segunda-feira, 27 de abril de 2015

Beata Maria Luísa de Jesus Trichet, Fundadora - 28 de abril

    
      Nasceu em Poitiers (França), no dia 7 de maio de 1684 e foi batizada no mesmo dia. Quarta de uma família de oito filhos, recebeu uma sólida educação cristã tanto na família como na escola, pois frequentou o colégio de religiosas, no Convento de Notre-Dame, onde encontrou um ambiente de formação muito a seu gosto: as educadoras levavam uma vida contemplativa na ação.
     Cresceu no ambiente de oito irmãos sob a direção maternal de uma mulher de caráter forte, e de um pai habituado a exercer o direito e a julgar com retidão como consultor jurídico do governo da cidade.
      A sombra da cruz projetou-se sobre esta família: vitimada por grave doença, sua irmã Teresa falece, enquanto a irmã mais velha, Joana, fica paralítica a partir dos 13 anos de idade até à morte. Sempre que regressava a casa, Maria Luísa ocupava-se carinhosamente de sua irmã paralítica, familiarizando-se com a dor e o carinho para com os doentes.
     No ano de 1701, Isabel, outra irmã, regressou emocionada do sermão que acabara de ouvir numa igreja da cidade. Maria Luísa intuiu que ela havia feito uma grande descoberta. Indaga a razão da grande emoção e chega ao conhecimento de que sua irmã tinha ouvido a pregação e se tinha confessado com o capelão do Hospital, Padre Luís Maria Grignion de Montfort. Sua fama de pregador e de confessor era já notável entre a juventude desta região do Poitou.
      Maria Luísa também quis conhecer e ouvir o fervoroso sacerdote. No confessionário dá-se o primeiro encontro entre estas duas almas sedentas de Deus, ambas desejosas de dedicação à salvação dos homens e ao amparo dos desprotegidos. Diante dos sinais evidentes de vocação, o Padre Montfort afirmou sem rodeios: "Foi Nossa Senhora que te enviou. Tornar-te-ás religiosa".
     Estas palavras marcaram o compromisso entre estas duas grandes almas, um compromisso para a glória de Deus e louvor de Maria, que eles tanto amavam, compromisso que tinha por base a Sabedoria da cruz que o Verbo Encarnado quis abraçar.
     Espontaneamente Maria Luísa oferece seus serviços no hospital: ela consagra boa parte de seu tempo aos pobres e aos enfermos. Mas logo o Padre Montfort lhe pede para "permanecer" ali. A este chamado ela responde com um "sim" total. No hospital não há posto livre para ela entrar na qualidade de "governante"; não importa, Maria Luísa simplesmente consegue ser admitida como "pobre". Tinha apenas 19 anos.
     Sua mãe lhe havia dito: "Você ficará louca como este sacerdote". Após um doloroso noviciado entre incompreensões e obstáculos, Maria Luísa dedica-se ao serviço dos pobres e doentes do hospital de Poitiers. Entretanto, ficou entregue aos cuidados do Espírito Santo, já que o Padre Capelão iria se ausentar por um período de 10 anos para se dedicar à pregação de missões populares na sua querida Bretanha.
     No dia 2 de fevereiro de 1703, Maria Luísa emitiu os votos religiosos sob a orientação do seu confessor, tornando-se assim a primeira pedra da Congregação das Filhas da Sabedoria. O novo instituto, à sombra da cruz e sob a proteção de Maria, teria por missão servir os pobres e os doentes e dedicar-se à formação cristã da juventude.
     A célebre cruz que São Luís de Montfort desenhou foi colocada no centro do hospital. Maria Luísa levava uma cruz sobre seu hábito cinza, mas sobretudo em seu coração. Com efeito, ela realizava o serviço cansativo de cada dia, a ausência de companheiras, o falecimento de duas de suas irmãs e de seu irmão, jovem sacerdote morto vítima da peste e de sua abnegação.
     É o começo de uma aventura que é por sua vez a história da Congregação das Filhas da Sabedoria. Em 1714, chega a primeira companheira, Catarina Brunet; em 1715, acontece a fundação da primeira comunidade em La Rochelle (Charente) com duas novas recrutas: Maria Régnier e Maria Valleau; em 1716, São Luís Maria de Montfort morre prematuramente na idade de 43 anos.
     A jovem Congregação se desestabiliza com esta notícia tão dolorosa quanto inesperada. Maria Luísa experimenta a frase escrita por São Luís de Montfort: "Se não se arrisca algo por Deus, não se faz nada de grande por Ele". Durante 43 anos, Maria Luísa de Jesus, só, forma suas companheiras, conduz e dá vida às fundações que se multiplicam: escolas de caridade, visitas e cuidados aos enfermos, sopa popular para os mendigos, gestão de grandes hospitais na França.
     Os pobres do hospital de Niort (Deux-Sèvres) a chamam "a Boa Madre Jesus". Seu programa de vida é muito simples: "É necessário que eu ame a Deus oculto em meu próximo" (coro de um cântico composto por São Luís Maria de Montfort destinado às Filhas da Sabedoria).
     Quando Madre Maria Luísa morre no dia 28 de abril de 1759, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (Vendée), a Congregação conta com 174 religiosas presentes em 36 comunidades, mais a Casa Mãe.
     Esta discípula de São Luís Maria Grignion de Montfort, e sua colaboradora na fundação da Congregação das Filhas da Sabedoria, descansa junto ao seu mestre na igreja paroquial de Saint-Laurent-sur-Sèvre.
     No dia 16 de maio de 1993, Maria Luísa de Jesus Trichet foi declarada beata pelo Papa João Paulo II em Roma.
 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Santa Huna, Viúva na Alsácia - 25 de abril


     As informações sobre Santa Huna constam da “Vita Deodati”, escrita entretanto três séculos e meio depois de sua existência; esta “Vita” narra as obras de São Deodato (St. Dié), bispo escocês peregrino e de certa forma também legendária.
     De acordo com Ruyr e Riguet, Huna pertencia à família real da Borgonha. Um manuscrito preservado na freguesia de Hunawihr sublinha que ela nasceu em torno de 620, e descendia de São Sigismundo, rei da Borgonha. O sangue de Santa Odila corria nas veias desta nobre dama.
     Ela viveu no século VII, aos pés do Vosges, na aldeia da Alsácia que deve a ela o seu nome, Hunawihr. Ela se casou com um piedoso senhor alsaciano chamado Hunon. As ruínas do seu castelo ainda são visíveis a três léguas de Colmar, numa encantadora região entre Zellenberg e a 1 km ao sul de Ribeauvillé.
     Eles construíram uma igreja em honra de São Tiago Maior, que mais tarde legaram para a Abadia de St-Dié. O nascimento de um filho iria colocar a castelã em relacionamento com São Deodato.
     É muito provável que os senhores de Hunawihr estivessem estáveis em terras que haviam pertencido a uma colônia romana, e nas quais havia um pequeno estabelecimento termal. Isto permitiu-lhes cuidar dos doentes e dos pobres que tinham se refugiado nas ruínas dos antigos banhos.
     Os seus parentes, os Duques da Alsácia, protegiam os monges escoceses de São Columbano, itinerantes naquela região (o território ao longo dos séculos pertenceu, de acordo com os acontecimentos políticos, de vez em quando à França ou à Alemanha, hoje é francês). Entre eles havia o já mencionado São Deodato, Bispo de Nevers, que morava então na Alsácia.
     Como uma outra Santa Ana, Huna pediu a Deus uma posteridade. O Senhor atendeu seus pedidos e ela deu à luz um filho. Huna o ofereceu ao Eterno e o consagrou ao serviço do altar. Este jovem rebento de uma ilustre família foi batizado por São Deodato. O santo prelado lhe deu seu nome e o recebeu mais tarde no número de seus religiosos em Ebersmunster, onde ele morreu em odor de santidade. A história quase não fala dele.
     São Deodato, que governava então as abadias de Ebersmunster e de Jointure, na Lorena, visitava com frequência o castelo de Huna e contribuía, pelo seu exemplo e suas exortações, para o progresso desta humilde serva de Deus.
     Como seu único filho ingressara no convento de Ebersheimmünster, ela transferiu toda sua ternura para os pobres e infelizes, dedicando-se a provê-los de alimento e vestimenta, tratando dos doentes, inclusive lavando suas roupas de cama, muitas vezes purulentas, na fonte próxima ao castelo.
     Seu castelo era asilo onde se refugiavam os necessitados, porque ela não só lhes dispensava dinheiro, mas cuidava de seus enfermos fazendo os serviços mais humildes; muito tempo após sua morte as pessoas mostravam a fonte onde ela não se envergonhava de ir lavar as roupas dos pobres, o que lhe valeu o sobrenome de Santa Lavadeira.
     Diz-se que seu castelo frequentemente estava repleto de uma multidão de pobres que vinham lhe expor suas penas. Huna os recebia sempre com uma extrema boa vontade que a todos tocava, procurando consolá-los, melhorar sua situação e contribuindo para isto de todas as maneiras. A confiança que o povo punha nela ia a tal ponto, que muitas vezes a colocavam como árbitro de contendas, e que se submetiam às suas decisões sem murmurar.
     A “Vita Deodati” considera Hunon como o principal benfeitor da Abadia de St-Dié; Huna é nomeada apenas como sua esposa. Mais tarde, na tradição popular, Huna assumiria o papel mais importante dentre os piedosos cônjuges por sua intensa vida de caridade, continuada ao longo dos anos de sua viuvez até sua morte em 679.
     Huna mereceu o nome de princesa santa durante sua vida e sua morte colocou de luto e de aflição todos que a haviam conhecido.
      Em 1520, a pedido de Ulrich, Duque de Württemberg, senhor do lugar, do bispo de Basileia e dos cônegos de St-Dié, o Papa Leão X autorizou a ‘elevação’ dos restos mortais de Huna conservados em Hunawihr (no primeiro milênio a cerimônia era considerada a canonização do personagem reverenciado, sendo proclamado santo no âmbito da diocese requerente).
     Mas pouco tempo depois o Duque Ulrich (1487-1550), aderiu à Pseudo-Reforma Protestante, e já em 1540 as relíquias de Santa Huna foram profanadas e espalhadas pelos moradores que se tornaram seguidores do pseudo-reformador protestante Zwinglio (1484-1531).
     Em 1865, a diocese de Estrasburgo, a atual capital do departamento francês do Baixo Reno, que inclui a Alsácia, pode inscrever no Livro Litúrgico a festa da santa viúva no dia 25 de abril, o dia da comemoração da ‘elevação’ de 1520. Outras regiões da Alsácia a recordam em dias diferentes, como o dia 15 de abril.
     Pelo milagre operado por São Deodato, que fez jorrar água de uma fonte para ajudar Huna, que lavava pessoalmente as roupas dos pobres, ela é considerada a padroeira das lavadeiras na Alsácia.
     A representação mais venerável de Santa Huna é a dos vitrais da Catedral de Saint-Dié, único precioso vestígio do final do século XIII. Santa Huna aí é representada com seu marido, ao lado de São Deodato com a cruz e a mitra.
 
Fontes: (Segundo a história dos santos de Vosges, obra do Cônego Laurent "Eles são nossos antepassados" - Diocese de Saint-Die); www.santiebeati.it/
Les Petites Bollandistes: Vies des saints, tome 6.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Beata Oda de Rivreulle, monja premostratense - 20 de abril

     Oda nasceu no seio de uma família nobre do Brabante, Bélgica. Foi prometida por seus pais a um jovem de nobre origem, mas Oda não consentiu jamais na celebração do matrimônio. Após longa resistência por parte da família, Oda desfigurou a própria face, o que finalmente resultou que consentissem que ela ingressasse no mosteiro premostratense de Rivreulle (atualmente diocese de Tournai), no qual exerceu o cargo de superiora.
     Filipe de Harveng (1), famoso prior da abadia da Boa Esperança, compôs a Vita sanctae Odae virginis (vida de Santa Oda virgem), na qual ele exalta seu desapego do mundo, o seu heroísmo ascético, a sua caridade com o próximo, a sua paciência nas enfermidades.
     Oda faleceu no ano de 1158 e foi sepultada na abadia da Boa Esperança (2) (hoje seminário da diocese de Tournai), onde é venerada ainda nos dias atuais. Ela é festejada no dia 20 de abril.
     Embora o culto a Oda não tenha sido confirmado formalmente, a devoção popular continua.

Etimologia: Oda, do germânico: “bens, riquezas”, abreviação, hipocorístico de nome como Odalberta: “brilho, esplendor (berta) dos bens (odal)”.  
(1) Filipe de Harveng ou Filipe de Boa Esperança, (falecido em 1183) foi o segundo abade premostratense da Abadia da Boa Esperança (Hainaut *) e um teólogo do século XII. Escreveu várias hagiografias, entre as quais a Vita sanctae Odae virginis. Além da biografia original de Santa Oda, Filipe transpôs em prosa rimada as vidas dos Santos Agostinho, Gislan e Landelin, e outros. Nestes seus trabalhos podemos obter informações úteis para compreender a vida religiosa durante o século XII, especialmente dos premostratenses, notadamente os seis livros que compõem De institutione clericorum.
 

 (2) A abadia da Boa Esperança foi fundada em 1130 e destinada inicialmente a abrigar uma comunidade de premostratenses. Ela é a única abadia da região de Hainaut cujos edifícios sobreviveram às revoltas e às destruições da Revolução Francesa. O conjunto arquitetural inscrito na lista do “Patrimônio imobiliário excepcional da região da Valônia”, abriga desde 4 de maio de 1830 um estabelecimento de ensino primário e secundário, o colégio Nossa Senhora da Boa Esperança.
(*) Hainaut é uma província da Bélgica, localizada na região de Valônia. Sua capital é a cidade de Mons.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Beata Savina Petrilli, Fundadora - 18 de abril

 

     Savina Petrilli nasceu em Sena, na Itália, no dia 29 de agosto de 1851, em uma família simples e autenticamente cristã. Era a segunda filha de Celso Petrilli e Matilde Venturini.
     Sua grande capacidade de amar teve origem na relação afetuosa e serena com seus pais. Aos 12 anos recebeu pela primeira vez a Santa Comunhão; já então revelava muito amadurecimento e grande força de vontade capaz de enfrentar os problemas, bem como muita intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo. Na belíssima Catedral de Sena, Savina sempre permanecia horas rezando diante do Santíssimo Sacramento.
     Frequentou a escola e o catecismo na igreja de São Jerônimo, com as Irmãs de São Vicente de Paulo. Aos 13 anos de idade deixou a escola para ajudar a mãe a cuidar dos irmãos.
     Em virtude de sua grande veneração pela Virgem Imaculada, aos 15 anos passou a fazer parte da Pia União das Filhas de Maria e é rapidamente eleita presidente. Dentro de um ano vez o seu primeiro voto de virgindade.
     Vivaz e dinâmica, Savina ensinava catecismo e sempre reunia em sua casa um grupo de amigas com as quais rezava, trabalhava e  sonhava com o futuro.
     Em 1869 foi recebida pelo Papa Pio IX que a exortou a seguir a norma de Santa Catarina de Siena, o que a inspirou a fundar um instituto.
     Em 15 de agosto de 1873, na capelinha de sua casa, com outras cinco companheiras ela emitiu os votos de castidade, obediência e pobreza na presença do confessor e com a aprovação do Arcebispo Mons. Enrico Bindi, que concede a primeira licença para iniciar uma obra em beneficio dos pobres.
     No dia 7 de setembro de 1874, dia da vigília da festa da Natividade de Maria Santíssima, a comunidade nascente transferiu-se para a nova sede na via Baroncelli. Sena torna-se então o berço de uma nova Congregação.
     A nova família religiosa recebeu o nome de Congregação das Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Siena. Em 1881 Madre Savina iniciou a fundação do Convento em Viterbo e em 1903 a primeira missão em Belém, no Brasil.
     Com o mesmo ardor de Santa Catarina de Sena, Madre Savina decide dedicar-se especialmente aos pobres para ajudá-los, amando-os sem medida e sem recompensa.
     A Providência vai ao encontro de Savina através de alguns personagens eminentes, como o Cardeal Ricci Paracciani, o Marquês Bichi Ruspoli e a nobre senhora Anna Saracini. Estas pessoas foram para Savina o coração e as mãos de Deus.
     Sucessivamente Madre Savina toma o voto de “não negar nada voluntariamente ao Senhor”, o voto de “perfeita obediência” e ao  Diretor Espiritual o voto de “não lamentar-se deliberadamente de nenhum sofrimento externo e interno” e o voto de “completo abandono ao vontade do Senhor”. Tudo é pouco por Jesus” é o lema de Madre Savina.
     Em 1881 Madre Savina inicia a fundação do Convento em Viterbo e em 1903 a primeira missão em Belém, no Brasil.
     As Constituições da Congregação, que se converteu de direito pontifício, foram finalmente aprovadas em 17 de junho de 1906. Inicialmente a obra se dedicou aos órfãos, depois abraçou outros apostolados de alívio à pobreza e ao sofrimento.
     Nos últimos 30 anos de sua vida Madre Savina sofreu uma grave enfermidade degenerativa. Ela faleceu no dia 18 de abril de 1923 às 17:20 horas, aos 72 anos de idade, oferecendo-se serenamente a Jesus, deixando-nos um exemplo luminoso de mulher sábia, contemplativa, operosa, um estilo de vida simples, vivido à luz da fé e da obediência.
     Além das 25 casas da Itália, a Congregação conta com obras no Brasil, Argentina, Índia, Estados Unidos, Filipinas e Paraguai.
     O Papa João Paulo II a proclamou Beata  na Praça de São Pedro em 24 de abril de 1988. Sua festa é celebrada no dia 18 de abril.
 
Fontes: www.anbeas.org.br/savinianas/savina.php;
Etimologia: Savina, o mesmo que Sabina: do latim Sabinus, “sabino, pertencente aos sabinos (povo da Itália, vizinho dos latinos)”. Sabinus significa: “o pertencente à própria federação”.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Santa Engrácia, Virgem e mártir - 16 de abril


     Santa mártir nascida em Braga (Portugal). Morreu vítima da perseguição decretada por Diocleciano em 303.
     Os cristãos haviam proliferado no Império Romano sob o amparo das leis no tempo de Galieno. Eles viviam no campo e nas cidades. Diocleciano havia conseguido a unidade territorial, política e administrativa do Império e almejava unificar também a religião; para isto a religião dos cristãos deve sucumbir Ele assina quatro editos a respeito e elege cuidadosamente as pessoas que sejam capazes de fazê-los cumprir. Daciano foi escolhido para o território da Espanha, e exerceu seu poder com crueldade.
     O Martirológio Romano registra, em data moderna, no dia 16 de abril, três comemorações diferentes: 1º a dos santos que foram martirizados perto da cidade espanhola de Zaragoza durante a perseguição do imperador Diocleciano, Ottato com 17 companheiros, Lupércio, Sucesso, Marcial, Urbano, Júlia, Quintiliano, Públio, Frontone, Felice, Ceciliano, Evodio, Primitivo, Apodemio e quatro de nome Saturnino; 2º a virgem Engracia; 3º Caio e Crescencio. Às vezes este grupo é definido como “Inumeráveis Mártires de Zaragoza”.
     O poeta Prudêncio (cerca 348-410), originário de Zaragoza, escreveu um hino dedicado aos mártires seus concidadãos, elencando todos e os seus respectivos nomes, mas sem especificar como foram mortos.
     O hino trata também de uma certa Santa Encratis, ou Engracia, virgem que durante tal perseguição sofreu horríveis torturas, detalhadamente descritas pelo poeta. Este a define como “jovem corajosa” pelo modo como defendeu a própria fé, como sobreviveu às torturas, e descreve sua casa como o “santuário de uma mártir viva”, pois seu corpo chagado não se rende.
     Segundo a legenda, Engracia era uma jovem e graciosa noiva que viajava desde Bracara Augusta (Braga atual), na Galecia, até Rosellón, na França, para reunir-se com seu amado. Dezoito cavaleiros da casa e família a acompanhavam e lhe fazem cortejo. Ao chegar a Zaragoza e ao inteirar-se das atrocidades que estava fazendo o prefeito romano, se apresenta espontaneamente diante de Daciano para lhe lançar em face sua crueldade, injustiça e insensatez com que tratava seus irmãos na Fé. Terminou martirizada, bem como todos os seus companheiros.
     Os historiadores acreditam que Engracia sofreu a perseguição em uma época que sucedeu a Ottato e provavelmente tenha sido relativamente contemporânea de Prudêncio. O nome da santa, sem dúvida a mais famosa do grupo, é mencionado em várias formas diferentes e o seu culto se difundiu por toda a Espanha e nos Pirineus.
     Santo Ottato e os seus companheiros foram venerados em especial na igreja a eles dedicada. Por ocasião do Sínodo de Zaragoza, do ano de 592, o santuário dedicado à memória dos santos mártires foi consagrado e uma Missa própria foi redigida, conhecida como “Missa de Santa Engrácia ou dos 18 mártires”.
 
Etimologia: Engrácia, nome de origem cristã, do espanhol Engrancia, derivado do latim in gratia (Domini): “na graça do Senhor”.

sábado, 11 de abril de 2015

Beata Ida de Louvain, Monja cisterciense - 13 de abril

    
     Sabemos de Ida de Louvain o que um autor anônimo conta em sua Vida, escrita pouco tempo depois de sua morte.
     Nascida por volta de 1212, Ida pertencia a uma família de ricos comerciantes. Seu pai era um comerciante de vinhos que vivia na operosa cidade de Louvain e que, preocupado unicamente em acumular riquezas e em usufruir dos bens terrenos, ficou muito contrariado quando a filha lhe disse que tinha a intenção de se fazer monja. O pai não consentiu, o que a fez sofrer muito.
     Desde muito jovem ela manifestou repulsa por aquela nova sociedade comercial cujo aparecimento nas cidades do Norte provocava uma pobreza muito grande de uma população reduzida à mendicância. Em profundo conflito com a família, Ida se dedicava a ajudar os pobres, ao mesmo tempo em que se infligia impressionantes penitências que visavam reparar os ultrajes feitos a Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Ela finalmente conseguiu vencer a dureza de seu pai e ingressou na abadia cisterciense de Val-des-Roses, perto de Malines. Sua biografia, composta provavelmente no final do século XIII, baseada nos testemunhos de seu confessor, revela uma mulher em odor de santidade cujo renome ultrapassou o claustro de seu mosteiro.
     Dominicanos e franciscanos reconheceram os seus méritos e não se pode deixar de perceber a influência da espiritualidade franciscana nas evocações dessa mística: a exemplo de São Francisco de Assis, Ida tinha grande familiaridade com os animais; seu corpo marcado por cinco chagas evocava seu amor imenso por Jesus sofredor.
     Antes mesmo de sua entrada no mosteiro apresentava um desejo insaciável de receber a Eucaristia.  É um dos temas desenvolvidos em sua Vida; assim como ela, outras santas daquele século dão testemunho da grande devoção pelo Santíssimo Sacramento que se desenvolveu a partir da Festa de Corpus Christi celebrada pela 1ª vez em 1246 na diocese de Liége.
     Sua biografia também apresenta numerosas analogias com a de outras cistercienses da diocese de Liège: Ida de Nivelles, Lutgarda d’Aywières, Beatriz de Nazaré ou Ida de Gorsleeuw, com as quais esta mística participa da mesma intimidade com o Menino Deus e Jesus Cristo crucificado.
     Alegrias e sofrimentos marcam seus encontros com Cristo que se faz ver, ouvir, entender. Ele se revela o Amor Encarnado que fere ao mesmo tempo em que cura. Ele oferece a ela seu Coração, lhe desvenda sua beleza, celebra uma Missa solene para ela.
     Transportada ao coro dos Serafins, ela vislumbra o mistério da Santíssima Trindade. Seu biógrafo revela que ela traduziu os textos da liturgia para a língua vernácula sob a orientação do Espírito Santo.
     Além de jejuns, distribuição alimento aos pobres, participação nos sofrimentos de Nosso Senhor, Ida se dedicou à oração, à contemplação e aos trabalhos manuais, entre os quais preferia a transcrição dos livros, mas não recusava jamais as incumbências mais humildes; estava sempre disponível no serviço de suas irmãs de hábito.
     Os fenômenos místicos, os seus êxtases frequentes e muitos prodígios lhe foram atribuídos e numerosas conversões.
     Ida faleceu no dia 13 de abril em um ano por volta de 1290.
     Considerada beata no século XVII tanto pelos hagiógrafos cistercienses como pelos Bolandistas, Ida faz parte destas figuras tratadas abundantemente pelos especialistas da mística da Idade Média. 

Fontes: «Vita de venerabili Ida Lovaniensi. Ordinis Cisterciensis...», Bibliothèque nationale de Vienne, Series nova 12707, f°167r°-197r°.; «Vita de venerabili Ida Lovaniensi. Ordinis Cisterciensis...», éd. Daniel Papebroch, Acta sanctorum, Avril, t.II, 1866, p.156-198.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Santa Maria Rosa Júlia Billiart, Fundadora - 8 de abril

    
     Santa Júlia Billiart nasceu em 12 de julho de 1751 em Cuvilly, perto de Beauvais, Picardia, França. No batismo recebeu o nome de Maria Rosa Julieta. Era a sexta de sete filhos de Jean-François Billiart, um fazendeiro razoavelmente próspero, que também era dono de uma pequena loja, e de sua esposa Marie-Louise-Antoinette Debraine.
     Desde tenra idade Júlia demonstrou piedade e virtudes incomuns: aos 7 anos sabia todo o Catecismo de cor e costumava reunir as amigas em torno dela para ouvirem a catequese que ela explicava. Sua educação era limitada à escola da aldeia de Cuvilly, que era conduzida por seu tio, Thibault Guilbert.
     Em assuntos espirituais, seu progresso foi tão rápido que o padre da paróquia, Pe. Dangicourt, permitiu que ela recebesse a 1ª Comunhão na idade de 9 anos, enquanto o normal era 13. O pároco deu-lhe permissão para fazer um voto privado de castidade aos 14 anos de idade. Ele ensinou-lhe como fazer oração mental, a controlar o seu temperamento e incutiu-lhe um profundo amor por Jesus na Eucaristia.
     Em 1767, a família perdeu sua fortuna devido a maus investimentos e Júlia teve que realizar um trabalho duro para ajudar a família a sobreviver, mas continuou a ensinar catecismo às crianças mais jovens e aos trabalhadores agrícolas da freguesia, além disso, visitava os doentes.
     Júlia estava com vinte anos quando sua vida foi subitamente mudada. Uma noite, no inverno de 1774, alguém fez uma tentativa de ferir ou mesmo matar o pai: os dois estavam sentados juntos em casa, quando foi disparado um tiro pela janela. Júlia, sensível, teve um choque que a levou a uma paralisia nervosa, e progressivamente a doença a tornou incapaz de andar, o que lhe causou grande dor. Tentativas de tratamento não deram resultado, e ela ficou completamente inválida. Ela recebia a comunhão diária, e passava quatro a cinco horas por dia em contemplação. Ela oferecia seu sofrimento ao Sagrado Coração de Jesus como reparação pelos pecados, especialmente aqueles que eram cometidos contra a Sagrada Eucaristia.
     O pároco continuava a ser seu diretor espiritual, e a encorajou a continuar com o seu trabalho de catequese da cama. Ela desenvolveu o seu próprio apostolado, dando conselhos espirituais a um número crescente de pessoas. Algumas mulheres ricas começaram a visitá-la, impressionadas com o que tinham ouvido da sua paciência, dedicação e bom humor.
     Em 1789, a famigerada Revolução Francesa se instala. Entre os que a visitavam e conversavam com ela naquela época estavam os Bem-aventurados irmãos François-Joseph de Rochefoucauld e Louis de la Rochefoucauld, bispos de Beauvais e Saintes, respectivamente, ambos martirizados no massacre do Mosteiro dos Carmelitas, na Rue de Rennes, em Paris, em 2 de setembro de 1792 e fazem parte dos 191 Mártires de Setembro.
     Em 1790, o padre da paróquia de Cuvilly foi substituído por um padre juramentado do governo revolucionário. Foi principalmente graças à influência que Júlia tinha sobre o povo que houve boicote ao intruso. Mas quando ela ficou sob suspeita pelo governo revolucionário por receber em sua casa os sacerdotes perseguidos, e na praça da aldeia o carrasco pôs fogo no mobiliário da igreja, onde Julia deveria ser queimada como bruxa, ela foi forçada a se esconder.
       Seus amigos foram exilados de Cuvilly, e nos três anos seguintes ela viveu na clandestinidade em Compiègne, onde foi transferida de um abrigo para outro. Ela sofreu dores e a doença se deteriorou a tal ponto, que ela perdeu a fala durante vários meses. Nesse tempo, ela teve uma visão: ela viu o Calvário cercado por freiras em trajes incomuns e ouviu uma voz dizendo-lhe: "Veja essas filhas espirituais que vos dou em um instituto marcado pela cruz".
     Em Compiègne ela morou perto do bendito Carmelo onde 16 freiras carmelitas enfrentaram cantando a guilhotina em 17 de julho de 1794.
     Após o primeiro intervalo das perseguições que se seguiram ao fim do período do Terror, Júlia foi resgatada por um velho amigo, e em outubro de 1794, ela foi trazida para Amiens, para a casa do Visconde Blin de Bourdon.
     Neste lar hospitaleiro, Júlia se recuperou e conheceu a irmã do Visconde, Françoise Blin de Bourdon, Viscondessa de Gézaincourt, que se tornou sua amiga íntima e sua assistente em todos os trabalhos, co-fundadora do seu Instituto e sua primeira biógrafa. Françoise tinha 38 anos quando conheceu Júlia e havia passado sua juventude na piedade e em boas ações. Ela havia sido presa com toda a família durante o Terror, e só escapou da morte por causa da queda de Robespierre.
     Entre 1794 e 1804, Júlia tenta dar ao seu trabalho uma forma permanente. Mas uma nova perseguição se espalhou e forçou Júlia e sua nova amiga a se retirarem para uma casa que pertencia à família Doria, em Bettencourt. Neste tempo, foram visitadas várias vezes pelo Pe. Joseph Desire Varin (1769-1850), superior dos Padres da Fé, que ficou impressionado pela personalidade e habilidade de Júlia. Ele estava convencido de que Deus a tinha escolhido para fazer grandes coisas pela Igreja.
     Após a Revolução, Júlia voltou a Amiens, e fundou, sob orientação do Pe. Varin o "Instituto de Nossa Senhora para educação cristã". O seu principal objetivo era o cuidado espiritual das crianças pobres, mas também a educação de meninas de todas as classes e de formação de professores. A fundação foi aprovada pelo Bispo de Amiens, Mons. Demandolx, ex-bispo de La Rochelle.
     Em 1804, os Padres da Fé realizaram uma grande missão em Amiens. Júlia pediu a um dos sacerdotes, o Pe. Enfantin, que tinha sido ordenado em uma granja durante a Revolução, para acompanhá-la em uma novena. No quinto dia, 1º junho, Festa do Sagrado Coração de Jesus, ele ordenou-lhe: "Madre, se tendes alguma fé, dê um passo em honra do Sagrado Coração de Jesus". Ela se levantou imediatamente e estava completamente curada após 22 anos de invalidez.
     Algumas senhoras se juntaram a Júlia e a Françoise, e o Pe. Varin escreveu uma regra provisória para elas. As primeiras quatro irmãs fizeram seus votos no dia 15 de outubro de 1804: Júlia Billiart, Françoise Blin de Bourdon, Victoire Leleu e Justine Garson. A regra temporária foi tão presciente que os seus princípios nunca foram alterados. Antes que um ano se passasse eram dezoito irmãs.
     Após sua recuperação, Júlia continuou a expansão de sua Congregação a passos rápidos, a qual se espalhou para Gent, Namur e Tournai, em Flandres (atual Bélgica). Agora ela também podia participar pessoalmente de missões conduzidas pelos Pais da Fé em outras cidades, mas as suas atividades foram interrompidas pelo governo.
     Quando a Congregação foi aprovada por decreto imperial de 19 de junho de 1806, tinha 30 membros. De 1804 até sua morte em 1816, Júlia viajou incessantemente e foi responsável pela rápida expansão do novo Instituto.
     Por causa da Revolução Francesa o povo não havia recebido nenhuma formação religiosa, e ela estava preocupada com a descristianização do país. Esta foi a principal motivação para o seu trabalho educacional. Embora o seu interesse inicial tivesse sido sempre os pobres, ela compreendeu que as outras classes na sociedade também tinham uma grande necessidade de educação cristã saudável e que suas irmãs nunca poderiam cobrir sozinhas toda a demanda.
     Em 1809, após problemas com o novo diretor do Instituto, Madre Júlia se instalou em Namur (Bélgica), levando consigo a maioria das Irmãs. O bispo da cidade, Mons. Joseph Pisani de la Gaude, aprovou a Congregação alterando o seu nome para "Irmãs de Nossa Senhora de Namur”.
     Várias circunstâncias levaram ao fechamento de todos os conventos e as escolas na França, e, em 1815, e os conventos belgas foram saqueados pelos soldados, antes e depois da Batalha de Waterloo.
     Madre Júlia enfrentava as dificuldades com bom humor e uma total confiança na Providência de Deus, e ela manteve a Congregação firme por meio de viagens intermináveis de convento a convento, onde ela incentivava, apoiava e contribuía ensinando ou lavando, se necessário. Françoise (Madre São José), por sua vez manteve um governo empreendedor, com uma segurança aristocrática, uma força tranqüila e a convicção de que Madre Júlia fizera a obra de Deus.
     Madre Júlia, que foi a fundadora de uma das principais Congregações da Igreja, não escreveu nenhum tratado sobre o ensino ou o funcionamento das escolas. Suas ideias são encontradas nas cartas e nas instruções que deu às Irmãs, e como Madre São José colocou essas ideias em prática após sua morte.
     Em 1844, a regra foi aprovada pelo Papa Gregório XVI (1831-46). Quando Madre São José (Françoise Blin) morreu em 1838, a nova Congregação estava firmemente estabelecida, a sua filosofia de trabalho e a sua presença aceita e apreciada. Até o final do século XIX, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora se espalhou para os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Guatemala, Congo e da Rodésia (Zimbabwe). Em 1900, ela chegou ao Japão, China, Brasil, Peru, Nigéria e Quênia.
     Madre Júlia adoeceu em janeiro de 1816, e após três meses de sofrimento, em meio ao silêncio e a paciência, faleceu em 8 de abril 1816, em Namur, enquanto calmamente recitava o Magnificat. O Bispo de Namur disse: “A Madre Julia é uma dessas pessoas que podem fazer mais pela Igreja de Deus em poucos anos do que os outros fazem em um século”.
     Ela foi enterrada no dia 10 de abril no cemitério da cidade. Sua reputação de santidade foi reforçada por vários milagres. Seu processo de canonização foi iniciado em 1881 e seus restos mortais foram removidos em 1882.
     Ela foi beatificada em 13 de maio de 1906 (o documento foi datado de 19 de março) por São Pio X (1903-14), e canonizada em 22 de junho de 1969 por Paulo VI (1963-78).

sábado, 4 de abril de 2015

Santa Maria Crescência Höss, Terceira Franciscana - 5 de abril


     Maria Crescência Höss nasceu numa família numerosa de humildes tecelões na cidade de Kaufbeuren* (que naquele tempo contava com dois mil e quinhentos habitantes, protestantes em sua maioria), na Alemanha, no dia 20 de outubro de 1682.  Seus pais eram católicos praticantes.
     Na escola se distinguiu por sua inteligência e sua devoção. Desde sua infância rezava muito e com fervor ao Espírito Santo, devoção que cultivou durante toda sua vida. Desejava que as pessoas vissem nEle um caminho mais fácil de vida espiritual. Tornou-se tecelã para ajudar seus pais, mas sua maior aspiração era entrar no mosteiro das Franciscanas de Kaufbeuren.
     Embora seus pais apoiassem sua decisão, eram demasiado pobres para pagar o dote requerido e isto somente foi possível com a ajuda decisiva do prefeito protestante, sensível à vocação religiosa de Crescência.
     Admitida pelas franciscanas em 1703, um ano depois recebia o hábito definitivo da Ordem Terceira.
     Maria Crescência possuía dotes espirituais, humanísticos e morais que fascinavam todos que dela se aproximavam. Durante muitos anos foi porteira do convento, cargo em que aproveitou para aconselhar muita gente e realizar uma generosa obra de caridade. Para um número extraordinário de pessoas, foi a auxiliadora previdente, sensata e também conselheira iluminada.
     Possuía a capacidade de reconhecer rapidamente os problemas e apresentar soluções apropriadas e racionais. Até mesmo o príncipe herdeiro e bispo de Colônia, Clemente Augusto, tinha-a como orientadora espiritual e sábia, tanto que solicitou ao papa sua canonização logo que ela morreu.
     Crescência tinha uma inteligência privilegiada. Dentro do pequeno convento das franciscanas, conseguiu fazer um surpreendente apostolado, onde cumpriu todas as funções com a dedicação e a generosidade de quem possui a alma dos grandes.
     Em 1717, ela se tornou mestra de noviças, formando as jovens irmãs para uma vida digna da espiritualidade interior daquela comunidade religiosa.
     Em 1741, para sua surpresa, Maria Crescência foi eleita superiora e, apesar das tentativas de recusa, acabou aceitando a tarefa. Recomendou a observação do silêncio, a oração contemplativa, e a leitura espiritual, especialmente o Evangelho.
     Em seus três anos como superiora tornou-se sua segunda fundadora. Firmou solidamente as bases espirituais franciscanas no respeito ao juramento da vocação, que diz: "Deus quer os ricos em virtudes, não em bens temporais". Os pontos principais de seu programa para a renovação do convento foram a confiança ilimitada na Providência Divina, na doação integral ao próximo e aos mais pobres, no amor ao silêncio, na devoção a Jesus Crucificado, na devoção à eucaristia e à Virgem Santa.
     Graças a ela o pequeno mosteiro de Kaufbeuren desempenhou um surpreendente e importante apostolado epistolar.
     Maria Crescência Höss morreu em Easter, no dia 5 de abril de 1744, e tornou-se uma das santas mais veneradas da Alemanha e da Europa do Leste. Foi sepultada no convento da Ordem Terceira das Franciscanas de Kaufbeuren, que logo se tornou um local de intensa peregrinação de devotos que solicitam sua intercessão em curas e graças. Esse fenômeno se verificou ininterruptamente desde sua morte e se intensificou depois de sua beatificação levada a cabo por Leão XIII em 7 de outubro de 1900. Esta veneração continua viva até hoje de modo surpreendente, não somente entre os católicos mas também entre as comunidades surgidas da Pseudo Reforma.
     É costume representá-la tendo uma cruz na mão direita enquanto a esquerda se dirige ao Salvador Crucificado, pois durante toda sua vida predominou nela a contemplação e a devoção a Nosso Senhor Jesus Cristo em sua agonia, que a levava a um grande espírito de sacrifício pessoal, seguindo o exemplo do Salvador.
     O seu culto foi fixado para o dia 5 de abril e se tornou oficial que no local de sua sepultura fosse erigido um santuário para a visitação de fiéis. A sua canonização foi feita em 2001, por João Paulo II, em Roma. 
(*) Kaufbeuren é uma cidade da região de Regierungsbezirk, Schwaben, no sul da Bavária. A cidade faz parte do distrito de Ostallgäu. Possui 44.8 mil habitantes.
 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Beata Isabel Vendramini, Fundadora - 2 de abril


Virgem Fundadora do Instituto das Irmãs Isabelas da Ordem Terceira de São Francisco
     Isabel Vendramini, filha de Francisco Vendramini e Antônia Ângela Duodo, nasceu em Bassano del Grappa no dia 9 de outubro de 1790. Desde menina, como ela mesma escrive de si, foi presenteada com as mais seletas bênçãos. A 1ª. Comunhão e a Confirmação foram etapas decisivas em sua vida. Por algum tempo foi aluna das Irmãs Agostinianas, que a formaram em seu itinerário espiritual.
     Jovem brilhante, ela gostava de se vestir bem e era centro de interesse. Era amante da solidão e com frequência se retirava no campo para rezar. Depois de seis anos de noivado, às vésperas das bodas, o Senhor a fez ver com clareza que a chamava, o que para ela foi uma verdadeira conversão.
     Consagrada ao Senhor pelas vias de São Francisco, de uma fé ativa e consciente, empreendedora segundo o Evangelho a serviço dos mais pobres num programa de vida tendo Cristo como centro, encontramos em seus escritos as etapas do itinerário da elevada espiritualidade seráfica e apostólica.
     Em 17 de setembro de 1817, festa dos Estigmas de São Francisco, percebeu claramente que era chamada a uma vida de consagração. Desde então com alegria começou a levar uma vida de austera penitência e caridade. Assistia aos doentes e se dedicava inteiramente à educação das jovens de um orfanato. Em 1821 se tornou terceira franciscana. O Senhor a guiava para caminhos mais elevados.
     Em 1º de janeiro de 1827, deixou Bassano e se mudou para Pádua. Três dias depois foi contratada pela “Casa dos Expostos” para a formação das jovens. Ali se encontrou com Dom Luigi Moran, que se tornou seu diretor espiritual e colaborador na fundação que Isabel pretendia levar a cabo. Madura na experiência educativa, de apostolado, de graças e de carismas, em 4 de outubro de 1830 teve início a nova congregação das primeiras Irmãs Terceiras Franciscanas Isabelinas, com a vestição e a profissão religiosa no ano seguinte.
     Deus abençoou esta instituição e o número de religiosas cresceu; receberam uma sólida formação sob a direção inspirada da Madre Isabel Vendramini.
     Em 1834 foram chamadas à “Casa das Indústrias”. Em 1836 foram encarregadas da instrução das meninas órfãs, hóspedes do colégio do Beato Peregrino. Mais tarde foram chamadas para a assistência dos idosos nas casas de repouso e para os doentes em casas de saúde e hospitais. Nos anos de epidemia de cólera, Isabel e suas isabelinas se prodigaram com heroica dedicação na assistência dos enfermos.
     O desenvolvimento do instituto se dava sob a vigilante e maternal direção da Madre. Por 32 anos ela foi a Superiora amada e venerada de sua congregação, à qual ela deu a fisionomia franciscana e o ímpeto caritativo e missionário que hoje conta com 1.500 religiosas na Europa, África, Oriente Médio e América Latina.
     A Fundadora faleceu antes da aprovação de sua obra. Cheia de mérito e virtudes expirou no dia 2 de abril de 1860 aos 70 anos. Seu túmulo desapareceu depois de 1872, durante os trabalhos de reestruturação do cemitério de Pádua. Joao Paulo II a beatificou em 4 de novembro de 1990.
 
Fontes: es.catholic.net/op/.../isabel-vendramini-beata.html ; www.santiebeati.it