quinta-feira, 31 de março de 2011

Santas Festejadas no Mês de Abril

  1        Santas Irene, Chionia e Ágape, Mártires de Salônico séc. III)
1        Santa Maria Egipcíaca, penitente (séc. IV)
  2        Santa Teodora de Cesareia, Virgem e mártir (séc. III)
2        Beata Elisabete Vendramini, Fundadora (séc. XIX)
 2        Beata Maria de São José, Fundadora (séc. XIX-XX)
  4        Beata Aletta, Mãe de São Bernardo de Claraval (séc. XI-XII)
  5        Santa Juliana de Cornillon ou de Liège (séc. XII-XIII)
  5        Santa Catarina de Palma, Côn.de Sto. Agostinho (séc. XVI)
  5        Santa Ma. Crescência Hoss, 3a Franciscana (séc.XVII-XVIII)
  6        Santa Galla de Roma, Matrona (séc. VI)
  6        Beata Catarina Morigi de Pallanza (séc. XV)
  6        Beata Pierina Morosini, Virgem e Mártir (séc. XX)
  7        Beata Ursulina de Parma, Oblata Beneditina (séc. XV)
  7        Beata Maria Assunta Pallotta, Franciscana (séc. XIX-XX)
  8        Beata Libânia de Busano, Abadessa (séc. XI)
  8        Santa Maria Rosa Billiart, Fundadora (séc. XVII-XVIII)
  9        Santa Valdetrudes, Esposa, monja (séc. VII)
  9        Santa Cacilda de Toledo (séc. XI)
  9        Beata Margarida Rutan, Mártir da Rev. Francesa (séc. XVIII)
  9        Beata Catarina Celestina Faron, mártir do nazismo (séc. XX)
10        Santa Madalena de Canossa, Fundadora (séc. XVIII-XIX)
11        Santa Gema Galgani, Virgem (séc. XIX-XX)
11        Beata Helena Guerra, Fundadora (séc. XIX-XX)
11        Beata Sancha de Portugal, Princesa e Virgem (séc. XII-XIII)
12        Santas Vissia e Sofia, Virgens e mártires (séc. III)
13        Beata Ida de Boulogne, Condessa (séc. XII)
13        Beata Ida de Louvain, Monja em Val-de-Roses (séc. XIII)
13        Beata Margarida de Cita di Castello (séc. XIII-XIV)
14        Stas. Prosdócima, Bernica e Dominga, Mártires (séc. III)
14        Santa Tomaide de Alexandria, Mártir (séc. V)
14        Santa Liduina de Schiedam, Virgem (séc. XIV-XV)
14        Beata Isabel Calduch Rovira, Mártir Rev. Esp. (séc. XIX-XX)
15        Santas Anastásia e Basilissa, Nobres Matronas Mártires (séc.I)
16        Santa Engrácia, Virgem e mártir (séc. IV)
16        Santa Bernardete Soubirous, Virgem (séc. XIX)
16        7 donzelas e São Leônidas, Bispo, Mártires de Corinto (séc.IV)
17        Beata Clara Gambacorta, Dominicana (séc. XIV-XV)
17        Beata Catarina Tekakwitha, Virgem pele-vermelha (séc. XVII)
17        Beata Ma. Ana de Jesus (Navarro), Mercedária (séc. XVI-XVII)
18        Santa Atanasia de Egina, Viúva e eremita (séc. V?)
18        Santa Antusa de Constantinopla, princesa imperial (séc. IX)
18        Beata Maria da Encarnação, Viúva Carmelita (séc. XVI-XVII)
18        Beata Sabina Petrilli, fundadora (séc. XIX-XX)
19        Santa Marta da Pérsia, Virgem e mártir (séc. IV)
19        Santa Ema da Saxônia, Viúva (séc. XI)
20        Santa Sara de Antioquia, Mártir (séc. IV)
20        Santa Endelienta, Virgem (séc. V-VI)
20        Santa Helena (Eliena, Elena) de Laurino, Solitária (séc. VI)
20        Beata Oda, Monja premostratense (séc. XII)
20        Santa Inês Segni de Montepulciano, Virgem (séc. XIII-XIV)
20        Beata Clara Bosatta, Fundadora (séc. XIX)
22        Santa Oportuna de Séez (Montreuil) Abadessa (séc. VIII)
22        Santa Senhorinha de Vieira, Abadessa (séc. X)
23        Beata Helena Valentini de Udine, Religiosa (séc. XV)
23        Beata Maria Gabriella Sagheddu (séc. XX)
23        Beata Teresa Maria da Cruz, Fundadora (séc. XIX-XX)
24        Santas Maria de Cleofa e Salomé, contemporâneas de Na. Sra.
24        Santa Maria de Sta. Eufrásia, Fundadora (séc. XIX)
24        Beata Maria Elisabete Hesselblad, Religiosa (séc. XIX-XX)
25        Santa Hunna, Viúva na Alsacia (séc. VII)
25        Santa Franca de Piacenza, Abadessa (séc. XII-XIII)
26        Beata Alda de Siena, Viúva (séc. XIII-XIV)
27        Santa Zita, Virgem, Patrona das Domésticas (séc. XIII)
27        Beata Osana de Cattaro (Montenegro), Dominicana (séc. XVI)
27        Beata Maria Antonia Bandrés y Elósegui, Religiosa (séc.XX)
28        Stos. Valéria, Vital, e filhos, Família mártir de Ravena (séc. III)
28        Beatos Bona e Luquese, Esposos, 3os franciscanos (séc. XIII)
28        Beata Ma. Luiza de Jesus Trichet, co-fundadora (séc. XVII-XVIII)
28        Santa Gianna Beretta Molla, Esposa, Mãe de Família (séc.XX)
29        Sta. Catarina de Siena, Virgem, Doutora da Igreja (séc. XIV)
30        Beata Ildegarda de Kempten, Rainha (séc. VIII)
30        Beata Ma. da Encarnação Guyart, Viúva e fundadora (séc. XVII)
30        Beata Paulina von Mallinckrodt, Fundadora (séc. XIX)
30        Beata Rosamunda, mãe de S. Adiutor

quarta-feira, 30 de março de 2011

Beata Natalia Tulasiewicz, Mártir do nazismo - Festejada 31 de março


     Natalia Tulasiewicz nasceu na região de Rzeszów na Polônia em 9 de abril de 1906. Cresceu em um ambiente familiar católico e não perderá os valores aprendidos no lar quando se instala na cidade de Poznan, para exercer a função de professora leiga. Pelo contrário, Natalia entendeu que a vida e a fé caminham lado a lado e que a santidade pode ser vivida no cotidiano.
     Natalia se une ao grande movimento de apostolado laico convertendo-se em uma entusiasta animadora.
     Em meados de setembro de 1939, a católica Polônia sofre um dos períodos mais dolorosos de sua história. Quase simultaneamente é invadida pelo oeste pela Alemanha nazista de Hitler e pelo leste pelo Exército Vermelho soviético de Stalin. Estes dois regimes eram abertamente contrários ao catolicismo e num lapso de poucos anos exterminaram mais de seis milhões de poloneses.
     Natalia, como toda a sua geração, presencia impotente a sua nação ser aniquilada. Ela confiava em Deus e sabia que o mal nunca tem a última palavra, ainda que por momentos pareça invencível. Cheia de valor se entrega a infundir esperança entre seus compatriotas, animando-os a esperar no Senhor e a se entregar a sua proteção. Porém seu apostolado não ficou só nos conselhos ao tomar conhecimento que muitas mulheres polonesas estavam sendo enviadas para a Alemanha para realizar trabalhos forçados, ela parte livremente com elas para poder ajudá-las espiritualmente.
     Em abril de 1944 a Gestapo, a polícia secreta política do regime nazista, descobre sua ação e a prendeu. Foi atrozmente torturada e humilhada publicamente e enviada ao campo de concentração de Rawensbrück, perto de Brandeburgo. Era Sexta-feira Santa de 1945, suas forças são poucas devido aos maus tratos sofridos; entretanto, esta admirável mulher sai de sua barraca e proclama um emocionante discurso sobre a Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor que enche de esperança os prisioneiros. Nosso Senhor tem um belo gesto de ternura para com sua filha Natalia, pois dois dias depois, 31 de março, Domingo de Páscoa, ela é transladada para a câmara de gás, onde entrega sua alma.
     Em 13 de junho de 1999, o Papa João Paulo II, beatificou 108 vitimas da perseguição nazista, entre os quais se encontrava a leiga Natalia Tulasiewicz. Ela é comemorada no Martirologio Romano no dia 31 de março.

domingo, 27 de março de 2011

Beata Joana Maria de Maillé, Viúva e Penitente - Festejada 28 de março


     Relutante em casar aos 16 anos, viúva com um pouco mais de 30, expulsa de casa pelos parentes do marido, nos restantes 50 anos de sua vida foi obrigada a viver sem abrigo. Tantos percalços estão concentrados na vida da Beata Joana Maria de Maillé que nasceu rica e mimada no Castelo de La Roche, perto de Saint-Quentin, Touraine, em 14 de abril de 1331. Seus pais eram o Barão de Maillé Hardoin e Joana, filha dos Duques de Montbazon.
    Sua família se destacava pela devoção. Ela cresceu sob a orientação espiritual de um franciscano, mostrando uma particular devoção a Maria. Dedicava-se a orações prolongadas e fez precocemente o voto de virgindade. Aos onze anos, no dia de Natal, pela primeira vez teve um êxtase: Maria Santíssima lhe apareceu segurando em seus braços o Menino Jesus. Uma doença que quase a levou à morte serviu para desprendê-la mais e mais da terra e torná-la mais próxima de Deus.
     Na idade de dezesseis anos, aparece no cenário de sua vida um parente da mãe que se tornou seu tutor, o que sugere que os pais morreram prematuramente. O tutor combina, de acordo com o costume da época, o casamento de Joana com o Barão Roberto II de Sillé, um bom jovem, não muito mais velho do que ela, seu companheiro de brincadeiras na infância. E isto apesar de estar ciente da inclinação de Joana para a vida religiosa e de seu voto de castidade. Portanto, é um casamento contra a vontade da jovem.
     Providencialmente, o tutor morreu repentinamente na manhã do dia do casamento, e a impressão no noivo foi tão grande, que propôs a Joana viverem em perfeita continência, isto é, como irmão e irmã. Seu consentimento é imediato, já que estava preparada para isto pelo seu voto de virgindade.
     Apesar das premissas, o casamento funcionou e bem: como base da união eles colocaram o Evangelho, e viveram-no plenamente, resultando em muitas boas obras, como: adotar algumas crianças abandonadas, alimentar e cuidar dos pobres, ajudar os empestados... Na verdade, tinham muito que fazer. Nunca se viu tanto movimento no castelo desde que se espalhou a notícia de o casal ser extremamente caridoso.
      E pensar que não faltavam problemas para eles, como quando Roberto teve que ir para a guerra (estamos na época da Guerra dos Cem Anos), foi ferido e preso pelos britânicos. Para libertá-lo Joana pagou um resgate elevado, o que afetou fortemente o patrimônio do casal. No entanto, eles não perderam a fé, e uma vez instalados, marido e mulher, lado a lado, primeiro tratam dos contagiados pela peste negra, depois, dos leprosos.
     Roberto morreu em 1362 e Joana, viúva aos 30 anos, vê toda a família de seu marido se voltar contra ela. A principal acusação: ter esbanjado a fortuna da família. Assim, ela foi expulsa do Castelo de Silly e ficou sem casa, sem um tostão, forçada a viver da caridade. Mas, mesmo na rua, os parentes ricos continuavam a persegui-la: enviavam seus serviçais para lançar-lhe insultos quando ela passava, porque não queriam rebaixar-se para fazê-lo pessoalmente.
     Ela renunciou a todos os seus bens e foi morar em um casebre construído junto ao convento dos Frades Menores Franciscanos de Tours, onde levava uma vida de penitência, contemplação e pobreza contínua, a mendigar o pão. Ela gozava de várias aparições da Virgem Maria, de São Francisco e de Santo Ivo, o qual recomendou que ela ingressasse na Ordem Terceira de São Francisco.
     Joana sofria e, com um amor sem limites, não tinha um mínimo de ressentimento. E para sabermos onde ela encontrava tal força e tanta bondade, olhemos para suas longas horas de oração, sua grande penitência, seus sacrifícios. Escolheu para vestir uma túnica grosseira e rude, muito semelhante à roupa de seus amados franciscanos, de cuja intensa espiritualidade vive.
     Continuou a fazer caridade com os doentes e os prisioneiros condenados à morte, se não mais com dinheiro, com a sua presença e seus humildes serviços, consolando-os quando não podia fazer nada melhor, e intercedendo por sua libertação quando atingiu popularidade e pode usá-la em proveito do próximo.
     Devido a sua reputação como uma mulher de Deus ter se espalhado pela França, muitos a procuravam pedindo conselhos, e entre aqueles que bateram à sua porta havia também alguns daqueles que a tinham insultado antigamente e que ela recebe com amor e paciência.
     O rei de França, Carlos VI, que estava em Tours, foi visitar a penitente famosa que lhe pediu para libertar alguns prisioneiros e dar a outros a ajuda de um capelão.
     Em 1395, Joana mudou-se para Paris onde se encontrou outra vez com o rei da França, Carlos VI e sua esposa, Isabel da Baviera. Ela aproveitou a oportunidade para criticar o luxo da corte e a vida licenciosa dos cortesãos. Em Paris, ela visitou a Saint-Chapelle para venerar as relíquias da Paixão de Cristo.
     Apesar da frágil saúde e das dificuldades de sua vida penitente, Joana atingiu a idade de 82 anos e morreu em 28 de março de 1414 cercada de uma sólida reputação de santidade e foi sepultado na igreja franciscana. Infelizmente o seu túmulo foi profanado pelos calvinistas nas guerras de religião.
     Sua fama de santidade era tão difundida, que os fiéis a veneravam espontaneamente. Como resultado, em apenas 12 meses foi instaurado o processo diocesano informativo para sua canonização. Mas, mesmo após a morte Joana tem que esperar: sua beatificação só ocorreu muito mais tarde, em 1871, pelo Papa Pio IX.

Aparição de Santo Ivo a Beata Joana Maria de Maillé
     A Beata relatou uma visão de Santo Ivo em uma época difícil de sua vida. A jovem baronesa tinha ficado viúva e fora expulsa do seu castelo pelos parentes, que alegavam que ela tinha encorajado a excessiva caridade de seu esposo, em detrimento do novo herdeiro. Após ser maltratada, inclusive pelo serviçal a quem tinha dado refúgio, ela retornou a sua família em Tours.
     A aparição é contada por dois historiadores da Ordem Terceira. Santo Ivo “aconselhou-a a deixar o mundo e a tomar o hábito que ele estava usando”. Outro biógrafo diz: “Se vós deixardes o mundo, gozareis, mesmo aqui na Terra, as alegrias do Paraíso”.
     Os mesmos autores especulam se Joana não hesitou diante da perspectiva de renunciar a tudo.  “Pobre pequena baronesa! Ela ficou amedrontada diante da prometida liberdade da pobreza e acreditou que poderia desfrutar da paz no último refúgio, seu lar. Mas a vontade de Deus era outra”. 
     Joana deve mesmo ter hesitado, pois somente depois de uma visão de Nossa Senhora, que repetiu o mesmo conselho, é que ela tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Fonte: Cecily Hallack e Peter F. Anson, em "Estes fizeram a paz: Estudos dos Santos e Beatos da Ordem Terceira de São Francisco", cap. VI, p. 152-3

    

terça-feira, 22 de março de 2011

Santa Rebeca Pierrette Ar-Rayes - Festejada 23 de março

O Lírio de Himlaya

     Petra nasceu em Himlaya, vilarejo do Metn setentrional, no dia 29 de junho de 1832. Era filha única de Mourad Saber al-Choboq al-Rayès e de Rafqa (Rebeca) Gemayel; foi batizada em 7 de julho de 1832 e recebeu o nome de Boutroussyeh (Petra). Os seus pais a ensinaram a amar a Deus e a rezar todos os dias.
     Em 1839, quando tinha sete anos, perdeu sua mãe, à qual era muito apegada. Seu pai caiu então na pobreza, e em 1843 a enviou a Damasco, a serviço na casa de Asaad al-Badawi, de origem libanesa, onde permaneceu por quatro anos.
     Petra voltou para a casa paterna em 1847 e descobriu que na sua ausência seu pai havia se casado de novo com uma senhora chamada Kafa. Ela, então com quinze anos, era bonita, sociável e de bom caráter, dotada de uma voz melodiosa e de uma religiosidade profunda e humilde.
     Desde sua juventude, Petra sentiu um profundo amor por Cristo e à Eucaristia, por isso queria ingressar como noviça nas Irmãs de Maria, porém a forte influência daqueles que mais tarde seriam os Santos libaneses, os maronitas Charbel Makhlouf e Nimatullah Al-Hardini, levaram-na a entrar no mosteiro maronita de São José de Batroun, o que ocorreu em 1897, tomando o nome de Irmã Rafqa (Rebeca) em homenagem a sua mãe.
     Em 1860, Irmã Rafqa foi transferida para Deir al-Qamar, para ensinar Catecismo aos jovens. Naquele período tiveram lugar os dramáticos acontecimentos que ensangüentaram o Líbano. Irmã Rafqa viu com os próprios olhos o martírio de um grande número de pessoas. Também teve a coragem de esconder um menino sob sua capa, salvando-o da morte. Ela permaneceu em Deir al-Qamar cerca de um ano.
     No primeiro domingo de outubro de 1885, na igreja do mosteiro, durante a oração, ela suplicou a Deus que a fizesse participar de sua Paixão redentora. Seus rogos foram atendidos nessa mesma tarde: ela começou a sentir fortes dores de cabeça e pouco depois a dor se estendeu aos olhos. Todos os tratamentos foram inúteis e se decidiu mandá-la a Beirute para tentar outras opções.
     Durante a viagem se deteve em Biblos, onde foi confiada a um médico americano que, depois de analisar seu caso, decidiu operá-la. Porém, durante a operação extraiu-lhe por erro o olho direito. A doença logo afetou o olho esquerdo. Então os médicos julgaram que qualquer tratamento seria inútil e Irmã Rafqa voltou para o seu mosteiro, onde a dor ocular a acompanhou por 12 anos. Suportou sua dor com paciência, em silêncio, em oração e com alegria, repetindo continuamente: "Em união com a Paixão de Cristo”.
     Em 1897, um grupo de monjas do convento de São Simeão de Aitou se transferiu para o novo convento de São José de Ad-Daher. A Madre Úrsula, que ia ser a superiora da nova fundação, pediu que a Irmã Rafqa fosse incluída no grupo, para que seu exemplo junto as irmãs diminuísse as dificuldades que sempre existem em uma nova fundação.
     A Irmã Rafqa passou os últimos dezessete anos de sua vida neste convento, que ia ser o cenário de seus maiores sofrimentos, bem como de suas alegrias mais espirituais.
     Irmã Rafqa não decepcionou a Madre Úrsula. Seu exemplo e ajuda foram muito valiosos no estabelecimento do novo mosteiro. As noviças ficavam especialmente impressionadas com o espírito de oração da monja cega, além de sua humildade e caridade. Muitos anos depois de sua morte, várias das irmãs que, ou haviam chegado com ela na nova fundação, ou haviam sido noviças durante os dezessete anos que ela viveu em São José de Ad-Daher, não haviam esquecido o tempo vivido junto a ela e deram testemunho de sua santidade.
     Só Deus sabe o muito que a Irmã Rafqa teve que suportar. Sua dor era contínua noite e dia, entretanto as outras irmãs nunca a ouviram murmurar ou se queixar. Com frequência a ouviam dar graças a Deus por seus sofrimentos, "...porque sei que a enfermidade que tenho é para o bem de minha alma e para Sua glória" e que "a enfermidade aceita com paciência e ação de graças purifica a alma como o fogo purifica o ouro". Estava sempre tranquila, sorridente, confiando no Senhor, pois Ele prometeu aumentar o deleite de seus servos fieis no céu (cf. Lucas 21:19).
     A Irmã Rafqa se caracterizou também pelo amor que sentia pelos doentes e pelas crianças abandonadas, e orava por eles. Ela também ofereceu suas dores físicas em reparação pelos pecados de toda a humanidade, sobretudo de seu país.
     A Santa adormeceu no Senhor em odor de santidade no dia 23 de março de 1914, depois de uma vida passada na oração, no serviço e no sofrimento da Cruz, confiando na intercessão de Maria SSma. e de São José. Foi sepultada no cemitério do mosteiro.
     No dia 10 de julho de 1927, seus despojos mortais foram transferidos para um túmulo novo em um ângulo da igreja do mosteiro. A causa de sua beatificação foi introduzida em 23 de dezembro de 1925. Foi declarada venerável no dia 11 de fevereiro de 1982; beatificada em 17 de novembro de 1985 e canonizada em 10 de junho de 2001.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Santa Benedita Cambiagio Frassinello - Festejada 21 de março

“Conformarse a Cristo no abandono a amorosa Divina Providência".

     Em Benedita Cambiagio Frassinello (1791-1858) a Igreja nos mostra um exemplo de Santa esposa, religiosa e fundadora. Ela deixou-se conduzir pelo Espírito Santo através das experiências do matrimônio, de educadora e de consagração religiosa, até fundar, junto com o marido, uma congregação que é o único caso na História da Igreja.
     Benedita Cambiagio nasceu no dia 2 de outubro de 1791, em Langasco, Gênova, última de sete filhos de José Cambiagio e Francisca Ghiglione. Ela foi batizada dois dias depois de seu nascimento. Seus pais eram camponeses e depois das revoluções napoleônicas a família vê os problemas econômicos se agravarem. Junto com outras famílias de Langasco, eles emigraram para Pavia quando Benedita tinha 13 anos.
     Ela recebeu uma educação católica rigorosa e se dedicou aos estudos, sobretudo como autodidata, privilegiando a leitura de biografias de Santos e o aprofundamento da doutrina católica. Em 1812, Maria, sua irmão mais velha, se casa. Aos 20 anos Benedita tinha uma forte inclinação para a oração e a vida contemplativa, pensando em talvez fazer-se religiosa, mas, na dúvida, prevaleceu o parecer da família mais propensa ao seu casamento. Dia 7 de fevereiro de 1816, aos vinte e cinco anos, casou-se na Basílica de São Miguel com João Batista Frassinello, camponês e carpinteiro, fervoroso católico de Ronco Scrivia.
     Dois anos depois, sem filhos, de comum acordo, Benedita e João Batista passaram a viver como irmão e irmã na mesma casa. De fato, o grande desejo de castidade de Benedita contagiou o cônjuge. Ela conta o episódio em suas Memórias: "Vivi por dois anos sujeita a ele, como o Senhor ordera. Mas o meu desejo era de viver como irmão e irmã. Um dia eu pedi a meu marido para secundar-me neste desejo que desde menina eu tinha; ele imediatamente atendeu-me, para infinita consolação de minha alma, pois outra coisa eu não desejava".
     Na época, sua irmã Maria, gravemente doente de câncer intestinal, se hospedava em sua casa e o casal passou a cuidar dela com amor e dedicação até sua morte, em 1825. O cuidado da doente fez nascer neles a vocação de ajudar os necessitados sem reservas. Em conseqüência, João Batista entrou como irmão leigo na comunidade religiosa dos padres Somascos e Benedita na comunidade das Irmãs Ursulinas de Capriolo.
     Em 1826, Benedita retorna a Pavia devido a graves problemas de saúde. Teve então uma visão onde lhe apareceu São Jerônimo Emiliani, ficando curada por completo. Benedita, inspirando-se naquele grande Santo, que tivera atenção especial pelo aspecto educativo das pessoas, começou a trabalhar na educação das jovens e das meninas abandonadas pelas famílias. Para esta obra ela pede e obtém a aprovação do bispo D. Luís Tosi, o qual chama de volta a Pavia seu marido, João Batista, para auxiliá-la nos trabalhos. Este atendeu logo, voltou para a esposa-irmã, renovando ambos o voto de castidade perfeita pelas mãos do bispo.
     Em 29 de setembro de 1826, Benedita aluga uma casa em Vicolo Porzi. Para conseguir os meios necessários para manter sua obra, vai de casa em casa pedindo ajuda. Sua intenção era lutar, por meio da educação, contra a solidão, a ignorância, a pobreza, que são a base dos maus costumes, agindo no universo totalmente feminino. Com a ajuda e o apoio de várias professoras, ensinava as jovens a ler, a escrever, a trabalhar, formando uma instituição escolar de excelente nível, cujo estatuto foi aprovado pelas autoridades eclesiásticas.
     Na época, a instituição escolar era muito precária e Benedita fez um alerta às autoridades de Pavia, a primeira mulher da cidade e do Estado a advertir sobre essa necessidade. Pavia era então governada pelo Império Austro-húngaro, e o governo austríaco reconheceu seu trabalho e deu a ela o título de “Promotora da Educação Pública”.
     A dedicação constante de Benedita nasceu e cresceu do seu fervor a Cristo na Eucaristia e da contemplação de Jesus na Cruz. Tinha em Deus seu sustento e sua defesa. Não lhe faltaram na vida experiências espirituais que se repetiam especialmente durante as Missas. Porém, isso não interferia nos seus compromissos cotidianos.
     Seu primeiro biógrafo, Joaquim Semino, que a conheceu pessoalmente, nos dá este retrato dela: "E eu não devo silenciar como ela tinha um rosto entre o majestoso e o amável, de maneira que parecia ter sido feita para orientar as jovens. Ela tinha uma forma de dizer gentil e doce, um jeito de fazer franco e jeitoso, ao mesmo tempo enérgico e forte, que despertava o amor e a reverência de todos".
     Mas, nem tudo corria sem complicações. Como sua obra educadora recebesse doações, no dia 4 de fevereiro de 1837 o jornal ''La Gazzetta di Pavia'' promoveu uma subscrição com a finalidade de ajudá-la. Esta iniciativa fez emergir muitos de seus opositores que lhe fizeram pesadas acusações. Ela demonstrou sua transparência cedendo a direção da Instituição a uma colaboradora, Catarina Bonino, e entregando toda a sua obra ao bispo. Com cinco irmãs deixou Pavia indo para Ligúria.
     Sua biografia não diz claramente por que a um certo momento ela ficou sozinha e mau vista. Podemos conjeturar que a presença de eclesiásticos de idéias jansenistas entre os conselheiros do Bispo Luis Tosti, ou a existência de funcionários maçons na administração pública da cidade, ou ambas as coisas, foram a causa dessa situação. Entretanto, o que parecia um fim, foi um outro começo.
     Na cidade de Ronco Scrivia, Benedita abriu uma escola para jovens com as cinco companheiras e a ajuda do esposo. Adquiriu algumas casas e finalmente fundou, no dia 28 de outubro de 1838, a Congregação das Irmãs Beneditinas da Providência, escrevendo ela mesma a Regra e a Constituição, e logo a colocou sob a autoridade do Bispo de Gênova.
     A Instituição se desenvolveu rapidamente, tanto que em 1847 uma nova casa foi inaugurada em Voghera.
     Em 1851, Benedita retorna a Pavia atendendo a um pedido do Conde João Dessi, preocupado com o aumento das condições de miséria depois da guerra de 1848. Incógnito, o conde comprara o antigo mosteiro de São Gregório. Ali Benedita abriu uma nova casa para meninas, enquanto continuava a dirigir a de Ronco Scrivia. Aqueles foram anos de muito empenho por parte dela e do esposo, enquanto seus críticos continuavam a denegri-la sem sucesso. Em 1857, abre uma outra escola em São Quirico, Valpolcevera.
     No dia 21 de março de 1858, com 67 anos de idade, Benedita morre santamente em Ronco Scrivia, no dia e hora por ela previstos. Logo acorre um grande número de pessoas para uma última manifestação de estima e para chorar aquela que consideravam uma Santa. Foi sepultada no cemitério de Ronco Scrivia. Em 1944, durante a 2ª guerra mundial, um bombardeio destruiu o pequeno cemitério e as suas relíquias foram dispersas.
     Beatificada por João Paulo II em 10 de maio de 1987, o mesmo pontífice a canonizou em 19 de maio de 2002. Sua festa foi fixada em 21 de março, dia de seu falecimento.
     Benedita pode ser proposta como modelo e intercessora para as pessoas consagradas, os esposos, os jovens, os educadores e as famílias.

                                                                              Fontes: www.vatican.va; www.santiebeati.it


domingo, 13 de março de 2011

Santa Matilde, Rainha - Festejada 14 de março

     Matilde era descendente do famoso guerreiro Vidukind, que havia chefiado os saxões na sua longa batalha contra Carlos Magno. Era filha do Conde de Thierry, grande da Saxônia, e de Rainilde, da real casa dinamarquesa. Nasceu na Vestefália por volta do ano 895 e foi educada pela avó, também de nome Matilde, abadessa de um convento de beneditinas em Herford. Com a avó aprendeu a ler, a escrever e estudou teologia e filosofia, fato pouco comum para as nobres da época, inclusive gostava de assuntos políticos. Constatamos nos registros da época que associada à brilhante inteligência estava uma impressionante beleza física e de alma.
     Casou-se muito jovem com Henrique o Passarinheiro, Duque da Saxônia (919-936). Seu matrimônio foi excepcionalmente feliz: viveram 23 anos juntos e amando-se mutuamente. Ele a compreendia e a ajudava na caridosa assistência aos pobres. Tanto se recordava ela de seu esposo que, vivendo os últimos cinco anos como religiosa no Mosteiro de Northhausen, quis morrer no local onde ele fora sepultado 32 anos antes.
     Seus filhos foram: Otão I, Imperador da Alemanha; Henrique, Duque da Baviera; São Bruno, Arcebispo da Baviera; Gernerga, esposa de um governante; e Edviges, mãe do famoso rei francês Hugo Capeto.
     Logo após o nascimento do primogênito, Henrique sucedeu o pai e, em 919, quando o Rei Conrado da Alemanha morreu sem herdeiro, o sucedeu no trono alemão. Foi um reinado justo e feliz também para o povo. Segundo os relatos, muito dessa justiça recheada de bondade se deveu à rainha que desde o início mostrou-se extremamente generosa com os súditos pobres e doentes.
     Enquanto ela assistia à população e erguia conventos, escolas e hospitais, o rei tornava a Alemanha líder da Europa, salvando-a da invasão dos húngaros, regularizando a situação de seu país com a Itália e a França, exercendo ainda domínio sobre os eslavos e dinamarqueses. Ele atribuía grande parte das suas vitórias às orações de sua santa esposa. Havia paz na nação, graças à rainha, e por isso, o rei podia se dedicar aos problemas externos, fortalecendo cada vez mais o seu reinado.
     Após Henrique ser nomeado rei, Matilde, ao tornar-se rainha, não deixou seu modo humilde e piedoso de viver. No palácio real Matilde mais parecia uma boa mãe do que uma rainha, e em sua piedade se assemelhava mais a uma religiosa do que uma dama de corte. Os que a ela recorriam em busca de ajuda saiam sempre atendidos. Era extraordinariamente generosa nas esmolas aos pobres.
     Quando Henrique morreu, ela ofereceu todas as jóias e brilhantes pela sua alma. À morte do esposo Matilde disse aos filhos: "Meus queridos filhos, gravai bem no vosso coração o temor de Deus. Ele é o Rei e Senhor verdadeiro que dá poder e dignidades perecíveis. Feliz aquele que prepara sua eterna salvação".
     O sofrimento de Matilde começou após o falecimento do esposo. Antes de morrer, o rei indicara para o trono seu primogênito Otão, mas seu irmão Henrique queria o trono para si. As forças aliadas de cada um dos príncipes entraram em guerra, para desgosto de sua mãe. O exército do príncipe Henrique foi derrotado e Otão foi coroado rei assumindo o trono, e com o tempo veio a ser Imperador da Alemanha e Rei da Itália, tornando-se o primeiro soberano (962-973) do Sacro Império Romano-germânico. Henrique teve de contentar-se com o ducado da Baviera.
     Em seguida, os filhos se voltaram contra a mãe: alegando que ela esbanjava os bens da coroa com a Igreja e os pobres, mas na realidade o motivo era político, tiraram toda sua fortuna e ordenando que deixasse a corte, aprisionaram-na no Convento de Engerm, na Vestefália. Nesse retiro ela recebeu graças notáveis; com serenidade respondia a príncipes e bispos que diante dela a lastimavam: "Eles são para mim instrumentos da vontade divina. Deus seja bendito e os abençoe".
     Redobrou as orações intercedendo pelos seus amados filhos, até obter o seu arrependimento e reconciliação: Otão e Henrique se arrependeram do gesto terrível de ingratidão e devolveram à mãe tudo o que lhe pertencia. De posse dos seus bens, Matilde distribuiu tudo o que tinha para os pobres.
     Ela fez construir igrejas, mosteiros, em particular o de Polden e o de Northhausen, e hospitais, onde ela mesma tratava das feridas dos doentes. Esteve ainda algum tempo na corte, tendo se retirado definitivamente nos mosteiros por ela fundados, especialmente no de Northhausen.
     No final de 967, uma febre que a acometia há tempo se agravou, e Matilde, pressagiando a sua morte, mandou chamar Richburga, sua ex-dama de companhia e então abadessa de Northhausen, para explicar que ela devia partir para Quedlinburgo, local escolhido com seu esposo para sepultura de ambos. Em janeiro de 968, ela se transfere e seu sobrinho, Guilherme de Mogúncia, a visita para dar-lhe a absolvição e a extrema unção. Querendo recompensá-lo, ela lhe dá seu sudário, predizendo que ele precisará dele antes dela. De fato, Guilherme morreu doze dias antes dela.
     A esposa de um rei, mãe de um imperador e de um duque, avó de Hugo Capeto, primeiro rei da França, morreu deitada num tecido áspero e tendo a cabeça coberta de cinzas, símbolo de seu desprezo a todas as vaidades do mundo. Morreu santamente, rodeada de seus filhos e de seus netos, aos 70 anos de idade, no dia 14 de março de 968, e foi sepultada ao lado do marido no convento de Quedlinburgo.
     Logo foi venerada como Santa pelo povo que propagou rapidamente a fama de sua santidade por todo mundo católico do Ocidente ao Oriente. Especialmente na Alemanha, Itália e Mônaco ainda hoje sua festa, autorizada pela Igreja, é largamente celebrada no dia 14 de março.
     De Santa Matilde descendem os reis de Portugal e a Família Imperial Brasileira.

Santa Matilde e a Devoção a Nossa Senhora
     Diz Santa Matilde da Virgem Santíssima: "Devemos servir fielmente a essa Rainha. Nas angústias da agonia e nas tentações de desespero que o demônio nos proporcionar, Maria nos fortificará e virá em pessoa assistir-nos nos últimos momentos. E a nossa confiança não nos poderia fazer esperar que Maria nos venha naquela hora consolar com a sua presença, se lhe servimos com amor todo o resto da vida?"
     Em uma visão, a Virgem Maria prometeu a Santa Matilde que concederia este precioso favor aos que A servissem fielmente neste mundo.


 Iluminura medieval: Santa Matilde com Santo Hugo de Cluny


quinta-feira, 10 de março de 2011

Beata Ângela (Aniela) Salawa - Festejada dia 12 de março

Ao longo dos séculos, muitas Beatas e Santas da Igreja Católica exerceram a profissão de empregada doméstica durante um tempo mais ou menos longo. Elas levaram às famílias em que trabalhavam, e aos fiéis em geral, o exemplo das virtudes católicas. Muitas delas deixaram sua ocupação para entrar em alguma Congregação religiosa, algumas se tornaram fundadoras de Institutos, ou ainda membro de alguma Ordem Terceira.
Entretanto, algumas permaneceram em sua profissão até o fim da vida, santificando-se nas provações inerentes ao cargo, aceitando com alegria a posição que ocupavam dentro das casas em que trabalhavam, atraindo a admiração de seus patrões, e, em muitos casos, levando-os à conversão, fazendo também um apostolado intenso junto aos mais necessitados.
Tais foram: Santa Zita (1218-1278), empregada doméstica de Lucca (Itália), patrona da cidade e nomeada patrona das domésticas por Pio XII em 26 de setembro de 1953, festejada no dia 27 de abril, e a Beata Ângela (Aniela) Salawa, cuja vida veremos em seguida.
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A décima primeira dos doze filhos de Bartolomeu Salawa e de Eva Bochenek nasceu em Siepraw, próximo de Cracóvia, Polônia, no dia 9 de setembro de 1881. Recebeu no Batismo o nome de Ângela (Aniela). O pai era artesão e a mãe inteiramente dedicada aos numerosos filhos, aos quais ensinava a piedade, a modéstia e a operosidade. Foi sob a direção da mãe que Ângela se preparou para a Primeira Comunhão aos 12 anos, segundo o costume da época.
Aos 15 anos trabalhava para uma família de Siepraw, cuidando das crianças, ordenhando as vacas e realizando outros pequenos trabalhos. Em 1897 voltou para casa, e resistia aos insistentes conselhos do pai para que ela constituísse sua própria família. Há muito Ângela se sentia inclinada ao celibato.
Transferiu-se para Cracóvia onde trabalharia como empregada doméstica. Nos primeiros dias ficou hospedada na casa da irmã mais velha, Teresa – também ela empregada doméstica – que sabia que Ângela não se sentia chamada ao matrimônio.
Fiel às inspirações do Espírito Santo e aos conselhos dos diretores espirituais, a jovem progredia rapidamente na santidade. Cumpria com perfeição todos os seus deveres de estado e empregava o tempo livre em leituras espirituais para unir-se cada vez mais a Nossa Senhora e a compreender os mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em Cracóvia trabalhou inicialmente para a família Kloc, deixando-a pouco tempo depois por causa do assédio do patrão. Trabalhou depois para algumas famílias da região e retornou para Cracóvia para assistir a morte de Teresa, em 25 de janeiro de 1899, perda que lhe causou muito sofrimento, pois tinha grande afeto pela irmã. Encontrou forças para enfrentar a perda prolongando o tempo de orações na igreja.
Sob a direção do padre jesuíta Estanislau Mieloch se consagrou a Deus com o voto de castidade perpétua, voto que já fizera na adolescência. Em 1900, inscreveu-se na Associação de Santa Zita de Cracóvia, entidade que promovia a assistência às domésticas. Dedicava-se a um apostolado obscuro, mas fecundo, junto às domésticas de Cracóvia. Ela as reunia, aconselhava, dirigia. Apesar da saúde precária, estava sempre alegre e sociável, se vestia bem, não para o mundo, mas para Deus.
Em 1911, sofreu dolorosa moléstia, seguida da perda da mãe e da jovem senhora a quem servia com afeto e dedicação. Além destas provações, vê-se abandonada pelas companheiras. Naquele período de grandes sofrimentos, confiando somente em Deus, unindo-se a Ele mais ainda na oração e na meditação, foi agraciada com fenômenos místicos.
No dia 15 de maio de 1912, tornou-se membro da Ordem Terceira Secular de São Francisco, recebendo o hábito na igreja conventual dos Franciscanos, e no dia 6 de agosto de 1913 fez sua profissão.
Durante a 1ª Guerra Mundial, não sem incômodos voluntariamente assumidos, prestava dedicado e zeloso auxílio aos feridos, doentes e prisioneiros de guerra no Hospital de Cracóvia, onde respeitosamente era chamada “a santa senhorita”.
Em 1916, por haver censurado a amante de seu patrão, o advogado Fischer, foi despedida daquela casa aonde trabalhava desde 1905. Seguiram-se alguns anos sem trabalho e com a doença progredindo, mas com o consolo dos fenômenos místicos.
Em 1918, com as forças debilitadas, deixou também os trabalhos voluntários e recolheu-se a uma cela paupérrima, onde durante quatro anos viveu em íntima contemplação dos mistérios divinos, sustentada por Maria Ssma e pela Comunhão Eucarística. Esta era levada diariamente pelo seu confessor. As companheiras inconsoláveis se alternavam em seu tugúrio para assisti-la.
Ela oferecia todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela salvação das almas, pela expansão missionária da Igreja. Em fevereiro de 1922, num último ato de devoção, ofereceu-se a Deus como vítima pela propagação do Seu Reino na Polônia e no mundo. Anotou em seu Diário: “Pensando em minha vida, creio estar na vocação, no local e no estado para os quais Deus me havia chamado desde a infância”.
Por fim Ângela consentiu em deixar aquela cela e foi levada para a enfermaria de Santa Zita, onde, após ter recebido os Sacramentos, faleceu serenamente no dia 12 de março de 1922, em extrema pobreza e com a fama de santidade.
No dia 13 de maio de 1949, ao ser aberto o processo diocesano para a sua beatificação, seus despojos foram transladados do cemitério para a Basílica de São Francisco de Cracóvia.
João Paulo II proclamou-a Beata no dia 13 de agosto de 1991, em Cracóvia, e sua festa é celebrada no dia 12 de março.

terça-feira, 1 de março de 2011

Santa Ângela da Cruz, Fundadora - Festejada dia 2 de março

    
     Maria dos Anjos Guerrero e González nasceu em Sevilha em 30 de janeiro de 1846, filha de Francisco Guerrero e Josefina González, casal de modesta condição social, mas cheio de virtudes cristãs. Cresceu em um ambiente muito religioso, ajudando seus pais nos trabalhos manuais, principalmente na costura. De caráter muito dócil e discreta, suscitava profunda admiração em todos que a conheciam.
     Ainda pequena teve que deixar a escola para trabalhar em uma fábrica de calçados. Embora tivesse que trabalhar, amava isolar-se para dedicar-se à oração e à mortificação. Em 1871, aos 25 anos, fez um ato particular em que promete ao Senhor viver segundo os conselhos evangélicos.
     Na sua longa experiência de oração, vê uma cruz vazia diante da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que lhe inspirou imolar-se em união com Jesus para a salvação das almas. Tocada por uma forte vocação, desejou entrar nas Carmelitas, mas seu diretor espiritual a aconselhou entrar nas Irmãs de Caridade. Devido às precárias condições de saúde foi obrigada a desistir em pouco tempo do Instituto.
     Retornando à família, se dedicou às obras de caridade junto aos pobres. Obedecendo aos conselhos do diretor espiritual, começou a escrever um diário espiritual no qual expunha detalhadamente a regra de vida de uma Comunidade de religiosas, que com a sua destacada vocação e com a experiência espiritual que vivia, sentia poder constituir.
     Assim, em 1875, deu início em Sevilha à Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz para o cuidado dos enfermos. O seu ideal e o do Instituto era “ser pobre com os pobres para levá-los a Cristo” que constituiu o fundamento da espiritualidade e da missão da Companhia da Cruz.
     A Santa Sé aprovou o Instituto em 1904, o qual teve uma rápida difusão, imprimido um impacto enorme na Igreja e na sociedade sevilhana do seu tempo.
     Humilde e enérgica, Madre Ângela da Cruz, nome que tomou quando se tornou religiosa, soube infundir no ânimo de suas filhas um crescente espírito de dedicação e de caridade em favor dos necessitados, sendo por isto admirada por todos e chamada pelo povo de “mãe dos pobres”.
     Natural e simples, recusou toda glória humana, buscou a santidade com um espírito de mortificação no serviço de Deus e dos irmãos, e com estes sentimentos deixou esta terra no dia 2 de março de 1932, na sua cidade de Sevilha, aos 86 anos de idade.
     A causa para sua beatificação foi introduzida junto à Congregação dos Ritos em 10 de fevereiro de 1960. O Papa João Paulo II a beatificou durante sua primeira viagem à Espanha, no dia 5 de novembro de 1982, em Sevilha, o mesmo pontífice, num intervalo de 20 anos, a elevou à honra dos altares, canonizando-a em Madri a 4 de maio de 2003, durante sua quinta viagem em terras espanholas.

 
Fonte: www.santiebeati.com