesmas pedras medievais, e foi decorada com os afrescos que a adornavam no antigo mosteiro.

     No Borgo de San Pietro a Santa é comemorada no dia 16 de fevereiro, data de seu nascimento para o céu.


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Santa Helena (Eliena, Elena) de Laurino, Virgem eremita – 20 de abril

Martirológio Romano: No território de Laurino, perto de Paestum, em Campania, Santa Helena, virgem, que, forte nas obras de Cristo, retirou-se para um lugar solitário onde serviu incansavelmente Deus nas necessidades dos religiosos e dos doentes.

     Santa Helena nasceu em Laurino (SA) no início do século VI. A família Consalvo, que deu à luz Helena, segundo os historiadores e biógrafos na época não era particularmente rica, mas era feita de pessoas honestas.
     Mas a bondade de Helena, que superava todo o material, apesar da dor de se afastar da família, levou-a a abandonar sua casa, indo em direção às colinas que cercavam a cidade. Ela retirou-se num lugar isolado, no coração da montanha, perto da atual cidade chamada Pruno, fixando-se numa caverna que passou a ser sua casa.
     Ali começa a vida de Helena como anacoreta, a vida de uma santa eremita, em estreito contato com o Deus que ela tanto amava, longe dos afetos e de qualquer sinal de vida humana, no meio da vegetação, onde o céu é límpido e visível, o mesmo céu que abrirá caminho para a vida eterna.
     Ela morreu após 21 anos de vida eremita, em 530.
     Segundo a legenda, que ainda tem algo de histórico, na gruta de Pruno seus ossos foram encontrados e transladados pelo então bispo para sua catedral. Dali foram provavelmente sequestrados pelos franceses, na crença de que esses restos tinham pertencido à Imperatriz Helena e foram levados para sua terra natal.
     Na segunda metade de 1200, as relíquias foram novamente transladadas para Campania, por Margarida de Borgonha, esposa de Carlos I de Anjou. Margarida doou o corpo da Santa a Santo Eleazar de Sabran, conde de Ariano, que por sua vez o doou à Catedral de Ariano. Até 1622 o seu corpo ficou sepultado ali sob o altar maior da Catedral, em uma urna de madeira preta, A maior parte das relíquias foram doadas pelo bispo de Ariano, Trotta, em 1882, a cidade de Laurino, a cidade natal de Helena, onde a Santa é muito venerada. Ela repousa numa urna colocada no interior da Colegiada de Santa Maria Maior, em Laurino.
     Laurino, na província de Salerno, a festeja em 22 de maio, 18 de agosto e 29 de junho. Ali, onde ficava sua casa natal foi erigida uma igreja dedicada a Santa.
     Em Pruno, onde tradicionalmente Helena retirou-se numa ermida, uma porta fecha a gruta que mantém dentro um pequeno altar de 1730. O lugar é ponto de peregrinação no dia 29 de junho.

     O Martirológio Romano a recorda no dia 20 de abril.





segunda-feira, 17 de abril de 2017

Beata Clara de Pisa, Viúva, Monja Dominicana – 17 de abril

     
     

     A Beata Clara era filha de Pedro Gambacorta, que chegou a ser praticamente o senhor da República de Pisa. Clara nasceu em 1362; seu irmão, o Beato Pedro de Pisa (17 de junho), era sete anos mais velho. Pensando no futuro de sua filha, que em família era chamada de Dora, apócope de Teodora, seu pai a prometeu em casamento a Simão de Massa, rico herdeiro, embora a menina tivesse apenas 7 anos. Apesar da tenra idade, Dora costumava tirar o anel de noivado durante a missa e murmurava: “Senhor, Tu sabes que o único amor que eu quero é o Teu”.
     Quando os pais a enviaram para a casa de seu esposo, aos doze anos de idade, ela já havia começado sua vida de mortificação. Sua sogra mostrou-se amável com ela, mas quando percebeu que era demasiado generosa com os pobres, proibiu sua entrada na despensa da casa. Desejosa de praticar de algum modo a caridade, Dora se uniu a um grupo de senhoras que assistiam aos enfermos e tomou a seu encargo uma pobre mulher cancerosa.
     A vida matrimonial de Dora durou muito pouco tempo: tanto ela como seu esposo foram vítimas de uma epidemia na qual seu marido perdeu a vida. Como Dora era muito jovem, seus parentes pensaram em casá-la de novo, mas ela se opôs com toda a energia de seus 15 anos.     
     Santa Catarina de Siena exerceu uma profunda influência sobre a Beata Clara. Em 1375, por pedido de Pedro Gambacorta, Catarina foi a Pisa para colaborar nos entendimentos da região. Quando Dora conheceu Catarina era uma jovenzinha casada.     Pisa foi importante para Catarina: ali recebera os estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda se conserva cartas de Santa Catarina a Dora. Na primeira, a Beata Clara ainda era casada. A segunda carta foi escrita em 1377, quando Dora já era viúva, para aconselhá-la a ingressar na vida religiosa. Quando em 1380 Santa Catarina faleceu, Clara tinha 18 anos e era monja dominicana.
     A carta de Catarina animou Dora: ela cortou os cabelos e distribuiu aos pobres os seus ricos vestidos, o que causou indignação de sua sogra e de suas cunhadas. Depois, com a ajuda de uma de suas criadas planejou sua entrada secreta na Ordem das Clarissas Pobres. Quando tudo estava pronto, fugiu de casa para o convento, onde recebeu imediatamente o hábito e mudou seu nome para Clara.
     No dia seguinte seus irmãos se apresentaram no convento para buscá-la; as religiosas, muito assustadas, colocaram-na pelo muro nos braços de seus irmãos, que a levaram para casa. Ali Clara ficou como prisioneira durante seis meses, porém nem fome nem ameaças conseguiram fazê-la mudar de resolução. Então seu pai mudou de atitude convencido pelo bispo, Afonso de Valdaterra, íntimo amigo da família Gambacorta e que havia sido o último diretor espiritual de Santa Brígida da Suécia.
     Pedro não só permitiu que sua filha ingressasse no convento dominicano da Santa Cruz, como também construiu o novo convento de São Domingos. (Na 2ª. Guerra Mundial o convento foi seriamente danificado e as monjas se transladaram para o Palácio Serafini, onde construíram uma nova igreja e o adaptaram como convento. Ali estão as relíquias da Beata Clara.)
     No convento Clara conheceu Maria Mancini, que também era viúva e ia alcançar um dia a honra dos altares. Os escritos de Santa Catarina de Siena exerceram profunda influência nas duas religiosas que no novo convento, fundado por Pedro Gambacorta em 1382, conseguiram estabelecer a regra com todo o fervor da primitiva observância.
     A Beata Clara foi primeiro sub-priora e em seguida priora do convento, do qual partiram muitas das santas religiosas destinadas a difundir o movimento de reforma em outras cidades da Itália. Até hoje na Itália as religiosas de clausura de São Domingos são chamadas “as irmãs de Pisa”. No convento da beata reinava a oração, o trabalho manual e o estudo. O diretor espiritual de Clara costumava repetir às religiosas: “Não se esqueçam nunca de que em nossa ordem há poucos santos que não tenham sido também sábios”.
     Durante toda sua vida Clara teve que enfrentar dificuldades econômicas, pois o convento exigia constantemente alterações e novos edifícios. Apesar disto, em uma ocasião em que chegou às suas mãos uma grande soma que podia empregar no convento, preferiu dá-la para a fundação de um hospital. Mas, as virtudes em que ela mais se distinguiu foram, sem dúvida, o senso do dever e o espírito de perdão, que praticou em grau heroico.
     Tiago Appiano, a quem Gambacorta havia ajudado sempre e em quem colocara toda sua confiança, o assassinou a traição quando este se esforçava por manter a paz na cidade. Dois de seus filhos morreram também nas mãos dos partidários o traidor. Outro dos irmãos de Clara, que conseguiu escapar, chegou a pedir refúgio no convento da beata, seguido de perto pelos inimigos. Mas Clara, consciente de que seu primeiro dever consistia em proteger suas filhas contra a turba, negou-se a introduzi-lo na clausura. Seu irmão morreu assassinado diante da porta do convento, e a impressão fez Clara adoecer gravemente. Entretanto, a beata perdoou Appiano de todo coração, pedindo-lhe que enviasse um prato de sua mesa para selar o perdão compartilhando sua comida. Anos mais tarde, quando a viúva e as filhas de Appiano se encontravam na miséria, Clara as recebeu no convento.
     A beata sofreu muito até o fim da vida. Recostada em seu leito de morte, com os braços estendidos, murmurava: “Meu Jesus, eis-me aqui na cruz”. Pouco antes de morrer, um radiante sorriso iluminou seu rosto e a beata abençoou suas filhas presentes e ausentes. Tinha, ao morrer, 57 anos. Seu culto foi confirmado em 1830.
     Uma religiosa, contemporânea da beata, escreveu sua biografia em italiano; na Acta Sanctorum, abril, vol. II, se encontra traduzida para o latim. Algumas cartas de Santa Catarina de Siena também foram publicadas. Ver M. C. Ganay, Les Bienheureuses Dominicaines (1913), pp. 193- 238; e Procter, Lives of the Dominican Saints, pp. 96-100. A biografia mais completa é a de Taurisano, Catalogus hagiographicus O.P., p. 34.

Martirológio Romano: Em Pisa, na Toscana, Beata Clara Gambacorta que, ao perder seu esposo muito jovem, aconselhada por Santa Catarina de Siena fundou o mosteiro de São Domingos sob uma regra austera e dirigiu com prudência e caridade as Irmãs, distinguindo-se por haver perdoado o assassino de seu pai e de seus irmãos.

 Fonte: dominicasorihuela.org  


quinta-feira, 13 de abril de 2017

As Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

    
     Santo Aníbal Maria Di Francia, o qual era recebido, com frequência, em audiência pelo Papa São Pio X, sendo muito seu amigo, chegou à casa de Luísa Piccarreta com uma notícia muito agradável. Tendo sido recebido em audiência pelo Papa quis dar-lhe a conhecer "As Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo" que ele próprio estava a difundir e leu-lhe algumas páginas do livro, concretamente, a Hora da Crucificação e a um certo ponto o Papa interrompeu-o e disse-lhe: "Padre, este livro deve ler-se de joelhos, é Jesus Cristo quem fala!"
O que são as Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo?
     Com a idade de 17 anos, Luísa Piccarreta fez uma novena de preparação para o Natal com nove horas de meditação, e depois de a ter terminado, Nosso Senhor convidou-a a meditar de forma contínua as últimas 24 horas da Sua Paixão, a partir do momento em que Ele se despediu da Sua Mãe (antes de instituir a Eucaristia), até ao momento em que foi sepultado.
     Meditar uma Hora da Paixão significa unirmo-nos a Jesus, para fazer o mesmo que Ele fazia, em cada momento da Sua Paixão, como por exemplo: as orações e reparações que Ele fazia ao Seu Pai, no Seu interior, quando era flagelado, coroado de espinhos, crucificado, etc.

 Oração antes de cada Hora

     Ó meu Senhor Jesus Cristo, prostrado na tua presença divina, suplico ao Teu amorosíssimo Coração que me admita à dolorosa meditação das 24 Horas da Tua Paixão, durante as quais, por nosso amor, tanto sofreste no Teu corpo adorável e na Tua alma santíssima, até à morte de cruz. Ajuda-me e dá-me graça, amor, profunda compaixão e compreensão dos Teus sofrimentos, enquanto agora medito a Hora ____.
     Ó Maria, Mãe Dolorosa, faz-me sentir a compaixão do Teu coração trespassado, por Jesus agonizante no Getsêmani. Assim seja.

Hora                                 Capítulo da Paixão

Das 5 às 6 da tarde                            Jesus despede-se de sua Mãe.

     Há uma invocação de Na Sra que quero lembrar especialmente. É a da advogada dos pecadores. Nosso Senhor é Juiz. E por maior que seja a sua misericórdia, não pode também deixar de exercer a sua função de juiz. Nossa Senhora, porém, é só advogada. E ninguém ignora que não é função do advogado outra coisa senão defender o réu. Assim, pois, dizer que Nossa Senhora do Sagrado Coração é nossa advogada implica em dizer que temos no Céu uma advogada onipotente, em cujas mãos se encontra a chave de um oceano infinito de misericórdia. 
     O que de melhor para se mostrar a esta humanidade pecadora, à qual, se não se fala de Justiça de Deus, se embota cada vez mais no pecado, e se dela se fala desespera de se salvar? Mostremos a Justiça: é um dever cuja omissão tem produzido os mais lamentáveis frutos. Ao lado da Justiça que fere os impenitentes, nunca nos esqueçamos, entretanto, da misericórdia que ajuda o pecador seriamente arrependido a abandonar o pecado e, assim, a se salvar.    Legionário, N.º 410, 21 de julho de 1940


Das 6 às 7 da tarde                            Jesus vai para o Cenáculo
Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa. Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos? Ele respondeu: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar, e direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos? Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos. Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. (Lc 22, 7-13)

Das 7 às 8 da noite                            A Ceia
Durante a ceia, quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo, sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela. Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós. (Jo,13, 2-5.12-15)

Das 8 às 9 da noite                             A Instituição da Eucaristia
Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é Meu CORPO. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é Meu SANGUE, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais desse fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de Meu Pai. (Mt. 26, 26-29)


Das 9 às 10 da noite                          Primeira hora de agonia no Horto das Oliveiras
Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. (Mt 26, 36-38)

    
Das 10 às 11 da noite                        Segunda hora de agonia no Horto das Oliveiras
Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. (Mt 26, 39) Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo. (Lc 22, 43). Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. (Lc 22, 44)


Das 11 à meia-noite                           Terceira hora de agonia no Horto das Oliveiras
Voltando aos discípulos, encontrou-os dormindo, acabrunhados pela tristeza, e disse a Pedro: “Simão, tu dormes? Assim não pudeste velar uma hora comigo? Vigiai e orai para não entrardes em tentação porque o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.



Da meia-noite à 1 da madrugada       A prisão de Jesus
Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor combinara com eles este sinal: Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o! Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve, Mestre. E beijou-o. Disse-lhe Jesus: É, então, para isso que vens aqui? (Mt 26, 47-50)

Da uma às 2 da madrugada               Jesus é lançado do precipício e cai na torrente Cedron
Voltando-se para os príncipes dos sacerdotes, para os oficiais do templo e para os anciãos que tinham vindo contra ele, disse-lhes: Saístes armados de espadas e cacetes, como se viésseis contra um ladrão. Entretanto, eu estava todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e do poder das trevas. (Lc 22, 52-53)


Das 2 às 3 da madrugada                  Jesus é apresentado a Anás
Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: Convém que um só homem morra em lugar do povo. Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, porém Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo (que era conhecido do sumo sacerdote) saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar. O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas. Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei. A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote? Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates? (Jo 18, 13-23)


Das 3 às 4 da madrugada                  Jesus em casa de Caifás

Anás enviou o preso ao sumo sacerdote Caifás. (Jo 18, 24) Enquanto isso, os príncipes dos sacerdotes e todo o conselho procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de o levarem à morte. (Mt 26, 59) Levantaram-se, então, alguns e deram esse falso testemunho contra ele: Ouvimo-lo dizer: Eu destruirei este templo, feito por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, que não será feito por mãos de homens. Mas nem neste ponto eram coerentes os seus testemunhos. O sumo sacerdote levantou-se no meio da assembléia e perguntou a Jesus: Não respondes nada? O que é isto que dizem contra ti? Mas Jesus se calava e nada respondia. (Mc 14, 57-61) O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito? Jesus respondeu: Eu o sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu. O sumo sacerdote rasgou então as suas vestes. Para que desejamos ainda testemunhas?!, exclamou ele. Ouvistes a blasfêmia! (Mc 14, 64-64)