sábado, 30 de setembro de 2017

Santa Teresinha do Menino Jesus - Há 120 anos


Fotografia tirada momentos depois da morte de Santa Teresinha, em 1º de outubro de 1897. Segundo a Irmã Geneviève, a fotografia "reproduz fielmente o sorriso celeste de nossa irmã".



     Na tarde de 30 de setembro de 1897, uma cena inesquecível desdobrava-se na enfermaria do Carmelo de Lisieux. Cercada de toda a comunidade ajoelhada em torno de seu leito de dores, Santa Teresinha do Menino Jesus, fitando os olhos no crucifixo, pronunciava suas últimas palavras nesta terra de exílio:
     - Oh! eu O amo... Meu Deus... eu... Vos amo!
     Subitamente, seus amortecidos olhos de agonizante recuperam vida e fixam-se num ponto abaixo da imagem de Nossa Senhora. Seu rosto retoma a aparência juvenil de quando ela gozava de plena saúde. Parecendo estar em êxtase, ela fecha os olhos e expira. Um misterioso sorriso aflora-lhe aos lábios e aumenta a formosura de sua fisionomia.



     O que me impulsiona a ir para o céu é o pensamento de poder acender no amor de Deus uma multidão de almas que O louvarão eternamente”. (Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face)
     Farei cair uma chuva de rosas”.
     Estas palavras foram proferidas por Santa Teresinha do Menino Jesus antes de morrer.
     Não vou ficar ociosa no céu olhando a face de Deus, mas ficarei olhando para a terra para ajudar quem me procura”.
     Meus desejos sobem ao infinito. O que Deus me reserva após a morte, o que pressinto de glória e de amor, ultrapassa de tal modo tudo o que se pode conceber, que sou forçada, por momentos, a deter meu pensamento. Quase fico com vertigem”. (Confidência íntima de Santa Teresinha a Soeur Marie de la Trinité, Circulaire Nécrologique de Soeur Marie de la Trinité, Carmel de Lisieux, 1944).
    Eu pensava que tinha nascido para a glória e procurando o meio de a atingir, o bom Deus me fez compreender ... que ela consistiria em tornar-me uma grande santa”. (Manuscrits Autobiographiques, Office Central de Lisieux, 1957. A, 32).
     Quanto à minha missão, como a de Joana d’Arc, a vontade de Deus será cumprida apesar da inveja dos homens”. (Novissima Verba – in Demiers entretiens, volume d’annexes, Editions du Centenaire, Desclée de Brouwer – Editions du Cerf, Paris, 1971).

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Beata Felícia Meda, Abadessa Clarissa - 30 de setembro

    
     Não há uma fonte segura que permita estabelecer o local de nascimento de Felícia Meda, nem sua família de origem; sabe-se, entretanto, que ela nasceu por volta de 1378. O erudito Gallucci diz que ela era originária de Meda (não distante de Novara, Itália), mas o comentário das Acta sanctorum (pp. 752-754) conclui que Milão era sua cidade natal.
     A tradição erudita dos Frades Menores refere que ela teve um irmão e uma irmã, também ela Clarissa, mas sem documento comprobatório. Ela era a filha mais velha e quando ficaram órfãos prematuramente, Felícia se tornou “mãe” dos irmãos menores, cuidando de sua educação, dedicando a eles sua juventude.
     Aos 12 anos fizera voto de castidade, consagrando seu corpo a Deus. Mas foi somente depois dos 20 anos, por volta de 1398 - 1400, quando sua tarefa de cuidar dos irmãos terminou, que ela pode ingressar no convento das Clarissas de Santa Úrsula, em Porta Vercelesse. Antes de deixar o mundo, entregou seus bens aos irmãos e aos pobres.
     Seu exemplo era tão contagiante, que sua irmã logo a seguiu, entrando também no convento das Clarissas, enquanto que o irmão se tornava frade franciscano.
     O convento de Santa Úrsula surgira no século anterior como uma fundação agostiniana e foi o primeiro a adotar a Regra de Santa Clara.
     Durante 25 anos de vida religiosa Felícia praticou com eximia regularidade e admirável rigor as virtudes que a tornaram apta a exercer o cargo de superiora do convento de Santa Úrsula, para o qual foi eleita. Sob sua direção o convento se tornou um modelo de virtude e piedade. A presença de Felícia em Santa Úrsula em 1412 e como abadessa pela primeira vez em outubro de 1425, cargo que ocupou até 1439, é documentada em alguns atos notariais.
     Foi naquele ano que Batista de Montefeltro, Duquesa de Pesaro, esposa de Galeazzo Malatesta, Senhor de Pesaro, quis fundar um novo convento de religiosas Clarissas naquela cidade e se dirigiu a São Bernardino de Sena, que era então o vigário geral dos Franciscanos Observantes. Seu pedido era específico: para dirigir a nova fundação ela não queria uma Clarissa qualquer, por virtuosa que fosse: desejava que Felícia Meda o dirigisse.
     Em carta datada de dezembro de 1438, o Papa Eugênio IV dirigiu-se ao Bispo de Pesaro (Bullarium, n. 404) ordenando a fundação de um mosteiro clariano, sujeito ao vigário da Observância e com o título de Corpus Domini, na casa que os Malatesta haviam designado às monjas, declarando que isto correspondia a um pedido da Duquesa Malatesta.
     São Bernardino de Sena não teve dificuldade para convencer Felícia a deixar Milão e seguir para Pesaro com outras sete Irmãs para trabalhar na nova fundação. Ela obedeceu prontamente ao Superior, ainda que lhe custasse deixar, já anciã, a cidade onde sempre vivera circundada de um vivíssimo afeto.
     Em 24 de julho de 1439, por meio de uma carta, o Geral dos Frades Menores, Guilherme da Casale, transferiu-a para Pesaro, onde seria confiado a ela o recém-criado mosteiro das Clarissas, denominado Corpus Domini ou Corpus Christi (Sensi, p.1187 n. 17).
     Quando a Beata chegou com as sete Irmãs à cidade dos Malatesta, em vão a Duquesa foi ao seu encontro com sua carruagem: Felícia Meda recusou usá-la e entrou em Pesaro a pé, caminhando até o novo mosteiro em meio à admiração devota de uma multidão.
     A mesma ovação popular se repetiu quatro anos depois, em 30 de setembro de 1444, quando de sua morte, tendo o povo de Pesaro aclamado como Santa aquela a quem eram atribuídos numerosos milagres.
     Dados sobre o estado do mosteiro durante o governo da Beata são relatados em Notizie delle cose più essenziale – Notícias das coisas mais essenciais (fonte dos registros publicados no Bullarium Franciscanum. Nova serie, Supplementum, pp. 450 n. 525, 463 n. 596).
     Após sua morte testemunhas atestaram que se verificaram milagres junto a sua sepultura. Três anos depois de seu falecimento, no reconhecimento de seu corpo, se constatou que estava incorrupto. Por desejo dos duques de Urbino, Guidobaldo II e Vitória Farnese, os seus despojos foram colocados no coro das monjas, onde permaneceu até sua definitiva transladação para a Catedral de Pesaro, quando da supressão do mosteiro em 1810. Naquela ocasião, as relíquias da Beata foram transladadas junto com as da célebre Beata Serafina Sforza de Pesaro, morta no mesmo mosteiro em 1478, bem como o crucifixo dado a Beata Felícia Meda por São Bernardino de Sena.
     Em 1921, malfeitores violaram a Capela das Beatas, levando objetos preciosos deixados por seus devotos. Os habitantes de Pesaro, entretanto, fizeram questão de oferecer novos presentes às duas insignes protetoras da cidade e da Diocese de Pesaro, confirmando assim sua grande devoção e gratidão por elas.
     O seu culto como Beata foi aprovado pelo Papa Pio VII em 2 de maio de 1807.

Etimologia: Felícia, do latim Felicius: “feliz, venturoso”.
Retábulo das Beatas Felícia Meda e Serafina Sforza




quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Beatas Maria do Monte Carmelo, Rosa e Madalena Fradera Ferragutcasas, Virgens e mártires - 27 de setembro

     Estas 3 religiosas da Congregação das Missionárias do Coração de Maria de Mataró eram também irmãs de sangue. Que o exemplo de imolação e sacrifício destas três religiosas católicas nunca se apague da memória dos cristãos!


Irmã Carmem Fradera Ferragutcasas
     Nasceu a 25 de outubro de 1895. Foi batizada a 27 de outubro de 1895 na igreja paroquial de S. Martinho de Riudarenes (Girona, Espanha). Ingressou na Congregação em julho de 1921 em Barcelona.

Irmã Rosa Fradera Ferragutcasas

     Nasceu a 20 de novembro de 1900. Foi batizada a 21 de novembro de 1900 na igreja paroquial de S. Martinho de Riudarenes (Girona, Espanha). Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.


Irmã Madalena Fradera Ferragutcasas
     Nasceu a 12 de dezembro de 1902. Foi batizada a 16 de dezembro de 1902 na igreja paroquial de S. Martinho de Riudarenes (Girona, Espanha). Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.

     As três foram brutalmente torturadas e assassinadas por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de serem religiosas católicas, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar. 
*
     Como medida de segurança e de prevenção diante da situação caótica vivida em Espanha desde os acontecimentos de julho de 1936, a Congregação destas 3 irmãs ordenou que abandonassem o Colégio onde as três trabalhavam e fossem para a casa de seus pais vestidas em traje secular.
    As Irmãs Carmem, Rosa e Madalena Fradera Ferragutcasas chegaram então a Riudarenes, à casa de seus pais, que as recebem de braços abertos e com grande emoção. Ali têm todo o carinho familiar e podem continuar a manter as suas práticas religiosas de oração do Ofício Divino, leitura e meditação espiritual, enquanto também colaboram nas tarefas diárias e agrícolas da casa.
     A 25 de setembro de 1936 vários milicianos comunistas armados dirigiram-se à casa paterna em Riudarenes para “registrar” os habitantes, tendo aproveitado para roubarem 4.000 pesetas e exigirem mais 500, como “contribuição de guerra”. Em relação às 3 irmãs religiosas, interrogaram-nas e ameaçaram-nas.
     Na madrugada de 27 de setembro, ainda de noite, vários milicianos marxistas, todos armados, dirigiram-se à casa procurando pelas três irmãs, alegando que necessitavam delas para “interrogatório” no Comité Local de Gerona.
     Apesar da grande resistência e oposição da família, as três irmãs são levadas, tendo estas declarado que “se vêm por causa de nós, nós estamos dispostas a morrer por Cristo”. A mais nova, Madalena (de 33 anos) ainda disse: “Não nos enganam, vamos felizes por dar o nosso sangue a nosso Deus. Adeus querido pai, irmão e cunhada; vamos morrer, mas vamos tranquilas”.
     Os comunistas não tiveram qualquer consideração pela docilidade das irmãs. Foi aos encontrões e empurrões que foram conduzidas até o automóvel que as conduziria à morte. Nem sequer esperaram que estivessem bem sentadas para fechar a porta do carro, fecharam-na com tanta força, com o pé da Madalena ainda de fora, que o fraturaram. Rosa, rasgou então um pedaço do seu vestido, com que enrolou o pé de sua irmã.
     O automóvel arrancou (era um Ford) e seguiu pela estrada de Vidreras até Lloret de Mar, até um bosque num local chamado Els Hostalet – atualmente é a urbanização Lloret Blau, perto de Cabanys, a 4 km de Lloret. Ali, antes de nascer o dia, as três irmãs entregaram a sua vida num martírio terrível e horrendo.
     Levadas a pé até junto de uma grande árvore, perto da estrada, ali tentaram violá-las uma e outra vez, mas encontraram sempre uma forte resistência por parte das irmãs, que defenderam com grande tenacidade a sua virgindade com todas as forças. Prova da luta que mantiveram contra os seus agressores foram os diversos dentes partidos de Carmen e de Madalena, que já tinha um pé partido.
     Como não conseguiam vencer a sua oposição, torturaram-nas sadicamente, depois dispararam tiros nas suas partes intimas, como forma de total desprezo pela virgindade consagrada. Como se tudo isto não fosse suficiente, regaram-lhe as pernas com gasolina e deitaram-lhes fogo para arderem lentamente.
     Por fim, cansando-se daquele espetáculo macabro, já moribundas foram assassinadas com tiros de pistola na cabeça. Todos os detalhes deste martírio tão horrendo foram conhecidos pela boca dos seus próprios assassinos, que relataram a quem os quisesse ouvir, tanto nos bares da aldeia, como no Comité Local, orgulhosos das suas façanhas.
     Os corpos das três religiosas foram enterrados no cemitério de Riudarenes, depois da sua recuperação, identificação e registro. Atualmente (2012), os restos das três mártires repousam na capela da Casa-mãe da Congregação, em Olot (Girona, Espanha). A transladação solene das relíquias das três mártires ocorreu em 1961, acompanhada por milhares de fiéis.
     Entregaram-se de forma tão doce e mansamente às mãos dos seus torturadores, porque amavam tanto Jesus Cristo quanto os agressores O odiavam. Só mesmo o ódio à Fé, o Odium Fidei mais extremo e fanático pode levar a tão cruel sadismo e brutalidade.
     A 28 de outubro de 2007 as três foram beatificadas, para alegria de toda a Santa Igreja, pelo Papa Bento XVI. Que a doação de suas vidas, seja semente de novas vocações religiosas em jovens cristãs!

http://martiresdeespanha.blogspot.com.br/2012/

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Beata Delfina e São Elzear (ou Eleazar, Elzeario) – 26 - 27 de setembro

    
     Delfina de Signe, nasceu em 1283 em Puymichel, França, na nobre família Glandèves. Uma encantadora figura de mulher, que passou pelo mundo levando a toda parte a luz de sua graça, o perfume de suas virtudes, o calor de seu afeto. Não era uma santidade ruidosa, que tenha marcado a história de seu tempo, mas uma santidade delicadamente feminina que se difundiu ao seu redor como linfa silenciosa e generosa para alimentar no bem a quantos estiveram ao seu lado durante sua vida. Órfã desde os 7 anos, a educação de Delfina foi confiada à sua parente, a monja Sibila de Puget.
     Desde menina sua presença era luz e consolo para sua família. Aos 12 anos já estava prometida a um jovem não inferior a ela por sua gentileza, nobreza de sangue e beleza de alma. O noivo, Elzear, Barão de Ansouis, Conde de Ariano, nascera no castelo de Saint-Jean-de-Robians, próximo de Cabrières-d’Aigues, na Provence, sul da França. Era filho do Senhor de Sabran e Conde de Ariano no reino de Nápoles. Desde o nascimento sua mãe o havia oferecido em espírito a Deus e mais tarde um austero tio, Guilherme de Sabran, o educou na Abadia de São Vitor, em Marselha, onde o tio exercia o cargo de abade.
     Delfina tinha 14 anos quando lhe informaram sobre seu casamento com Elzear, que havia nascido no ano de 1285, e era dois anos mais novo do que ela. Ela recusou com energia aquela união, mas, cedendo aos conselhos de um franciscano, acabou por consentir e dois anos mais tarde o casamento foi celebrado.
     Depois de 4 dias de festas, sozinhos em sua câmara nupcial, Delfina disse ao seu esposo o grande desejo que tinha de permanecer sempre virgem. Ele consentiu nisto, porém sem querer obrigar-se com voto, como ela lhe pedia. Ela insistiu algumas vezes, tecendo considerações sobre a brevidade desta vida, o desprezo do mundo, a beleza da glória eterna. Contudo, Elzear não consentia no voto, embora continuasse respeitando a virgindade da esposa.
     Um dia Delfina ficou gravemente doente e declarou de maneira categórica a seu esposo que estava persuadida de que só o duplo voto de castidade a curaria. Elzear então prometeu satisfaze-la; ambos fizeram seu voto diante de um franciscano, seu confessor, e ingressaram na Ordem Terceira.
     A santidade deste casal se insere na maravilhosa corrente de espiritualidade franciscana que percorreu toda a Idade Média. Ambos pertenciam às famílias da primeira nobreza e gozavam, portanto, de grande abundância de bens. Mas, como São Luís de França, São Fernando de Castela, Santa Isabel de Portugal e sua homônima da Hungria, souberam conservar seus corações inteiramente livres em meio às riquezas, e aplicar em suas vidas de leigos o admirável conteúdo evangélico da Regra dos terciários franciscanos.
    Marido e mulher levavam cilício sob suas nobres vestes. À noite se reuniam para passá-la em oração e disciplinas. Delfina jamais tocou em seu marido, a não ser para fazer-lhe pequenos serviços. Elzear fizera um regulamento muito preciso e detalhado para o bom andamento da casa, que exigia, entre outras coisas, a missa diária e uma espécie de círculo de estudos familiar.
     Entretanto, tudo isto se fazia sem abandonar a vida própria de um casamento secular. Por ocasião do falecimento de seu pai, em 1309, vemos Elzear ir para o reino de Nápoles, no qual havia herdado o condado de Ariano Irpino (Benevento). Ali ele brilhava tanto por sua bondade, como pela firmeza de jovem senhor provençal. Encantador no trato com os pobres, sabia, porém, fazer frente com valentia à turbulência de seus vassalos italianos. Ao terminar o exercício das armas, depois do combate, retirava-se para se disciplinar. Sua destreza no manejo das armas brilhava na corte napolitana.
     Um dia em que Delfina se encontrava com ele, houve uma grande festa em Nápoles. Ambos souberam fazer um papel magnífico: Elzear arrebatou um anel com sua lança, montado num cavalo a todo galope, em pleno torneio. Horas depois, no baile, Delfina se mostrava encantadora, bailando com uma graça inteiramente singular.
     Em 1312, Elzear vai para Roma como chefe do exército do rei Roberto I de Nápoles, que fora mobilizado para ajudar na expulsão do Imperador Henrique VII, que invadira aquela cidade.
     A vida do casal transcorria entre a Provence natal e suas terras na Itália. Por volta de 1317, Elzear viu suas responsabilidades aumentadas, porque o rei Roberto I o encarregou da administração da justiça em Abruzzo e o tornou tutor de seu filho, o Duque Carlos, que depois de tornaria rei do Reino da Sicília. Pouco tempo depois o casal deveria ir para Paris, pois Elzear fora nomeado pelo rei Roberto como embaixador extraordinário para negociar o casamento de seu filho, Carlos, com Maria de Valois. Ali ele iria edificar a corte francesa com suas virtudes. Mas, somente Elzear pode fazer a viagem; Delfina teve que ficar na corte do rei Roberto, sem saber que a separação ia ser definitiva.
     Em Paris, após ter concluído a missão que lhe fora dada, no dia 27 de setembro de 1323, com apenas 38 anos de idade, Elzear falecia. O rei da França, Carlos IV, enviou imediatamente um correio para dar a notícia a sua esposa, mas ela já havia sabido misteriosamente. Sem vacilar um momento, abandonou a corte do rei e voltou para suas terras.
     Elzear deixava a recordação de uma vida verdadeiramente santa. Como o rei São Luís, o haviam visto visitando os hospitais, atendendo os leprosos, cuidando deles com as próprias mãos e beijando-os. Verdadeiro asceta no mundo, havia sido um constante advogado dos pobres, um mentor exemplar do jovem príncipe Carlos e um esposo modelar para sua mulher, que confessava que junto a ele sentia um constante convite para crescer na graça divina, e via seu esposo como a um anjo da guarda.
     Um ano após sua morte, Elzear apareceu para sua esposa e reprovou com doçura a dor que demonstrava por sua morte. “O laço se rompeu e agora estamos livres”, lhe disse, recordando as palavras do Salmo 123 e a liturgia dos Santos Inocentes. Delfina sorriu entre lágrimas, voltou à sua antiga alegria e se dedicou inteiramente à tarefa de se santificar mais e mais.
     Fiel à espiritualidade franciscana, quis abraçar a pobreza, mas isto não era fácil. Pouco a pouco foi despojando-se de seus bens. Abandonou suas terras na Provence e foi para Nápoles. Embora lhe oferecessem alojamento na corte, ela preferiu viver pobremente e mendigando. As crianças a injuriavam pelas ruas, e ela se alegrava naquela humilhação.
     Entretanto, algo imprevisto ocorreu: a rainha Dona Sancha, segunda esposa do rei Roberto, queria ter junto de si alguém que a apoiasse em sua vida espiritual. Chamou Delfina e a fez sua conselheira. Por indicação dela, a rainha ingressou nas franciscanas de Santa Cruz de Nápoles, onde morreu no ano 1345. Após sua morte, Delfina retornou para a cidade francesa de Apt, e levou vida de reclusa no castelo de Ansouis, numa heroica prática de penitência, caridade, oração assídua e todas virtudes. Ali passou os últimos 15 anos de sua vida.
     Quando uma guerra local ameaçava arruinar a região, Delfina, embora doente, se interpôs e conseguiu um apaziguamento. Ela também organizou uma caixa rural, em que atuava como secretaria e fiadora; sem interesse, conseguia resolver dificílimas situações dos pobres lavradores. A santidade de Delfina, conhecida por todos, era a garantia que permitia que aquela interessante obra funcionasse. Ela também reuniu junto de si várias jovens e viúvas que a imitavam na sua vida ascética.
     Finalmente, em 26 de setembro de 1360, aos 78 anos de idade, a condessa faleceu em Apt, onde foi sepultada junto a seu esposo na igreja dos franciscanos. Suas relíquias foram transferidas em 1791 da igreja franciscana de Apt, para a catedral da cidade, onde ainda hoje são veneradas.
 
A morte da Beata por um anônimo, c. 1480
   
O povo logo rodeou aquele túmulo de uma espontânea e carinhosa veneração. Três anos após sua morte, os comissários apostólicos enviaram ao papa uma informação sumamente favorável à sua causa. Mas naquele momento o resultado não foi decisivo: devido ao seu relacionamento com a rainha Dona Sancha e os franciscanos “espirituais”, rebeldes à Santa Sé, havia o temor de que Delfina se tivesse contaminado com alguns erros. Somente anos depois seu nome começou a aparecer nos martirológios franciscanos, e o Papa Inocêncio XII aprovou seu culto em 24 de junho de 1694.
     Quanto a Elzear, foi canonizado solenemente na Basílica de São Pedro de Roma pelo Papa Urbano V em 1º de abril de 1369. Seu processo de canonização é conservado, mas infelizmente falta a declaração de sua esposa Delfina, que deve ter sido bem interessante.
     A festa de São Elzear é celebrada em 27 e se celebra juntamente com a de sua esposa em 26 de setembro.
     Há um culto litúrgico em Apt, Avignon, na Abadia de São Vitor de Marselha, na Ordem Franciscana, e em Ariano Irpino, onde no dia de sua festa, 27 de setembro, há uma feira antiquíssima, com grande participação do povo.

Fontes:
1- Lamberto de Echeverría, San Elzear y la Beata Delfina, en Año Cristiano, Tomo III, Madrid, Ed. Católica (BAC 185), 1959, pp. 799-802
2 - The Lives of the Saints, by Rev. Alban Butler, 1866, Volume IX: September. See also the life of St. Elzear published by Surius: also Vite delli Santi del Terz. Ordine di S. Francesco, c. 14, 15, 16. p. 30. Suysken, t. 7. Sept. p. 528.


Etimologia: Delfina = do grego, “aquela que mata serpentes”. Também do latim Delphinus, do grego delphis, delphinos: “golfinho” e também “uma constelação”.

domingo, 24 de setembro de 2017

Beata Ermengarda, Cisterciense - 25 de setembro

    
     Personagem histórico singular devido às diversas características de sua vida: condessa de nascimento, esposa e viúva por duas vezes, mãe afetuosa e pressurosa, regente de ducado, monja, depois envolvida na política, conciliadora de facções em luta, novamente monja cisterciense, peregrina.
     Ermengarda, cujo nome deriva do antigo provençal “Ermenjardis”, trazido do alemão arcaico “Irmingard” e que significa “protegida de Odim”, nasceu na metade do século XI em Angers, filha de Fulque IV, Conde de Anjou.
     Muito jovem, segundo o costume da época, casou-se com Guilherme IX, Conde de Poitiers, que a deixou viúva anos depois. Em 1093, casou-se com Alano IV, Duque da Bretanha. O relacionamento deles foi tempestuoso no início. Ela tentou deixá-lo para entrar para o Convento de Fontevrault, pedindo que seu casamento fosse anulado. Os bispos se recusaram a fazê-lo, mandando-a de volta para seu esposo e exortando-a a aceitar seu lugar como esposa e mãe. O casal deve ter chegado a um entendimento, já que tiveram três filhos: Conan III (m. 17 de setembro de 1148), que sucedeu seu pai no ducado; Edviges, que se casou com o futuro Balduino VII de Flandres; Godofredo (m. 1116).
     No verão de 1096, atendendo ao chamado do Papa Beato Urbano II, Alano partiu em companhia de outros senhores bretões para a Primeira Cruzada. A paz estava consolidada em seu ducado e à sua partida Ermengarda governou a Bretanha como regente por cinco anos e cuidou da educação de seu filho Conan.
     Ao retornar da Cruzada, Alano se interessou cada vez mais por assuntos religiosos. Em 1112, devido à enfermidade, abdicou em favor de seu filho Conan, e se retirou para a Abadia de Saint-Sauveur, em Redon, onde morreu e foi sepultado.
     Ermengarda também desejava segui-lo nessa escolha e retirou-se no mosteiro feminino de Fontevrault, sob a direção de São Roberto d’Arbrissel.
     À morte do seu esposo, Ermengarda saiu do mosteiro para assumir pessoalmente o papel de conciliadora na província da Bretanha agitada por intrigas de corte e pelos interesses dos nobres.
     Na idade de cerca de 45 anos, a Beata encontrou São Bernardo de Claraval (1091-1153), reformador dos cistercienses. O jovem Abade de Claraval seria naquele momento dez anos mais jovem que ela, mas já era um astro na Igreja medieval, com fama de grande pregador e fortemente empenhado em colocar ordem na Igreja abalada por contendas doutrinárias e políticas.
     Uma amizade profunda nasceu entre ambos, Ermengarda encontrou finalmente a paz para seu coração atormentado. Com a direção daquele santo ela aprendeu a orientar seus ímpetos para fins justos. São Bernardo enviou-lhe cartas amigáveis, homenageando-a por seu senso de justiça fundamentado na Fé católica. E foi das mãos deste Santo que, em 1129, ela recebeu o véu de monja cisterciense no priorado de Larrey, próximo de Dijon.
     Convidada por seu irmão Fulque, que se tornara Rei de Jerusalém, Ermengarda fez uma rápida peregrinação à Palestina. Ao retornar para a Bretanha, auxiliou na fundação da Abadia Cisterciense de Buzay, perto de Nantes, da qual Nivardo, irmão de São Bernardo, foi o primeiro abade.
     Ermengarda morreu em Larrey no dia 1º de junho de 1147, e foi sepultada em Redon, onde já fora enterrado seu esposo, Alano.
     O Menológio de Citeaux a comemora no dia 25 de setembro, enquanto que no novo Menológio Cisterciense ela é recordada no dia 31 de maio, mas sem nenhum título.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Beata Catarina Aliprandi de Asti, Clarissa - 21 de setembro


    
     Aliprandi é uma antiga família originária de Milão, que uma certa tradição liga aos longobardos. Ricos de feudos em várias zonas da Lombardia, tiveram o predomínio sobre a cidade de Monza em época comunal. Esta nobre família deu à Santa Igreja Católica a Beata Catarina Aliprandi.

     Catarina nasceu por volta de 1466 e os pais a destinaram ao casamento com um rico e nobre jovem. Aos 30 anos, Catarina conseguiu convencer o marido a vestir o hábito franciscano, possibilitando assim que ela pudesse entrar no Mosteiro de Santa Clara em Alexandria.

     Em 1526, com mais cinco coirmãs, foi encarregada de fundar um novo mosteiro em Asti, que tomou o nome de Convento de Jesus. Ali exerceu a função de porteira, mas em breve se tornou famosa pelas profecias e milagres que os devotos começaram a atribuir a ela.

     Como ela mesma havia profetizado, foi vitimada pela peste e morreu no dia 7 de setembro de 1529, cantando louvores a Maria Santíssima, na festa de sua Natividade, enquanto suas companheiras naquele momento também festejavam aquela data.

Fonte: www.santiebeati.it/

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Santa Cândida, Virgem e Mártir – 20 de setembro

    
     A primeira referência sobre Santa Cândida foi encontrada no calendário da Igreja de Córdoba e em alguns documentos da antiga Galícia, ambas na Espanha. Mas foi pela tradição cristã do povo napolitano, na Itália, que se concluiu a história desta santa.
     A vida cristã de Cândida iniciou quando ela foi convertida, segundo esta tradição, pelo próprio apóstolo Pedro, de passagem por Nápoles. Naquela época o apóstolo, com destino a Roma, atravessou Nápoles, onde a primeira pessoa que encontrou na estrada foi a pequena Cândida. Percebeu imediatamente que a pobre criança estava doente. Parou e perguntou-lhe se conhecia a palavra de Jesus Cristo. Diante da negativa e em seu ardor de levar a mensagem do Evangelho, Pedro falou-lhe da Boa-Nova, da fé e da religião dos cristãos; curou-a dos males que sofria e a converteu ao cristianismo.
     Assim, Cândida foi colhida pela luz de Deus e curada do físico e da alma. Chegou em casa falando sobre o cristianismo e contando tudo o que o apóstolo Pedro lhe dissera. Muito intrigado e confuso, Aspreno, um parente que a criava, saiu para procurá-lo. Quando se encontraram, com muito zelo Pedro converteu também Aspreno, que o hospedou em sua modesta casa por alguns dias.
     O apóstolo acabou por catequizar os dois e, em seguida, batizou-os e ministrou-lhes a primeira eucaristia durante a celebração da santa missa. Esse local recebeu o nome de “Ara Petri”, que significa Altar de Pedro. 
     Depois, antes de partir, o apóstolo consagrou Aspreno primeiro bispo de Nápoles e pediu para a pequena Cândida continuar com a evangelização, salvando as almas para Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Aquele lugar onde fora celebrada a santa missa por São Pedro tornou-se de grande veneração por Cândida. Ela deixou seu lar com todos os confortos, preferindo passar seus dias numa gruta escura nas proximidades de “Ara Petri”, onde vivia em penitência e oração, catequizando e convertendo muitos pagãos. 
     Após alguns anos, o número de cristãos havia aumentado muito. Por isso, quando o imperador romano ordenou as perseguições contra a Igreja, os convertidos foram obrigados a fugir ou esconder-se.
     Então, o bispo Aspreno embarcou Cândida, junto com outros cristãos, com destino a Cartago, no norte da África, tentando mantê-los a salvo da implacável perseguição, mas não conseguiu. Foram alcançados, presos e torturados. 
     Cândida foi levada a julgamento e condenada à morte porque se negou a renunciar à fé em Cristo.
     No Martirológio Romano encontramos registrado que a virgem e mártir cristã Cândida morreu no Anfiteatro dos martírios de Cartago, no dia 20 de setembro. 
     Suas relíquias, encontradas nas Catacumbas de Priscila, agora estão guardadas na igreja Santa Maria dos Milagres, em Roma.
     Muitos séculos mais tarde, pesquisas arqueológicas feitas na cidade de Nápoles encontraram no local “Ara Petri” um antigo cemitério de cristãos. O fato colocou ainda mais devoção sobre a figura de Santa Cândida, eleita pelos fiéis como padroeira das famílias e dos doentes.
     Ela recebe, no dia 20 de setembro, as tradicionais homenagens litúrgicas confirmadas pela Igreja. Santa Cândida é retratada na área norte da colunata do Vaticano.
     Em Curitiba, há uma igreja dedicada a Santa Cândida, que foi solenemente inaugurada no dia dos Santos Reis (6 de janeiro) de 1877, com uma procissão com cerca de 2.000 fieis, inclusive o próprio presidente da província, conduzindo uma imagem de Santa Cândida, de 80 cm de altura, adquirida em Lisboa e doada pelo imperador D. Pedro II.
 
Santa Cândida em Curitiba PR
Fontes:

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Beata Francisca Cuallado Baixauli, Virgem e mártir - 19 de setembro

Martirológio: Em Benifaió, na província de Valencia, também na Espanha, Beata Francisca Cualladó Baixauli, virgem e mártir, que derramou seu sangue por sua fe em Cristo na mesma perseguição religiosa.


     Francisca Cualladó Baixauli, leiga, nasceu em Molino de San Isidro, no bairro valenciano de Ruzafa, no dia 3 de dezembro de 1890. Foi batizada no dia 5 de dezembro na igreja paroquial de São Valério e São Vicente; crismada em 1906, recebeu a 1ª. Comunhão em 11 de maio de 1909 na igreja paroquial de São Pedro Apóstolo, de Massanassa.
     Educada em um lar católico, ficou órfão do pai muito jovem; com a morte prematura do pai e a doença da mãe, que ficou paralítica, teve que colaborar desde sua adolescência com a economia familiar trabalhando como modista.
     As muitas horas de trabalho não a impediam de se dedicar ao apostolado, fazendo todo o possível como católica atuante. Fundou em sua paroquia os Jovens Eucarísticos, e colaborou na fundação do sindicato católico feminino. Preparava com muito zelo os doentes para receber os Sacramentos. Dava aulas de corte e confecção, e procurava fazer todo o bem para as aprendizes. Recebia a Sagrada Comunhão todos os dias e rezava o Rosário. Se inscreveu na Ação Católica e se dedicou à catequese e à caridade oferecendo esmolas aos necessitados.
     Estas qualidades e outras obras provocaram o ódio dos inimigos da religião. Presa em meados de setembro de 1936, em 19 de setembro de 1936 foi fuzilada em Benifaió, não sem antes terem arrancado sua língua por ter gritado: “Viva Cristo Rei!”
     Foi beatificada em 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II na cerimônia conjunta dos 233 mártires da perseguição religiosa em Valencia.

Fonte: www.santiebeati.it

sábado, 16 de setembro de 2017

Santas Aubet, Cubet, Guere, virgens - 16 de setembro


     
Paisagem de Maranza
     Da legenda de Karl Hofer (1929): "Diante da ameaçadora invasão dos hunos, três princesas fugiram pelas montanhas; inicialmente pretendiam ficar em Lazfonsdove, mas em troca de suas boas obras em favor dos habitantes elas receberam escárnios e injúrias, então decidiram sair dali. Quando, enfrentavam um sol ardente na subida do planalto de Maranza, sentiram as forças faltarem impedindo-as de continuar a caminhada, então dirigiram uma intensa oração ao bom Deus. De repente, um jato de água fresca saiu da rocha e do solo surgiu uma cerejeira que lhes ofereceu sua sombra e seus saborosos frutos. As Três Virgens foram recebidas cordialmente pelo povo de Maranza, onde viveram por muitos anos e estimadas por suas obras de caridade. Finalmente, deixaram Maranza; parece que foram sepultadas em Colônia".
     A cidadezinha de Maranza venera as Três Santas Virgens no domingo após 16 de setembro com uma grande procissão eucarística; houve tempo que em 16 de setembro os simulacros das Santas Aubet, Cubet e Guere, virgens, eram levados em procissão.
     Maranza é sede da igreja de peregrinação dedicada às virgens Aubet, Cubet e Guere citadas em um documento de 1382, quando a então comuna de Maranza instituiu um fundo para a missa da segunda-feira. Somente em 1500 numa bula papal se tem a versão romanizada dos nomes originais das três jovens: Ampet, Gaupet, Gewerpet (há outra versão: Einbetta, Vorbetta e Vilbetta). As três jovens são protagonistas de uma das sagas do Tirol do Sul.

Saga do Tirol do Sul
     Existem diversas sagas do Tirol do Sul, algumas das quais são conhecidas em todo o território do Tirol do Sul, mas também fora do seu território.
     Estas histórias nasceram da fantasia do povo tirolês e foram transmitidas nas sucessivas gerações com protagonistas fantásticos, como por exemplo, gnomos, fadas e elfos.
     Uma das primeiras remonta ao século XVII, mas a maior parte foram escritas a partir do século XIX e se intensificaram nos séculos seguintes. Muitas delas são conhecidas até fora do território.
     A via dolomitica no. 2 que liga Bressanone a Feltre é chamada “via das legendas” pois atravessa um território cheio de sagas e histórias fantásticas.
     João Batista Alton foi dos primeiríssimos a recolher as sagas dos vales pirineus.
     A coleção de sagas mais famosas provém das legendas tradicionais recolhidas por Karl Felix Wolff no seu trabalho "Dolomitensagen", cuja primeira edição saiu em 1911. Esta obra vem da tradição romântica tardia da escola dos irmãos Grimm, o que significa que núcleos narrativos originais podem ter sido modificados. Wolff queria contar as várias lendas encontradas em diferentes áreas do território do Tirol do Sul, especialmente no domínio dos Fanes, e tentou fazê-las de forma mais consistente. Mas como geralmente uma legenda nunca é contada de uma maneira univoca, ele se valeu da "licença poética" para encontrar uma história única.
    Um passeio cultural por Maranza nos leva à igreja paroquial gótica no centro da cidade. A Fortaleza do Rio Pusteria está localizada no fundo do vale, logo abaixo de Maranza. Durante séculos foi uma encruzilhada de importantes rotas comerciais. A Fortaleza do Rio Pusteria foi construída como uma estação de pedágio e depois serviu como uma pousada de caça. Durante as Guerras Tirolesas de Independência foi transformado em uma fortificação militar. Vários eventos na tradicional cidade proporcionam muito entretenimento ao longo do ano.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Nossa Senhora das Dores - 15 de setembro


    
Imagem de Na. Sra, das Dores da Igreja de Porto Alegre RS
     A Igreja Católica celebra neste dia 15 de setembro a festa de Nossa Senhora das Dores.
     A devoção à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Alemanha. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem dos Servitas). O Papa Bento XIII introduziu a festa na Liturgia. Quando a festividade se estendeu por toda a Igreja, em 1727, com o nome das Sete Dores, manteve-se a referência original da Missa e do ofício da Crucificação do Senhor.
      A devoção deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:

1 - A profecia de Simeão sobre Jesus (Lc 2: 34-35);
2 - A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mt 2: 13-21);
3 - O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lc 2: 41-51);
4 - O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lc 23: 27-31);
5 - Maria observando o sofrimento e a morte de Jesus na Cruz – Stabat Mater (Jo 19: 25-27);
6 - Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mt 27: 55-61);
7 - Maria observa o corpo do Filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lc 23: 55-56).

     Apesar de tudo, Maria Santíssima se manteve firme na oração e na confiança na vontade de Deus. Agora a Virgem quer nos ajudar a levar as nossas cruzes diárias porque foi no calvário onde Jesus Cristo nos deixou Maria como nossa Mãe.
     Por duas vezes no ano, a Igreja comemora as dores da Santíssima Virgem: na Semana da Paixão e também hoje, 15 de setembro.
     Na Idade Média, havia uma devoção popular pelos cinco gozos da Virgem Mãe, e pela mesma época se complementou essa devoção com outra festa em honra a suas cinco dores durante a Paixão. Mais adiante, as penas da Virgem Maria aumentaram para sete e não só compreenderam sua marcha para o Calvário, mas também sua vida inteira.
     Aos frades Servitas, que desde sua fundação tiveram particular devoção pelos sofrimentos de Maria, foi autorizado que celebrassem uma festividade em memória das Sete Dores, no terceiro domingo de setembro de todos os anos.
     Santa Brígida da Suécia diz em suas revelações, aprovadas pela Igreja, que Nossa Senhora prometeu conceder sete graças a quem rezar, cada dia, sete Ave-Marias em honra de suas dores e lágrimas, meditando sobre elas.
     As promessas são:
1 - Porei a paz em suas famílias.
2 - Serão iluminados sobre os divinos mistérios.
3 - Consolá-los-ei em suas penas e acompanhá-los-ei em suas aflições.
4 - Conceder-lhes-ei tudo o que me pedirem, contanto que não se oponha a adorável vontade de meu divino Filho e a santificação de suas almas.
5 - Defendê-los-ei nos combates espirituais contra o inimigo infernal e protegê-los-ei em todos os instantes da vida.
6 - Assistir-lhes-ei visivelmente no momento da morte e verão o rosto de Sua Mãe Santíssima.
7 - Obtive de meu Filho, para os que propagarem esta devoção às minhas lágrimas e dores, sejam transladados desta vida terrena à felicidade eterna, diretamente, pois ser-lhes-ão apagados todos seus pecados e meu Filho e eu seremos sua eterna consolação e alegria.

Fontes: wikipedia; http://www.acidigital.com/

Um exemplo de devoção a Na. Sra. das Dores no Brasil:
História interlaçada com a história da cidade
    
Igreja de Na. Sra. das Dores de Porto Alegre
     Em 1752, portugueses vindos dos Açores estabeleceram-se à beira do Guaíba e formaram o primeiro núcleo da futura cidade de Porto Alegre, próximo de onde, mais tarde, construiriam a Igreja Nossa Senhora das Dores. Membros da Irmandade devota a Nossa Senhora das Dores rezavam missas na Igreja Matriz, atual Catedral Metropolitana, até 1807, quando resolveram construir o seu próprio templo, lançando a pedra fundamental em um terreno entre as ruas do Cotovelo e da Praia, às margens do Guaíba. No início, esmolas eram levantadas pela comunidade local para construir e decorar a igreja.
     Em 1813, inaugurada a Capela-Mor, foi realizado o translado da imagem de Nossa Senhora das Dores; a partir de então, as energias e esmolas se voltaram para a construção do interior da igreja.
     No período inicial da construção, um negro forro conhecido como preto José, era o responsável pelas medidas da obra, levando a crer que escravos participaram da construção da igreja, embora em minoria se comparados aos operários contratados.
     Porto Alegre, capital da província que foi palco de inúmeros conflitos, passou por períodos nos quais careceu de verbas para investir na cidade, quando nem mesmo para esmola havia dinheiro circulando. A Igreja das Dores, mesmo com as obras paralisadas, permaneceu com suas portas abertas.
     Em 1857, com a cidade entrando em um novo período de crescimento, foi retomada a construção da Igreja, com espaço para um hospital, que atenderia os membros necessitados da Ordem. Provavelmente por falta de verbas, esse espaço nunca foi utilizado. O governo da Província chegou a solicitar à Irmandade, em 1865, que os enfermos da guerra contra o Paraguai fossem tratados ali, porém não foram encontradas notícias sobre o uso do espaço do hospital pelos soldados feridos.
     Na década de 1860, foi colocado o madeiramento do telhado e a abóbada da nave sob a coordenação do Mestre João Couto e Silva. Em 1866, após a pintura do teto, realizada pelo artista Germano Traub, o corpo da igreja foi inaugurado. Nos anos seguintes, foi construída a escadaria para a Rua da Praia.
     No início do século XX, Porto Alegre contava com arquitetos e engenheiros de origem germânica, e o ecletismo em voga na Alemanha foi apresentado e aprovado pela Irmandade para o projeto da igreja, sob a responsabilidade do arquiteto Júlio Weise. A construção seguiu até 1903 quando a igreja foi finalmente inaugurada, apresentando corpo em estilo colonial português com fachada eclética: frontispício e altas torres, ornamentados com esculturas em gesso.
     Em 1938, a pedido da comunidade, A Igreja Nossa Senhora das Dores foi tombada pelo IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por seu valor artístico e arquitetônico, na categoria de Sítio Histórico Urbano Nacional.
Interior da Igreja de Na. Sra. das Dores de Porto Alegre, RS