sexta-feira, 29 de junho de 2018

Há 94 anos consagração da China à Nossa Senhora, Imperatriz da China

     Um fato miraculoso ocorreu em 1900 e foi aprovado pelas autoridades eclesiásticas em 1924. O bispo jesuíta Henri Lecroart propôs que fossem consagrados à Nossa Senhora a China, a Mongólia, a Manchúria e o Tibete, sob a invocação de Nossa Senhora Imperatriz da China.

Nossa Senhora, Imperatriz da China, também conhecida como Nossa Senhora de Sheshan
24 de maio de Nossa Senhora de Sheshan - Dia mundial da oração na China

     "O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino" (Ap 12,13).

     Ninguém ignora a férrea repressão na China vermelha a tudo que possa se referir a religião. Repressão, sobretudo, anticristã. Há dois santuários marianos nacionalmente famosos na China, Dong-Lu em Boading e Sheshan em Shangai.
     O Santuário de Nossa Senhora de Sheshan em Shangai está sob o controle da Associação Patriótica (a Igreja católica nacional infiel ao Papa, criada pelo Partido Comunista), o Santuário a Dong-Lu permanece firmemente com a Igreja Católica Romana, chamada "Igreja Subterrânea". Desde 1924, católicos chineses provenientes de todas as localidades da China, viajavam todos os meses de maio para Dong-Lu com a finalidade de venerar a Mãe Santificada de Cristo.
     Mas tudo isso mudou durante a Revolução Cultural.
Em pleno ataque perseguidores anticristãos debandam ao verem a Santíssima Virgem pairando sobre o povoado, rodeada de uma multidão de anjos
     Por motivos de preconceito de fundo nacionalista, a Igreja Católica sempre encontrou enorme resistência cultural na China. Em 1900 ocorreu a “perseguição dos boxers”, nacionalistas chineses que se organizavam em clubes desportivos, praticantes de artes marciais, boxe, etc., que se tornou uma das mais terríveis. Essa perseguição deixou um saldo de milhares de mártires — 30.000, segundo algumas fontes —, entre eles cinco bispos, 130 sacerdotes e numerosos fiéis.
     Foi justamente durante essa represália anticristã que se deu uma grande intervenção da Santíssima Virgem, ocorrida em junho de 1900. Os boxers anticatólicos estavam prestes a eliminar Dong-Lu, à época com aproximadamente 700 habitantes. Naquela ocasião, cerca de 9.000 refugiados se encontravam na aldeia, onde os padres vicentinos tinham começado uma missão. Em sua maioria eram habitantes muito pobres.
     A situação era terrível. Milhares de perseguidores cercavam a cidade, e todos pressentiam a iminência de um massacre de seus habitantes. Quando tudo parecia perdido, os perseguidores viram Nossa Senhora pairando sobre o povoado, rodeada de uma multidão de anjos. Aterrorizados, inutilmente dispararam tiros contra Ela. Diante do fenômeno inexplicável, fugiram em grande debandada.
Santuário de Dong-Lu passou a representar o Cristianismo na China 
    Em agradecimento por terem sido salvos do perigo, os habitantes construíram um santuário em honra à Santíssima Virgem. Por iniciativa do pároco local esculpiu-se uma imagem representando Nossa Senhora vestida com os trajes de imperatriz, que passou a ser venerada no santuário.
     A aprovação do fato miraculoso pelas autoridades eclesiásticas ocorreu em 1924, em Shangai, por ocasião do sínodo dos bispos chineses. O bispo jesuíta Henri Lecroart propôs que fossem consagrados à Nossa Senhora a China, a Mongólia, a Manchúria e o Tibete, sob a invocação de Nossa Senhora Imperatriz da China. A proposta foi aceita, e em junho 150 bispos, tendo à frente o Núncio Apostólico, Mons. Celso Constantini, foi feita a consagração. Mais tarde, em 1932, o Papa Pio XI elevou o santuário de Dong-Lu à categoria de local oficial de peregrinação. Em 1941, o Papa Pio XII concedeu à Igreja da China uma festa em honra de Maria Medianeira de todas as graças, sob o título de Santa Mãe, Imperatriz da China.
     Curiosamente, três fatos diferentes são estabelecidos: um é o santuário reconhecido como de peregrinação oficial; outro, uma festa litúrgica; e o terceiro, uma consagração do país. Mas na devoção popular todos se fundiram num só, e Dong-Lu passou a representar os três fatos conjuntamente.
Governo comunista mobiliza 5 mil soldados, carros blindados e helicópteros para dinamitar o santuário e confiscar a imagem da Virgem Maria
     A pequena aldeia tornou-se então o berço de 40 dos 120 santos mártires canonizados pelo Papa João Paulo II em 1 de outubro de 2000. Para grande incômodo do governo comunista, durante os últimos 100 anos, a peregrinação de milhares de católicos na China crescia em devoção e número de fiéis. Ciente dessa terrível "ameaça", em abril e maio de 1996 o governo chinês mobilizou 5 mil soldados, apoiados por dezenas de carros blindados e helicópteros, dinamitou o santuário mariano, confiscou a estátua da Virgem Maria e prendeu muitos sacerdotes.
     O governo chinês passaria a considerar essa parte da Igreja Católica Romana como ilegal. Assim, a Santa Missa, catequese, batismo e outros serviços religiosos, para muitos católicos que ainda estão no subsolo deve ser realizado em casas particulares e em segredo com os riscos de multas exorbitantes, prisão, prisão domiciliar, torturas físicas e internamento em campos de trabalho.
Sacerdotes, seminaristas, freiras e leigos enfrentam perseguições e assédios contínuos. Muitos deles desapareceram e outros estão na cadeia.
     Recentemente, quando os holofotes da mídia mundial controlada se voltavam para as olimpíadas de Pequim, em 2008, a igreja de Dong-Lu foi destruída por comunistas chineses. O fato, abafado por muito tempo, causou imensa tristeza no Vaticano e indignação aos cristãos ocidentais.
     No entanto, a pintura da Nossa Senhora da China manteve-se íntegra, uma vez que a imagem da igreja era apenas uma cópia. O original havia sido escondido na parede, atrás da cópia, e foi recuperado em impecável estado. Encontra-se agora em mãos dos fervorosos católicos chineses que, lamentavelmente, continuam seu trabalho missionário na igreja das catacumbas.
Católicos chineses rezam para que Bento XVI consiga restabelecer relações de compreensão e respeito com a China comunista para a liberdade da fé religiosa do seu povo.
Repressão continua em pleno século XXI
     Atualmente, Dong-Lu permanece a pequena e poeirenta vila de 12 mil pessoas. Entre o casario de tijolo aparente, os mercadinhos e as fábricas de roldanas industriais, destaca-se o curioso prédio da Igreja de Nossa Senhora de Dong-Lu.
     Apesar da indiferença da imprensa comunista estatal, a cidade de Dong-Lu é conhecida em pleno “paraíso” de Mao por ser o lugar onde, desde 1900, ocorrem visões da imagem da Santíssima Virgem. A última apareceu em 1995 e foi testemunhada por muitos habitantes da cidade. Muitos habitantes atestam que veem a Santíssima Virgem frequentemente por lá. Nós, católicos, sabemos que a Mãe de Jesus e da Igreja não abandona Seus filhos.
     Datas importantes do calendário cristão como Páscoa e Natal são celebradas exatamente como no Ocidente, mas tudo é feito escondido do governo, por meio de celebrações discretas e clandestinas, sem música, para evitar prisões.
     Dong-Lu é cercada de oficiais da polícia à paisana que estão ali para impedir a entrada não apenas de jornalistas, mas de peregrinos que vão à cidade por conta das aparições da Virgem Maria. Os moradores que são pegos falando com a imprensa correm grande risco — afirma Joseph Kung, presidente da Fundação Kung, que ajuda os católicos clandestinos na China, hoje estimados em cerca de seis milhões. 
Procissão em 2011
   
O governo comunista teme que a cidade se transforme num centro de peregrinação. No entanto, apesar da repressão, o número de católicos na região não para de crescer, especialmente os jovens.
Conclusão
     Como vemos nesse estudo, é a partir dessa "mente revolucionária" que provém o ódio anticristão, agora generalizado em muitos corações. E a partir desse ódio implementa-se a cultura de morte e habilmente promove-se a imbecialização da mentalidade contemporânea, moldando-a docilmente aos sinistros propósitos do governo oculto.
     Em Dong-Lu o combate entre o "Dragão" (ou antiga serpente) e a "Mulher" é literal. Em visitas clandestinas ao santuário, peregrinos perseguidos traduziram em duas frases a inevitável esperança cristã, transcritas nos dois lados da imagem da Santíssima Virgem. Em um lado lê-se: "A cabeça da serpente é esmagada. Debaixo de que pés foi derrotada?" No outro lado: "Meu filho, por que você está amedrontado? Sua mãe está a seu lado".

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Santas Maria Du Tianshi e Madalena Du Fengju, Martires chinesas – 29 de junho
Martirológio Romano: No território de Dujiadun, próximo de Shenxian, as santas mártires Maria Du Tianshi e Madalena Du Fengju, sua filha, que na mesma perseguição foram tiradas do local em que se haviam escondido, morrendo por causa de sua fé em Cristo, a segunda lançada ainda viva no sepulcro.  
   Na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja também se recorda de alguns mártires de dezenove séculos depois, os quais fazem parte dos 120 chineses canonizados em outubro de 2000.

     Por muitos séculos, até nos dias atuais, os cristãos chineses têm sido vítimas de perseguições violentas que atingiram um ápice no ano de 1900, com a assim chamada “revolta dos Boxers”. Na metade do mês de junho esses revoltosos atingiram Shenxian, vicariato apostólico chinês confiado aos cuidados pastorais dos Jesuítas.
     Em 29 de junho, os soldados chegaram ao vilarejo de Dujiadun, perto de Shenxian, na província chinesa do Hebei, e ali mataram duas mulheres que não hesitaram em professar a sua fé católica: a leiga casada, Maria Du Tianshi (51 anos) e sua filha Madalena Du Fengju (19 anos). Elas eram nativas de Shenxian e foram martirizadas quando foram descobertas em um local onde se haviam refugiado. Uma delas foi enterrada ainda agonizante.
     Naquele período foram milhares as vítimas da perseguição e os Jesuítas consideraram oportuno não perder a lembrança destas intrépidas testemunhas da fé. Recolheram então o material que se pode encontrar e, em 28 de maio de 1948, a causa de canonização do grupo denominado “Leon-Ignace Mangin e 55 companheiros” foi introduzida.
     Em 17 de abril de 1955 deu-se a beatificação e a canonização de todo o grupo que compreende 120 mártires chineses de várias épocas ocorreu durante o Grande Jubileu de 2000.

Fonte: http://chamadeamordemaria.blogspot.com/2012/05/nossa-senhora-da-china.html 
https://pt.wikipedia.org.wiki/Nossa_Senhora_da_China
www.santiebeati.it

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – 27 de junho

    
     Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um título que os cristãos deram a Maria Santíssima em homenagem e agradecimento à sua atenção constante e perpétua para com a humanidade. Esta imagem recorda o cuidado da Virgem por Jesus, desde a concepção até a morte, e hoje continua a proteger os seus filhos que recorrem a Ela. A mãe nunca esquece o filho, nunca abandona os filhos. Assim é o Perpétuo Socorro de Maria.
     Um homem que ganhava a vida como comerciante roubou a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no século XV. Sua intenção era vendê-la em Roma. Durante a travessia do Mar Mediterrâneo, uma violenta tempestade quase fez o navio naufragar. O comerciante pegou o quadro, pediu socorro e o mar se acalmou. Em Roma, arrependido, estando muito doente, contou a um amigo sua história e pediu-lhe que após sua morte ele devolvesse o ícone à uma Igreja para ser venerado pelos fiéis, e lhe disse que um dia todo o mundo renderia homenagem a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
     Após a morte do comerciante, porém, seu amigo, que não queria desagradar a esposa que havia se apegado a imagem e não queria devolvê-la, não cumpriu com o prometido. Várias vezes Nossa Senhora lhe apareceu pedindo para devolver sua imagem à Igreja, mas ele hesitava. Depois de sua morte, Nossa Senhora apareceu à sua filha de seis anos lhe dizendo para colocar o quadro em uma igreja. A mãe se assustou e a uma vizinha que zombou do ocorrido surgiram dores tão fortes que só aliviaram quando invocou arrependida a ajuda da Virgem e tocou o quadro. Nossa Senhora apareceu novamente para a menina e lhe disse que a pintura devia ser colocada ou na Igreja de São João Latrão, ou na de Santa Maria Maior. Só então que a imagem foi devolvida.
     No dia 27 de março de 1499 o ícone foi entronizado na Igreja de São Mateus, que era dirigida pelos Agostinianos, ficando lá por mais de 300 anos.
Esquecimento e reencontro
     Quando Roma foi invadida pelos os franceses, no século XVIII, Napoleão destruiu muitas igrejas, incluindo a de São Mateus, mas um monge agostiniano conseguiu secretamente tirar o quadro e, mais tarde, a pintura foi colocada em uma capela agostiniana em Posterula. Ali permanecendo esquecida por 30 anos. Mas um monge agostiniano que tinha muita devoção a Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, antes de morrer contou a história da imagem e da devoção a um coroinha, que tempos depois se tornou padre Redentorista.
     Os Redentoristas posteriormente construíram a Igreja de Santo Afonso sobre as ruínas da Igreja de São Mateus e, em suas investigações, com a ajuda do jovem padre, descobriram que antes havia ali o milagroso quadro do Perpétuo Socorro e que estava com os Agostinianos. 
    Assim, o superior dos Redentoristas solicitou ao Beato Pio IX, que a pintura lhes fosse devolvida. No começo de 1866, o Beato Pio IX entregou a guarda da imagem aos Redentoristas. Na ocasião, o papa fez a eles esta recomendação: “Fazei com que todo o mundo conheça esta devoção”. Os Agostinianos, uma vez que souberam da história e do desejo do Papa, de bom grado devolveram a imagem mariana.
     Os Redentoristas fizeram então muitas cópias do ícone e as difundiram por todas as partes do mundo. Depois desta missão recebida do papa, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro passou a ser oficialmente a Padroeira dos Redentoristas.
O Sagrado Ícone
     O ícone célebre é venerado desde 1866 em Roma, na Igreja de Santo Afonso de Ligório no Esquilino, dos Redentoristas, na Vila Merulana.
     A tipologia da Mãe de Deus da Paixão está presente no repertório da pintura bizantina desde, no mínimo, o século XII, apesar de rara. No século XV, esta composição que prefigura a Paixão de Jesus, é difundida em um grande número de ícones.
     Andreas Ritzos, pintor grego do século XV, realizou as mais belas pinturas neste tema. Por esta razão, muitos lhe atribuem este tipo iconográfico. Na verdade, a tipologia é bizantina, e quase acadêmica a execução do rígido panejamento das vestes; mas é certamente novo o movimento oposto e assustado do Menino, de cujo pé lhe cai a sandália, e ainda a comovente ternura do rosto da Mãe.
     O ícone é uma variante do tipo hodigítria cuja representação clássica é Maria em posição frontal: num braço Ela porta Jesus que abençoa e com o outro O aponta para quem olha para o quadro, aludindo no gesto à frase “é Ele o caminho”.
     Na representação da Virgem da Paixão, os Arcanjos Gabriel (manto lilás) e Miguel (manto verde), na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da Paixão. Um dos arcanjos segura a cruz e os cravos que perfuraram os pés e as mãos de Jesus, e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (João 19:29).
     Ao ver estes instrumentos, o Menino se assusta e agarra-se à Mãe, enquanto uma sandália lhe cai do pé. Sobre as figuras estão algumas letras gregas. As letras “IC XC” são a abreviatura do nome “Jesus Cristo” e “MP ØY” são a abreviatura de “Mãe de Deus”. As letras que estão abaixo dos arcanjos correspondem à abreviatura de seus nomes.

Fontes:
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-perpetuo-socorro/49/102/
https://www.acidigital.com/noticias/hoje-e-celebrada-nossa-senhora-do-perpetuo-socorro-36190
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_do_Perpétuo_Socorro

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Serva de Deus Maria Clotilde da Saboia – 25 de junho

    


     Maria Clotilde de Saboia é um dos exemplos mais marcantes de como conseguir a união com Cristo permanecendo no mundo em ambientes que, por sua natureza, levam à distração, orgulho de poder, luxo e estilo de vida mundano, coisas antes abundantes nas cortes reais e imperiais da Europa.
     Ela nasceu em Turim em 2 de março de 1843, a mais velha dos oito filhos do rei Vittorio Emanuele II e da rainha Maria Adelaide da Áustria. De seus pais e avós, Carlo Alberto e Maria Teresa, governantes do Piemonte e da Sardenha, ela recebeu uma excelente educação religiosa e foi atraída por Jesus desde cedo. A fim de aumentar seu amor por Cristo, ela leu e assimilou os escritos de Bourdalone, Padre Croiset e Massillon.
     Como sua mãe morreu prematuramente, ela se dispôs a ajudar seus irmãos órfãos. Em 11 de junho de 1853, no castelo de Stupinigi, ela recebeu a 1ª Comunhão; nesse dia, memorável para todas as crianças, Maria Clotilde escreveu seus planos para o futuro, incluindo um de absoluta simplicidade: “Jesus, de agora em diante quero agir apenas para agradar-Te”.
     Desde aquele dia, a Eucaristia tornou-se o grande amor de sua vida; ela nunca passaria sem Ela, como também aprendera desde cedo a venerar a Santíssima Virgem e a rezar o Rosário todos os dias.
     Ela adquiriu uma boa cultura religiosa e literária, aprendeu os idiomas europeus mais importantes, era uma pintora discreta e amava música e esportes equestres. Apesar dos lutos familiares, sua vida transcorreu calmamente até 1857, quando Maria Clotilde tinha 15 anos. Seu pai, o rei Vittorio Emanuele II, recebeu do príncipe Napoleão José Carlos Paulo Bonaparte (Jerome), primo do imperador Napoleão III da França, um pedido para se casar com ela.
     Nesse momento, o pedido se transformou em imposição política pelo primeiro-ministro italiano, Camillo Benso di Cavour, que negociava em Plombières, em 1858, uma intervenção dos franceses do lado do Piemonte contra a Áustria.
     Seu pai se opunha ao casamento de sua filha de 15 anos com um príncipe de 37 anos e um famoso libertino, mas logo foi forçado a ceder por "razões de estado". Clotilde aceitou o casamento como uma vítima sacrificial e, em 30 de janeiro de 1859, casou-se com Jerome Bonaparte na catedral de Turim.
     O casamento era comparado frequentemente com a união de um elefante com uma gazela. O noivo possuía os traços fortes dos Bonaparte (amplo, volumoso e pesado), enquanto a noiva tinha um aspecto frágil, era baixa, tinha cabelo loiro e possuía o nariz característico da Casa de Saboia.
     Em 3 de fevereiro, o casal fez uma entrada solene em Paris, acolhido por toda a corte, pelo imperador Napoleão III e pela imperatriz Eugenia. No entanto, suas dificuldades começaram muito em breve, quando seus princípios cristãos entraram em choque com os de seu marido, profundamente influenciado pelos escritos de Voltaire. Ele passaria dias inteiros sem vê-la e Maria Clotilde foi forçada a escrever para se comunicar com ele.
     De fato, ao longo da sua vida, a simpatia do público era demonstrada mais a seu favor do que ao do marido; Clotilde era vista de forma carinhosa como uma mulher recatada, generosa e devota que estava presa num casamento infeliz.
     O seu marido era infiel e ela desempenhava um papel ativo nas obras de caridades. Durante uma discussão sobre qual seria a forma mais correta para se vestir, Clotilde assinalou à imperatriz Eugênia que esta não devia se esquecer de que nasceu e foi criada numa corte real. Quando Eugênia se queixou da fatiga da corte francesa em certa ocasião, Clotilde respondeu que "não nos importamos; sabe, nascemos para fazer isto".     
     Em 1861, para agradar o marido, acompanhou-o aos Estados Unidos e em 1863 ao Egito e à Terra Santa, onde pôde orar longamente e com grande emoção nos locais sagrados de Jesus, especialmente no Calvário, pois ela tinha grande devoção ao Crucificado.
     Embora evitasse ferir os sentimentos de seu marido, um racionalista e um inimigo da religião, ela conseguiu ter uma capela no palácio com a celebração da Missa diária.
     O casal teve três filhos, Vittorio Napoleon (1862), Louis Napoleon (1864) e Maria Leticia (1866); eles se tornaram sua maior alegria e ela os criou na luz de Cristo.
     Frequentando a pompa da corte imperial em Paris, Maria Clotilde mantinha um espírito de compaixão e desapego, dedicando-se aos pobres e doentes nos hospitais que ela visitava todos os dias.
     Mesmo em festas às quais ela era forçada a participar, vestia-se com simplicidade e era muito reservada; seu estilo, gentileza e religiosidade se impuseram na corte a ponto de Ernest Renan, infiel e inimigo de Cristo, dizer: “Clotilde é uma santa da raça de São Luís da França”. O Imperador Napoleão III, a quem ela carinhosamente chamava de "Papai", apreciou-a profundamente e considerava-a "uma filha muito carinhosa".
     Em 2 de setembro de 1870, quando os prussianos derrotaram o exército francês em Sedan, a dinastia napoleônica foi destronada e as desventuras começaram também para a família de Clotilde, mas ela as enfrentou com um coração forte e corajoso.
     Em agosto de 1870, até seu pai, Vittorio Emanuele II, aconselhou-a a voltar a Turim, mas ela recusou-se respondendo que o bem do marido, dos filhos e da França não permitia isto.
     No entanto, quando os prussianos invadiram Paris, no dia 5 de setembro, ela teve que partir e se tornou a última pessoa a deixar a cidade. Ela o fez com a dignidade de uma rainha e não como fugitiva, e buscou refúgio no castelo de Prangins, no Lago Genebra, na Suíça.
     Ali sua espiritualidade se manifestou ainda mais e, estando na casa dos trinta, ela se ofereceu a Deus como vítima: “De agora em diante minha vida será uma completa imolação de corpo, coração, sentimentos e tudo pelo Teu amor, ó Jesus... Eu ficarei feliz em ser Tua vítima, ó meu Jesus, se isto Te for agradável”. 
    Seu marido a deixou sozinha em Prangins e retornou a Paris, desejando recuperar seu trono e se divertir; ele ignorou sua família. Maria Clotilde sofreu muito com isso, uma situação exacerbada pela falta da Missa e da Comunhão. Somente aos domingos ela podia viajar a Nyon, cidade vizinha, para assistir à missa. Ali conheceu o padre dominicano Jacinto Cormier (1832-1916), hoje beato, que se tornou seu novo diretor espiritual. Aquele encontro resultou em que ela ingressasse na Ordem Terceira Dominicana sob o nome Irmã Catarina do Sagrado Coração, permanecendo no mundo e dedicada à sua família.
     Depois de muita oração e de aconselhar-se com o Padre Cormier, decidiu finalmente separar-se amigavelmente do marido, com quem permaneceu em bom relacionamento, a ponto de, em 1891, ela ir a Roma, onde ele estava morrendo, para confortá-lo e ter a consolação de vê-lo morrer como cristão.
     Após a morte do seu pai, em 1878, Clotilde regressou a Turim, ao castelo de seus ancestrais em Moncalieri, onde passou o resto de sua vida. Durante este período, a sua filha Maria Leticia viveu consigo no Castelo de Moncalieri, mas os seus dois filhos continuaram a viver com o pai. Na Itália, Clotilde retirou-se da sociedade e passou a dedicar-se à religião e à caridade.
     Vivia no mundo como uma freira, com Missa e Comunhão diárias, rezando todo o Rosário a Nossa Senhora e demonstrando extremo amor e caridade pelos filhos, pelos pobres, pelos doentes, pelas mães de família e ajudando os sacerdotes, sempre presente em todos as iniciativas de caridade.
     Enquanto ainda vivia, ela já era chamada de “a santa de Moncalieri”. Ela apoiou obras nascentes de muitos grandes santos de Turim na época, como São João Bosco, São Murialdo, São Cottolengo, os Cônegos Luís e João Boccardo, etc.
     Ela dava pessoalmente aulas de catecismo em Moncalieri, preparando as crianças para a Primeira Comunhão. Filha fiel da Igreja, ela escreveu ao rei seu pai uma forte nota de protesto quando soube que as leis que suprimiam as ordens religiosas, aprovadas no Piemonte em 1854, seriam aplicadas a todo o novo Reino da Itália. Sem temer a maçonaria generalizada, ela escreveu: “O último dia chegará para todos, e então as coisas serão vistas claramente. Pai, não prepare remorso doloroso e terrível para si mesmo”.
     Ela se tornou uma verdadeira mística que viveu com Jesus em silêncio e recolhimento, fazendo-O conhecido por todos. Quando seu irmão, o Rei Umberto I, foi assassinado em Monza em 29 de julho de 1900, o príncipe herdeiro, Vittorio Emanuele III, pediu orações e ajuda à Tia Clotilde.
     Ela morreu em Moncalieri, aos 68 anos, em 25 de junho de 1911, e depois de um funeral solene na Igreja de Grande Mãe de Deus de Turim, ela foi enterrada na Basílica de Superga.
     Um modelo para os poderosos e os humildes, a causa de sua beatificação foi introduzida em 10 de julho de 1942.

A  Serva de Deus com seu filho Napoleão Vitorio

Fonte: www.santiebeati.it/

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Nossa Senhora da Consolação, Venerada em Turim – 20 de junho

    
     Em Turim, Itália, a devoção à Nossa Senhora da Consolação, Patrona da Arquidiocese, chamada pelos italianos de “Consolata” (Consolada ou Consoladora), é certamente a mais acatada, além de ser a mais antiga. As origens são remotas: de acordo com a tradição, o bispo Máximo foi o construtor de uma antiga igreja mariana logo atrás das muralhas da cidade, perto da torre angular, cujos vestígios ainda são visíveis. Simbolicamente alinhado nas antigas muralhas, como prova de proteção, surge hoje o altar-mor onde a efígie veneradíssima é colocada. Original é o título de "Consolata", provavelmente uma antiga distorção do dialeto do título "Consolatrix afflictorum".
     No início da história da origem do santuário encontramos o velho rei Arduino de Ivrea, que se retirou na Abadia de Fruttuaria, e que teve em sonho uma ordem de Nossa Senhora, juntamente com São Bento e Santa Maria Madalena, para construir três igrejas dedicada a ela: a Consolata, a Belmonte em Canavese e a Crea em Monferrato.
     Em 20 de junho de 1104, a Virgem apareceu também a um cego de Briancon, João Ravachio, a quem Ela disse para ir a Turim, onde, encontrando uma pintura que a representasse, ele adquiriria a visão. O cego só conseguiu ser atendido pela empregada, que o acompanhou. Eles partiram e por um momento se lhe abriram os olhos, próximo de Pozzo Strada (onde hoje há a paróquia dedicada à Natividade de Maria), e ele viu ao longe a torre do sino da Igreja de Santo André (antigo título do Santuário). Quando ele finalmente chegou ao seu destino, cavando, encontrou a imagem da Virgem e alcançou a graça da visão. Provavelmente o ícone havia sido escondido para que não fosse destruído durante a fúria da heresia do bispo iconoclasta Cláudio.
     O bispo Mainardo, então residente em Testona di Moncalieri, acolheu a imagem milagrosa e ela foi recolocada com as devidas honras. Hoje esta imagem não existe mais. O complexo abacial de Santo André foi dirigido pelos beneditinos que ali haviam encontrado abrigo depois de terem fugido de Novalesa por causa dos ataques sarracenos. De sua presença resta a milenar e imponente torre do sino em estilo românico-lombardo, obra do monge construtor Bruningo, e as relíquias de São Valérico Abade, colocadas no altar dedicado a ele. Os beneditinos foram então substituídos pelos cistercienses reformados, chamados Fogliensi.
     A imagem hoje reverenciada foi um presente do Cardeal Della Rovere (o construtor da Catedral) e é atribuída a Antoniazzo Romano. O trabalho do final do século XV é inspirado em Nossa Senhora do Povo de Roma.
     A devoção da cidade à Virgem sempre foi acompanhada pela Casa Reinante. Os Saboia sempre atentos às várias intervenções construtivas, certificavam-se de que ali trabalhassem os melhores artistas. Guarino Guarini foi o responsável pelo layout atual do edifício, nascido da transformação da antiga Igreja de Santo André, enquanto o esplêndido altar-mor é obra de Felipe Juvarra. Em 1904, Carlos Ceppi, comissionado pelo reitor, o Beato José Allamano, acrescentou quatro capelas laterais dando a estrutura definitiva, que é muito original e adequada para o recolhimento e a oração. Também impressiona a riqueza dos mármores e estuques dourados.
     A devoção da cidade à Virgem da Consolação tem permanecido constante ao longo dos séculos, o povo e seus governantes ali se reuniam em oração tanto nas ocasiões felizes, quanto nas terríveis, centenas de ex-votos são disto testemunha.
     Entre os vários acontecimentos em que Ela foi invocada mais particularmente, recordamos o cerco da cidade pelos franceses em 1706. Turim resistiu heroicamente durante meses aos ataques do forte exército inimigo. Autêntico pai espiritual da cidade foi o já ancião Beato Sebastião Valfrè, oratoriano, confessor do Duque, capelão do exército, apoio moral do povo e inspirador do voto à Nossa Senhora de Vitorio Amadeu II, que vai se materializar na construção da Basílica de Superga na colina mais alta de cidade.
     Da clausura, a carmelita Beata Maria dos Anjos também indicava Maria Menina como libertadora. Depois do heroico gesto de Pedro Micca, a vitória aconteceu no dia 7 de setembro, véspera da festa da Natividade de Maria. Dezenas de pequenos pilares com a imagem da Consolata foram colocados ao longo do campo de batalha (o atual Borgo Vittoria). Uma bala de canhão, que ficou cravada perto da cúpula, ainda é visível hoje.
      Em 1835, durante a epidemia de cólera, a municipalidade fez um novo voto cujo principal promotor foi o decurião Tancredo di Barolo, o Servo de Deus. Em reconhecimento pelo número limitado de vítimas foi erguida uma coluna com uma estátua da Virgem fora do Santuário.
     Em 1852, a explosão da fábrica de pólvora na vizinha Borgo Dora, viu Paulo Sacchi, o novo Pedro Micca, evitar a tragédia. O vizinho hospital do Cottolengo foi severamente danificado, uma imagem da Consolata permaneceu ilesa nos escombros e, felizmente, nenhuma vítima foi registrada.
     Também durante as duas guerras mundiais, os turinenses se voltaram para sua Patrona: nos recorda disto centenas de dragonas militares, cruzes de guerra, colocados num quiosque do lado de fora e uma placa interior.
     O Santuário foi visitado por muitos santos. A lista é longa, lembramos São Carlos Borromeu e São Francisco de Sales, São José Bento Cottolengo, São João Bosco aqui liderando seus meninos de Valdocco, São José Cafasso (seus restos mortais são venerados aqui), São Leonardo Murialdo fora do portão implorava por suas obras, Santo Inácio de Santhià se recolhia longamente em oração durante a sua visita à cidade antes de escalar o Monte, o Beato Piergiorgio Frassati ali parava para a missa antes de ir atender aos pobres, São José Marello foi ali milagrosamente curado quando menino, a Beata Henriqueta Dominici do Instituto Santa Ana, o Venerável Bruno Lanteri, fundador dos Oblatos da Virgem Maria, dirigiu o Santuário.  
     Vários institutos religiosos tomaram o nome da Consolata: as Filhas da Consolata, as Irmãs de Maria SS. Consolata (denominadas "Consolatinas"), os Missionários e Missionárias da Consolata. Esses dois últimos Institutos foram fundados pelo Beato José Allamano, sobrinho de São José Cafasso e reitor do Santuário por 46 anos. Hoje esses filhos e filhas espirituais estão presentes nos mais remotos pontos do planeta. Em 1906, São Pio X conferiu o título de Basílica Menor ao Santuário. 
   A sua festa é celebrada em 20 de junho, precedida pela solene novena. Ao pôr-do-sol, a imagem de prata é levada em procissão pelas ruas do centro da cidade. Milhares de fiéis seguem-na precedidos por todos os religiosos e religiosas da cidade, de todas as confrarias e das associações católicas de serviço voluntário.
     Coração pulsante da Diocese, o Santuário é um oásis, em pleno centro da cidade, para temperar o espírito. As celebrações se sucedem quase ininterruptamente todos os dias e muitos padres estão sempre presentes para reconciliar com Deus quem o desejar.

Grupo das Rainhas, no interior do Santuário
Fonte: www.santiebeati.it/

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Santa Juliana Falconieri, Virgem e Fundadora – 19 de junho


    
     Juliana nasceu no ano de 1270 em Florença, na Toscana. Ela recebeu muito da vida: a nobreza de linhagem, a riqueza de família, o amor apaixonado dos pais, que tinham esperado tanto o seu nascimento, considerando-a dom do céu e, portanto, merecedora de todas as atenções. Também recebeu a beleza física, propostas atraentes de casamento, uma boa educação. Além de tudo isto, um tio santo, Santo Aleixo Falconieri, que é um dos Sete Fundadores da Ordem dos Servos de Maria.
     Apesar desta combinação de dons naturais havia quem pensasse que essa menina linda, educada em algodão, como talvez todas as crianças nascidas quando seus pais são de idade avançada, era mais feita para o céu do que para a terra. E não se enganavam. Ela não sabia o que era um espelho, não se preocupava com suas roupas, não mostrava nenhum interesse por joias e prazeres mundanos.  Junto com algumas amigas, cantava e rezava ao Menino Jesus e à Virgem Maria. Devolvia aos remetentes as propostas de casamento, mesmo os mais sérios, que recebia; demonstrava uma inclinação extraordinária para a prática da piedade e pela vocação religiosa.
     Tornou-se Terciária Servita aos 14 anos. Juliana recebeu o apoio de suas amigas aristocratas e com a ajuda dos religiosos, começou a visitar os hospitais e a desenvolver dezenas de atividades caritativas. Estas jovens se organizam e decidem formar sua própria instituição.
     Assim que a mãe, morrendo, a deixou sozinha, ela fundou um mosteiro escolhendo a linha espiritual traçada pelo santo tio Aleixo, a espiritualidade dos Servos de Maria, que já respirava na família e na qual se tinha lançado sob a orientação de outro santo, São Felipe Benicio, vivendo em casa como uma consagrada.
     O exemplo de Juliana é contagioso na cidade de Florença. Ela e suas companheiras herdaram dos Servos de Maria o amplo manto negro e logo foram batizadas pelo povo de “le Mantellate” (algo como “as veladas”). Vivem em contemplação e no exercício da caridade, o jejum completo na quarta-feira e na sexta-feira de cada semana, no sábado se contentam com pão e água; todos os dias passam a maior parte do tempo em oração e meditação sobre as Sete Dores de Maria.
     Solicitou e obteve a aprovação canônica de sua Ordem em 1304.
     A cidade de Florença, onde vivem, estava cheia de nova vida e antigos rancores, dividida pela inimizade e pela discórdia que a cada dia se transformava em vinganças sangrentas. As religiosas assumem a tarefa de rezar e jejuar para serenar os espíritos, para alcançar a paz a seus concidadãos.
     Juliana, em particular, ao jejum e à oração adiciona o dom precioso da sua dor física, especialmente de estômago, que a persegue há vários anos, chegando ao ponto de consumi-la completamente, não lhe permitindo sequer tomar o mais leve alimento.
     É por isso que no dia 19 de junho de 1341, estando ela à morte, foi-lhe negado até mesmo o conforto do viático, porque tinham receio de que ela nem fosse capaz de engolir a Hóstia Consagrada.
     Não podendo comungar, a Santa pediu que uma Hóstia Consagrada fosse colocada sobre o seu peito. Colocaram então a Hóstia num corporal que repousaram sobre seu peito. A partícula – enquanto ela falecia dizendo “Meu doce Jesus, Maria!” – desapareceu, para espanto dos presentes. As freiras só conseguiram resolver o enigma após ela ter falecido: quando estavam recompondo o cadáver, notaram uma manja roxa na altura do coração, do tamanho da Hóstia Consagrada, como se esta tivesse sido gravada em seu corpo. É a marca que ainda hoje as Mantellate têm impressa no seu hábito religioso, em memória do milagre da “última comunhão” de sua fundadora.
     Foi beatificada em 8 de julho de 1678 pelo Papa Inocêncio XI, ele mesmo um terciário da Ordem dos Servos de Maria; e canonizada pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737, por ocasião em que foram canonizados São Vicente de Paula, São Francisco Régis e Santa Catarina de Gênova.
     Santa Juliana Falconieri é celebrada em 19 de junho e é invocada especialmente contra as dores de estômago. Seu corpo é venerado na Basílica da Santíssima Anunciação de Florença.

Corpo incorrupto de Sta. Juliana Falconieri

https://www.pildorasdefe.net/santos/celebraciones/santoral-catolico-santa-juliana-falconieri-patrona-enfermos-19-junio
Autor: Gianpiero Pettiti - www.santiebeati.it/

 A Ordem dos Servos de Maria

     Deus costuma suscitar fundadores, Ordens e Congregações religiosas em função das necessidades de cada época. E poder-se-ia dizer que o demônio, além de instigar tanto indivíduos quanto instituições ao vício e ao pecado, também cria condições para o aparecimento de heresiarcas e heresias, as quais, por vezes, constituem caricaturas de movimentos de sadia reação católica contra os vícios característicos de uma fase histórica.
     Pouco antes de surgir a Ordem dos Servos de Maria, em 1206, São Domingos de Gusmão pregou no sul da França contra os hereges albigenses, cátaros, e pátaros valdenses – propugnadores de uma falsa virtude da pobreza – tornando-se ademais grande difusor da devoção mariana mediante a recitação do rosário.
     E São Francisco de Assis, em 1209, começou sua pregação itinerante desposando a "dama" pobreza.
     Dois portentosos fundadores, cuja missão era de grande alcance para combater tanto o vício da ganância quanto a caricatura herética da virtude da pobreza, bem como para incrementar a tão necessária devoção mariana.
     Aproximadamente duas décadas depois, sete jovens florentinos são diretamente convocados pela Mãe de Deus para complementar e reforçar a obra providencial realizada por São Domingos e São Francisco. De fato, essa é a verdadeira perspectiva na qual deve ser compreendida a espiritualidade e a atuação dos Sete Fundadores e de sua família espiritual.
    A Ordem dos Servos de Maria (sigla O.S.M.) é uma ordem religiosa mendicante de frades dedicados a uma devoção particular a Nossa Senhora das Dores. Os seus membros religiosos são normalmente chamados de Frades Servos de Maria ou, simplesmente, Servitas.
     Inicialmente foram Sete Santos Fundadores da Ordem dos Servitas, festejados coletivamente pela Igreja em 17 de fevereiro, e cujo nome completo de um deles era Alexis Falconieri e os outros seis tinham como sobrenomes: Monaldi, Manetto, Buonagiunta, degli Amidei, Uguccioni, Sostegni. Todos pertenciam a um grupo de poetas da região umbrotoscana que costumavam fazer versos (laudes) diante de uma imagem de Nossa Senhora e, em 15 de agosto de 1233, Ela milagrosamente apareceu-lhes toda dolorosa por causa das lutas fratricidas de Florença entre os Guelfos e os Gibelinos.
     Nossa Senhora escolheu esses sete privilegiados para uma vocação sublime: praticar a pobreza e uma renúncia radical ao mundo, além de severa penitência; e especial devoção a Ela, vinculada às dores que sofreu durante a Paixão de Seu divino Filho.
     Eles pertenciam a estirpes locais das mais notáveis. Com o apoio do Bispo Ardingo, os jovens se retiraram no Monte Senário, de 800 metros de altitude localizado a 18 quilômetros de Florença, para se dedicarem à penitência e à oração num cenóbio.
     Terá sido São Felipe Benício, ao ser eleito seu Prior Geral em 5 de junho de 1267, que reformou os estatutos transformando-a em ordem mendicante.
     Foi igualmente ele, com a colaboração Santa Juliana Falconieri, que era sobrinha do referido fundador desta ordem, Santo Alexis Falconieri, que deram início à Ordem Terceira dos Servitas, sua congênere.

sábado, 16 de junho de 2018

Santa Valeriana e comp., Virgens e Mártires – 17 de junho


Martirizadas em Aquileia, província de Udine, Itália, no século I-II.  

     A única santa que leva este nome se encontra em um grupo de quatro mártires de Aquileia, comemoradas no Martirológio Jeronimiano no dia 17 de junho. 
     As quatro mártires são: Círia, Musca, Valeriana e Maria. Lamentavelmente a antiguidade dos livros litúrgicos, a ação destrutiva que chegou à antiga cidade de Aquileia, fundada pelos romanos no ano 181 a. C., por meio da invasão de Alarico no ano 401, e depois por Átila no ano 452, resultaram na perda das informações sobre as quatro mártires.
     Em todo caso, somente as duas primeiras – Círia e Musca – são recordadas inicialmente na liturgia de Aquileia, e depois na liturgia de Udine. O antigo breviário as considera irmãs, as quais desprezaram a vida mundana e se consagraram como virgens ao serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo: Círia dedicando-se à vida contemplativa; Musca à vida ativa.
     Elas sofreram o martírio em Aquileia, durante as perseguições dos séculos I-II, porque não conseguiram fazê-las sacrificar aos deuses. 
     As outras duas não constam dos primeiros breviários de Aquileia, e não se sabe porque Valeriana e Maria foram consideradas mártires com as duas irmãs no Martirológio Jeronimiano.
     Entre outras coisas, nos estudos hagiográficos às vezes Valeriana é confundida com a mártir africana Valéria, venerada no dia 16 de junho; ou com a mártir Valéria, romana ou milanesa, venerada em 18 de junho. Também foi confundida com o santo bispo de Aquileia, Valeriano, que se celebra no dia 27 de novembro. 
     Lamentavelmente estamos no campo das hipóteses. A destruição de Aquileia e a fuga de seus habitantes, refugiados na laguna de Grado, não tem ajudado na identificação ou na precisão de informações sobre elas, tão distantes estão no tempo, mas com a aureola de mártires sempre resplandecente na história do Cristianismo.

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A Basílica Patriarcal de Aquileia

     O primeiro edifício de culto católico edificado em Aquileia ocorreu em 313 d.C., por iniciativa do Bispo Teodoro. Era constituído de três grandes salas retangulares, batistério e áreas de serviço.
     Em 452, parte do edifício foi destruído pelos hunos de Átila e jamais foi reconstruído.
     Na primeira metade do século IX, o patriarca Maxencio deu início aos primeiros trabalhos de reestruturação da antiga construção, sendo criado o transepto, a cripta dos afrescos, o pórtico e a Igreja dos Pagãos.
     A basílica atual é substancialmente aquela consagrada em 1031 pelo Patriarca Poppone após modificações que ele realizou.
     O mosaico que colocamos à guisa de ilustração remonta aos primórdios da basílica e bem poderia ser a figura de uma jovem como Valeriana, ou de suas companheiras.

Etimologia: Valeriano (a), do latim, derivado de Valério, do latim Valerius: "que é forte, robusto, valente, que tem saúde".

Fonte: www.santiebeati.it/