sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Santa Florença de Poitiers, Eremita - 1o. de dezembro

     Florença nasceu na Frígia, de pais imersos nas trevas do paganismo, e que a tinha educado nos mesmos erros. Seus pais eram colonos romanos estabelecidos na Ásia Menor, ao longo da estrada que da Frigia conduzia a Selêucia. Florença é citada na “Vita Hilarii” do século VII, que narra a vida de Santo Hilário, primeiro Doutor da Igreja Latina.
     Em 359, Santo Hilário, exilado há quatro anos, e defendendo a fé nos locais entregues ao arianismo, foi para a Selêucia, cidade da Isauria onde a heresia tinha inspirado um concilio para o final de setembro (Sínodo dos Orientais de 359).
     Um domingo, passando por uma pequena cidade que, infelizmente, a história não diz o nome, ele entrou na igreja católica no momento em que as pessoas já estavam reunidas para a oração. De repente, no meio da multidão, uma menina corre e entra nas fileiras cerradas, ela clama que um grande servo de Deus está ali e, prostrada a seus pés, implora que pelo Sinal da Cruz ela ingresse no rebanho de Cristo, ela protesta que não vai se erguer senão após ter seu pedido atendido.
     Era Florença, que um movimento do Espírito Santo enviava para o grande doutor, cujo nome ilustre não era conhecido no Oriente, e Ele fazia conhecido misteriosamente. Hilário deu-lhe sua bênção, que era um símbolo do Santo Batismo que ela recebeu alguns dias depois. A piedosa criança não teve só aquela felicidade. Instruída sobre as verdades da fé, durante o curto tempo que lhe podia dar o grande bispo, o pai de Florença, sua mãe e sua família toda se deram a Deus, e foram lavados na mesma regeneração.
     Nós não sabemos o que aconteceu com esta conquista de toda uma família, onde "a salvação foi introduzido pelo ministério de um Santo e pelo exemplo tocante da inocente virgem”. Para ela, uma via milagrosa foi traçada, e ela a seguiu.
     Alguns meses mais tarde, na primavera do ano 360, como Santo Hilário era vencedor dos inimigos de Jesus Cristo e devastador da sua causa, estes reconheceram a necessidade de livrar-se dele no Oriente; ele retornou ao Ocidente após uma ordem de Constantino.
     Tomando conhecimento do fato, Florença obteve de seus pais a liberdade de segui-lo, atravessando com ele os mares que separam a Grécia da Itália; cruzou os Alpes, atravessou as várias províncias da Gália, emocionadas ainda pela rápida passagem do grande doutor, e chegou a Poitiers, quando todos comemoravam o seu retorno.
     A fervorosa viajante foi recebida de todo o coração pelo Santo, que ela chamava de pai, a mais justo título, dizia ela, do que aquele que lhe tinha dado a vida, pois ela tinha uma segunda vida mil vezes mais preciosa.
      Os ensinamentos que ela recebeu e o modelo de santidade que ela tinha diante dos olhos, levaram-na logo a uma grande piedade, a um coração dócil à graça que o tinha tão admiravelmente preparado. O conhecimento de Deus e de seu divino Filho, a meditação das verdades reveladas, produziram nela um amor profundo pelas coisas do Céu e uma rejeição proporcional as da terra. Este sentimento tendo aumentado continuamente, levou-a a solicitar a fuga do mundo numa solidão absoluta, e o santo bispo, cedendo às seus rogos, após ter provado a sua perseverança, deu-lhe em Comblé (Vienne), perto de sua terra Celle-L’Evescault, uma cela estreita e um pequeno jardim, onde ela se fixou para ali entregar-se continuamente aos piedosos exercícios da vida solitária. Na mesma ocasião, Santa Triaise abraçou em Poitiers o igual tipo de perfeição. O grande homem ficou satisfeito de ter colocado perto de todas suas casas anjos visíveis cujas virtudes o consolavam das impiedades de seus inimigos.
     O bom Pai não abandonava a si mesma na solidão esta menina criada por ele para a graça. Ele a visitava, a enchia de Deus, dirigia sua alma, e, voltando em seguida às suas viagens ao campo, deixava-a progredir sob a ação do Espírito Santo. Esses avanços foram em breve notados por este grande mestre que os tinha demarcado em sua sabedoria providencial. A oração contínua da santa virgem, suas vigílias frequentes, seus jejuns e outras austeridades apressaram o momento em que o Céu se deveria abrir para esta vida angelical. Ela viveu pouco mais de seis ou sete anos desde sua reclusão voluntária, e sua alma se uniu ao Senhor em 1º de dezembro de 366, na idade de 29 anos.
     O Santo Bispo, que ela precedeu de um ano, deu-lhe uma sepultura digna dela e dele, no mesmo lugar em que ela se havia santificado por tão admiráveis sacrifícios. Seu corpo foi homenageado por muito tempo, e graças milagrosas atraíam os fiéis. Uma igreja foi construída pouco tempo depois, e tornou-se um priorado da abadia vizinha de NouaiIIe.
     Quando os séculos trouxeram guerras sucessivas ao Poitou, com todas as calamidades que as acompanham, o pequeno edifício teve o destino de uma série de outros muito mais importantes, e durante tantos anos infelizes, as relíquias da Virgem humilde e gloriosa foram perdidas e completamente esquecidas.
     Como o domínio do Celle-L’Evescault não tinha deixado de pertencer aos bispos de Poitiers, de quem derivava seu nome, somente no século XI Isambert 1º, um de seus sucessores (1028-1047) as descobriu em Comblé e as transportou solenemente até Poitiers. Colocados na catedral, no pavimento entre o altar da Virgem Maria e de Santa Madalena, uma capela foi anexada a este último, sob o patrocínio de Santa Florença.
     No entanto, os seus despojos não permaneceram enterrados por muito tempo, eles que se tornaram tão valiosos para os habitantes do Poitou. Um bonito relicário de prata foi dado a eles. A cada ano, nas célebres procissões das Rogações, esse belo relicário era usado ao lado do que continha os restos mortais de São Pedro. Recorriam também a Santa em secas e outras calamidades públicas, “para ter”, como diz um velho historiador, “chuva ou tempo sereno desde o dia ou no dia seguinte à procissão, como eu vi fazer por várias regiões”.
     Mas, o dia 27 de maio de 1562 chegou. Naquele dia, as hordas bárbaras que protestavam contra a fé e os templos, saquearam todas as igrejas de Poitiers. Santa Florença não obteve graças para aqueles que queimaram todas as relíquias, e as suas foram envolvidas pelas chamas como as outras.
     Felizmente, em 1698, uma descoberta veio compensar a Igreja Matriz desta perda que pensavam irreparável. Uma parte do corpo santo havia sido deixada em sua segunda sepultura, atrás do coro da catedral, e a sua autenticidade pode ser reconhecida. A igreja então não tinha recursos suficientes para mandar fazer um relicário adequado. Preferiram depositar os santos ossos sob o altar-mor, onde eles ainda estão; é por isso que o capítulo faz a cada ano, no dia 1º de dezembro, a festa de Santa Florença.
 
Fonte: Os Pequenos Boullandistas, Vida dos Santos, Volume 12, Paris 1866.

Panorama atual de Celle-L'Evescault
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Santas do mês de dezembro


dez 00  Beata Bartolomea Carletti de Chivasso, Clarissa
dez 01  Beata Clementina Anuarite Nengapeta, Mártir
dez 01  Beata Liduina (Ângela Elisa) Meneguzzi, Religiosa
dez 01  Beata Maria Rosa de Jesus (Bruna Pellesi), Irmã franciscana
dez 01  Santa Florença, Eremita
dez 02  Santa Aurélia de Alexandria, Mártir, ven em Montanaro 
dez 02  Santa Bibiana (Viviana), Mártir
dez 02  Santa Branca de Castela, Rainha da França, Religiosa
dez 02  Beata Maria Ângela Astorch, Clarissa Capuchinha
dez 03  Santa Ema de Lesum, Condessa
dez 04  Santa Ada (Adreilde) de Le Mans
dez 05  Santa Consolada de Gênova, Monja  
dez 05  Santa Crispina, Mártir em Tebessa
dez 06  Beata Angélica de Milazzo, Terciária 
dez 06  Beata Luísa Maria Frias Canizares, Virgem e mártir
dez 06  Santa Asélia de Roma, Virgem
dez 07  Santa Fara, Abadessa
dez 07  Santa Maria Josefa Rossello, Virgem
dez 07  Santa Serena de Spoleto, Viúva e mártir 
dez 08  Santa Narcisa de Jesus Martillo y Moràn, Virgem
dez 08  Santas Sabina e irmã Mártires nas Flandres
dez 09  Santa Ana, Mãe de Samuel
dez 09  Santa Gorgônia, Irmã de S Gregório Nazienzeno
dez 09  Santa Leocádia de Toledo, Virgem e mártir
dez 09  Santa Valéria de Limoges, Mártir
dez 10  Santa Eulália, Virgem e mártir na Espanha
dez 11  Santa Maria Maravilhas de Jesus, Religiosa, fundadora
dez 11  Beata Maria do Pilar Villalonga Villalba, Virgem e mártir
dez 11  Beata Vilburga (Wilbirg), Reclusa de S. Floriano
dez 12  Beata Pribislava, Irmã de São Venceslau
dez 12  Santa Eulália de Asti, Virgem e mártir
dez 13  Santa Luzia, Virgem e mártir
dez 13  Santa Odília (Otília) de Hohenbourg, Abadessa
dez 14  Beata Francisca Schervier, Fundadora
dez 14  Beata Joana Lambertini, Monja 
dez 14  Santa Droside (Anisia) de Antioquia, Mártir
dez 15  Santa Maria Crucifixa (Paola) de Rosa, Virgem
dez 15  Santa Virgínia Centurione Bracelli
dez 15  Beata Margarida Fontana, Virgem  
dez 15  Beata Maria da Paz, Virgem mercedária
dez 15  Beata Maria Vitória de Fornari Strata, Viúva e religiosa
dez 16  Santa Adelaide, Imperatriz
dez 16  Santa Albina, Mártir
dez 16  Beata Elisabete de S. Francisco, Clarissa 
dez 16  Beata Maria dos Anjos (Mariana Fontanella), Religiosa
dez 17  Beata Matilde do Sagrado Coração Tellez Robles, Fundadora
dez 17  Santa Bega, Abadessa de Andenne
dez 17  Santa Olímpia, Viúva
dez 17  Santa Vivina (Wivine), Abadessa beneditina
dez 18  Beata Nemésia (Julia) Valle
dez 19  Beata Adelaide de Susa, Marquesa
dez 19  Beatas Ma.Eva da Prov. e Ma.Marta de Jesus, Mártires
dez 19  Santa Fausta, Mártir de Roma
dez 22  Santa Francisca Xavier Cabrini, Virgem
dez 23  Santa Maria Margarida d'Youville, Fundadora
dez 24  Santa Paula Elisabete Cerioli, Viúva, fundadora
dez 24  Santa Adélia de Pfalzel, Abadessa beneditina 
dez 24  Santa Irmina (ou Ermínia) de Treviri, Virgem
dez 24  Santa Tarsília (o Tarsila)
dez 24  Beatas Monjas (seis) Mercedárias de Merriz
dez 25  Santa Alburga, Princesa 
dez 25  Santa Anastásia de Sirmio, Mártir
dez 25  Santa Eugênia de Roma, Mártir
dez 25  Santa Susana, Mártir
dez 25  Beata Maria dos Apóstolos (Therese von Wullenweber)
dez 26  Beatas Inês Phila, Lucia Khambang e 4 comp.Protom.da Tailândia
dez 26  Santa Vicenta Maria Lopez y Vicuna
dez 27  Beata Sara Salkahazi, Virgem e mártir
dez 27  Santa Fabíola de Roma, Matrona romana
dez 27  Santa Nicarete (Niceras) de Constantinopla, Virgem
dez 28  Santa Catarina Volpicelli
dez 28  Beata Matia Nazaré (Nazzareni)
dez 29  Santas Benedita Hyon Kyong-nyon e comp. Mártires
dez 30  Beata Eugênia Ravasco, Fundadora
dez 30  Beata Margarida Colonna, Virgem
dez 31  Santa Catarina Labouré
dez 31  Santa Colomba de Sens, Virgem e mártir
dez 31  Santa Donata e comp. Mártires em Roma
dez 31  Santa Melânia a Jovem, Penitente
dez 31  Beata Josefina Nicoli, Irmã vicentina  

 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Beata Maria Madalena da Encarnação, Fundadora - 29 de novembro

Fundadora da Ordem das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento
 
 
     Nasceu em Porto Santo Stefano (Itália) no dia 16 de abril de 1770, no seio de uma família fervorosamente católica. Foi batizada no dia seguinte com os nomes de Catarina Maria Francisca Antônia.
     Cresceu em um ambiente impregnado de religiosidade exemplar. Seu pai, Lourenço Sordini, promoveu que se expusesse o Santíssimo Sacramento na igreja paroquial, para a veneração pública, em circunstâncias especiais, com espírito de amor e reparação, como, por exemplo, no carnaval. Assim, desde sua adolescência, Catarina passava horas em adoração junto a Jesus Sacramentado.
     Aos 17 anos recebeu uma proposta de casamento da parte de Afonso, jovem de boa posição, que lhe presenteou joias preciosas. Adornada com elas, ao olhar-se no espelho o rosto doloroso de Jesus Crucificado lhe apareceu e a convidava a entregar-se totalmente a ele e lhe dizia: "Catarina, me abandonas por um amor humano?" Em fevereiro de 1788 ingressou no mosteiro das Terciárias Franciscanas de Ischia de Castro. Ao vestir o hábito religioso tomou o nome de Irmã Maria Madalena da Encarnação.
     Em 19 de fevereiro de 1789, terça-feira de carnaval, no refeitório viu "Jesus como em um trono de graça no Santíssimo Sacramento, rodeado de virgens que O adoravam" e ouviu uma voz que lhe dizia: "Te elegi para instituir a obra das Adoradoras Perpétuas, que dia e noite me oferecerão sua humilde adoração para reparar as ofensas e as ingratidões da humanidade e impetrar graças e ajudas de minha divina misericórdia". Aquele dia se converteu para ela no "dia da luz".
     No dia 20 de abril de 1802 foi eleita abadessa, cargo que ocupou até 1807, quando, seguindo a vontade de Deus que desejava um novo instituto, e redigidas as Constituições, se mudou para Roma com algumas Irmãs e a bênção de Pio VII, para fundar o primeiro mosteiro das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, no convento de São Joaquim e Santa Ana, em Quattro Fontane. A fundação teve lugar no dia 8 de julho de 1807. Por iniciativa sua a igreja foi aberta para a adoração dos fieis leigos.
     Graças a sua união com Deus cada vez mais íntima, a seu grande espírito de fé e a sua intensa oração em tempos muito difíceis devido a invasão dos franceses depois da Revolução Francesa, conseguiu realizar muitas obras em beneficio do mosteiro e também de muitas pessoas que recorriam a ela.
     A Madre Maria Madalena profetizou ao Papa Pio VII a sua deportação para a França: "Mas não tenha medo; ninguém lhe poderá prejudicar e voltará glorioso a Roma". A cruz também chegou para as Adoradoras sob a forma da supressão do instituto e ela foi exilada em Florença.
     Com a queda do regime napoleônico, no ano 1814, a Madre voltou para Roma com algumas jovens florentinas e em 18 de setembro de 1817 vestiu o novo hábito religioso, que havia visto no "dia da luz": túnica branca e escapulário vermelho, símbolos do candor virginal e do amor a Jesus Crucificado e Eucarístico.
     Em 10 de março de 1818 a Santa Sé reconheceu oficialmente a Congregação, que a Madre Maria Madalena colocou sob o patrocínio da Virgem das Dores.
     A Beata faleceu em 29 de novembro de 1824, em Roma. Foi sepultada em Santa Ana no Quirinal, com a permissão do papa, que então residia no Palácio do Quirinal, mas em 1839 seus despojos foram transladados para a Igreja de Santa Maria Madalena em Monte Cavallo, nova sede de Roma das Adoradoras Perpétuas.
     Foi beatificada no dia 3 de maio de 2008 na Basílica de São João de Latrão, Roma.
     O Instituto conta hoje com mais de noventa mosteiros espalhados por todo o mundo. 
Fontes:

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Santa Fausta Romana, Mãe de família - 28 de novembro

ver nota
     Na Passio de Santa Anastásia se lê uma carta dirigida a um certo Crisogono, na qual está escrito: "Se bem que meu pai fosse um idólatra, minha mãe Fausta viveu sempre fiel e casta. Ela me fez cristã desde o berço”.
     Este é o único texto existente que menciona a Santa recordada deste dia. Nada mais resta para recordar-nos de Santa Fausta, a não ser este breve testemunho de reconhecimento filial.
     Façamos uma tentativa de retratá-la. É uma mãe que instrui a própria filha no Cristianismo “desde o berço”. Ela era esposa de um idólatra, mas adorava o Deus verdadeiro. Uma esposa fiel, uma mulher casta, segundo diz sua filha. Parece muito pouco para aqueles que esperam da santidade manifestações espetaculares e fatos inusitados.
     Mas, nos primeiros tempos do Cristianismo era um fato inusitado encontrar almas dispostas ao sacrifício e à perseguição por amor daquele Deus desprezado pelos pagãos, difamado como um vulgar malfeitor que morreu numa cruz.
     Para os apologistas, a primeira difusão do Cristianismo já foi um milagre. Bastaria este milagre para demonstrar a divindade de Cristo. Pela mesma razão, bastava a conversão para demonstrar a santidade dos primeiros cristãos. Era preciso muita coragem e amor de Deus para declarar-se cristão, enfrentando as perseguições, a prisão, a condenação, o suplício e o martírio.
     As várias Passio procuravam tornar mais evidentes e mais exemplares estes sacrifícios por vezes obscuros, estes heroísmos escondidos. Entre estes, na complexa Passio de Santa Anastásia, encontramos uma referência, um indício que fala de sua mãe Fausta, que educara a filha no Cristianismo desde o berço.
     Certamente Fausta sabia bem o que isto significava. Desejava preparar a própria filha para um futuro de sacrifícios, quem sabe para a morte prematura. O amor materno teve que ser superado pela fé, e a esperança humana deveria ser substituída pela caridade divina.
     Eis a razão por que as poucas palavras dedicadas à Santa Fausta revelam um panorama histórico e religioso profundo e adquiriram um grande valor apologético na perspectiva dos primeiros séculos.
     Mas, estas mães corajosas que nos lares ainda pagãos introduziam os princípios do Cristianismo, educando seus filhos nele, iluminando os berços de suas crianças com a chama de sua fé, alimentando em seus corações a fortaleza e o amor ao sacrifício, são também hoje um exemplo para as mulheres verdadeiramente católicas, que não pactuam com os erros do mundo moderno, nem dobram os joelhos diante das modas e não cedem às pressões para se adaptarem aos costumes neo-pagãos.
     Que Santa Fausta acenda nos corações maternos a fé e a fortaleza nos dias em que vivemos!
 
Etimologia: Fausta = propícia, favorável, do latim 
 
Nota: A figura que acima é uma pintura do primeiro século encontrada numa parede na Vila dos Mistérios, Pompeia, Itália. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Medalha Milagrosa revelada a Santa Catarina Labouré, segundo narração da própria vidente


     Na noite de 18 de julho de 1830, Santa Catarina Labouré vê pela primeira vez a Rainha do Céu e da Terra.
Segunda aparição: a Medalha Milagrosa
     No dia 27 de novembro de 1830, vi a Santíssima Virgem. De estatura média, estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora, mangas lisas, com um véu branco que lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio, e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, os pés apoiados sobre meia esfera, e tendo nas mãos uma esfera de ouro, que representava o Globo.
     Ela tinha as mãos elevadas à altura do estômago, de uma maneira muito natural, e os olhos elevados para o céu. Aqui seu rosto era magnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo. E depois, de repente, percebi nos dedos anéis revestidos de pedras, umas mais belas que as outras, umas maiores e outras menores, que lançavam raios, cada qual mais belo que os outros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre se alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés. Nesse momento em que estava a contemplá-la, a Santíssima Virgem baixou os olhos, fitando-me. Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi: a beleza e o fulgor, os raios tão belos.
     Uma voz se fez ouvir, dizendo-me estas palavras: ‘É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem’ ─ fazendo-me compreender quanto é agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela é generosa para com as pessoas que a Ela rezam, quantas graças concede às pessoas que Lhas rogam, que alegria sente concedendo-as.
     Nesse momento formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia no alto estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós’, escritas em letras de ouro. Então uma voz se fez ouvir, que me disse: 'Fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças'. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança’. Nesse instante o quadro me pareceu voltar-se, e vi o reverso da medalha”. 

Corpo incorrupto de Sta Catarina Labouré
Terceira aparição de Nossa Senhora
     Poucos dias depois, em dezembro de 1830, a Santíssima Virgem visitou Catarina pela terceira e última vez. Com o mesmo vestido cor de aurora e o mesmo véu a Virgem Maria se fez ver. Dos mesmos anéis de pedras preciosas jorrava, com intensidades diversas, a mesma luz.
     “Quando estava ocupada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coração: ‘Estes raios são símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que Lhas pedem’. Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga; e eu fiquei repleta de alegria e consolação”.
 
Perspectiva do Reino de Maria
     A 31 de dezembro de 1876, morreu Santa Catarina Labouré.
     As aparições de Nossa Senhora das Graças (ou da Medalha Milagrosa), como as posteriores de La Sallete, Lourdes e Fátima, abrem uma esplêndida perspectiva marial para o futuro, não obstante os horrores em meio aos quais presentemente nos encontramos. A esse propósito comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Para além da tristeza e das punições supremamente prováveis para as quais caminhamos, temos diante de nós os clarões sacrais da aurora do Reino de Maria: ‘Por fim o meu Imaculado Coração triunfará’. É uma perspectiva grandiosa da universal vitória do Coração régio e maternal da Santíssima Virgem. É uma promessa apaziguada, atraente, e sobretudo majestosa e empolgante”.
     O Reino de Maria do qual nos fala São Luís Maria Grignion de Montfort, e para o qual acenou Nossa Senhora em Fátima, após os castigos que então predisse, também foi antevisto por Santa Catarina Labouré em 1876, um mês antes de subir aos Céus: “Virão grandes catástrofes … o sangue jorrará nas ruas. Por um momento crer-se-á tudo perdido. Mas tudo será ganho. A Santíssima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem for honrada, oferecendo o mundo ao Padre Eterno, teremos a paz”.
(transcrito de Catolicismo, nº 467)

Interior da Capela das Aparições na Rue du Bac, Paris.

sábado, 24 de novembro de 2012

Beata Beatriz de Ornacieux, Virgem e monja cartusiana, 25 de novembro

     Beatriz nasceu na segunda metade do século XIII no solar feudal da nobre família dos Ornacieux, nos confins do Delfinado e da Saboia (Sudeste da França).
     Recebeu uma rica educação cristã que a levaria, com apenas 13 anos, a abandonar para sempre o mundo para entrar na cartuxa do Monte de Santa Maria, em Parménie (Isére, França).
     Margarida d’Oingt, monja cartusiana que a conheceu, nos deixou uma vida escrita em Franco Provençal sob o titulo original: Li Via seiti Biatrix, virgina de Ornaciu A vida de Beatriz d'Ornacieux, religiosa de Parménie.
     Segundo Margarida, desde o início como monja, Beatriz se destacou pela santidade de vida. Manifestou sempre muita caridade e uma profunda humildade de coração; procurava em tudo ajudar a suas irmãs de religião e manifestou uma grande capacidade para sofrer. Sua obediência extrema e sua fidelidade à vida de oração foram outros aspectos característicos de sua vida. Nosso Senhor lhe concedeu o dom das lágrimas e em tal grau, que esteve a ponto de perder a vista em várias ocasiões. Seu grande desejo foi sempre fazer a santa vontade de Deus.
     Um dia, diante do Sacrário, pedia a Nosso Senhor que a tirasse do mundo para se colocar a salvo dos contínuos ataques do demônio; porém, uma voz saída do Sacrário a proibiu desejar outra coisa a não ser fazer a vontade do Senhor. Então sentiu interiormente que seu desejo de morrer mudava em um imenso anelo de viver para a maior glória de Deus, e suplicou ao Senhor que lhe concedesse a saúde que em tantos momentos lhe faltava devido a suas numerosas enfermidades. Uma vez mais, a voz do Senhor se fez ouvir dizendo: “Recebe as consolações que te dou e não recuses os sofrimentos que te envio”. A partir de então, dirigida por estas comunicações divinas, não desejou senão aquilo que fosse da vontade de Deus, convertendo-se em um modelo de confiança e de abandono na Divina Providência.
     Amou profundamente a penitência, expressão de seu amor pela Cruz. Se entregava a prolongados jejuns e a disciplinas. Foi especialmente devota da Paixão de Cristo e se diz que ela perfurou sua mão esquerda com um cravo para recordar melhor os sofrimentos da crucifixão.
     Teve que suportar os assaltos frequentes do demônio, que em especial a tentava contra a virtude da santa pureza, colocando-a diante de representações obscenas, às quais sempre resistiu com invencível pureza de alma e de corpo. Em meio a estes ataques do inimigo e das vitórias da graça, sentia os consolos de Jesus e Maria.
     Em 1301 foi enviada, com três companheiras (Luisa Allemman de Grésivaudan, Margarida de Sassenage e Ambrosina de Nerpol), a Eymeux, na diocese de Valence, para fundar um novo mosteiro. Depois outras jovens ingressaram no mosteiro, apesar da extrema pobreza em que deveriam viver.
      Beatriz faleceu em 25 de novembro de 1303, segundo outros em 1309. Quando duas das suas companheiras de fundação morreram, os seus despojos foram transportados para Parménie e conservados no Santuário dos Olivetanos até 1901. Atualmente estão no presbitério da igreja de Rancurel.
     O seu culto foi aprovado pelo papa Pio IX em 15 de abril de 1869. 
    Não obstante Beatriz ter vivido há sete séculos, o seu culto não esmoreceu: após a sua beatificação, em 1897 foi construída uma graciosa capela nos quarteirões de Bessieux, nos arredores de Eymeux. Ela fica em um belvedere que domina Isère e o antigo porto de Ouvey. A capela é rodeada de árvores do Monte Saint-Martin. A construção é até hoje local de peregrinação; todos os anos há uma procissão no primeiro domingo de setembro.
Fontes: www.es.catholic.net.santoral; santiebeati.it
Capela da Beata Beatriz em Eymeux, França
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Beata Maria Ana Sala, Religiosa Marcelina - 24 de novembro

     Em Brivio, às margens do Rio Adda, no território de Lecco, no dia 21 de abril de 1829, nasceu Maria Ana, a quinta de 8 filhos de João Maria Sala e Joana Comi. Mariana foi batizada na paróquia vizinha no dia do seu nascimento.
     Seu pai, homem de grande fé e trabalhador, comerciante de madeira, possuía no centro da cidade urna casa cômoda, com entrada ampla, um pátio vasto e barulhento. Nesta casa Mariana nasceu e cresceu como seus irmãos no afeto do lar, num clima de paz e serenidade.
     Na sua infância pura e simples alimentou sua profunda piedade com assíduo estudo das verdades da fé, sempre presentes em sua lúcida inteligência. Particularmente caro à devoção de Mariana quando criança foi um pequeno santuário, oratório de São Leonardo, um pouco fora da cidade, onde se venerava urna imagem de Nossa Senhora.
     Diante desta imagem Mariana e uma de suas irmãs se prostraram numa ardente prece num momento de grande dor para o seu coração de criança: a enfermidade da mãe. Enquanto as crianças rezavam – como mostra um quadro votivo da família Sala – a enferma se sentiu curada, com intima certeza de haver visto junto a si a Virgem Maria abençoando-a.
     Corria em Brivio a fama da recente fundação de um Instituto feminino, o das Marcelinas, aberto em Cernusco sul Naviglio (Milão), em 1838, pelo diretor espiritual do Seminário, o Beato Luiz Biraghi. O objetivo do Instituto era educar as jovens à luz da fé cristã, segundo programas sólidos de ensino, sem deixar de lado as atividades domésticas.
     As Marcelinas abriram, em 1841, um segundo Colégio em Vimercate, na baixa Brianza. Neste Colégio João Maria Sala quis que suas filhas, Mariana (1842), em seguida Genoveva e Lúcia, completassem seus estudos. Mariana distinguiu-se como aluna exemplar e em 1846 conseguiu, com ótimos resultados, o diploma de professora primária.
     No ativo recolhimento do Colégio, encontrou um tesouro superior àquele que os títulos de estudo lhe asseguravam: acolhera no coração o chamado de Cristo à vida consagrada, apostólica e evangelizadora, como suas educadoras, das quais admirara o zelo e a piedade, sob a orientação da Madre Videmari, fervorosa colaboradora do Fundador.
     Ao chamado de Cristo, Mariana respondeu com o seu «sim» de total devotamento, tendo, porém, que esperar dois anos antes de realizar seu desejo. No dia 13 de fevereiro de 1848, Mariana voltou ao Colégio de Vimercate como aspirante à vida religiosa. Após o noviciado, pronunciou os votos por ocasião da aprovação canônica da Congregação: 13 de setembro de 1852.
     Começou então a vida da Irmã educadora, heroica na monótona fadiga do dia a dia, na observância regular que a levou, através de um exercício humilde e ininterrupto das virtudes cristãs, à única e verdadeira realização da existência humana: a santidade. O campo de seu fecundo apostolado foram os Colégios de Cernusco, Milão; Via Amedei, Genova e, durante as férias de outono, Chambéry, na Savoia. Por fim Milão, na então casa geral de Via Quadronno.
     A perfeita obediência de Irmã Mariana Sala não se manifestou só no acolhimento dócil dessas transferências, mas também na total obediência às Superioras e às coirmãs; “parecia haver feito voto de obediência a todas as Irmãs”, disse uma testemunha, e era disponível às alunas e aos que dela se aproximavam. Tinha sempre consigo o Senhor: vivia sempre da presença de Deus, como do ar que se respira.
     Irmã Mariana dedicava-se incansavelmente às suas alunas para que se tornassem não só cultas, mas, como a mulher forte elogiada na Sagrada Escritura, também fortes na fé e em todas as virtudes cristãs. E as encorajava nas dificuldades da vida. Uma aluna declarou no processo: Na educação das alunas tinha como único fim formar verdadeiras cristãs que pudessem formar cristãmente as próprias famílias, difundindo o Reino de Deus.
     Sem dúvida, foram-lhe causa de grandes sofrimentos não só as misérias humanas, diárias e inevitáveis da comunidade, sobre as quais passou sempre com inalterável paz, mas também as repreensões frequentes da Madre Marina Videmari, de caráter forte e impulsivo, convencida, em boa fé, de que os santos devem ser provados.
     Não lhe faltou o sofrimento físico. Uns oito anos antes da morte, quando Irmã Mariana estava na casa de Via Quadronno, em Milão, manifestou-se nela o mal que a levaria à morte: um tumor na garganta, externamente visível. Uma echarpe preta, usada com desenvoltura, disfarçava as aparências, enquanto o sorriso imperturbável de seu rosto, após crises agudas de dor que a constrangiam a interromper as aulas, fazia esquecer a quem dela se avizinhasse o quanto havia sofrido. Aliás, numa maravilhosa superação de si, ela se habituara a chamar, jocosamente, a horrível deformação do pescoço seu colar de pérolas.
     Nunca revelou angústia pelo mal, nem mesmo nos últimos meses de vida. Vivia o que afirmara, anos antes, com a lógica dos apaixonados pela Cruz: Sirvamos o Senhor com coragem, minha boa Genoveva, ainda quando nos pede algum sacrifício, se assim se podem chamar as pequenas dificuldades que encontramos no caminho da virtude. Realmente, o que é o que sofremos nós em confronto com o que por nosso amor sofreu nosso amado Esposo? Aliás, não deveríamos antes alegrar-nos e agradecer-lhe, quando nos envia alguma ocasião de provar-lhe nosso amor e nossa fidelidade? Entreguemo-nos ao Senhor em tudo e por tudo, e Ele nos ajudará a nos tornarmos santos. (a Ir. Genoveva, 16-10-1874).
     No outono de 1891, Irmã Mariana retomara suas numerosas e absorventes atividades e o ensino nas classes das maiores. Mas, após os primeiros dias de aula foi obrigada a interromper o trabalho, recolhendo-se na enfermaria do colégio. A doença venceu sua resistência física e moral. Passou quinze dias de sofrimento atroz.
     Em 24 de novembro, enquanto as coirmãs rezavam na Capela a Ladainha de Nossa Senhora, ela sentiu o esplendor da invocação «Regina Virginum» e no leito de morte uma beleza nova resplandecia em sua fisionomia, havendo desaparecido qualquer sinal do tumor.
     O encontro casual de seus despojos intactos, em 1920, fez com que se voltasse a falar na já esquecida Irmã Mariana Sala. As ex-alunas se uniram às Marcelinas para pedirem a introdução da causa de beatificação e muitas testemunharam no processo informativo a heroicidade das suas virtudes.
     A Irmã Maria Ana Sala foi beatificada aos 26 de outubro de 1980, em Roma, na Praça do Vaticano 
Brivio, cidade natal da Beata