quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Baronesa Herbert de Lea: uma convertida à Fé Católica


     Maria Isabel Ashe à Court-Repington nasceu em Richmond, Surrey, em 21 de julho de 1822. Ela era a única filha do tenente-general Charles Ashe à Court-Repington, membro do Parlamento, e sobrinha de William à Court, 1º Barão Heytesbury, embaixador britânico para a Corte Imperial da Rússia em São Petersburgo.
     Em agosto de 1846, com a idade de 24 anos, ela se casou com o Honorável Sidney Herbert, o segundo filho do 11º Conde de Pembroke.
     Durante a Guerra da Criméia (1853-1856), seu marido foi feito Secretário de Guerra, e em 1862, 1º Barão de Herbert de Lea e par do reino, mas morreu poucos meses depois, deixando Lady Herbert viúva aos 39 anos de idade, com quatro filhos e três filhas.
     George, seu filho mais velho, herdou o baronato e no ano seguinte sucedeu seu tio como o 13º Conde de Pembroke e 10º Conde de Montgomery.
     Há muitos anos Lady Herbert se sentia atraída pela Igreja Católica, mas hesitou muito em se converter por medo de que seus filhos pequenos fossem tomados dela. Antes de sua própria conversão à fé católica, em 1851, o futuro Cardeal Manning tinha sido um amigo íntimo e até mesmo o diretor espiritual dela e de seu marido. Mas não querendo criar dificuldades políticas para seus nobres amigos, o conhecido convertido interrompeu o contato com eles.
     Um dia, Lady Herbert não podendo mais resistir, fez uma visita a ele. Ajoelhando-se diante dele, pediu a sua bênção, que ele deu em silêncio. Cada vez mais atraída pela Fé Católica, ela abriu seu coração e revelou seus temores para o futuro Cardeal.
     Ele então perguntou se ela tinha ouvido falar de Santa Joana Francisca de Chantal. Quando esta Santa disse a seus filhos que ela resolvera entrar na vida religiosa, um filho deitou-se no chão diante da soleira da porta para impedir a sua saída. Mas, sem titubear a Santa passou por cima dele. O exemplo ajudou Lady Herbert a encontrar a força moral para se converter. Ela abjurou o anglicanismo e entrou na Igreja Católica em 1866, cinco anos após a morte do marido.
     Ela tornou-se uma "ultramontana ardente", uma forte defensora do papado e de seus direitos, e seu grande amigo espiritual, agora Arcebispo de Westminster, acabou sendo o grande campeão inglês para a proclamação do dogma da infalibilidade papal em 1870, durante o 1º Concílio do Vaticano.
     Seus filhos foram tirados dela e foram criados na Igreja da Inglaterra. Apenas a filha mais velha, Maria, seguiu-a na Fé Católica.
     Lady Herbert continuou a ter muita influência na alta sociedade britânica. Ela escreveu e traduziu para o inglês, a partir de seu original em francês, o aclamado Garcia Moreno do Padre Augustine Berthe. Depois de sua conversão ao Catolicismo, ela viajava a Roma em peregrinação quase anualmente.
     A Baronesa Herbert de Lea morreu na Herbert House, em Londres, em 30 de outubro de 1911.
 
* Cf. How I entered the fold by Lady Herbert of Lea

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Beata Maria Assunção Gonzalez Trujillano, Virgem e mártir - 28 de outubro

    
     Nasceu em El Barco de Ávila no dia 19 de junho de 1881, filha de Anacleto González e Maria do Rosário Trujillano, que lhe deram o nome de Juliana. Ela foi crismada na sua paróquia natal em 18 de junho de 1885.
     Quinze anos depois, em 1900, instalou-se na freguesia de El Barco de Ávila uma comunidade das Terceiras Franciscanas da Divina Pastora, fundada em 1805 por Madre Maria Ana Mogas Fontcuberta (Beata desde 1996), agora conhecida como Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor. Elas trabalhavam numa escola para a educação de crianças e jovens, dando especial atenção aos mais necessitados.
     Juliana logo se identificou com elas e sentiu-se chamada a seguir o seu estilo de vida. Em 18 de fevereiro de 1903, entrou para o noviciado e mudou seu nome para Irmã Maria Assunção. Fez seus votos em 1905, na Casa Generalícia de Madrid, onde tinha completado o noviciado, mas professou os votos perpétuos na Casa de La Coruña, em 1910.
     Juntamente com uma coirmã, Irmã Assunção fundou uma escola em Arenas de San Pedro, onde permaneceu por três anos. Como professora de economia doméstica ensinava às meninas corte e costura. Novamente na Casa Mãe, ela ocupou o cargo de sacristã, distinguindo-se pela precisão no dever, espírito de sacrifício e uma crescente intimidade com Nosso Senhor.
     Em julho de 1936, seguindo as indicações da Madre Geral Maria das Vitórias Lage Castrillón, abandonou a casa e refugiou-se com ela na Rua Barquillo 3, junto ao casal Adolfo Cadaval y Muñoz del Monte e Amália Garcia Lara.
     Em 20 de outubro de 1936, ela se dirigiu a uma embaixada, talvez a do Chile, juntamente com o casal, pois queria depositar o seu dote e o das outras freiras. No entanto, logo na entrada da embaixada os três foram capturados por alguns milicianos e levados para uma "checa", ou seja, um local de prisão e tortura, situado na Rua Fomento.
     Na cela onde a Irmã Assunção foi presa estava também a Madre Provincial das Irmãs das Escolas Pias. Esta viu com seus próprios olhos que ela não se sentou, mas começou a ir e vir, rezando. De vez em quando a ouvia dizer em um tom de angústia: "Me matam".
     Às duas horas da tarde entrou na cela um miliciano com um envelope azul que disse: "Você tem a liberdade". Isto a tranquilizou, de modo que quando foi chamada saiu calmamente. Pouco depois, saiu a Sra. Amália Garcia, que chorava dizendo querer dar adeus a seu marido, mas foi dito: "Agora você vai ver o seu marido". Na realidade, era tudo falso, eles não tinham sido libertados, mas estavam sendo conduzidos ao fuzilamento. Era o dia 28 de outubro de 1936.
     O processo canônico para a avaliação de sua morte por ódio à fé, unido aos de suas coirmãs Isabel (nascida Maria do Consolo) Remiñán Carracedo e Gertrudes (Doroteia) Llamazares Fernández, foi iniciado a partir de 27 de setembro de 1999 junto à Arquidiocese de Madrid, e foi completado na Diocese de Orense em 17 de fevereiro de 2000. As três foram beatificadas em Tarragona em 13 de outubro de 2013, incluídas no grupo de 522 mártires que morreram durante a Guerra Civil Espanhola.
Fonte: www.santiebeati/it

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Beata Madre Assunta Marchetti



Cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas
       No dia 25 de outubro de 2014, durante cerimônia presidida pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Ângelo Amato, na Catedral Metropolitana de São Paulo, Madre Assunta Marchetti será beatificada. Diversos grupos de peregrinos de diferentes lugares do Brasil participarão da cerimônia.
     Maria Assunta Caterina Marchetti nasceu em Lombrici di Camaiore, província de Lucca, na região da Toscana, Itália, em 15 de agosto de 1871, e foi batizada no dia seguinte na paróquia Santa Maria Assunta, que ficava ao lado da casa da família.
     De acordo com os documentos históricos, os pais Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci eram moleiros. O trabalho da moagem garantia o sustento da família como também a moradia. Os pais sempre contaram com a ajuda de Assunta para cuidar dos outros 10 irmãos, pois sua mãe tinha saúde frágil.
     Desde jovem Maria Assunta anelava por uma vida de total dedicação e doação a Deus na religiosa contemplativa. Mas as tarefas domésticas, a doença da mãe e a morte prematura do pai impediram-na de realizar imediatamente suas aspirações.
     No final do século XIX os italianos deixavam a Itália e rumavam para as Américas, especialmente para o Brasil. O irmão de Maria Assunta, José Marchetti, ingressou no Seminário de Lucca e se ordenou sacerdote em 1892. Tornou-se pároco em Compignano, diocese de Lucca, e via a maioria dos paroquianos deixarem a Itália em busca de sobrevivência. Então, de sacerdote diocesano passou a ser missionário de São Carlos Borromeu, congregação fundada em 1887 pelo Bispo de Piacenza, o Beato João Batista Scalabrini que, compadecido dos imigrantes italianos, organizou um grupo de missionários para acompanhar os imigrantes nas suas viagens nada fáceis.
     O Padre José passou a ser missionário de bordo e durante as viagens da Itália para o Brasil atendia os imigrantes ministrando os Sacramentos necessários, inclusive as exéquias para os que morriam e eram lançados ao mar.
     Em uma dessas viagens uma jovem mãe morreu a bordo do navio deixando órfã uma filha pequena e o marido desesperado. O pai deixou aos seus cuidados o bebê que ele assumiu a responsabilidade de cuidar. Ao desembarcar no Brasil, o padre imediatamente providenciou um orfanato onde colocou a criança. A partir deste fato, ele entendeu que sua missão não era a de ser missionário de bordo, mas de cuidar dos órfãos filhos de imigrantes italianos e africanos que viviam na cidade de São Paulo.
     Em 1895, o Padre José construiu dois orfanatos em São Paulo, um no alto do Ipiranga e outro na Vila Prudente. Com tantos órfãos para cuidar, voltou à Itália e convenceu Maria Assunta a vir com ele para ajudar no cuidado das crianças. Junto com a mãe e duas jovens, Maria Assunta foi apresentada a D. Scalabrini.
     Em 25 de outubro de 1895, Maria Assunta, seu irmão e suas duas amigas emitiram os primeiros votos religiosos nas mãos do Beato João Batista Scalabrini, fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas, constituindo as "Servas dos Órfãos e Abandonados".
     Em 27 de outubro, partiram para o Brasil como missionários para os imigrantes e nunca mais retornaram à Itália, fazendo de sua pátria o Brasil. Padre José Marchetti morreu aos 27 anos, vítima da febre tifoide, muito comum entre os imigrantes naquele período.
O trabalho missionário em São Paulo
      Madre Assunta não só iria enfrentar o mundo, como também deveria socorrer as pessoas em um ambiente hostil, pois na época São Paulo era marcada por outras religiões como a maçonaria, por exemplo.
      Ao chegarem a São Paulo dedicaram-se ao cuidado dos órfãos e dos imigrantes italianos afetados pela cólera tifoide e pela difteria. O orfanato tinha como objetivo ser um ambiente familiar para os pequenos que haviam perdido os pais nos trajetos da imigração e no trabalho nas fazendas de café. Eram órfãos italianos, africanos, todos eram bem acolhidos. Assunta se dedicou ao próximo com heroísmo e não media esforços quando se tratava de atender ao mais necessitado.
     O primeiro doente da Santa Casa de Monte Alto - SP foi um homem negro, mendigo. Madre Assunta se compadeceu dele porque estava sozinho na enfermaria, enquanto não havia ainda enfermeiros. Colocou uma cama no fundo do corredor, do lado oposto do doente e dormiu ali algumas noites para poder atendê-lo logo que chamasse. Via Cristo no irmão pobre, sofrido ou doente”, contou Irmã Afonsina Salvador que conviveu com Madre Assunta. “Tudo o que acontece é bom, porque vem de Deus”, sempre dizia Assunta, como que fazendo ecoar o mesmo pensamento de seu irmão José, que em todos os acontecimentos dizia: Deo gratias!
     Uma ferida grave na perna, provocada durante a visita a um doente, causou-lhe longos anos de sofrimento. Madre Assunta passou os últimos meses de sua vida em uma cadeira de rodas, mas sempre atenta em servir o próximo. Morreu em 1º de julho de 1948, em meio aos órfãos, no orfanato da Vila Prudente - SP, hoje, “Casa Madre Assunta Marchetti”, onde se encontram seus restos mortais.

Madre Assunta com suas pequenas órfãs em SP
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Stas. Petronilha e Pôncia, Abadessas premonstratenses - 24 de outubro

    
     Temos hoje uma história de santificação de uma família. Petronilha e sua filha Pôncia foram abadessas premonstratenses; seu esposo, Gilberto, era nobre e militar, sobrinho neto de São Mazeran, da família dos senhores de Escolles, fundador do priorado de Brout-Vernet.
     Este nobre da Alvernia fez parte da 2a. Cruzada (1147-11490) pregada por São Bernardo de Claraval no ano de 1146 em Vezelay, e organizada pelo rei francês Luís VII. Após o terrível fracasso desta empreitada, Gilberto fez parte de alguns milhares de sobreviventes, ele que o rei havia encarregado do comando de suas tropas na Turquia.
    De volta ao seu domínio, depois do infeliz resultado da expedição, ele decidiu, de acordo com sua esposa Petronilha e a única filha Pôncia, abraçar a vida religiosa.
     Em 1148, ele vendeu todos os seus bens e fundou um mosteiro para sua esposa em Aubepierre, Puy de Dôme, diocese de Clermont, do qual Petronilha foi abadessa até a morte. Sucedeu-a Pôncia, sua filha. Terminam aqui as notícias em nosso poder sobre a existência destas duas santas mulheres.
     Depois de ter vivido um período numa zona úmida e desértica como eremita em Neuffontaines, Gilberto construiu um mosteiro masculino junto ao qual ele fez construir um hospital onde ele mesmo cuidava dos doentes, beijando seus pés. Ele mantinha ali um leprosário para cuidar dos cavaleiros que tinham contraído esta doença durante as Cruzadas.
     Ele foi para Dillo, em Yvonne, para receber de seu pai espiritual, Arnolfo, abade premonstratense, o hábito da Ordem. Em 1151 ele vestiu o hábito premonstratense no mosteiro de Dillo e pouco tempo depois retornou a Neuffontaines com muitos confrades, que o elegeram abade.
     Gilberto faleceu no dia 6 de junho de 1152, foi canonizado em 1159 e celebrado no dia 7 de junho, junto com São Godescalco, São Habence, São Landofo, São Mériadec e São Wulphy pela Ordem.
     Em 1615, parte de suas relíquias foram transladadas para o colégio dos Premonstratenses de Paris.
     Esta família é recordada no dia 24 de outubro, enquanto Gilberto é comemorado sozinho no Martirológio Romano no dia de sua morte.
     São Gilberto acolhe seus protegidos colocando-os sob a regra dos Premonstratenses, Ordem fundada em 1120 por São Norberto, perto de Laon (Aisne), adotando a regra de Santo Agostinho. Os Premonstratenses possuem uma estrutura tríplice: uma ordem masculina, outra de mulheres e uma ordem terceira de leigos que desejam se associar à espiritualidade da Ordem.
     Os Premonstratenses são considerados como os precursores das ordens mendicantes.
 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Santa Laura Montoya Upegui, Fundadora - 21 de outubro

    
     Laura Montoya Upegui, a primeira mulher colombiana a ostentar o título de Santa, nasceu em Jericó, Colômbia, no dia 26 de maio de 1874. Foi batizada no mesmo dia de seu nascimento com o nome de Maria Laura de Jesus. Filha de João da Cruz Montoya e de Maria Dolores Upegui Echavarría, teve dois irmãos: Carmelita, que era mais velha, e João da Cruz, seu irmão mais novo.
     Sua vida esteve sempre marcada pela dor, pobreza e toda espécie de acontecimentos desafortunados, que serviriam para temperar seu carácter e fazer dela a mulher que a história conhece: um ser que se dedicou aos mais desvalidos e aos indígenas.
     Segundo seus biógrafos, que são muitos, entre os quais se contam religiosas da congregação por ela fundada, aos dois anos, em plena guerra civil de 1876, perdeu seu pai, que era médico e comerciante, ao defender este seus princípios religiosos.
     Desde então, a infância e a adolescência de Laura mudariam radicalmente, pois todos os bens de sua família, bem como a de seus vizinhos de Jericó, foram confiscados. Sua mãe, repudiada e humilhada até por sua própria família, passou fome e toda espécie de necessidades, até que o avô materno chamou-a e aos filhos para que fossem viver em sua propriedade, em Amalfi, onde as penúrias continuaram. Havia também a antipatia que a pequena Laura despertava entre alguns de seus familiares por sua seriedade. Isto a obrigou a passar boa parte do dia no campo, circunstância que serviu para que ela se tornasse uma pessoa contemplativa e amante da natureza.
     Aos sete anos continuava sem estudar e um dia, vendo um formigueiro, descobriu qual seria o sentido de sua vida: “De repente fui como que ferida por um raio. Aquele raio foi como um conhecimento de Deus que hoje, depois de tanto estudar e aprender, não sei mais de Deus do que soube então...”, segundo ela própria contaria mais tarde.
     Laura foi depois levada para um orfanato em Robledo (atualmente parte da cidade de Medellin) que era dirigido por sua tia Maria de Jesus Upegui, religiosa fundadora da Comunidade das Servas do Santíssimo e da Caridade. Como não tivera instrução oficial, aos 11 de idade sua tia a inscreveu como externa no Colégio do Espírito Santo, uma instituição de educação frequentada por meninas da classe alta da cidade. Devido às adversidades que enfrentou ao morar em um orfanato, sem dinheiro para comprar livros estudando em um colégio de classe alta, se retirou da instituição ao findar o ano.
     No ano seguinte foi morar em San Cristóbal numa propriedade aos cuidados da tia enferma. Ali se entregou às leituras espirituais que despertaram o desejo de fazer-se religiosa carmelita. Em 1887 voltou a Medellin para estar com sua mãe e pouco tempo depois seu avô adoeceu e ela foi para Amalfi para cuidar dele até sua morte. A morte de seu avô piorou ainda mais a situação financeira da família.
     Aos 16 anos, demonstrando seu carácter e sua decisão de conseguir o que se propunha, se apresentou diante da reitora da Escola Normal de Medellín a quem expos a necessidade que tinha de estudar. Foi-lhe conseguido a permissão para estudar, porém na biblioteca, porque não tinha livros; ficou alojada naquela escola e obteve excelentes resultados em seus estudos. Em 1893 se formou como professora elementar.
     Aos 20 anos, voltou a viver com a mãe e se dedicou à formação das jovens na fé católica em diferentes escolas públicas de Antioquia. Sua primeira experiência docente foi em Amalfi onde foi nomeada diretora da Seção Superior da escola municipal, segundo o decreto 234 de janeiro de 1894. Nela procurou combinar seu ensino com uma orientação religiosa que não era do agrado das autoridades do município.
     Alguns opositores da formação religiosa apresentaram uma queixa ao governo da região, que deu resposta favorável a Laura, apoiada pelo secretário da Instrução Pública, Pedro A. Restrepo, que a conhecia muito bem desde sua passagem pela Escola Normal de Medellín. A guerra civil de 1895 obrigou o fechamento das escolas, o que forçou Laura a manter somente aulas pré-escolares em sua própria.
     Em agosto de 1895 foi nomeada professora na Escola Superior Feminina de Fredonia. Em 23 de fevereiro de 1897 foi transferida para Santo Domingo. Ali decidiu dar catecismo às crianças no campo.
     Por sua experiência docente, sua prima Leonor Echavarría convidou-a para colaborar na direção do recém-inaugurado Colégio da Imaculada em Medellín. O colégio ganhou muito prestígio na cidade, nele estudavam as filhas de famílias em ascensão. Quando sua prima Leonor faleceu, em 10 de junho de 1901, o colégio ficou completamente nas mãos de Laura. Em novembro de 1905 o escritor Alfonso Castro começou a publicar uma novela chamada "Filha Espiritual" na revista "Leitura Amena", cuja intriga desacreditou notavelmente o Colégio da Imaculada e sua diretora, Laura, a tal ponto que levou ao seu fechamento definitivo.
     Sua vida profissional, portanto, também foi selada pela dor, porém isto não a fez esmorecer. Enquanto a vida ia passando, Laura continuava empenhada em ser monja carmelita, cultivava uma mística profunda e a oração contemplativa. Mas seu caminho estava destinado à outra causa: ser missionária nas selvas para resgatar do esquecimento os “infiéis”, ou as suas “chagas”, como ela chamou as pessoas que viviam sem alimento espiritual e sem conhecer a Deus.
     Após o fechamento do colégio Laura foi nomeada professora da escola de La Ceja onde ficou por pouco tempo: em 1907 a população lhe solicitou a fundação de um colégio em Marinilla. Soube que seria missionária em 1908, quando, acompanhada por algumas amigas e pelo sacerdote Ezequiel Pérez, viajou para Guapá, trilha de Chocó.
     Seu trabalho missionário se sentiu mais estimulado quando o Papa São Pio X escreveu a encíclica “Lacrimabili statu indorum”, na qual exortou a Igreja da América a se interessar pelos índios e dar facilidades para o trabalho com eles.
     Aos 39 anos, Laura decidiu mudar-se para o povoado de Dabeiba, com a aprovação do Bispo de Santa Fé, Mons. Maximiliano Crespo Rivera, e em companhia de seis catequistas passou a trabalhar com os indígenas Emberá Katíos.
     Na busca dos índios era incansável. Lembro-me que viajávamos uma vez pelos tortuosos caminhos de uma missão de Urabá... O dia havia sido como eram então os dias de apostolado nas selvas: lombo de mula, sol calcinante, pouca comida, muito entusiasmo e ânimo na procura dos katíos”, relata a Irmã Maria de Betânia.
     À medida que sua missão continuava nas inóspitas selvas, Madre Laura desejava fundar centros missionários, sem importar-se com a falta de comodidades ou com as dificuldades. Tão pouco lhe importava sua precária saúde, nem viajar para Roma para buscar o decreto laudatório para a congregação que queria fundar. Como sempre, conseguiu o que se propunha: depois de sua morte, em 1968, a congregação de direito pontifício, Missionárias de Maria Imaculada e Santa Catarina de Siena, foi aprovada.
     A Congregação de Missionárias de Maria Imaculada e Santa Catarina de Siena foi fundada por ela em 14 de maio de 1914, com o grupo de catequistas que a acompanhavam nas missões. A partir de então se dedicou a estabelecer com as irmãs missionárias centros próximos das comunidades indígenas, cuja casa principal ficava em Dabeiba. Estabeleceu as constituições da Congregação e em 1917 as apresentou ao bispo Maximiliano Crespo Rivera. Em 1919 fundou em San José de Uré uma missão para trabalhar com os negros da região.
     Em 1939 o presidente Eduardo Santos a condecorou com a Cruz de Boyacá.
     Escreveu mais de 30 livros nos quais narrou suas experiências místicas com um estilo compreensível e atraente. Redigiu para suas religiosas as “Vozes Místicas”, inspirada na contemplação da natureza, e outros livros, como o Diretório ou guia de perfeição, que ajudam as Irmãs a viver em harmonia entre a vida apostólica e a contemplativa.
     Sua autobiografia se titula "História da Misericórdia de Deus em uma alma", é sua obra-prima, livro de confidências íntimas, experiência de suas angústias, desolações e ideais; vibrações de sua alma em contato com Deus, vivências de sua luta titânica para levar a cabo sua vocação missionária. Ali mostra sua “pedagogia do amor”, pedagogia acomodada à mentalidade do indígena, que lhe permitiu penetrar na cultura e no coração do índio e do negro de nosso continente.
     Madre Laura viveu para a Igreja, que amava entranhadamente, e para estender suas fronteiras no meio de dificuldades, sacrifícios, humilhações e calúnias.
     Depois de infatigáveis jornadas missionárias, Madre Laura passou seus últimos 9 anos de vida em uma cadeira de rodas, sem deixar seu apostolado, dando o exemplo, a palavra e os escritos. Faleceu em Medellin em 21 de outubro de 1949, após uma longa e penosa agonia. A Congregação de missionárias contava com 93 casas no momento de sua morte, com 467 religiosas trabalhando em três países.
     A causa para a beatificação da Madre Laura foi introduzida em 4 de julho de 1963 pela Arquidiocese de Medellin. João Paulo II a beatificou no dia 25 de abril de 2004; foi canonizada em 12 de maio de 2013, é a primeira santa colombiana. Sua festa se celebra em 21 de outubro.
     A tradição oral que se conserva entre as Lauritas, como são chamadas atualmente suas religiosas, a descreve como uma mulher sensível, com a ingenuidade de criança e sumamente humilde. Suas filhas espirituais estão certas de que ela se oporia a todo o barulho que se fez pela sua canonização, porque sempre quis passar despercebida. Para ela o mais importante era o trabalho missionários junto aos índios e aos desvalidos. Também estão convencidas de que se antes as ajudava a partir do Céu, agora poderá com mais ênfase dizer: “Eu tenho sede de acalmar Tua sede”.
Santa Laura idosa


domingo, 19 de outubro de 2014

Santa Iria de Tomar, Virgem e mártir - 20 de outubro

    
      Conta a legenda que Iria – ou Irene – nasceu em Nabância, uma villae romana próxima de Sellium, a atual cidade de Tomar. Oriunda de uma família abastada, seus pais Ermígio e Eugênia, eram pessoas de sangue ilustre. Iria recebeu educação esmerada num mosteiro de monjas beneditinas governado pelo seu tio, o Abade Célio. Vendo este a vivacidade e a boa disposição da sobrinha, encarregou o monge Remígio, homem douto e religioso, de instruí-la nas letras e bons costumes.

     Devido à sua beleza e inteligência, Iria cedo congregou a afeição das religiosas e das pessoas da terra. A menina vivia retirada do mundo em companhia de Casta e Júlia, irmãs de seu pai. Uma só vez por ano, no dia de São Pedro, elas costumavam visitar a igreja dedicada a este Apóstolo, que se erguia junto ao palácio de Castinaldo, governador daquelas terras.
     Castinaldo tinha um único filho, Britaldo, que tinha por hábito compor trovas junto da igreja de São Pedro. Um dia, Britaldo viu Iria e ficou enamorado dela. Ficou doente e, em estado febril e desesperado, reclamava a presença da jovem. Iria decidiu ir visitá-lo para dizer que a doença não era mortal e que Deus lhe restituiria a saúde se ele afastasse o mau afeto a que os olhos o tinham inclinado. Alentado pelas exortações da Santa o doente tranquilizou-se. Iria prometeu que não se casaria com outro. Britaldo em breve se restabeleceu e seus pais ficaram a ter maior devoção ao mosteiro aonde Iria estava recolhida, dando-lhe muitas esmolas e privilégios.
     Algum tempo depois, o monge Remígio, ao qual a beleza da donzela também não passara despercebida, inspirado pelo demônio, concebeu um amor impuro pela discípula. Como a Santa recusasse as suas solicitações e o repreendesse, o monge ministrou-lhe uma tisana que deu ao seu corpo opulência própria da gravidez. Por causa disso Iria foi expulsa do convento, recolhendo-se junto do Rio Nabão, que passava próximo ao convento, para orar.
     Aí, no dia 20 de outubro de 653, foi assassinada à traição por um servo de Britaldo, ou pelo próprio, a quem tinham chegado os rumores destes eventos e julgava que ela faltara à promessa.
     Atirado ao Rio Nabão, cujas águas correm para o Rio Zêzere, o corpo da mártir chegou a este rio e a partir deste ficou depositado nas areias do Rio Tejo, aí permanecendo, incorruptível. Para conservar a sua memória e milagre, a povoação de Scallabis construiu-lhe um sepulcro de mármore. Séculos depois, as águas do Tejo se abriram para revelar o túmulo à rainha Da. Isabel, que mandou colocar o padrão que ainda hoje se encontra.
     O seu culto foi tão popular durante a dominação visigótica, que a velha Scallabis romana passou a ser chamada de Santa Iria e daí derivou a moderna Santarém, através de Sancta Irene. O culto foi perpetuado através do rito moçárabe, mantendo-se ainda hoje como padroeira de algumas igrejas portuguesas, muito embora não seja considerada uma santa canônica pela Igreja Católica.
     Concluindo a sua biografia, a edição portuguesa das Vidas dos Santos, 1955, apresenta esta nota: “Retocamos a lenda apresentada pelo Autor, de harmonia com as lições ‘próprias’ de Lisboa. O caso é atribuído ao ano de 653 e anda contado de modo diverso num conhecido romance popular”. Nabância, diz o Ano Cristão, vol. X, p. 270, é o nome antigo de Tomar.
     Santa Iria é representada habitualmente segurando a palma do martírio.
     Em homenagem à Padroeira, realiza-se em outubro a Feira de Santa Iria, que integra a Feira das Passas, com o seu dia mais importante a 20 de outubro, data que se celebra Iria. Esta Feira foi criada por Carta Real de Filipe II de 3 de outubro de 1626. Nela comparecem inúmeros artesãos e comerciantes, tradição que ainda hoje se mantém. 
 
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.
 
Etimologia: Iria, forma portuguesa popular de Irene. Irene, do grego Eiréne: “paz, deusa da paz; a pacífica”.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Beata Lutgarda de Wittichen, Abadessa - 16 de outubro

    
  

     Lutgarda nasceu no ano 1291 em Schenkenzell na Kinzigtal (Floresta Negra) numa família de agricultores; aos dois anos foi atingida por uma deformação física.
     Lutgarda tinha ouvido falar da beleza dos Santos de Deus, e quando certo dia viu numa fonte que era feia e tinha o pescoço torto, começou a chorar, dizendo: "Ai, pobre de mim que não posso chegar a ser santa com esta cara tão disforme e este pescoço torto!” E sempre que passava perto de uma moça bela e bem vestida, se acreditava abandonada de Deu, porque não tinha roupas boas para usar. Um dia conseguiu colocar um avental novo e sentiu-se quase satisfeita, mas foi só por um instante: assaltada por um descontentamento, jogou o avental vistoso no chão dizendo: “Sou feia, feia irremediavelmente e Deus não pode gostar de mim!”
     Finalmente, Lutgarda se associou às beguinas de Oberwolfach. Depois de vinte anos de vida pobre e mortificada, por inspiração divina Lutgarda ergueu um convento de trinta e quatro religiosas segundo a Regra de São Francisco, para cuja fundação ela mesma recolheu os fundos necessários mendigando. Logo a instituição abrigou setenta membros.
     Após o incêndio do mosteiro em 1327, Lutgarda começou a trabalhar para reconstruí-lo pedindo donativos também na Alsácia, na Suíça, e à Inês da Hungria, em Königsfelden. Em 1332, em Avinhão, ela obteve a confirmação de sua Ordem Terceira Regular, que depois foi transformada (1376) no mosteiro de Clarissas e secularizada em 1803.
     Lutgarda se distinguiu na meditação da Vida e Paixão do Senhor e na oração pela Igreja, acompanhando os contrastes dos papas de Avignon com Luis o Bávaro e se oferecendo como vítima de expiação pela Igreja que passava por uma crise.
     Devotíssima do Sagrado Coração de Jesus e zelosa pelo alívio das almas do purgatório, Lutgarda recomendava essas práticas religiosas às suas irmãs. "Assídua na oração pela conversão dos pecadores, um dia ela viu a imagem do Crucifixo do qual escorria sangue de todas as feridas e depois muita gente se refugiando no Coração dEle".
     Na extrema pobreza do convento, Lutgarda e suas irmãs gosavam de uma alegria sobrenatural.
     Ela morreu em 1348, foi sepultado na igreja, já então conventual, hoje paróquia de Wittichen. Ainda hoje muitos peregrinos visitam seu túmulo, em especial no dia 16 de outubro, o dia de sua festa. O seu culto não foi confirmado.
 
 
Etimologia: Lutgarda, ou Leodegária, germânico, alemão Luitgar, Leodegar, Liudger = “lança (gar) do povo (leode)”. Em francês Léger (Saint).

sábado, 11 de outubro de 2014

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil

     A oração que segue foi composta há 42 anos, por ocasião do 150º aniversário da independência do Brasil, mas é tão bela que vale a pena lê-la e refletir sobre o que nossa Nação foi, é e há de ser sempre: Terra de Santa Cruz.
     Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, rogai por nós! 
 
Prece no sesquicentenário

Ó Senhora Aparecida.
     Ao aproximar-se a data em que completamos um século e meio de existência independente, nossas almas se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil.
     Cento e cinquenta anos de vida são, para um povo, o mesmo que quinze para uma pessoa: isto é, a transição da adolescência, com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças, para a juventude, com seu idealismo, seu arrojo e sua capacidade de realizar.
     Neste limiar entre duas eras históricas, vamos transpondo também outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes, e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos. 

Agradecimento
     Neste momento rico em esperanças e glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente.
     Agradecemo-Vos o território de dimensões continentais, e as riquezas que nele pusestes.
     Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu neste grande caudal étnico de origem lusa — e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes.
     Agradecemo-Vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa.
     Agradecemo-Vos nossa História, serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho, do que desavenças e de guerras.
     Agradecemo-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória.
     Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio de realizações e de esperanças de grandeza.
     Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas, e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de ascensão e de êxito.
     Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dada não só para nosso bem, mas para o de todos.
     Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa História, no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas, terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.
Prece
     Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas.
     Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes.
     Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão. E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas, nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus.
     Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção. Quanto confiamos nela!
     Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes.
     Quanto é rica destes, e de todos os outros dons imagináveis, a Vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus!
     Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças, e mais do que todas, concedei-nos a graça das graças. Ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil. Amai-o mais e mais.
     Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes.
     Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu.
     Fazei-nos sempre mais amantes da paz, e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Filho Vosso e Senhor nosso.
     De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina, do cêntuplo nesta terra e da bem-aventurança eterna.
* * *
     Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano?
     De Vós exclamava, profeticamente, o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos: — “Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu honorificentia populi nostro”. Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama.
* * *
     A perspectiva do sesquicentenário sugeriu esta prece a meu coração de brasileiro. Resolvi não adiar sua publicação. Espero retomar na próxima semana o assunto que começara a desenvolver no domingo passado.
 
Plinio Corrêa de Oliveira                  Folha de S. Paulo, 16 de janeiro de 1972.