sexta-feira, 30 de junho de 2017

Preciosíssimo Sangue de Jesus - 1º de julho

 

     O Evangelho atesta que um dos soldados que vigiavam aos pés da cruz abriu com a lança o lado de Jesus na cruz e ele, que era cego, recuperou a visão. Segundo a tradição, aquele soldado, de nome Longino, recolheu um pouco de terra embebida do sangue que escorrera da ferida por ele mesmo provocada e levou-a para Mântua, onde enterrou-a. Ali foi encontrada no ano de 804.
     Na ocasião, o Papa Leão III ali esteve para venerar aquela relíquia da Paixão, reconhecendo a cidade de Mântua como sede de bispado. Desde então houve um desenvolvimento religioso, cultural e civil naquela cidade.
     Para acolher o Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo foram construídas sucessivamente três igrejas, sendo a última a Basílica de Santo André, meta de inúmeros peregrinos ilustres e anônimos, movidos pela intenção de venerar este símbolo do mistério da Redenção e do dom da Eucaristia.
     A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus remonta a Igreja nascente, sobretudo em reverência ao sangue de Jesus derramado na cruz e também em alusão ao sangue de Cristo na Eucaristia.
     Foi, porém, no XIX, que São Gaspar Del Búfalo empreendeu grande campanha na propagação dessa devoção, cujo reconhecimento pela Sé Apostólica permitiu a composição da Missa e Ofício próprio por ordem do Papa Bento XIV. Por isso, até hoje São Gaspar é reconhecido pela Igreja Católica como o "Apóstolo do Preciosíssimo Sangue".
     Graças ao Papa Pio IX, a devoção foi estendida à toda Igreja e foi estabelecido o dia 1º de julho como o seu dia. Isso porque em 1848 ele foi expulso de Roma por forças revolucionárias e no ano seguinte, em 1849, invocando e dando graças pelo "sangue derramado por Jesus por amor aos homens de todos os tempos", os exércitos franceses permitiram-lhe voltar após um ataque que durou de 28 de junho a 1º de julho. Assim o Sumo Pontífice seguinte, São Pio X, criou esta festa, situando-a no dia em que ao seu antecessor foi possível voltar a Roma.

Reflexão:
     Quando pensamos no Sangue infinitamente Precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo, esse Sangue gerado no seio de Nossa Senhora, esse Sangue que sai desse Corpo, de onde nunca deveria ter saído, esse Sangue que, como tudo no Corpo de Cristo, está em união hipostática com Ele e que sai do Seu organismo sagrado como que simbolizando toda a dignidade desse organismo — mais ou menos como o vinho que sai da uva e que representa todo o suco da uva, aquilo que a uva tem de melhor —, esse Sangue, que é o sangue de Davi, que é o sangue de Maria, que é o Sangue do Homem-Deus e que, por uma série de atos de violência deicida inomináveis, pela flagelação, pela coroação de espinhos, pela cruz carregada, pelos tormentos de toda espécie, pior do que isso, pelo tormento da alma quando Nosso Senhor, na agonia, começou a sofrer e que o sangue transudava de todo o seu Corpo, esse Sangue que se derrama pelo chão e que fica atestando de modo clamoroso a injúria feita ao Homem-Deus, esse sangue assim é uma tal manifestação de onde pode ir a maldade humana, é uma tal manifestação do mistério da iniquidade, é uma tal manifestação de quanto Deus tolera, que é um memorial para nós, para compreendermos que a natureza humana decaída - sobretudo quando dirigida pelo pecado e dirigida pelo demônio - é capaz de ir até o fim e não recua diante de nada.
     Portanto, diante do mal, todas as desconfianças são de rigor. Isto está exatamente no preceito: “Vigiai e orai”. É preciso ter desconfiança, porque o mal é capaz de tudo, é capaz das piores infâmias e tudo se pode esperar dele e, contra ele, se podem empregar todas as violências preventivas que se possam empregar segundo a Lei de Deus e dos homens. Tudo quanto é dormir a respeito dele, tudo quanto é otimismo bobo, tudo quanto é deixar para depois em seu combate, tudo isso é um verdadeiro crime, porque até lá o mal foi capaz de ir e, portanto, ele foi capaz de tudo. O mal quer toda espécie de mal e é capaz de chegar até o fundo na ordem do mal. [...]
     Não é possível falar desse assunto sem tocar em outro. Em 1º lugar, qualquer consideração sobre o Sangue de Cristo nos faz lembrar as lágrimas de Maria, vertidas junto com o Sangue de Cristo. Depois, uma consideração sobre a Eucaristia. Nosso Senhor não quis que Nossa Senhora vertesse uma gota de Seu sangue. E tendo permitido que se fizesse tudo contra Ele, não permitiu que as potências do mal tocassem sequer com a ponta do dedo em Sua Mãe Imaculada. [...]
     Nossa Senhora verteu uma forma de sangue: foram Suas lágrimas. Pode-se dizer que as lágrimas são o sangue da alma e que Ela sofreu nela toda a dor da morte dEle, e que é impossível pensarmos no Sangue de Cristo quando não pensamos, ao mesmo tempo, nas lágrimas de Maria que se juntaram a esse Sangue e que foi o primeiro tributo da Cristandade para completar aquilo que Deus quis que fosse completado em Sua Paixão, pelo sofrimento dos fiéis, para que as almas se salvassem em quantidade.
     Por fim, é preciso pensar na Sagrada Eucaristia. Esse sangue de Cristo foi vertido pelas ruas, pelas praças, no Pretório de Pilatos, no alto do Calvário, e esse Sangue de Cristo está inteiro na Sagrada Eucaristia. E quantos de nós talvez tenhamos recebido ontem, hoje, amanhã, depois não sei quantos dias, o Sangue de Cristo dentro de nós.
     Então, quando recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, devemos nos lembrar disso. Esse Precioso Sangue, derramado por nós, é por nós recebido. Ele, dentro de nós, está como o sangue de Abel, mas não para clamar castigo contra nós, mas para clamar misericórdia por nós. Então, recebermos a Eucaristia com muita confiança, com muita alegria, porque recebemos o Sangue de Cristo que sobe ao céu e brada pedindo por nós.

Excertos de SD, 1° de julho de 1965 - Plinio Corrêa de Oliveira - O Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo


terça-feira, 27 de junho de 2017

Santa Vicência Gerosa, Virgem e Co-fundadora - 28 de junho

     
     Santa Vicência nasceu em 29 de outubro de 1784 em Lovere, Itália, e foi batizada com o nome de Catarina; começou a estudar nas Beneditinas de Gandino, em Val Seriana, mas a saúde frágil a impediu de continuar e teve que voltar para Lovere. Este foi, em sua vida, o primeiro de muitos projetos que as circunstâncias revolviam continuamente.
     Reservada e tímida, durante um período viveu contente atrás do balcão do pequeno comércio da família. Ela jamais havia pensado em tornar-se uma ‘fundadora’. O seu horizonte era Lovere, cidade do norte da Itália sujeita à República de Veneza. A empresa comercial que a família geria garantia aos Gerosa uma vida abastada. Mas, sob o ciclone napoleônico os negócios entram em crise, enquanto Lovere passava do domínio veneziano ao francês na República Cisalpina.
     A crise econômica levou à morte seu pai, depois sua irmã Francisca e por último, em 1814, também sua mãe. Apesar da tragédia pessoal, com ânimo e fé inabalável ela aceitou tudo com resignação. Confiante em Deus sofreu no silêncio do seu coração, encontrando forças na oração e na penitência.
     Quando Napoleão caiu, Lovere passou para o domínio do Império dos Habsburg. Naquele período, Catarina se dedicou ao ensino gratuito para jovens pobres, atividade de assistência e de formação religiosa encorajada por dois párocos sucessivos. Este empenho local lhe bastava, porque se revelava muito rico de estímulos e de desafios.
     Eis que surge outro projeto que mudou o curso de sua existência. Em 1824, iniciou uma amizade com Bartolomea Capitanio, jovem professora de 17 anos, nascida também em Lovere. Desde menina Bartolomea pensava em dedicar-se à caridade junto aos pobres e aos doentes. Por isso se diplomou professora no colégio das Clarissas de sua cidade natal.
     O encontro levou Catarina para uma nova aventura: criar um hospital, o que as duas conseguiriam alguns anos depois. Com os bens herdados da família Gerosa, Catarina teria possibilidade de fazê-lo, mas era necessário terem pessoal preparado para a assistência hospitalar.
     Bartolomea tem um projeto bem claro: fundar um instituto religioso com os objetivos de dar assistência aos doentes, dar instrução gratuita às jovens, criar um orfanato, dar assistência à juventude. Ela convence a amiga, de maneira que no outono de 1827 o instituto nasceu e foi chamado de Instituto das Irmãs de Maria Menina, com sede em Lovere, e com as regras escritas por Bartolomea. Para evitar objeções de caráter político, o instituto foi fundado autônomo. E assim independente ele permaneceu, cresceu e se difundiu nos anos subsequentes.
     Último e tremendo impacto: Bartolomea Capitanio morre no dia 26 de julho de 1833, com apenas 26 anos. Catarina Gerosa fica sozinha, tem pouca instrução, se sente quase velha, desejaria deixar tudo, mas, permanece, não desiste.
     Decidida, Catarina acolheu as primeiras jovens e por sete anos a pequena comunidade seguiu a regra das Irmãs de Santa Maria Antida Thouret, até que em 1840 chegava o reconhecimento pontifício, e as Irmãs de Maria Menina tomam vida canonicamente com as regras escritas por Bartolomea Capitanio e com a direção de Catarina Gerosa, que emite os votos assumindo o nome de Irmã Vicência.
     Já em 1842, embora fossem ainda poucas, são chamadas a Milão. O Arcebispo Cardeal Gaysruk (da alta aristocracia austríaca) desejava fazer delas uma instituição diocesana. Mas Irmã Vicência resiste: elas nasceram em Lovere e Lovere deve ser a sua casa, com as suas regras.
     Quando Santa Vicência morreu, depois de uma longa doença, em 28 de junho de 1847, as Irmãs eram somente 171; no início do terceiro milênio são cerca de 5.200 religiosas.
     Santa Vicência foi sepultada ao lado da co-fundadora no santuário da Casa-mãe em Lovere. Atualmente o Instituto das Irmãs da Caridade das Santas Bartolomea Capitanio e Vicência Gerosa, ou Irmãs de Maria Menina, atua em toda a Europa, África, Ásia e nas Américas.
     Santa Vicência Gerosa é celebrada no dia de sua morte e foi canonizada por Pio XII no Ano Santo de 1950, junto com Santa Bartolomea Capitanio. A Congregação das Irmãs de Maria Menina e as dioceses de Brescia, Bergamo e Milão a recordam em 18 de maio.

Etimologia: Vicência – do latim, vitoriosa


sábado, 24 de junho de 2017

Santa Eurosia de Jaca, Mártir - 25 de junho

Martirológio Romano: Em Jaca, na Espanha setentrional, Santa Eurosia ou Orosia, virgem e mártir. 

     Segundo a tradição, Santa Eurosia nasceu no ano 864 em Laspicio, na Boemia, na nobre família do duque da Boemia. Seu nome era Dobroslava, que equivale ao grego Eurosia. Tendo ficado órfã, foi acolhida pelo novo duque, Boriborio, e por sua jovem esposa Ludmila, que a trataram como verdadeira filha. Esse casal se empenhou em difundir a religião católica por toda a região, com o valioso auxílio de São Metódio, o qual também batizou a jovem em 868.
     Em 880, São Metódio foi à Roma para estar com o Papa João VII, que estava empenhado num caso difícil: encontrar uma digna esposa para o filho do conde espanhol de Aragão, Fortun Jimenez, que era herdeiro do trono de Aragão e Navarra, que lutava contra os invasores árabes muçulmanos.
     O Papa pediu a ajuda de São Metódio, que sem a mínima dúvida indicou a jovem princesa Eurosia. Retornou ele então à Boemia com uma embaixada aragonesa para conseguir a aceitação do duque e de Santa Eurosia, a qual deixou o propósito de dedicar-se totalmente a Cristo, vendo na intervenção do Papa um desígnio supremo da vontade de Deus.
     Ela iniciou então a viagem para a Espanha, era o ano 880. Quando a comitiva chegou aos Pirineus, era necessário dirigir-se a cidade de Jaca para encontrarem com seu futuro esposo. Mas toda aquela região tinha sido invadida ferozmente pelos sarracenos capitaneados por Aben Lupo de Tena, lugar tenente de Muza Abensacin. Aben Lupo havia tomado conhecimento da chegada de Eurosia e de seu casamento com o príncipe aragonês, e resolveu capturá-la.
     A comitiva de Eurosia, advertida do perigo, foi obrigada a esconder-se no monte Oturia, mas o feroz bandido sarraceno conseguiu encontrá-la. Este procurou com bons modos obter os favores da jovem Eurosia, desejava que ela renegasse Jesus Cristo, renunciasse ao príncipe aragonês para tornar-se esposa de Miramamolin de Córdoba. Eurosia, porém se opôs decididamente a tais diabólicos projetos, provocando de tal modo sua ira que ele deu ordem de matar a todos.
     Graças ao heroísmo dos membros espanhóis da comitiva, Eurosia conseguiu fugir, mas foi capturada e sofreu um trágico martírio: amputaram-lhe as mãos e cortaram os pés, mas Santa Eurosia, de joelhos, o rosto voltado para o céu, rezava com fortaleza. Naquele momento nuvens ameaçadoras saiam do vale e um relâmpago caiu perto de Eurosia sem causar nenhum mal a ela. Os sarracenos tiveram muito medo, mas o chefe tomado pela ira e pelo terror, deu ordem de decapitá-la. Elevando os cotos ensanguentados ao céu inclinou a cabeça rezando e assim foi decapitada. Eurosia tinha somente 16 anos.
     No mesmo momento caiu uma chuva de granizo, com um estalar pavoroso da chuva, com relâmpagos e trovões ensurdecedores e ventos fortíssimos que fizeram com que os sarracenos fugissem aterrorizados enquanto do céu uma voz potente dizia: “Seja dado a ela o dom de acalmar as tempestades onde quer que seja invocado o seu nome”.
     Segunda a legenda, dois séculos depois um anjo comunicou a um pastor o lugar onde se encontrava os restos de Eurosia, e lhe disse para levar sua cabeça a Yebra de Basa e seu corpo a Jaca. No local foi erguida uma ermida onde a cabeça é venerada. O corpo foi transladado para a catedral de Jaca. Tudo isto dignificava a importância de Jaca e sua catedral, e as origens do reino que Sancho Ramirez estava consolidando nestas terras após a morte de seu pai Ramiro I.
     Devido a fatos extraordinários que aconteceram após o encontro das relíquias de Santa Eurosia, seu culto de difundiu por toda Espanha, chegando inclusive ao norte da Itália, sobretudo nas zonas vinícolas, graças aos soldados espanhóis. Ela ainda hoje é festejada no dia 25 de junho; é invocada contra a tempestade, os raios, os granizos.
     Foi canonizada por Leão XIII em 1902.


Fonte: www.santiebeati.it/ Autor: Pe. Luca Roveda

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Beata Altrude de Roma Virgem, Terciária franciscana - 22 de junho

     Na vida da Beata Margarida Colonna é relatado que tendo chegado a Roma com o irmão cardeal para venerar as relíquias dos Apóstolos, desejou visitar uma santa mulher chamada Altrude, que vivia consagrada a Deus em sua própria casa usando o hábito da Ordem Terceira de São Francisco, e ficou admirada das suas virtudes. Altrude morreu cerca de 1280. Sua festa é celebrada em 22 de junho.


Beata Margarida Colonna

domingo, 18 de junho de 2017

Beata Elena Aiello, Mística e Fundadora – 19 de junho

   
     Elena Aiello, a fundadora das Irmãs Mínimas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, nasceu em Montalto Uffugo (Cosenza), Itália, em 16 de abril de 1895 e morreu em Roma em 19 de junho de 1961. Mística, estigmatizada, alma vítima, vidente e fundadora, foi consultada com frequência pelo Papa Pio XII; foi tida em grande estima pelo Sumo Pontífice que reconheceu nela dons de abnegação, caridade e profecia. Suas revelações ou mensagens sobrenaturais começaram em 1923, mas não foram transcritas até 1937; a partir de 1938 até 1961 (ano de sua morte), passaram a ser transcritas.
     Elena era a quarta de oito filhos. Seus pais, Pasqual e Teresa, geriam uma alfaiataria e eram bons e honestos, sempre dispostos a ajudar os oito filhos. Aos quatro anos de idade Elena repetia as fórmulas do Catecismo e foi enviada às Irmãs do Preciosíssimo Sangue para frequentar a escola e seguir o curso de catequese. Educada na fé por pais profundamente religiosos, revelou muito cedo uma particular inclinação à oração e à penitência. Aprendia com tanta alegria a palavra de Deus, que aos oito anos as Irmãs deixavam-na ensinar a doutrina aos menores. 
     Após a morte da mãe, ocorrida em 1905, Elena passou a ajudar o pai na alfaiataria, fazia os trabalhos domésticos e socorria os pobres e os doentes. Dois anos mais tarde, após problemas na traqueia, fez votos a Nossa Senhora de Pompéia de abraçar a vida religiosa. Todavia, teve que adiar o seu propósito por alguns anos por causa das dúvidas paternas e do início da 1ª. Grande Guerra.
     Em agosto de 1920 ingressou nas Irmãs da Caridade do Preciosíssimo Sangue em Nocera dei Pagani (Salerno), mas permaneceu poucos meses por causa de um grave acidente enquanto transportava uma caixa. Uma operação de emergência realizada sem anestesia, que suportou com fé heroica, causou-lhe lesões nos nervos, complicadas por uma febre persistente, o que resultou na sua expulsou da congregação para morrer em casa. Numa revelação Jesus lhe diz que ela será curada, mas que toda Sexta-feira Santa de cada ano haveria de sofrer as penas da Cruz. O que aconteceu. Elena suava sangue e estigmas se formavam em seu corpo que desapareciam milagrosamente no Sábado Santo.
    Nos anos seguintes tiveram início fenômenos místicos, em particular visões de Cristo e de Nossa Senhora, que lhe pediam para participar do mistério da Paixão para o bem da humanidade, tendo sido escolhida pela Providência como alma vítima pela conversão dos pecadores e para aplacar a Justiça divina.

     Em 1928, ajudada por uma amiga, Luigia Mazza, que também desejava tornar-se religiosa, fundou a sua obra para a acolhida de meninas órfãs. As duas se transferiram para Cosenza e fundaram o Instituto das Irmãs Mínimas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Elena escolheu para si e para suas filhas como modelo de vida a Paixão de Jesus e o primado da caridade testemunhada por São Francisco de Paula.
     Após a 2ª. Guerra Mundial deu-se início à criação canônica da Congregação das Mínimas da Paixão de Nosso Senhor Jesus. Após a aprovação da Congregação em 1949, Elena e as primeiras companheiras emitiram os votos perpétuos.
     Humildade, caridade e sacrifício são as bases em que Madre Elena edificou sua família religiosa. Esta se inseriu na missão da Igreja de socorrer os irmãos mais débeis e necessitados, de modo específico a infância. Madre Elena fundou para os órfãos algumas instituições e um instituto para garantir um futuro às jovens que deviam abandonar o orfanato.
     Ao dirigir-se à Roma para a abertura de uma nova casa, na rua Dei Baldassini, faleceu no dia 19 de junho de 1961. Milagres e conversões veem se verificando a partir do dia de sua morte até hoje. Madre Elena repousa na capela da Casa Mãe, na rua dei Martiri 9, em Cosenza.
     Madre Elena Aiello foi beatificada em 14 de setembro de 2011, sob o pontificado de Bento XVI. A sua Congregação conta atualmente com mais de 100 religiosas e está presente na Itália, com numerosas casas na Suíça, Canadá, Colômbia e Brasil.

As revelações
     As revelações e aparições à Beata Elena Aiello foram aprovadas pela Igreja. Elas estão relatadas no livro Suor Elena Aiello “La monaca santa” de Mons. Francisco Spadafora, que foi o seu diretor espiritual.
     Estas revelações são uma “atualização do segredo de Fátima”, como escreve o mesmo Spadafora [1] — e, portanto, da luta perene entre a Virgem e a serpente (Gn., III, 5), a cidade de Deus e a cidade de Satanás (Santo Agostinho, De Civitate Dei), com a periódica e aparente, mas efêmera prevalência das forças do mal [2].
     O primeiro exemplo de mensagem profética de Madre Aiello é a carta que escreveu em 23 de abril de 1940 à irmã de Benito Mussolini, Edvige Mancini Mussolini:
          “[Mussolini] deve manter a Itália fora da guerra. Se o fizer obterá favores extraordinários. Pelo contrário, ele decidiu declarar guerra [o que aconteceu em 10 de junho de 1940, cerca de dois meses após a carta da Beato Aiello, nota do editor], mas sabemos que, se não a evitar, será punido por minha Justiça [v. em 25/7/1943 e 28/4/1945, nota do editor]” [3].
     Em uma carta posterior, de 15 de maio 1943, a Edvige Mancini Mussolini, ela escreve:
          “Dizei a Duce [apelido de Mussolini] que este é o último aviso que o Senhor lhe envia. Ainda podes ser salvo, colocando tudo nas mãos do Santo Padre [Pio XII, nota do editor], se não o fizer a Justiça divina sobrevirá repentinamente sobre ele... em breve cairá [em 25 de julho de 1943, dois meses depois, nota do editor]” [4].
     Em outra carta, de 1942, a “santa monja” prediz as circunstâncias exatas que sinalizariam o fim da 2ª. Guerra Mundial:
          “Haverá um fogo jamais visto e, em seguida, a guerra terminará”. Mons. Spadafora comenta: “Quando os americanos lançaram a bomba atômica [6 e 9 de agosto de 1945, nota do editor] sobre Hiroshima e Nagasaki” [5], o céu foi inflamado e sinistramente iluminado pelo grande cogumelo atômico que queimou mais de 100.000 homens das duas cidades japonesas”.
     Em 8 de dezembro de 1956, a Beata recebeu uma mensagem muito atual como complemento das de Fátima:
          “Os homens ofendem demasiado a Deus [6]. O mundo está totalmente devastado, porque se tornou pior do que nos tempos de dilúvio universal ... todas as nações serão punidas porque são muitos os pecados que, como uma maré de lodo, a tudo cobrem. Muito sangue será derramado e a Igreja sofrerá muito. A Itália será humilhada, purificada no sangue e deverá sofrer muito porque são muitos os pecados desta nação. Não podeis imaginar o que sucederá! As ruas estarão encharcadas de sangue. O Papa sofrerá muito. Mas não tardará o castigo dos ímpios. Aquele dia será terrível”.
     Mons. Francisco Spadafora conclui assim: “Jesus serviu-se desta escolhida para transmitir-nos o anúncio profético sobre o tremendo castigo que ameaça a humanidade, conforme descrito no terceiro segredo de Fátima; Irmã Elena nos comunica, além disso, o que se refere à Itália”.
     Madre Elena revelou também que: um povo avançará a partir do Oriente para a Europa, invadindo a Itália até Roma e que “os sacerdotes, religiosos e outras pessoas inocentes serão assassinados barbaramente, as igrejas destruídas” (p 69); o pecado manchará até mesmo as almas das crianças [7]; que a Igreja é perseguida, não só exteriormente, mas no seu interior: “falsos profetas circundam a Cristo na terra. O demônio desencadeou a mais terrível batalha contra Deus e a Igreja” (p 72.); “o pecado de impureza, convertido em arte sedutora e diabólica, atingiu o cume: a maioria dos homens vive na lama [7]. Não há esperança para uma era de paz: o mundo inteiro estará em guerra” (p 73); “a inocência das crianças é minada. [8] Olhai: Os anjos, tendo em suas mãos recipientes cheios de fogo, estão prestes a despejá-los sobre o mundo. Este terrível flagelo virá nas primeiras horas da manhã. O céu se tingirá de vermelho, a tempestade será de fogo, várias nações devem desaparecer” (pp 75-76.); “o leão que ruge [o Diabo, nota do editor] avançará sobre a cátedra de Pedro para difundir os seus erros” (22 de agosto de 1960). O mundo caiu muito baixo, tem necessidade de castigos para ser purificado (pp. 79-80).

Mensagem de Nossa Senhora - Sexta-feira, 23 de março de 1961.
     “Nossa Senhora disse: Minha filha, o castigo está próximo. Fala-se muito de paz, mas o mundo inteiro caminha para a guerra, e as ruas ficarão cobertas de sangue! Não se vê um raio de luz no mundo, porque os homens vivem nas trevas do pecado, e o enorme peso desses pecados clama pela Justiça de Deus. Todas as nações serão castigadas, porque o pecado espalhou-se por todo o mundo! Os castigos serão tremendos, porque o homem tornou-se numa afronta insuportável contra o seu Deus e Pai, e já exasperou a Sua Infinita Bondade! [...] O Meu Coração de Mãe e Mediadora dos homens, próxima da Misericórdia de Deus, convida, com muitas manifestações e muitos sinais, os homens à penitência e ao perdão. Mas eles respondem com uma tormenta de ódio, blasfémias e profanações sacrílegas, cegos pela ira infernal. Peço oração e penitência, para que possa obter de novo a misericórdia e a salvação para muitas almas; de outro modo irão se perder”.

Notas
[1] Fatima e la peste del socialismo, Roma, Giovanni Volpe Editore, 1974, p. 25.
[2] Essas divulgações estão de acordo com aquelas dadas a Bruno Cornacchiola (1947-2001) pela Madonna della rivelazione delle Tre Fontane (cfr S. Gaeta, Il Veggente Il Segreto delle Tre Fontane, Milano, Salani, 2016; F. Spadafora, Tre Fontane, Roma, Volpe, 1984) e da Madonna de Civitavecchia a mons. Girolamo Grillo († agosto 2016) e a família Gregori em 1995 (cfr. G. Grillo, La storia di vera dolorosa dramma d’amore. La Madonnina de Civitavecchia, Camerata Picena di Ancona, Shalom Editrice, 2013).
[3 - 4] F. Spadafora, Fatima e la peste del socialismo, cit., pp. 28-30.
[5] Ibidem, p. 32.
[6] Ibidem, p. 35.
[7] Já em 2 de março de 1923, irmã Elena faz referência explícita aos pecados contra a pureza e argumenta que a razão de ser, a força e a proteção da castidade é o amor sobrenatural a Deus e ao próximo, sem o qual castidade é posta em grave perigo (cf. Fatima e la peste del socialismo, pp. 58 e 63).
[8] Cfr. a assim chamada educação de “gênero” que é imposta às crianças desde os 5 anos nas escolas da Europa.

Fontes:

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Beata Maria Dolorosa do Brabante, Virgem e Mártir - 17 de junho


Maria Dolorosa (Lenneke Mare, Ellendige Marie, Marie la Misérable) era uma jovem que viveu na segunda metade do século XIII no ducado de Brabante, na Bélgica. Ela escolheu viver como uma reclusa na pequena igreja de Santa Maria, na sua aldeia de Woluwe-Saint-Pierre. Um jovem que foi rejeitado porque ela tinha consagrado a sua virgindade a Deus, a acusou de roubo. Maria foi então condenada à morte com a pena destinada aos ladrões: ela foi enterrada viva e empalada com um pau afiado. Seu corpo foi inicialmente sepultado na igreja de Santa Maria e, em seguida, transferido para a igreja paroquial de São Pedro de Woluwe, onde Maria ainda goza de culto local.

Uma jovem reclusa
     Na segunda metade do século XIII, na cidade de Woluwe, na Bélgica, não muito longe de Bruxelas, nasceu uma menina chamada Maria. Sua família era muito humilde, mas muito religiosa. Em tenra idade ela decidiu dedicar-se inteiramente a Deus, vivendo na pobreza e permanecendo virgem. Ela escolheu como sua morada a igreja de Santa Maria, onde assumiu o estilo de vida das reclusas: na prática, quase nunca saía dali, a não ser para ir em busca de esmolas.
Uma acusação injusta
    Um jovem do local se apaixonou por ela, mas teve de lidar com a sua recusa: ela se dedicara a Deus, ela não podia entregar-se a um homem. Ofendido por esta recusa, ele decidiu fazê-la sua com uma chantagem.
     Ele escondeu um cálice de prata no cesto que Maria usava para coletar suas esmolas, roubado de um de seus benfeitores. Em seguida, ele a ameaçou: ele a denunciaria por roubo, a não ser, é claro, que ela mudasse de ideia. Em resposta, a jovem o rejeita mais uma vez.
     Nesse ponto, o homem não tinha escolha: ele a acusou de roubo ao prefeito e foi tão insistente, que as autoridades civis, embora Maria fosse cercada da estima de toda cidade, levaram-na para a prisão.
     Quando questionada, ela respondeu candidamente que o acusador tinha encontrado o cálice na cesta, mas ela não sabia quem o tinha colocado lá. Visto que o acusador continuou a insistir na culpa de Maria, o juiz condenou-a à morte
A oração de Maria Dolorosa
     Durante a noite, a jovem foi puxada para fora da prisão e levada para fora da cidade. Quando passou perto da igreja de Santa Maria, onde viveu tantos anos de oração e esmolas, ela pediu para parar por um momento para rezar.
     Sua biografia mostra o conteúdo daquela oração e as intenções que a animavam. Primeiro, ela pediu a Nosso Senhor e a Nossa Senhora para sustentá-la na sua imensa dor: é por isso que, popularmente, foi apelidada de "Maria Dolorosa”. Em seguida, rezou por todos aqueles que, como ela, viviam algum tipo de sofrimento. Ela implorou o perdão de Deus para seu pretendente e acusador e, finalmente, rezou por todos aqueles que, passando naquele lugar, se lembrassem dela.
O martírio
     Finalmente chegou ao local de sua morte, ou melhor, do suplício típico dos condenados por roubo. Enquanto muitas pessoas choravam para ela, Maria foi enterrada viva. Imediatamente depois, enquanto provavelmente ainda respirava, foi perfurada com um pau afiado, empurrado mais e mais profundamente por três homens, que se sucediam nessa obra. Era o dia 18 de junho de 1290.
     Algumas horas mais tarde, o jovem que a tinha acusado começou a se contorcer e uivar: eram os sintomas de uma possessão demoníaca. Só depois de sete anos, após várias peregrinações sem sucesso, ele foi libertado quando foi levado ao túmulo de Maria na igreja onde ela tinha vivido. O corpo de Maria mais tarde foi transferido para a igreja paroquial de São Pedro de Woluwe.
O culto
     Pouco tempo depois de sua morte, uma Vita foi escrita em latim, aceita pelos estudiosos Henskens e Papebroch na "Acta Sanctorum" do mês de junho. Em 1363, em Avignon, doze bispos aprovaram a concessão de uma indulgência à igreja de Santa Maria, onde na época a reclusa ainda estava enterrada.
     Maria Dolorosa ainda é lembrada, embora em um âmbito local muito restrito, e tradicionalmente lhe é atribuído o título de beata.


Fonte: www.santiebeati/it - Autor: Emília Flocchini

Beata Maria Teresa Scherer, Religiosa - 16 de junho

   
     Madre Maria Teresa, nasceu em 31 de outubro de 1825, em Meggem (Lago dos Quatro Cantões), Suíça. Era a quarta de sete filhos da família Scherer-Sigrist. Seus pais eram humildes camponeses e bons cristãos. Foi batizada com o nome de Ana Maria Catarina.  Aos sete anos ficou órfã de pai, indo viver com os tios maternos, dos quais um era seu padrinho.
     Por desejo de sua mãe, aos dezesseis anos entrou no Hospital Regional de Lucerna para completar sua preparação doméstica. O início ali foi muito difícil para a jovem cheia de espontaneidade, contudo, mais tarde ela escreveu sobre aquela época: “a graça venceu”. Aos 17 anos foi admitida na Ordem Terceira Secular de São Francisco, em seu tempo um prodígio para alguém daquela idade, e na Associação das Filhas de Maria.
     Durante uma peregrinação à Einsiedeln se sentiu chamada para a vida religiosa. Em 1 de março de 1845, a jovem alegre e determinada ingressou no Instituto das Religiosas do Ensino de Menzingen, fundada pouco tempo antes pelo Capuchinho Frei Teodósio Florentini.
     A comunidade que recebeu a jovem Catarina era formada pelas Irmãs Bernarda, a Superiora, Irmã Cornélia, a responsável pelas candidatas, e Irmã Feliciana. De Frei Teodósio ela recebeu as vestes de noviça no dia 6 de junho de 1845 e no dia 27 do mesmo mês a Superiora, Irmã Bernarda deu-lhe o novo nome, passando então a chamar-se, Irmã Maria Teresa.
     Os primeiros votos foram marcados por Frei Teodósio para o dia 27 de outubro de 1845 e foram feitos no Convento das Irmãs Cistercienses de Wurmsbach, na Diocese de Coira. Ela com as outras companheiras foram para lá a pé, levando consigo os hábitos e os véus recém preparados, além do manuscrito da fórmula de Profissão. Quando a cerimônia terminou, Irmã Maria Teresa recebeu sua primeira missão: deveria ir para Galgenen com Irmã Feliciana. Lá daria aulas nas classes primárias.
     Um ano depois foi enviada a Baar e em seguida a Oberägeri, como professora e superiora em ambas comunidades. Foi um período de dúvidas e dificuldades que superou com uma ascese austera e a obediência a seu diretor espiritual. Em 1850 o Pe. Teodoro chamou-a a Näfels, para que dirigisse o hospital dos pobres e órfãos. Ali a beata é pela primeira vez conhecida como a ‘mãe dos pobres’. Nesse mesmo ano o Pe. Teodósio fundou em Coira um pequeno hospital e o entregou à direção de Irmã Maria Teresa. Ela aceitou, convencida de que o carisma do fundador abarcava o aspecto escolar-educativo e o caritativo.
     Em 1856 as Religiosas do Ensino se separaram do fundador para continuar seu apostolado educativo independente. Irmã Maria Teresa sofreu muito com isto; rezou, se aconselhou, e finalmente compreendeu que Deus desejava que ela se ocupasse no futuro das obras de misericórdia espirituais e corporais.
     Em 1857 foi eleita superiora geral das religiosas a serviço da escola e dos pobres. Ao lado do Pe. Teodósio dirigiu o instituto das Religiosas da Caridade da Santa Cruz, que progrediu rapidamente.
     Em Ingenbohl chegavam continuamente pedidos de religiosas que se ocupassem dos pobres e dos órfãos, do serviço das casas de correção e dos lazaretos. Eram tarefas árduas, porém estavam em sintonia com o pensamento de Madre Maria Teresa. Abriu hospitais e escolas especializadas para inválidos, porém ela não gostava de ver as religiosas como responsáveis de empresas, o que criou tensões com o fundador.
     Estava persuadida que a intenção do Pe. Teodósio era resolver a questão operária com justiça e solidariedade, e por isso o ajudou em tudo que fosse possível, e permaneceu fiel ao seu espírito após sua morte, ocorrida em 15 de fevereiro de 1865.
     Não apenas recebeu sua herança espiritual com também a material, tendo que trabalhar, ela e suas irmãs, durante anos para saldar as dívidas que o Pe. Teodósio havia contraído em seu apostolado social. Lutou para salvar as constituições que ele havia dado ao instituto, ainda que a custo de opor-se ao zelo reformador de seus sucessores. A Madre Maria Teresa era a regra viva, porém poucos anos antes de sua morte foi criticada pelo modo de guiar a congregação e de observar a pobreza. Foi caluniada e suportou grandes sofrimentos físicos, que não a impediram de realizar numerosas viagens para animar suas filhas e orientá-las a viver segundo o espírito do fundador.
     Mantendo sempre a esperança e a fé, Madre Maria Teresa morreu em 16 de junho de 1888 no convento de Ingenbohl com fama de santidade, após um sofrimento doloroso assumido com paciência. O instituto já contava com 1.689 religiosas.
     Em 29 de outubro de 1995, o Papa João Paulo II beatificou Madre Maria Teresa, mãe dos pobres. Incontáveis são as pessoas que a invocam cheias de confiança e que pela intercessão dela alcançam graças, recebendo novo ânimo e ajuda.

Fontes: www.santiebeati.it/

Dados tomados de L'Osservatore Romano, edição semanal em língua espanhola, de 27-X-1995

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Beata Mariana Biernacka, Mãe de família e Mártir 13 de junho

     
     No dia da festa de Santo Antônio de Pádua, grande figura da Cristandade, o calendário litúrgico também cita uma figura de nosso tempo: Mariana Biernacka.
     O ódio racial do nazismo provocou mais de cinco milhões de vítimas entre a população civil polonesa: muito religiosos, sacerdotes e leigos católicos. Principal figura do grupo de nove leigos é a Beata Mariana Biernacka, da diocese de Lomza, na Polônia. A história desta mulher é muito parecida com a de Santo Maximiliano Kolbe, franciscano, que foi canonizado por João Paulo II.
     Mariana nasceu em 1888 em Niemowicze, Grodno (Polônia), em uma família de cristãos ortodoxos e se converteu ao catolicismo aos 17 anos, em 1905, juntamente com seus familiares. Na idade de 20 anos casou-se com Ludwik Biernacki, e o casal teve seis filhos. Ao ficar viúva, foi viver com seu filho Estanislau e sua esposa, convivendo com o jovem casal demonstrando-lhes sabedoria cristã e amor fraterno a eles e a seus filhos. Entre as pessoas do local ela era conhecida por sua bondade e profunda religiosidade.
     Em 1 de julho de 1943 as forças nazistas começaram a aprisionar e executar em Lipsk, como vingança pela morte de soldados alemães em uma cidade próxima. Os soldados aprisionaram seu filho Estanislau e sua nora, que estava grávida. Mariana, para salvar a vida da mãe e do futuro neto, se ofereceu para ser levada no lugar daquela. A troca foi aceita e Mariana Biernacka foi assassinada no dia 13 de julho de 1943, aos 55 anos, em Niemowicze, Grodno, então parte da Polônia, atualmente parte do território da Bielorrússia.
     Foi beatificada junto com cento e oito mártires da Polônia por João Paulo II no dia 13 de junho de 1999, em Varsóvia, Polônia.


Martirológio Romano: Na aldeia de Niemowicze, próximo de Grodno, na Polônia (hoje Bielorrússia), beata Mariana Biernacka, mãe de família e mártir, que durante a ocupação militar em tempo de guerra, se entregou aos soldados para salvar sua nora grávida, sendo fuzilada imediatamente, alcançando assim a palma do martírio.



quinta-feira, 8 de junho de 2017

Beata Ana Maria Taïgi, Padroeira das mães de família - 9 de junho

     Ana Maria Antônia Gesualda nasceu na bela cidade toscana de Siena, na Itália, em 29 de maio 1769. Era filha única de um conceituado farmacêutico de Siena. Quando os negócios pioraram, a família foi obrigada a emigrar para Roma em busca de melhores condições de vida. Os pais de Ana trabalharam no serviço doméstico em casas particulares, enquanto a menina era internada em uma instituição que se encarregava da educação de crianças sem recursos.
     Durante dois anos ela permaneceu nas Mestras Pias Filipinas, mas apenas conseguiu rudimentos de leitura e escritura. Na idade de treze anos, Ana começou a ganhar o pão com seu trabalho. Durante algum tempo esteve empregada em uma fábrica de tecidos de seda e depois trabalhou no palácio dos Chigi, onde já estavam empregados seus pais.
     Mas a vida mundana de luxo fácil que a cidade eterna proporcionava chegou a tentar esta jovem. Conseguiu passar ilesa porque se casou, aos vinte e um anos, com Domingos Taïgi, servidor do palácio Chigi. Ele era um homem piedoso, mas de caráter difícil e grosseiro, que nunca compreendeu os dons especiais da esposa.
     Vivendo no ambiente da corte, o casal acabou buscando a felicidade fútil das festas, vaidades, diversões e fortuna. Depois de três anos ela viu o vazio de sua vida familiar e o quanto estava necessitada de Jesus. Foi a uma igreja e fez uma confissão profunda com um sacerdote que se tornou seu diretor espiritual. Foi então que ocorreu sua conversão.
     Ana Maria iniciou uma nova vida dedicada aos deveres cristãos e a procura da santificação. Ela quis se entregar a duras penitências, mas o padre a fez compreender que seu sacrifício consistia no amor e fidelidade ao sacramento do casamento e no papel de mãe.
     Por 49 anos ela, finíssima no trato, teve a oportunidade de exercitar continuamente a paciência e a caridade. Conhecendo todo o valor do casamento e considerando-o como uma altíssima missão recebida do céu, a Beata transformou a sua casa em um verdadeiro santuário, onde Deus tinha o primeiro lugar. Dócil ao marido, fazia com que nada faltasse à família e o pouco que tinha era sempre dividido com os pobres e doentes que nunca deixou de ajudar.
     A sua família foi crescendo com a chegada de sete filhos, três dos quais morreram ainda pequenos, e dos seus velhos pais. Mas ela encontrava tempo para ajudar nas despesas da casa costurando sob encomenda. Mais tarde, quando a filha Sofia ficou viúva com seis filhos, foi Ana Maria que os acolheu e criou dando-lhes uma formação reta.
     Ana Maria era devotíssima da Ssma. Trindade, de Jesus Sacramentado e da Paixão de Nosso Senhor; tinha uma terníssima devoção por Nossa Senhora. Em 26 de dezembro de 1808, ingressou na Ordem Secular Trinitária e tornou-se fervorosa serva e adoradora da SSma. Trindade.
     Favorecida com dons especiais da profecia, tornou-se conhecida por seus conselhos no meio do clero. Ana Maria se tornou muito respeitada durante todos os quarenta e sete anos em que "um sol luminoso aparecia diante dos olhos, onde via os acontecimentos do mundo, os pensamentos e as almas das pessoas", como ela mesma descrevia.
     Foi conselheira espiritual de vários sacerdotes, hoje todos Santos, como Vicente Pallotti, Gaspar Del Búfalo, Vicente Maria Strambi, de nobres e outras personalidades eclesiásticas ilustres.
     Na sua declaração juramentada, e que pode ser consultada no processo de beatificação de Ana Maria, o Cardeal Pedicini se refere aos portentos que ele presenciou nessa mulher extraordinária. Diz o citado Cardeal que Ana Maria Taïgi via os pensamentos mais secretos das pessoas presentes ou ausentes; os acontecimentos dos séculos passados, e a vida que levavam as mais importantes personagens. Este dom era o conhecimento de todas as coisas em Deus, na medida em que a inteligência humana é capaz de conhecê-lo nesta vida. E acrescenta o Cardeal: "Me sinto impotente para descobrir as maravilhas de quem fui confidente durante 30 anos".
     A Beata Ana Maria faleceu em 9 de junho de 1837. O Papa Bento XV a beatificou em 1920, designou sua celebração para o dia de sua morte e a declarou padroeira das mães de família. O decreto de beatificação a aponta como: "prodígio único nos fastos da santidade". O corpo da Beata Ana Maria Taïgi, que prodigiosamente se conservou incorrupto, está guardado na Igreja de São Crisógono, em Roma, numa Capela a ela dedicada.

Revelações de Deus à Beata Ana Maria Taïgi

     Deus enviará ao mundo duas espécies de castigos. Primeiro virão vários castigos terrenos: vão ser muito maus, mas serão mitigados e encurtados pelas orações e penitências das almas santas.  Haverá grandes guerras nas quais morrerão pelo ferro milhões de pessoas (as duas Grandes Guerras do séc. XX?). Mas depois destes castigos terrenos virá o celeste que será dirigido aos impenitentes. Este castigo será muito mais horroroso e terrível, não será mitigado por coisa alguma, atuará em todo seu rigor e será universal. Contudo, em que este castigo consistirá Deus não o revelou a ninguém, nem mesmo aos Seus mais íntimos amigos.
     Trevas excessivamente espessas se espalharão pelo mundo inteiro e envolverão a terra durante três dias e três noites. Durante essas trevas será absolutamente impossível distinguir-se qualquer coisa. O ar ficará empestado pelos demônios que aparecerão sob todas as formas, as mais odiosas. Essa pestilência atingirá não exclusivamente, mas bem principalmente, os inimigos da religião, ocultos ou conhecidos, com exceção de alguns poucos que Deus converterá logo depois.
     Enquanto durarem as trevas será impossível a luz natural. Aquele que por curiosidade abrir as janelas, olhar para fora, ou sair pela porta, cairá morto instantaneamente. Durante esses dias devemos ficar em casa rezando o Rosário e invocando a misericórdia de Deus. As velas bentas preservarão da morte, assim como a invocação a Maria e aos Anjos.
                                                           (das Atas de Beatificação de Ana Maria Taïgi)


     Em outra ocasião Nosso Senhor comunicou a Beata o grande e próximo triunfo de Sua Igreja. Nosso Senhor disse-lhe: “Primeiro, cinco grandes árvores têm de ser cortadas, a fim de que o triunfo possa vir. Essas cinco grandes árvores são cinco grandes heresias”. A Serva de Deus disse então: “Duzentos anos apenas serão suficientes para que tudo isto aconteça?” Nosso Senhor respondeu: “Não levará tanto tempo quanto tu julgas”.

Corpo incorrupto da Beata na Igreja de São Crisógono

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Santa Graça venerada em Germano de Valstrona, Mártir - 6 de junho


     Santa Graça é padroeira de Germagno de Valstrona, pequeno centro montanhês no Vale Strona, situado em uma localização idílica no Lago Orta; suas relíquias são preservadas na paróquia local de São Bartolomeu. Estas relíquias vieram de Roma em 1842, encontradas no ano anterior na catacumba de Ciriaca, no campo de Verano e doadas ao sacerdote Pe. Rocco Mancini, que as encaminhou para a paróquia.
     Não há nenhuma evidência, arqueológico ou escrita, que pode levar à identificação desta santa com outras com o mesmo nome relatadas nas fontes hagiográficas, não conectadas com a cidade de Roma. A sua festa anual é celebrada tradicionalmente no primeiro domingo de junho.


sábado, 3 de junho de 2017

Frances Margaret Allen, Religiosa Hospitaleira de São José


 
     Nascida em 13 de novembro de 1784, Frances Margaret Allen foi a filha mais velha do patriota americano Ethan Allen e sua segunda esposa, Frances Montresor Brush Buchanan Allen. Ela nasceu em uma casa construída por seu pai ao lado do Batten Kill em Sunderland, Vermont (Estados Unidos).
     Seu pai morreu de repente em 12 de fevereiro de 1789 quando ela contava apenas 4 anos. Após a morte de seu pai, a família mudou-se para Westminster para viver com sua avó materna. Foi em Westminster que sua mãe se casou com o Dr. Jabez Penniman em 1793. Penniman cuidou de Fanny (como era chamada) como se fosse sua própria filha, mostrando um grande interesse em sua educação.
    Na sua adolescência, Fanny teve uma experiência misteriosa que mais tarde seria um fator importante na sua decisão de entrar na vida religiosa católica. A história, em suas próprias palavras, é a seguinte:
     Quando eu tinha doze anos, estava caminhando um dia nas margens do rio que não fluía muito longe de nossa casa. A água, embora muito clara, rolava em torrentes. De repente, percebi que emergia do rio um animal mais parecido com um monstro que um peixe, pois era de tamanho extraordinário e forma horrível. Ele estava vindo diretamente para mim e tive um arrepio de terror. O que agravou o meu perigo foi que eu não podia me afastar desse monstro. Parecia paralisada e arraigada no chão. Enquanto eu estava nessa situação torturante, vi avançando para mim um homem com um semblante venerável e impressionante, vestindo uma capa marrom e carregando um bastão na mão. Ele segurou meu braço suavemente e me deu forças para me mover enquanto ele me dizia com bondade: "Minha filha, o que você está fazendo aqui? Apresse-se". Então corri o mais rápido que pude. Quando eu estava a uma certa distância, eu me virei para olhar para aquele homem venerável, mas eu não o vi em nenhum lado.
     Ao voltar para casa, Fanny descreveu a experiência para sua mãe, que enviou um servo para procurar o homem para agradecer por sua bondade. O homem nunca foi encontrado.
     Fanny foi educada no Middlebury Seminary e teve interesse em ciência. Ela não foi criada com respeito pela religião, em sua educação não havia espaço para isto. Seu pai era um cético da religião e seu padrasto considerava as afeições do povo religioso de seu tempo com ceticismo.
     Em 1801, Penniman foi nomeado Coletor de Alfândega para Vermont, momento em que a família se mudou para Swanton. Quando tinha 19 anos, Fanny pediu permissão de seus pais para ir para Montreal (Canadá). Ela afirmou que sua intenção era continuar sua educação ao estudar francês, mas seu verdadeiro motivo era talvez uma curiosidade intelectual sobre as crenças e práticas da Igreja Católica, mesmo que nunca tivesse ouvido nada além de observações depreciativas.
     Seus pais concordaram em enviá-la para Montreal, mas primeiro exigiram que ela fosse batizada pelo Rev. Daniel Barber, um sacerdote anglicano de Claremont, New Hampshire, que depois se converteu ao Catolicismo. Fanny que era fortemente irreligiosa na época, opôs-se fortemente, mas consentiu para agradar a sua mãe. No entanto, ela foi repreendida por Barber por rir durante toda a cerimônia.
  
Hotel-Dieu de Montreal onde Fanny professou (em 1826)
 Ela se tornou aluna das Irmãs da Congregação de Notre Dame em Montreal em 1807. Logo se converteria ao Catolicismo romano, sua conversão resultando de uma experiência sobrenatural. Conta-se que uma freira pediu a Fanny que colocasse algumas flores no altar da capela da congregação, pedindo também que ela fizesse uma oração em reconhecimento da Presença Real de Jesus Cristo no tabernáculo. Ela sorriu diante do pedido e não tinha intenção de honrá-lo. Quando ela tentou entrar no santuário, não foi capaz de fazê-lo, como se estivesse bloqueada por uma força invisível. Após três tentativas inúteis, ela ficou convencida da Presença Real e caiu de joelhos em adoração. No entanto, ela não informou isto imediatamente a seus professores, mas esperou algum tempo antes de fazer uma confissão e uma rejeição formal de seu protestantismo.
     Na festa da Natividade, 9 de setembro de 1807, ela pediu para ser instruída na fé. Fanny recebeu instrução na fé católica e foi rebatizada pelo Pe. L. Saulnier, um pároco de Montreal, uma vez que se determinou que seu batismo anterior era inválido devido à falta de disposição adequada para receber o sacramento. Foi na sua Primeira Comunhão que ela concebeu a ideia de ingressar na vida religiosa.
     Sua conversão ao catolicismo foi considerada como notável em Vermont, uma área na qual a Igreja Católica não tinha influência naquela época; foi ainda mais notável por sua decisão de se tornar freira. Em reação, seus pais imediatamente retiraram-na do convento e tentaram distraí-la da ideia de vida religiosa com festas pródigas e pretendentes bonitos. Eles até buscaram a ajuda da Igreja Episcopal para tentar convencê-la de que era a igreja que melhor combinava para ela.
    Fanny estava tão determinada em sua nova fé quanto antes estava em sua descrença. Ela rompeu seu noivado com Archibald Hyde. Todas as tentativas de dissuadir Fanny tiveram pouco efeito, no entanto ela concordou com o pedido de seus pais de esperar um ano antes de agir, durante o qual ela moraria com eles em Swanton. 
     Ao fim de um ano, ela voltou para Montreal, mas não tinha ainda ideia em que congregação religiosa ingressaria. Quando visitou o Hôtel-Dieu de Montreal com sua mãe, ela imediatamente foi atraída por uma pintura que estava pendurada acima do altar da capela. A imagem era uma representação da Sagrada Família. Atônita, comentou com sua mãe que a imagem de São José correspondia exatamente à aparência do homem que a salvara da criatura do rio aos 12 anos. "Ó grande São José", exclamou ela, "sois vós mesmo, o pai adotivo de Jesus, o marido de Maria, que veio me salvar daquele monstro, para me preservar da morte para que eu pudesse conhecer, amar e servir meu Deus. É aqui mesmo, mãe, é com as Irmãs de São José que desejo passar o resto da minha vida!
     Ela então ingressou no Hotel-Dieu, no hospital e no convento fundado pelo Venerável Jerônimo Le Royer, pela Venerável Marie de la Ferre e por Jeanne Mance cerca de 200 anos antes.
Vida religiosa
     Em 29 de setembro de 1808 foi recebida no noviciado das Religiosas Hospitalares de São José. Seus pais, que imaginavam que os conventos católicos não eram "melhores do que muitas prisões", após uma visita na primavera de 1809 ficaram satisfeitos por ver que Fanny estava feliz no convento e notaram também a felicidade das freiras ali e a felicitaram por sua escolha de vida. Quando ela fez sua profissão religiosa em 18 de maio de 1811, a Enciclopédia Católica relata que "a capela do convento estava cheia, muitos amigos americanos vieram testemunhar o estranho espetáculo de a filha de Ethan Allen se tornar uma freira católica". Fanny Allen tornou-se a primeira freira católica da Nova Inglaterra e um farol para muitos personagens célebres de Vermont que se converteram ao Catolicismo.
     Por onze anos Irmã Fanny Allen cuidou dos doentes e dos moribundos. Era um modelo de serviço e de oração enquanto cuidava de soldados feridos em Montreal, servindo de intérprete para os pacientes de língua inglesa, em meio a uma grande pobreza e ameaça iminente de doença durante a Guerra de 1812. Naquele período, ela cuidou de soldados britânicos que tinham sido feridos durante as lutas contra seus compatriotas americanos. Eles não sabiam que uma famosa americana estava cuidando deles.
     Ela passou o resto de sua vida como enfermeira, trabalhando no boticário do hospital. De acordo com relatos contemporâneos, Irmã Allen era frequentemente convocada por americanos que visitavam Montreal, "implorando para ver a linda jovem freira do Hotel-Dieu, que foi a primeira filha que a Nova Inglaterra deu ao recinto sagrado e que eles reivindicavam como pertencendo especialmente a eles por sua conexão com seu herói favorito". Essas interrupções eram aparentemente tão frequentes, que Irmã Allen pediu a permissão de sua Madre Superiora para recusar todas essas visitas, exceto as feitas por amigos da juventude.
     A Irmã Frances Margaret (Fanny) Allen das Religiosas Hospitaleiras de São José morreu em 10 de setembro de 1819 em Montreal no Hotel-Dieu. Tinha 35 anos, e foi enterrada na cripta abaixo da capela do Hotel-Dieu.
Legado
     Ela nunca veria o hospital que leva seu nome até hoje. O Hospital Fanny Allen em Colchester, Vermont, construído em 1879 e administrado pelas Religiosas Hospitalares de São José, recebeu este nome em sua homenagem. Este hospital, agora chamado Fletcher Allen, se fundiu em 1995 com outro hospital e foi reconstruído como o centro de atendimento no oeste de Vermont. Perto do campus deste hospital ainda existe um cemitério que mantém o nome de Fanny Allen
     Suas coirmãs, as Religiosas Hospitaleiras, nunca esquecerem de sua amada irmã na fé, e então, quando o bispo D. João Michaud as convocou para servir os doentes em Vermont, elas se lembraram da Irmã Fanny e aceitaram a oferta. Quando perceberam que a terra onde o hospital deveria ser estabelecido tinha pertencido originalmente à família Allen, elas ficaram mais convencidas a ir a Vermont. Na carta de aceitação ao bispo D. Michaud, elas lembram a primeira freira americana daquela ordem, dizendo: "nossa querida Irmã Allen, de memória doce e piedosa".
 
Hospital Fanny Allen em 1915
    Um de seus biógrafos observa que depois de sua morte vários familiares e amigos se tornaram católicos inspirados por seu testemunho. Seu ex-noivo, Archibald Hyde, ajudou a construir a primeira igreja em Burlington, Vermont (que foi incendiada por anticatólicos). Um dos seus cunhados, William Brayton, e uma amiga da família de longa data, Cynthia Martin, que se casou com Jabez Penniman depois da morte da mãe de Fanny, também seguiram o seu exemplo e optaram pela Igreja Católica. O ministro anglicano que batizou Fanny, Daniel Barber, se converteu e morou perto de seu filho Victor após sua conversão.
     (Obs.: A vida do Pe. Victor Barber, SJ, é digna de nota: ele era casado, com filhos, quando deixou a Igreja Episcopal. Sua esposa, Jerusha, tornou-se freira da Visitação, ele ingressou na Sociedade de Jesus e todos os seus filhos ingressaram em ordens religiosas.)
    Como todos os convertidos, Fanny Allen teve que superar muitos obstáculos, incluindo o medo e o ódio quase inato ao Catolicismo de sua família e de seu Estado. Sua conversão surpreendeu muitos amigos na época porque achavam que ela era muito inteligente para aceitar o que eles chamavam “superstição católica”. Mas ela abraçou a verdade quando encontrou mistérios que não podiam ser explicados somente pelo oráculo da razão.