sábado, 31 de outubro de 2015

Beata Irene Stefani, Missionária - 31 de outubro

    
     Irmã Irene Stefani, no século Maria Mercedes Stefani, nasceu no dia 22 de agosto de 1891 em Anfo, no Val Sabbia (Brescia, Itália).
     Em 19 de junho de 1911, aos 19 anos de idade, deixou sua terra natal, Anfo, onde já era conhecida como “o anjo dos pobres”, e se dirigiu a Turim onde o Beato José Allamano, o fundador do Instituto dos Missionários da Consolata, aca­bava de dar inicio também às Missionárias da Consolata. Ele a recebeu no pequeno grupo das primeiras jovens desejosas de entregar a vida a Deus por meio da obra missionária.
     Terminada sua preparação, até fins de 1914, com confiança e humilde valentia, aceitou com entusiasmo o mandato para as missões do Quênia, consciente das dificuldades que a esperavam. Seu coração não treme, porque está confiante em Deus. Em 29 de janeiro de 1914, dia de sua consagração a Deus, Irmã Irene condensou em poucas linhas seu programa de vida: “Só Jesus! Tudo com Jesus... Toda de Jesus... Tudo para Jesus... Nada para mim”.
     Chegou ao Quênia em janeiro de 1915, experimentou a pobreza extrema, o cansaço, a solidão. Teve que se esforçar para aprender um idioma novo e penetrar em uma cultura muito diferente. Irmã Irene encontrou espaço em seu coração para aquele mundo ao qual se entregava com todo seu ser: é mulher humilde, cheia de fé ardente, de caridade intrépida e esperança inquebrantável para anunciar que Jesus é o Filho de Deus e o Salvador da humanidade.
     Em 1915, poucos meses após sua chegada ao Quênia, os efeitos da 1ª guerra mundial são sentidos nas colônias inglesas e alemãs, e envolvem diretamente numerosos missionários presentes na África Oriental.
     A partir de agosto de 1916, Irmã Irene exerce a tarefa de enfermeira da Cruz Vermelha no Quênia e na Tanzânia nos hospitais de campo erguidos pelos “carriers”, os trezentos mil e mais indígenas mobilizados pelos ingleses para defender e alargar suas fronteiras. Com piedade e abnegação ela passa dias e noites nas grandes tendas onde se amontoam até dois mil enfermos e feridos. Naquelas condições miseráveis falta tudo, porém Irmã Irene supre a falta de remédios e de assistência médica multiplicando os gestos de caridade e de afeto maternal a cada um desses po­bres jovens. “Essa irmã é um anjo”, eram os comentários.
     No fim da guerra Irmã Irene voltou para o Quênia, entre seus Agikuyus, e se entregou totalmente à obra de evangelização com inesgotável espírito apostólico. Ela era mestra, enfermeira, parteira, visitadora familiar e a todos levava amor e gestos concretos de solidariedade. Tanto que as pessoas começaram a chamá-la com carinho “Nyaatha”, que significa “a mãe toda misericórdia”.
     Ao completar 39 anos de idade, diante das necessidades incalculáveis da obra missionária e sempre mais consciente de sua pequenez, Irmã Irene sentiu um chamado interior para oferecer a Deus o supremo sacrifício de sua vida para o advento do seu reino. Duas semanas apenas depois do seu oferecimento, assistindo um doente de peste que morreu em seus braços, contraiu a mesma doença que em poucos dias a levou a morte, vítima de sua caridade heroica.
     Era o dia 31 de outubro de 1930. Enquanto a dolorosa notícia de sua morte se difundia, as pessoas aturdidas e consternadas acorriam em massa à missão para ver seu rosto pela última vez, superando o temor supersticioso dos mortos, ainda muito arraigado naquele tempo.
     Meio século depois, a Igreja de Nyeri (Quênia) e a de Turim pediram à Congregação dos Santos em Roma que sejam reconhecidas as virtudes heroicas de Irmã Irene Stefani, para a glória de Deus e exemplo aos fieis.
     Seus restos, exumados em 1995, repousam na igreja da Consolata em Nyeri ­Mathari (Quênia). Ela foi proclamada Venerável em 2 de abril de 2011. Após o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão, Irmã Irene Stefani foi beatificada em 23 de maio de 2015.
A água que se multiplicou
     O milagre aprovado pela Igreja é atípico e raro: uma pia batismal utilizada em batismos, com restos de água, misteriosamente não se esgotou nos três dias em que foi consumida por cerca de 250 pessoas escondidas numa igreja de Nipepe (Moçambique), que haviam fugido dos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
     Irmã Anair Voltolini, catarinense de Blumenau, que foi missionária por oito anos em Moçambique e hoje é a Provincial da Congregação da Consolata em São Paulo, conhece bem o milagre, pois sua missão estava distante apenas 130 km de Nipepe e ainda hoje há inúmeras testemunhas do fato. Ela conta “que apenas havia algumas bolachas para todas as pessoas. Não havia banheiros. Duas salas da igreja foram reservadas para as necessidades fisiológicas dos homens e mulheres. A única água existente eram seis litros que ficaram armazenados num tronco da pia batismal. No domingo anterior tinha havido batizados na paróquia. Durante estes três dias, todas as 250 pessoas tomaram dessa água que nunca secava, inclusive durante o evento nasceu uma criança que foi lavada com a mesma água”.
     “Um verdadeiro milagre científico. Depois de três dias, um homem saiu da igreja e foi obrigado a denunciar os demais. Os guerrilheiros entraram no recinto e obrigaram a homens e mulheres a viajar com eles até a base da Renamo, 200 km distante da vila”.
     O padre Frizzi estava celebrando a missa quando se deu o ataque. Os guerrilheiros, depois de pilharem a Missão e as casas dos catequistas, obrigaram o missionário a escolher um grupo de homens para carregarem os bens roubados e acompanhá-los até à sua base. O padre se negou proceder a tal escolha e evitou a todo o custo que alguém fosse levado com eles. Segundo a tradição maúa, sentou-se no chão, como sinal de recusa.
     Seguiu-se um longo impasse. O missionário negava-se a deixar partir a sua gente e os guerrilheiros não queriam voltar sozinhos. Ao final, alguns ficaram com o padre e as demais famílias com mulheres e crianças foram forçadas a ir para a base. Passados dois meses, todos fugiram e voltaram para Nipepe são e salvos. Um grande milagre da Irmã Irene.
Publicado no Jornal digital Parceiros das Missões, n.35, maio de 2015

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Santa Balsâmia, nutriz de São Remígio - 27 de outubro

    
     A qualificação que Santa Balsâmia trouxe com ela ao calendário é a de ama de leite, ou nutriz.
     A prática da amamentação pela ama de leite é hoje menos comum, justamente por ser objeto de críticas de caráter médico, de higiene e até mesmo psicológico. Mas houve um tempo em que era uma instituição de grande importância do ponto de vista social, enquanto numa plano de vida familiar era a resposta inevitável para os hábitos das esposas dos dias passados.
     A delicadeza das funções de uma nutriz, que era algo mais do que uma máquina de amamentar, explica a propagação do culto das santas amas de leite e especialmente a popularidade de Santa Balsâmia, muito viva nos séculos da Idade Média.
     A figura desta santa é muito pitoresca, mas também bastante nebulosa. Na França, na Diocese de Reims, ela é homenageada como a ama de leite de São Remígio, bispo daquela cidade. Reflete sobre ela a glória de um filho de leite de excepcional importância, porque São Remígio foi quem levou à conversão a Rainha Clotilde, depois ao seu marido Clovis, com todos os seus cavaleiros francos. Com a conversão de Clóvis, por parte de São Remígio, começou a história cristã da França, “a filha primogênita da Igreja", e nesta história, naquela prole, mesmo o leite de Santa Balsâmia parecia ter algum peso.
     Já dissemos que São Remígio é considerado pelos franceses quase como um segundo João Batista, profeta e precursor do Verbo cristão na França. Diz-se que também ele foi abençoado no ventre da mãe, Santa Celina, que corresponderia então a Santa Isabel, mãe de João Batista.
     Mas com a santa de hoje, Balsâmia, São Remígio teria algo mais do que o mesmo São João. Teria como santa até mesmo a nutriz, cujo nome no entanto aparece no final do século X e que, além de ama de leite, foi chamada mãe de santos, porque São Celsino seria um de seus filhos.
     Na França, ela foi chamada de Santa Nutriz, depois prevaleceu o nome de Balsâmia, como se o leite dispensado ao seu excepcional afilhado fosse um bálsamo perfumado da santidade.
      Um último detalhe as legendas adicionam ao seu relato. Embora reverenciada na França, ela seria de origem italiana, de fato Romana, e de Roma, inspirada por Deus, teria ido para Reims para levar a cabo a sua delicada tarefa de ama de leite. O significado disto é particularmente claro: o leite - ou bálsamo - transmitido pela nutriz a São Remígio, e deste transmitido a toda França, “a filha primogênita da Igreja", sem dúvida veio diretamente de Roma: incorrupto, não adulterado, não sofisticado, era o puro leite da doutrina católica, apostólica e romana.
 
Etimologicamente Balsâmia significa “bálsamo, perfume”. Vem do latim.
Fonte: www.santiebeati.it – Arquivo Paróquia

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Beatas Clotilde Paillot e companheiras, Mártires - 23 de outubro

    
     No final do século XVIII, em 14 de julho de 1789, a França foi duramente golpeada pela Revolução. Foi um momento de importantes transformações para praticamente todas as sociedades ocidentais. Foi também um período conturbado, sangrento, em que profundas injustiças foram cometidas.
     No dia 30 de setembro de 1790, os comissários da municipalidade de Valenciennes, de acordo com o decreto da Constituinte, se apresentaram no convento das Ursulinas para inventariar os bens da comunidade e para questionar se as irmãs tinham a intenção de perseverar na sua vocação. Havia então 32 irmãs no convento e a superiora era Madre Clotilde Paillot (* 25/11/1739 - + 23/10/1794), que tinha sido eleita no dia 13 de fevereiro do mesmo ano. A resposta das irmãs foi unânime: pretendiam continuar Ursulinas, devotadas à educação das jovenzinhas da cidade.
     Em 13 de setembro de 1792, Valenciennes foi assediada pelas tropas inimigas e no dia 17, tendo sido solicitado seu convento para os defensores da cidade, as Ursulinas foram obrigadas a procurar hospedagem junto às coirmãs de Mons, Bélgica. No dia 6 de novembro as tropas francesas, tendo vencido a batalha de Jammapes, ocuparam Mons, o que obrigou as Ursulinas, algumas semanas depois, a se mudarem novamente.
     Mas a ocupação francesa em Mons durou pouco. Derrotadas na batalha de Neerwinden, as tropas francesas a evacuaram em 21 de março de 1793. As Ursulinas de Valenciennes podiam pensar em retornar à sua cidade, já que os austríacos, possuidores da cidade, encorajavam a reconstituição da comunidade.
     Quando as religiosas chegaram à sua casa, iniciaram logo os trabalhos de restauração, pois fora saqueada. As irmãs não tardaram em retomar com toda intensidade suas atividades, tanto que em 29 de abril de 1794 houve uma profissão e uma vestição em seu convento.
     Em 26 de julho as tropas francesas conseguiram uma grande vitória em Freurus e em 26 de agosto os austríacos se retiraram de Valenciennes. Algumas irmãs permaneceram no convento com Madre Clotilde e foram aprisionadas em 1º de setembro e mantidas encarceradas em suas próprias celas. As outras foram procuradas e aprisionadas com numerosos outros suspeitos.
     O representante da Convenção era então um certo João Batista Lacoste, um dos personagens mais repugnantes daquela época. A sua grande ânsia era poder dispor de uma guilhotina, o que se tornara para ele uma verdadeira obsessão. Ele recebeu uma somente no dia 13 de outubro.
     Naquela data, o golpe de Estado do 9 termidor (27 de julho de 1794) já ocorrera, mas ele não levou isto em conta e mandou instalar a máquina sinistra, e naquele mesmo dia cinco condenados foram guilhotinados.
     No dia 15 de outubro, às nove horas da noite, 116 suspeitos foram reunidos no município e colocados à disposição do tribunal constituído ilegalmente por Lacoste. Eram particularmente numerosos os padres e as religiosas. A razão para condená-los era ocultada sob a acusação de traição e emigração. Os prisioneiros se encontravam em condições higiênicas incríveis e em grande promiscuidade, mas muitas irmãs puderam aproveitar para confessar-se e comungar.
     As primeiras Ursulinas a comparecerem diante do tribunal no dia 17 de outubro, juntamente com os padres refratários, foram guilhotinadas naquele mesmo dia.
     O segundo grupo de religiosas foi martirizado no dia 23 de outubro de 1794:
            Madre Maria Clotilde de S. Francisco de Borja foi a primeira a ser guilhotinada;
Irmã Maria Escolástica de S. Tiago (Margarida José Leroux), aprisionada no mesmo tempo que sua irmã Ana Josefa, chamada Josefina, professa nas Clarissas de Nuns, que fora obrigada a deixar a clausura por causa das leis emanadas durante a Revolução e se retirara entre as Ursulinas, junto à irmã;
Duas brigidinas: Maria Lívia Lacroix e Maria Agostinha Erraux;
A última, uma conversa, Irmã Maria Cordola Josefa de S. Domingos (Joana Luísa Barré)
     É preciso salientar o aspecto do testemunho dado pelas 11 religiosas por ocasião do processo que as mandou para a morte. A priora, Madre Clotilde Paillot, deu aos juízes respostas dignas dos mártires da Igreja primitiva e manifestamente inspiradas pelo Espírito Santo.
     Condenadas, as irmãs cortaram, elas mesmas, seus cabelos e desguarnecerem seus hábitos em volta do pescoço para facilitar a obra da guilhotina. Ansiosas por dar a conhecer o perdão aos seus perseguidores, apressaram-se em beijar as mãos de seus algozes. Subiram o patíbulo recitando o "Te Deum" e as ladainhas da Virgem.
     As 11 religiosas guilhotinadas em Valenciennes foram beatificadas por Bento XV em 13 de junho de 1920, junto com 4 Filhas da Caridade de Arras.
     As religiosas guilhotinadas no dia 23 de outubro têm sua festa litúrgica neste dia.
 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Santa Adelina de Mortain, Abadessa - 20 de outubro


     Adelina, ou Aline, foi a primeira abadessa da Abadia das “Damas Brancas” em Mortain, no departamento da Mancha, Normandia, Diocese de Coutances, França.
     Irmã de São Vital, Abade de Savigny, como ele atraída pela vida monástica, ela fundou um grupo de monjas em Neufbourg, próximo de Mortain. Logo que Vital mandou construir um convento em Mortain a comunidade ali se instalou adotando a regra e o hábito cisterciense. Chamavam-na “abadia das Damas Brancas” e mais tarde “Abadia Branca”. 
 
 
Martirológio Romano: Em Savigny, na Normandia, por volta de 1125, Santa Adelina, primeira abadessa do mosteiro de Mortain, que ela havia construído com a ajuda de seu irmão São Vital.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Santa Bonite de Brioude - 16 de outubro

Martirológio Romano: Em Brioude, próximo de Clermont-Ferrand, na Aquitânia, França, Santa Bonite, virgem.
     Um antigo breviário de Brioude (século XIII) relata a vida de Santa Bonite (também conhecida como Bonne, Bonette ou Bonnette). As lições do segundo noturno da sua festa naquele breviário da Basílica de São Julião, em Brioude, e um hino, Alumna Christi Bonita, são as únicas notícias sobre esta Santa. Segundo estas fontes, Bonite teria cessado uma inundação do rio e frustrado a incursão dos normandos na cidade de Brioude.
     Bonite era uma piedosa pastora, cuidadora de gansos, na aldeia de Alvier, próximo de Brioude. Era seu costume ir todos os dias à Brioude para rezar junto ao túmulo de São Julião. Certo dia, ela percebeu soldados escondidos entre a vegetação aquática; tratava-se de normandos vindos de barcos que se preparavam para pilhar a cidade. Ela imediatamente deu o alarme e salvou a cidade de um desastre. Ela é considerada como a Santa Genoveva dos habitantes de Brioude.
     Sua festa era celebrada no dia 15 de outubro, mas foi postergada para o dia 16 para acolher a de São Bertrand de Comminges. Esta data se refere somente à trasladação das relíquias que foram a origem do culto a Bonite, não anterior ao século VI. Por volta de 1650, foi feito o reconhecimento dos seus restos mortais, que revelou o corpo de uma jovem da qual estavam ainda perfeitamente conservados os cabelos louros e as roupas simples. As relíquias de Bonite repousam em Brioude. A capela, dedicada a São Martinho, é ornada de vitrais que ilustram o milagre da inundação.
Fontes: O grande livro de santos cultuados e de iconografia do Ocidente de Jacques Baudoin; www.santiebeati.it

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Santa Quelidonia (ou Celidonia) de Subiaco, Solitária - 13 de outubro

Martirológio Romano: Perto de Subiaco, no Lácio, Santa Quelidonia ou Celidonia, virgem, que, como diz a tradição, durante cinquenta e oito anos levou vida solitária e austera, dedicada unicamente a Deus ( 1152).
 
     Chelidonia em grego significa "andorinha". Esta santa de nome original, e que não são muitas as pessoas o têm, gostava da solidão: passou quase 60 anos nos montes Simbruini que rodeiam a cidade de Abruzzo, Itália.
     Ela nasceu em Cicoli, em Abruzzo, por volta de 1077, numa família do povo. Seu primeiro nome era aparentemente Cleridona ("dom da sorte"); após a Renascença, a partir de um afresco da caverna sagrada de Subiaco, começaram a usar Quelidonia.
     Por volta de 1092, ansiosa para se dedicar a Deus, ela deixou a casa da família e se retirou como eremita em uma caverna de Simbruini, duas milhas a nordeste de Subiaco. O lugar era e é conhecido como Mora Ferogna.
     Este lugar era então um itinerário importante para atingir a santidade, devido em parte a São Bento e sua imensa obra religiosa. Foi ali que ele se retirou pela primeira vez para levar uma vida de penitência e oração. Fundou doze eremitérios. Hoje só restou o de Santa Escolástica, irmã de São Bento.
     Ela viveu ali por quase 60 anos sozinha diante de Deus, jejuando e rezando, heroicamente suportando a inclemência das estações, dormindo sobre a rocha nua, desafiando a selvageria de lobos, alimentada pelas ofertas dos fiéis, logo atraídos pela fama de suas virtudes e de seus milagres, e às vezes sustentada milagrosamente por Deus.
     Uma vez apenas Celidonia interrompeu sua solidão, entre 1111 e 1122, numa peregrinação a Roma. Na volta, tomou o hábito de monja no mosteiro de Santa Escolástica. O que significa que o fez na comunidade feminina mais antiga do Ocidente. Na basílica de Santa Escolástica, no dia 12 de fevereiro, dia consagrado à irmã de São Bento, Celidonia recebeu o habito beneditino das mãos do Cardeal Conone, Bispo de Palestrina.
     Retomou em seguida sua vida eremítica, que não abandonou até a morte, na noite de 12 para 13 de outubro de 1152. Uma coluna luminosa foi vista então por numerosas testemunhas nos arredores de seu eremo. Também em Segni, onde se encontrava o Papa Eugênio III, o fenômeno foi observado. Foi este mesmo papa que elevou Celidonia às honras do altar.
     O corpo da santa foi transferido em seguida pelo Abade Simão, do Mosteiro de Santa Escolástica, e sepultado na capela de Santa Maria Nova. Mas, nove anos depois seus restos mortais foram transferidos para um local onde mais tarde o Abade Simão construiu um mosteiro de religiosas e uma capela dedicada a Santa Celidonia e a Santa Maria Madalena. O mosteiro aparece em um documento datado de 4 de outubro de 1187.
     Em 1578, como o mosteiro estava abandonado, o corpo da santa foi definitivamente transferido para o Mosteiro de Santa Escolástica pelo Abade Cirilo de Montefiascone, com festas soleníssimas que aparecem numa minuciosa redação. Na ocasião a biografia da santa, redigida por um anônimo contemporâneo de Celidonia e perdida mais tarde, foi reescrita numa forma mais elegante.
     A Sagrada Congregação dos Ritos proclamou-a patrona principal de Subiaco em 21 de outubro de 1695.
     Do ponto de vista folclórico, é interessante a procissão de 13 de outubro: ela sai da basílica de Santa Escolástica levando um relicário contendo o coração da santa, atinge um ponto de onde se vê Subiaco. Dali a cidade e o território abacial são abençoados com a relíquia; à noite, as pessoas que vivem aos pés do monte onde a santa viveu e morreu acendem luzes em torno do local para renovar a luz maravilhosa que o iluminou por ocasião de sua morte.
     Provavelmente nos nossos dias haveria menos estresses e infartos se muita gente dedicasse alguns dias ao que fez Celidonia. Seria a melhor terapia para todo aquele que sente necessidade de paz interior. E é um fato constatado que as hospedarias dos mosteiros estão o ano todo repletas de pessoas que buscam o silêncio.
 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Santos Atanásia e Andrônico, Esposos - 9 de outubro

    
     Andrônico e Anastásia viveram no Egito no fim do século IV, no tempo do imperador Teodósio, como testemunham as comemorações relatadas nos menológios e sinassários gregos nas datas de 2 de março, 6 e 12 de maio e 9 de outubro.     
     Andrônico era um alexandrino que se estabeleceu na Antioquia como ferreiro. Vivia muito feliz com sua esposa Atanásia e seus dois filhinhos, João e Maria, e seu negócio prosperava. Porém, quando completaram 12 anos de casados, subitamente seus dois filhos morreram no mesmo dia. Desde então, Atanásia passava a maior parte do tempo chorando junto ao túmulo e rezando na igreja vizinha.    
     Um dia, ela viu de repente junto a si um forasteiro que lhe assegurou que seus filhos gozavam da felicidade celeste e desapareceu. Atanásia reconheceu nele São Julião mártir, patrono da igreja em que ela costumava rezar. Cheia de alegria, dirigiu-se imediatamente à oficina de seu esposo e lhe disse que já era tempo de abandonarem o mundo, ao que Andrônico aquiesceu.
     Ao partirem de sua casa, cuja porta deixaram aberta, Atanásia invocou para si e para seu marido a bênção que Deus havia concedido a Abraão e Sara, dizendo: "Já que por amor a Ti deixamos aberta a porta de nossa casa, abri-nos Tu as portas de teu Reino". Os dois foram juntos para o Egito, sua terra natal e se dirigiram para o deserto de Esqueta em busca de São Daniel o Taumaturgo. O santo enviou São Andrônico para o Mosteiro de Tabena e aconselhou Santa Atanásia a disfarça-se de homem e a ir viver como anacoreta na solidão.
   Após 12 anos, São Andrônico se encontrou com um monge imberbe, que lhe disse que se chamava Atanásio e que ia para Jerusalém. Ambos fizeram a viagem, juntos visitaram os lugares santos e juntos voltaram ao deserto. Eram então muito amigos e não querendo impor-se o sacrifício da separação, se dirigiram ao Mosteiro “Dezoito” (assim chamado porque ficava a uma distância de 18 léguas de Alexandria), onde o superior lhes designou duas celas contiguas.
     Pouco antes de morrer, Atanásio se pôs a chorar; um monge perguntou a causa de seu pranto e ele respondeu: "Quando eu estiver morto, entrega ao Padre Andrônico a carta que encontrareis sob meu travesseiro". Quando Andrônico leu a carta, ficou sabendo que o morto era sua própria esposa e que ela o havia reconhecido desde o momento em que se encontraram.
     Vestidos de branco e levando em suas mãos ramos de palma os monges sepultaram Santa Atanásia. Um monge ficou com São Andrônico até o sétimo dia depois da morte de sua esposa e então lhe rogou que partisse com ele. Como o santo se negasse a partir, o monge foi sozinho. Porém, um mensageiro alcançou-o e disse-lhe que o Padre Andrônico agonizava. O monge reuniu todos os seus irmãos, e juntos chegaram à cela de São Andrônico, que morreu suavemente, assistido por eles e foi sepultado junto a sua esposa. 
     O Cardeal Barônio introduziu seus nomes no Martirológio Romano e acrescentou que haviam morrido em Jerusalém.
 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Santa Justina de Pádua, Mártir - 7 de outubro

Martirológio Romano: Em Pádua, nos confins de Veneza, Santa Justina, virgem e mártir (s. III/IV).
 
     São Venâncio Fortunato, bispo de Poitiers, em princípios do século VII, considera Santa Justina como uma das virgens mais ilustres, cuja santidade e triunfo foram consagrados pela Igreja, e afirma que seu nome torna Pádua tão famosa como o de Santa Eufêmia a Calcedônia e o de Santa Eulália a Mérida. O mesmo autor, no poema que dedicou à vida de São Martinho, exorta os peregrinos que vão a Pádua a beijar o sepulcro da Bem-aventurada Justina.
     O culto a Santa Justina é atestado em Rimini em uma inscrição do século VI-VII, e em Como, o Bispo Agripino lhe dedicou um oratório em 617, como recorda a inscrição dedicatória.
     Segundo as fontes literárias conservadas em numerosos códices a partir do século XII, espalhadas em muitas bibliotecas italianas, Justina pertencia a uma distinta família de Pádua durante a perseguição de Diocleciano. Presa por causa de sua fé, Justina foi conduzida ao tribunal de Maximiano; não conseguindo as ameaças fazê-la apostatar de sua fé, o juiz condenou-a a pena capital. Foi martirizada em 7 de outubro de 304. Seu corpo foi sepultado próximo do teatro romano.
     A basílica construída por Opilião sobre o túmulo de Justina se conservou até 1117, quando um terremoto a destruiu completamente. Os monges beneditinos, que já oficiavam na igreja desde o final do século VIII, reconstruíram-na, embora menos esplêndida do que a primeira. Mas a Congregação Beneditina de Santa Justina, fundada na Igreja de Santa Ludovica Barbo em 1418, tendo se propagado rapidamente, os monges construíram um templo mais digno em honra da mártir. Iniciado em 1521, foi completado em 1587. O corpo de Santa Justina foi colocado sob o altar mor da igreja em um relicário duplo de jumbo e madeira, coberto por um véu de ouro.
     A difusão da Congregação Beneditina de Santa Justina, que elegeu a mártir como sua patrona especial, junto com São Bento, contribuiu para propagar o seu culto na Itália e na Europa. Após a vitória de Lepanto, Veneza a elegeu como patrona especial de todos os seus domínios.
     Atualmente, após um período de esquecimento causado especialmente pela supressão do mosteiro em 1810, e pelo subsequente fechamento da igreja pelas leis napoleônicas, o culto de Santa Justina lentamente recobra novo vigor favorecido pela reabertura do mosteiro ocorrida em 1919.
 
Fontes: www.santiebeati.it; http://es.catholic.net/op/articulos/35524/justina-de-padua-santa.html
Etimologia: Justa = honesta, proba; Justina, diminutivo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Santa Damaris de Atenas - 4 de outubro

    
     Damaris é o nome de uma mulher mencionada no Novo Testamento e que vivia em Atenas por volta de 55 d.C. De acordo com os Atos dos Apóstolos (Atos 17:34), Damaris abraçou o Cristianismo depois do discurso de São Paulo no Areópago de Atenas.
     Entre os pouquíssimos personagens que tendo ouvido o discurso de São Paulo no Areópago de Atenas aderiram à fé cristã, o evangelista São Lucas nomeia Dionísio o Areopagita, membro daquele tribunal, e portanto pertencente à aristocracia ateniense, “e uma mulher de nome Damaris”, ou Damalis.
     São Dionísio o Areopagita é venerado no dia 3 de outubro como o primeiro bispo de Atenas. Como já aconteceu com outros personagens do Evangelho, Damaris foi considerada esposa do bispo ateniense, tradição referida também por São João Crisostomo, mas que não tem nenhum fundamento histórico.
     É provável que Damaris tenha tido um alto status, pois somente assim uma mulher conseguiria ter acesso àquele local naquela época. E pode ser este também o motivo de seu nome ter sido preservado. É provável ainda que ela era estrangeira, pois as atenienses dificilmente estariam presentes no Areópago.
     Há uma tradição que a considera cooperadora de São Dionísio o Areopagita, o que é bastante provável, pois tendo ambos sido convertidos na mesma ocasião pelo Apóstolo das Gentes, é factível que, a partir de então, passassem a trabalhar juntos pela conversão de seus conterrâneos.
 
Etimologia:
     Dámaris é um nome próprio feminino de origem grega. Deriva de Dámar com significado esposa, mansa, submissa. Aparentemente trata-se de uma helenização do nome celta Damara, a deusa da fertilidade da mitologia celta. Com as subsequentes invasões gaulesas na Ásia Menor e o assentamento de muitas tribos celtas na Galácia, a mistura entre as culturas grega e celta pode ter dado origem a um nome greco-celta como "Damaris". Este tipo de mistura era bastante comum na cultura helenística criada por Alexandre o Grande, e seus sucessores.
     Por outro lado, os que defendem a origem puramente helênica do nome afirmam que Damaris é a forma helenística "moderna" (ou uma contração) do nome clássico "Damarete", como a filha de Terão de Acragas que desposou Gelão I de Siracusa. Outros acreditam que a origem do nome é a palavra "damalis", que em grego significa "uma novilha". Porém, todos concordam que a raiz indo-europeia do nome vem da palavra "dompt", que significa "dominante", sugerindo um significado para Damaris como "mulher dominante”.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Beatos Lúcia, Luís Yakisci e filhos, Mártires - 2 de outubro

Martirológio Romano: Em Nagasaki, Japão, beatos Luís Yakichi e Lúcia, esposos, e seus filhos André e Francisco, mártires, que enfrentaram a morte por Cristo: os rapazes e a mãe foram decapitados diante do pai e este foi queimado vivo.
     O casal Luís e Lucia Yakisci e seus filhos, André e Francisco, pertenciam a diocese de Funai, e foram martirizados por sua fé no Japão, sua pátria.
     Em 1622, os cristãos de Nagasaki planejaram libertar o missionário Luís Florès, detido nos cárceres de Firando. Para executar a árdua tarefa foi encarregado o próprio Luís Yakisci, homem bastante inteligente e astuto, que com uma pequena embarcação conseguiu iludir a vigilância dos guardas e libertar o Padre Florès. A fuga porém foi descoberta em seguida e os guardas, dotados de meios mais velozes, conseguiram alcançar a precária embarcação de Yakisci e reconduziram ao cárcere os dois prisioneiros.
     Luís foi submetido a vários interrogatórios por parte dos juízes, interessados em descobrir os nomes dos organizadores do complô. Foi submetido a suplícios contínuos que tornaram seu corpo irreconhecível, mas todas as torturas não abateram o seu ânimo. Jamais revelou nada, mesmo quando ameaçaram de morte também os seus mais íntimos familiares. Todos os quatro recusaram a liberdade em troca da renúncia à fé de Cristo e ao juiz não restou senão condenar ao martírio a heroica família.
     Os dois filhos foram decapitados junto com a mãe diante do pai, e este foi queimado vivo lentamente. Isto aconteceu no dia 2 de outubro de 1622 em Nagasaki, cidade japonesa na qual haviam nascido. Os dois filhos nasceram respectivamente em 1615 e 1619, enquanto dos pais não se tem esse dado.
     O Beato Pio IX beatificou esta família no dia 7 de maio de 1867, junto com um grupo de 205 mártires em terra japonesa, entre os quais outros 15 casais todos da mesma nacionalidade. Até hoje o Japão é a nação que deu à Igreja Universal o maior número de modelos de santidade vivida no estado conjugal.