quinta-feira, 31 de maio de 2012

Santas do mês de junho

jun 02 Sta Blandina, S Potino e comp. Mártires de Lion MR
jun 03 Beata Beatriz Bicchieri, Dominicana
jun 03 Santa Clotilde, Rainha dos Francos MR
jun 03 Santa Olívia de Anagni, Eremita MR
jun 04 Beata Menda Isategui, Virgem mercedária
jun 05 Santas Valéria e companheiras, Mártires de Cesareia da Palestina
jun 06 Santa Paulina e familiares, Mártires MR
jun 06 Beata Elisabete da Hungria, Princesa, filha de André III († 6/6/1338)
jun 07 Beata Ana de S. Bartolomeu, Carmelita Descalça MR
jun 07 Beata Maria Teresa de Soubiran La Louvière, Fundadora MR
jun 08 Beata Madalena da Conceição, Virgem mercedária
jun 08 Beata Maria do Divino Coração de Jesus (Droste Zu Vischering) MR
jun 08 Beata Mariam Teresa Chiramel Mankidiyan, Fundadora MR
jun 09 Beata Amada de Bologna
jun 09 Beata Ana Maria Taïgi, Mãe de família e mística MR
jun 09 Santa Tecla, Mártir
jun 10 Beata Diana de Andalò, Virgem MR
jun 10 Santa Elisabete Guillen, Virgem mercedária
jun 10 Santa Faustina de Cizico, Mártir
jun 11 Beata Iolanda da Polônia, Abadessa MR
jun 11 Beata Maria do S. Coração de Jesus (Ma.Schininà Arezzo) Fundadora MR
jun 11 Santa Aleide de Schaerbeek, Virgem MR
jun 11 Santa Maria Rosa Molas y Vallvè, Fundadora MR
jun 11 Santa Paula Frassinetti, Virgem MR
jun 12 Beata Flórida Cevoli, Religiosa MR
jun 12 Beata Maria Cândida da Eucaristia, Carmelita Descalça MR
jun 12 Beata Mercedes Maria de Jesus, Fundadora MR
jun 13 Beata Mariana Biernacka, Mártir MR
jun 13 Santa Felicola de Roma, Mártir MR
jun 14 Beata Constância de Castro, Terciária franciscana
jun 15 Beata Albertina Berkenbrock, Virgem e mártir
jun 15 Santa Bárbara Cui Lianzhi, Martir MR
jun 15 Santa Benilde de Córdoba, Mártir MR
jun 15 Santa Germana Cousin, Virgem MR
jun 16 Beata Limbânia, Virgem
jun 16 Beata Maria Teresa Scherer, Religiosa MR
jun 16 Santa Julita (ou Judite) Mártir MR
jun 16 Santa Lutgarda, Religiosa MR
jun 16 Santas Griciniana e Actinea, Martires
jun 17 Beata Eufêmia de Altenmunster, Abadessa
jun 17 Beata Teresa de Portugal, Rainha de Castela, cistercense MR
jun 17 Santas Valeriana e companheiras, Mártires
jun 18 Beata Marina de Spoleto, Agostiniana
jun 18 Beata Osana Andreasi de Mântua, Virgem dominicana MR
jun 18 Santa Alena de Forest, Virgem e mártir
jun 18 Santa Elisabete de Schonau, Religiosa MR
jun 18 Santa Marina – Marino, Monja
jun 18 Santa Paula e S. Ciriaco, Mártires MR
jun 19 Beata Cândida de Milazzo, Terciária mínima
jun 19 Beata Helena Aiello, Fundadora
jun 19 Beata Miguelina (Metelli Malatesta) de Pesaro MR
jun 19 Santa Hildemarca de Fecamp, Abadessa MR
jun 19 Santa Juliana Falconieri, Virgem MR
jun 20 Beata Margarida Ball, Mãe de família, mártir MR
jun 20 Beata Margarida Ebner, Dominicana MR
jun 20 Santa Elia (Eliada) de Ohren, Abadessa
jun 21 Santa Colagia, Virgem mercedária
jun 21 Santa Demétria de Roma, Mártir
jun 22 Beata Altrude de Roma, Virgem, Terciária franciscana
jun 23 Beata Francisca Martel, Virgem mercedária
jun 23 Beata Maria de Oignies, Fundadora das Beguinas MR
jun 23 Beata Rafaela Santina Cimatti MR
jun 23 Santa Agripina, Virgem e mártir
jun 23 Santa Eteldreda de Ely, Rainha da Nortumbria
jun 24 Beata Maria Guadalupe (Anastásia G. Garcia Zavala), Fundadora MR
jun 25 Beata Doroteia de Montau, Viúva MR
jun 25 Beata Maria Lhuilier, Virgem e mártir MR
jun 25 Santa Eurósia de Jaca, Mártir 25 junho MR
jun 25 Santa Febrônia Mártir na Pérsia
jun 25 Santa Tecla de Maurienne, Virgem e eremita MR
jun 26 Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado, Carmelita
jun 26 Beatas Maria Madalena Fontaine e 3 comp. Virgens mártires MR
jun 27 Beata Luísa Teresa de Montaignac de Chauvance, Fundadora MR
jun 27 Beata Margarida Bays, Terciária Franciscana MR
jun 27 Santa Gudene, Martir MR
jun 28 Beata Maria Pia Mastena, Fundadora
jun 28 Santa Maria Du Zhaozhi, Mártir MR
jun 28 Santa Potamiena de Alexandria
jun 28 Santa Vicenta Gerosa, Virgem MR
jun 29 Beata Salomé de Niederaltaich, Reclusa
jun 29 Santa Ema de Gurk, Condessa MR
jun 29 Santas Maria Du Tianshi e Madalena Du Fengju, Mártires chinesas MR
jun 30 Santa Erentrudes, Abadessa MR

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Santa Camila Batista Varani, Clarissa Franciscana - Festa 31 de maio

     Camila Varani nasceu de nobre família, em 9 de abril de 1458. Era filha ilegítima de Júlio Cesar de Varani, Senhor de Camerino. Foi criada na corte sob os cuidados de Joana Malatesta, esposa do grande senhor. Recebeu do pai um espírito vivo e apaixonado, o amor do mundo e da eloquência, e dons para a filosofia e teologia.
     Muitos fatos de sua vida ela mesma os descreveu em uma longa carta autobiográfica endereçada a Domenico da Leonessa, que a havia iniciado no caminho da vida interior ao pregar a Paixão de Jesus em Camerino, na Sexta-feira Santa de 1466 ou 1468. A graça então trabalhou na sua alma e ela contou o efeito produzido no seu íntimo por aquele sermão ouvido aos oito anos. Fez nessa altura a promessa de cada sexta-feira derramar uma lágrima de amor à Paixão.
     Na adolescência sentiu-se inclinada para um cavaleiro que lhe recitava versos de amor. Mas um terrificante sermão da Quaresma foi a ocasião de ela voltar a Deus para sempre: tinha 20 anos, e passaram-se ainda mais dois antes de a Providência lhe indicar que deixasse o mundo. Uma visão de Nosso Senhor e uma grave doença foram os sinais deste chamamento; soube vencer a ambição que o pai colocava nela e soube sobretudo triunfar do afeto que a si era dedicado.
     Em 14 de novembro de 1481 pode entrar no mosteiro das Irmãs Pobres de Santa Clara de Urbino, assumindo o nome de Irmã Batista. Em 1483 emitiu a profissão em Urbino; mas, no ano seguinte, fundando seu pai um mosteiro em Camerino, a Irmã Batista, acompanhada de oito religiosas, foi designada para fazer parte da nova comunidade.
     Pouco tempo depois, recebeu visões múltiplas de anjos, de Nossa Senhora e da cruz. Mas foi sobretudo às dores espirituais de Nosso Senhor que a Irmã Batista esteve intimamente associada, dignando-se Cristo revelar-lhe tudo o que O tinha atormentado na sua agonia. Foi em 1490 que lhe deu ordem o confessor para escrever a história da sua vida interior, talvez para infundir luz no meio duma longa prova, enquanto por quatro anos o desespero a assaltava cada dia.
     Cultivou um grande amor a mais alta pobreza pessoal e comunitária. Sempre aberta às necessidades dos outros, foi enviada por Júlio II a Fermo para fundar ali um mosteiro de Clarissas. Por ter permanecido dez meses na cidade de Sanseverino (1521-1522), acredita-se que ela ali esteve para plasmar a nova comunidade de Clarissas.
     Era um tempo em que a Santa Igreja passava por um relaxamento de costumes que daria pretexto a Martinho Lutero para se separar dela em 1517. Irmã Batista, segundo testemunho de uma Irmã, “ardia de tal forma de desejo de renovamento da Igreja, que não podia dormir nem comer e às vezes por causa disto adoecia gravemente”.
     Os tumultos, endêmicos na Itália dessa época, não pouparam Camerino. Cesar Borja lançou seu exército contra Camerino e o pai de Irmã Batista colocou sob a tutela da filha Clarissa o filho mais novo, João Maria, com a mãe e o tesouro de estado para salvar a dinastia. A Santa, com uma Irmã de hábito, procurou refúgio em Atri, onde foi recebida por Isabel Piccolomini, esposa do Duque Mateus Acquaviva.
     Entretanto, o pai e três irmãos da Santa foram assassinados em 1503. A Clarissa podia acaso esquecer que era princesa e não sentir até ao íntimo o pesar que a afligia? César Borja, o responsável pelo desastre, perdeu, com Alexandre VI, aquele que o sustentava. Os Colonnas ajudaram João Maria a reconquistar a sua cidade. Mas já então a abadessa (desde 1499 Batista ocupava este cargo) tinha perdoado aos inimigos.
     Por volta de 1521, atendendo ao pedido de um religioso, escreveu a obra A pureza do coração, sublime itinerário de perfeição em que comunica sua extraordinária experiência de vida.
     Ela contribuiu para o desenvolvimento e mesmo para a instituição dos Capuchinhos: Mateus de Báscio, antes de ser frade menor da Observância, tinha sido protegido pelos Varani. E ela interveio bastante eficazmente para obter de Clemente VII a bula de 1524 que autorizava o novo ramo da Ordem franciscana.
     Em 1527 uma terrível peste assolou a Itália; vítima dela morreu a abadessa aos 69 anos. Os milagres levaram ao culto público. Em 1843 Gregório XVI reconheceu esse culto ininterrupto dedicado a ela; em 1891, Leão XIII aprovou os atos do processo em vista da canonização e em 1893 aprovou os seus escritos. Bento XVI a canonizou em 17 de outubro de 2010.

Fontes: Cf. Pe Jose Leite, S.J. Santos de cada dia; www.santiebeati.it

domingo, 27 de maio de 2012

Beata Margarida Pole, Mãe de família, Mártir - Festejada 28 de maio

Nobres, eclesiásticos e funcionários da corte de Henrique VIII, rei da Inglaterra, foram decapitados porque se opunham ao seu divórcio e a sua consequente separação da Igreja de Roma. Alguns deles tiveram sua morte reconhecida como autêntico martírio e foram elevados à honra dos altares. A perseguição não poupou a sobrinha dos reis Eduardo IV e Ricardo III da Inglaterra, Margarida, filha do Duque de Clarence, irmão daqueles monarcas, e de Isabel Neville, a filha de Ricardo Neville, Conde de Warwick.
     Margarida nasceu em 14 de agosto de 1471, no Castelo de Farleigh, em Somerset (Inglaterra), e cresceu na corte, junto com os filhos de Eduardo IV, porque seus pais haviam falecido quando ela tinha poucos anos de vida. Margaret, por parte de seu avô paterno, Ricardo de York, era herdeira da Casa de York, a principal Casa Real que ainda conseguia ofuscar a Casa dos Tudor.
Aos 18 anos, conforme o costume da época, desposaram-na com Sir Reginaldo Pole de Buckinghamshire, que havia prestado grandes serviços ao rei na campanha da Escócia e em outros empreendimentos militares. Reginaldo faleceu 12 anos depois, deixando-a viúva com cinco filhos. Uma família para cuidar no meio de dificuldades econômicas, porque sua família tivera todas as propriedades e títulos nobiliárquicos confiscados.
     Devia ser um modelo de esposa, mãe e viúva, devota e piedosa, pois Henrique VIII, subindo ao trono em 1509, quando ela já era viúva, considerava-a “a mulher mais santa da Inglaterra”. Era tão grande a estima que ele nutria por ela, que restituiu todos os bens que tinham sido confiscados, reintegrou-a a todos os direitos da sua família, criou-a Condessa de Salisbury e, quando sua filha Maria Tudor nasceu, confiou a Margarida a educação da princesa.
     A sua reabilitação, entretanto, foi tão rápida quanto a sua queda na desgraça. A Condessa Margarida não se deixou seduzir pelas boas graças do rei e não aprovou seu casamento com Ana Bolena após ter se divorciado da esposa legítima. Sua reprovação é tão decisiva e pública, que atraiu a ira do rei que, como primeira reação a exonerou do cargo de governanta da princesa e a obrigou a deixar a corte. Este procedimento continuou após a queda de Ana Bolena, que foi decapitada.
Além disso, Margaret cometia o “grave erro” de ser católica. Um de seus filhos, Reginaldo Pole, havia mesmo se tornado um clérigo eminente da Igreja Católica. Quando se recusou a conceder ao rei o direito de se divorciar de sua esposa, Catarina de Aragão, atacando a política do rei, Reginaldo atraiu para si e sua família a ira do monarca, principalmente ao redigir um tratado a favor da unidade da Igreja e contra a supremacia do rei.
Quando Sir Henry Neville se levantou em armas no norte, o rei enviou alguns emissários para interrogar Margarida, com a esperança de envolvê-la na conspiração Esta, porém, sujeita a um extenuante interrogatório durante um dia inteiro, enfrentou seus opositores com sua habilidade intelectual e sobretudo com a sua dignidade e elevação moral que todos reconheciam. Apesar de sua hábil defesa, Margarida foi aprisionada, primeiro na casa de Lord Southampton, em Cowdray, e depois na Torre de Londres. Ali sofreu muito durante o inverno, já que não tinha roupas suficientes e não podia acender fogo, e passou fome também.
     Como não existiam provas para condená-la em um julgamento legal, Henrique VIII obrigou o Parlamento a declará-la culpada de alta traição e condenaram-na à morte por decapitação.
     No dia 28 de maio de 1541, Margarida foi conduzida ao pátio da Torre para ser decapitada. Lord Herbert conta que ela se negou a ajoelhar-se e a reclinar a cabeça no tronco, porque não se considerava culpada de traição. O verdugo, que carecia de prática no ofício, errou várias vezes o golpe. Segundo o relato do embaixador francês, Margarida não se negou a ajoelhar-se, porém o carrasco principal estava ausente e o substituto manejou o machado com suma torpeza. Margarida morreu aos setenta anos de idade.
     A 2 de fevereiro de 1886, Leão XIII proclamou beata Margarida Pole, a condessa que não teve medo de se opor ao rei, ainda que isso lhe custasse a vida. Várias dioceses da Inglaterra celebram sua festa.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Santa Madalena Sofia Barat, Fundadora - Festa 25 de maio

     Na madrugada de 13 de dezembro de 1779, em Ivigny, na Borgonha, França, Madalena Sofia nasceu prematura devido a um incêndio assustador que arrasou a casa vizinha àquela em que moravam seus pais. Se um incêndio marcou seu nascimento, o fogo da fé presente em sua alma contagiou muitas outras durante toda a sua existência, que abrangeu o período da sangrenta e anticristã Revolução Francesa.
     Sua mãe quase perdeu a vida e Madalena, devido ao risco de morte que corria, foi batizada no mesmo dia, tendo como padrinho o irmão Luís, de doze anos, profundamente ligado aos ensinamentos cristãos.
     A família de Madalena tinha uma atividade econômica ligada sobretudo ao vinhedo e ao bosque. Pertencia à pequena burguesia rural em ascensão social e compreendia a importância dos estudos.
     Madalena Sofia era miúda, baixa para sua idade e era obrigada a subir em um tamborete para que a visse o pároco quando lhe ensinava o catecismo. Todavia, embora fosse fraca fisicamente, tinha uma força interior marcante desde a infância. Tímida, suas primeiras reações eram impulsivas. Ela teve sempre réplicas prontas e palavras mordazes; gostava das diversões, dos passeios pelas colinas. Era dócil com os que a rodeavam e demonstrava seu afeto com gestos espontâneos.
     Desde pequena aprendia as orações com facilidade e era sempre a primeira nas aulas de catecismo. Seu irmão e padrinho, estudante de teologia, foi promovido a subdiácono e nomeado professor da escola de Ivigny, levando consigo sua irmã e afilhada, para melhor prepará-la para a vida. Percebendo que Madalena aprendia com rapidez as matérias, Luís passou a lhe ensinar também História antiga e moderna, Sagrada Escritura, latim, grego, noções de italiano e de espanhol, rudimentos de hebreu.
     Em 1789, Madalena fez sua Primeira Comunhão. Era piedosa e fervorosa, assídua à Missa matinal diária em sua paróquia de São Teobaldo. Aos 14 anos decidiu fazer voto de virgindade. Um pouco antes, a família Barat tinha começado a abandonar o jansenismo graças à mediação de Luís Barat, que havia comprado em Paris, durante uma de suas idas à capital, umas imagens do Coração de Jesus e do Coração de Maria. Era diante destas duas imagens que a família se reunia para a oração diária.
     A Revolução Francesa perturbou a paz da família, do país, da Santa Igreja, do mundo... Igrejas e conventos eram fechados. Os cárceres ficaram lotados de sacerdotes e religiosos. Os bens dos Barat foram confiscados, Luís foi preso em maio de 1793 e se livrou da guilhotina por milagre.
     Madalena Sofia demonstrava sua força de caráter ajudando sua mãe a recuperar o ânimo, porém ela guardará uma repulsa pela Revolução Francesa, que identificava como um “tempo de ódio contra Jesus Cristo”. Ainda em 1840 a Marseillaise a fazia tremer; e em 1848 associava as manifestações populares ao período revolucionário do “Terror”.
     Quando Luís Barat foi libertado, em 1795, ele se ordenou sacerdote e foi para Paris, acompanhado da irmã; celebrava a Santa Missa clandestinamente. Madalena ensinava catecismo às crianças do bairro e continua sua formação religiosa e profana, rodeada de algumas jovens, com as quais começa um ensaio de vida em comum.
     Trabalhando na reconstrução da Igreja aniquilada pela revolução, Madalena confiou sua orientação religiosa ao sábio e famoso Padre José Varin. Este sacerdote expôs-lhe o projeto de fundar uma congregação de educadoras, inspirada pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
     Percebendo as necessidades da época e seguindo forte inspiração, Madalena, aceitou humildemente a ajudá-lo em tal missão, cheia de desconfiança em suas forças: “Aceito tudo, sem compreender nem prever nada”, disse.
     A Congregação do Sagrado Coração de Jesus, que tinha por objetivo o ensino gratuito de meninas pobres, foi fundada em 21 de novembro de 1800. Junto com outras companheiras Madalena vestiu o hábito da congregação na capela da Rua Touraine, diante do quadro da Virgem Ssma., e embora fosse a mais jovem, tinha apenas 23 anos, foi nomeada superiora. A Santa partiu para Amiens para ensinar em uma escola que foi o primeiro convento da congregação.
     A congregação reuniu sempre mais seguidoras e enfrentou muitas dificuldades até obter a aprovação canônica. Para manter as escolas gratuitas, Madalena as criava aos pares: uma para as meninas pobres e outra para as de classe rica, que custeava a primeira. Assim espalhou a vocação da congregação, com suas missionárias sendo enviadas pelo mundo.
     A Santa percorreu a França em todas as direções, e do mesmo modo a Suíça e a Itália, para estender a Instituição e atender aos necessitados. O talento varonil e o saber pouco comum, a vontade indomável e o coração de mãe, tendo por base as mais austeras e profundas virtudes, granjearam-lhe fama em todas as classes sociais. Falava com nobres e príncipes, sábios, bispos e cardeais.
     Quando não estava ainda estabelecida a clausura, Santa Madalena Sofia ia à sua aldeia natal de Joigny e tomava como companheira uma das religiosas mais aristocráticas, a fim de esta ficar a conhecer a pobreza da casa em que nascera.
     Um grande senhor encontrou-a um dia com a vassoura na mão. - Que faz, Madre Geral? – Senhor Duque, o que teria feito durante toda a vida se tivesse ficado no lugar que me toca. “A Madre Barat é a revelação da humildade”, dizia um Bispo.
     Durante 63 anos ela fundou 122 escolas em 16 países. Como não podia visitar tantas fundações, mantinha contato com elas por meio das inúmeras cartas que escrevia. Encarregava-se também da administração da casa-mãe e de atender as visitas que chegavam para pedir-lhe conselho. Em uma de suas cartas escreveu: “O trabalho excessivo é um perigo para as almas imperfeitas; porém as perfeitas obtêm, por esse meio, uma rica colheita”.
     Em dezembro de 1826, o Papa Leão XII aprovou oficialmente a Sociedade do Sagrado Coração. Em 1864, aos 85 anos de idade, a Santa pediu ao conselho geral que permitisse que ela renunciasse a seu cargo, a assembléia, porém, não atendeu a seu pedido, mas nomeou uma vigária para ajudá-la nos trabalhos.
     No dia 21 de maio de 1865, estando na casa de Paris, a Santa anunciou à comunidade a sua morte próxima com estas palavras: “Apresso-me a vir hoje, pois na quinta-feira vamos para o Céu”. Efetivamente, sofreu um ataque e no dia 25 de maio de 1865, Festa da Ascensão do Senhor, carregada de méritos e trabalhos pela glória do Coração de Jesus, beijando o Crucifixo, entregou sua alma a Deus.
     Vários milagres e muitas conversões aconteceram logo depois de seu falecimento, conforme os registros que regeram sua canonização, que ocorreu em 24 de maio de 1925, decretada pelo Papa Pio XI. Santa Madalena Sofia Barat é festejada nos cinco continentes no dia de seu falecimento. A congregação atua em quarenta e quatro países, inclusive no Brasil.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Madre Francisca de Jesus: uma grande mística brasileira

     O nome de Madre Francisca de Jesus, fundadora da Companhia da Virgem, falecida a  28 de maio de 1932, portanto há 80 anos, é geralmente desconhecido entre nós. ...
     Madre Francisca de Jesus chamou-se, no século, Francisca Carvalho do Rio Negro e era a nona filha dos barões do Rio Negro. Nasceu em Petrópolis a 27 de março de 1877, e passou sua primeira infância no Brasil. Ainda extremamente jovem, passou-se com sua família para a Europa, onde foram residir em Paris. Poucas vezes mais haveria de ver sua terra natal; porém, a obra que iria fundar em regiões distantes, pelos desígnios secretos da Providência, transportar-se-ia para o Brasil, vindo a realizar aqui, neste país tão necessitado de padres, o seu alto objetivo: a oração pelo Papa e pelas vocações sacerdotais.
     Tudo isso, entretanto, não se passou sem grandes, sem enormes dificuldades. A futura fundadora estava longe de imaginar aquilo que o Céu esperava dela, mesmo porque o Céu não se deu pressa em lhe revelar seus desígnios, deixando-a perplexa por muito tempo.
     Ainda em plena adolescência, por um impulso cuja espontaneidade só pode ser atribuída a uma inspiração sobrenatural, Francisca, diante de uma pequena imagem de Nossa Senhora de Lourdes, que sempre a acompanhava, ligou-se a Deus por um voto de virgindade perpétua. Saberia ela as lutas que a defesa deste voto lhe iria custar? (...) Durante 14 anos teve que se debater, resistindo à sua família, que por força queria casá-la. Mais do que isso, incompreendida por seu confessor, que declarava seu voto nulo. E considere-se que se tratava de um sacerdote virtuoso, de tanto merecimento, que acabou por ser elevado à dignidade episcopal. (...)
* O desafio de Deus 
     Após anos, Francisca conseguiu convencer a todos desta verdade: Deus não a queria para o casamento. Quanto trabalho! Os pretendentes não lhe faltavam. Ela era de uma beleza pura, tranquila e firme. Em sua fisionomia tudo era calmo e preciso: a testa alta, o nariz longo, retilíneo e afilado, a boca rasgada num talho convicto e harmonioso, tudo enquadrado no oval elegante de seu rosto, e iluminado por dois olhos profundos, expressivos e resolutos. A sua beleza era grande e digna. (...)
      Francisca vencera a primeira batalha. Agora, no meio dia dos trinta anos, sua natureza afirmava-se na madureza da idade, ao mesmo passo que a sua vida espiritual era um campo fértil e trabalhado. E ei-la livre, inteiramente desobrigada por sua família e por seu diretor, pronta para atender ao primeiro apelo dAquele a quem ela se consagrara de corpo e alma!
     Então... então este apelo se fez esperar por mais três anos. Francisca se viu na condição de uma pessoa que após ter sacrificado tudo por um ideal, parece perdê-lo quando pensa alcançá-lo. Seu diretor obrigou-a a fazer várias experiências, mas todas resultaram infrutíferas, sem que se descobrisse o gênero de vida que Deus queria dela. “Eu queria fazer a vontade divina, custasse o que custasse, era impossível descobri-la!” - havia de escrever mais tarde, nas notas sobre este período de sua vida. (...)
* A fundação 
     Em pleno mar (era outubro; ela voltava, com sua mãe, de uma viagem ao Brasil, que, nunca mais tornaria a ver. Ela não era mais do que um ponto perdido na imensidade do Oceano, mas um ponto que era toda a predileção da Providência), em pleno mar, Francisca foi convidada por Deus para uma oração mais profunda; e, no meio do maior recolhimento, a bruma começou a desfazer-se, e ela começou, pouco a pouco, a ver claro em sua Vocação. Luzes extraordinárias começaram a instruí-la sobre o Sacerdócio, a Hierarquia Eclesiástica, o valor do Santo Sacrifício da Missa. E ela compreendeu que deveria ir a Roma, falar com o Santo Padre sobre a fundação de uma ordem religiosa que fosse destinada à oração e à imolação pelas intenções do Papa, pela Hierarquia e pelas vocações sacerdotais. Durante o resto da viagem este ideal se foi precisando, completando, esclarecendo, por obra dAquele mesmo que o havia inspirado. (...)
     Enfim, em 13 de dezembro de 1910, foi recebida por S. S. Pio  X. O grande pontífice, que ilustrou a Igreja pela santidade de sua vida, não tardou em perceber a origem sobrenatural dos ideais de Francisca. Concedeu-lhe várias entrevistas, e acabou por induzi-la a fazer um ensaio de fundação, à qual deu, desde logo, ao Cardeal Pompilli como protetor. Datam deste tempo suas primeiras companheiras, duas jovens que também se deixaram seduzir pelo elevado objetivo da imolação pelos interesses da Igreja. Para este pequeno grupo, o Santo Padre, em 26 de maio de 1912, concedeu o favor da Consagração das Virgens, o que se realizou pouco mais tarde, em 6 de fevereiro do mesmo ano. E este gérmen minúsculo da Companhia da Virgem fechou-se num apartamento do Corso d’Itália.
     Naquele momento as forças da civilização moderna ajustavam os lances gigantescos que deveriam determinar o futuro do mundo, um futuro naturalista e pagão; os preliminares da Grande Guerra já estavam concluídos. E, no meio desta imensa trama, Nosso Senhor estabelecia a conspiração mística de três pobres e frágeis mulheres, escondidas e humildes. O tempo, entretanto, há de mostrar quem era mais forte.
     Com o desenvolvimento da fundação, tiveram de mudar-se para lugares mais espaçosos. Primeiro, a Villa Patrizi, perto da Porta Pia. Depois, a cômoda residência, cercada de jardins, da Via Tuscolana n° 367, esta já de propriedade da Congregação, onde a sua fundadora teve o cuidado de mandar construir uma pequena igreja, dedicada à Imaculada Conceição. Enfim, em 12 de junho de 1921, S. Em. o Cardeal Pompilli consagrou esse templo, e a casa recebeu o nome de ‘Priorado da Virgem’. (...)
 * O  maravilhoso 
     Então, Madre Francisca de Jesus atingiu aquela plenitude de vida cristã que é uma oposição ao terra a terra quotidiano, à mediocridade cíclica da rotina, que é uma libertação da vulgaridade do mundo exatamente porque as próprias coisas vulgares, que estão necessariamente ligadas ao viver terreno, adquirem um sentido novo e invulgar. É uma vida em segunda potência, em que as misérias, as tristezas e as alegrias são elevadas a um plano superior e transfiguradas, porque tudo é projetado para um ideal único, ao qual tudo se refere, tudo se sacrifica e tudo se compromete. (...)
     Agora, depois da fundação, isto tudo atingiu a plena maturidade. Toda a sua vida tornou-se extraordinária, ainda mesmo quando resolvia as questiúnculas engendradas pelos equívocos, pelos mal-entendidos, pelas contradições, com que todas as fundações têm de se defrontar. Ao mesmo passo, voltaram-lhe, com redobrada violência, as penas interiores. E, como se tudo não bastasse, sua saúde comprometeu-se irremediavelmente, pois veio a contrair a terrível moléstia de Basedow, que é um envenenamento progressivo do organismo até a morte, envenenamento que vai ampliando a repercussão dos sofrimentos, de forma a transformar uma simples contrariedade num sofrimento quase intolerável. Por causa desta doença teve de sofrer uma séria operação em 1922. Logo no ano seguinte os médicos desesperaram de salvá-la; ela deveria ser operada novamente, desta vez de um abscesso no interior do crânio. Curou-se, entretanto, depois de uma novena a Pio X. Ainda outra vez foi curada milagrosamente de um flegmão, por intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus, que lhe apareceu.
     Esta avalanche de contrariedades não impediu a fundadora de organizar cuidadosamente a vida interna de seu convento de contemplativas. Mas ela estava arrasada. Certa vez, em 28 de outubro de 1922, pensou sucumbir aos sofrimentos internos e externos que a submergiam. Num último alento, ainda encontrou forças para fazer este supremo oferecimento: “Entretanto, eu quero sofrer conVosco, meu Senhor Jesus”. Neste momento, ela viu ao seu Senhor Jesus, a Cruz às costas, seguido por uma turba ululante que lhe disse: “Quem sofreu tanto como Eu? Siga-me, preciso de ti. Recusarás vir?”
     Não, não havia de ser a Madre Francisca de Jesus quem recusaria segui-Lo. Imediatamente Lhe pede perdão, e suplica-Lhe queira infundir um verdadeiro amor. Como lembrança desta graça extraordinária, a Santa Face de Jesus imprimiu-se na parede da cela, como outrora no lenço da Verônica. Até hoje lá se pode ver, protegida por um vidro.
     Ainda mais tarde, numa outra contingência em que a Fundação atravessava períodos difíceis, Madre Francisca, novamente assoberbada por abatimentos mortais, ouviu ao falecido Papa Pio X, que numa voz interior lhe disse: “À tua obra, que também é minha, nenhum mal será feito”.
     Em fins de 1928, diversas postulantes, em que ela depositava as maiores esperanças, abandonaram o Priorado. ... Uma voz interior se fez ouvir para a consolar: “Serás sacudida, tu e a tua barca, mas nem tu, nem a tua barca naufragarão”.
* “Tu me tens amado” 
     Assim, a última fase de sua vida foi recoberta daquela poeira dourada, que se encontra nos “Fioretti” e na “Legende Dorée”. Os seus menores gestos tinham uma repercussão sobrenatural. Entretanto, acima de tudo isso, pairava habitualmente uma obscuridade compacta, de tal forma que Madre Francisca julgava haver perdido a fé. ...
     Datam desta época os mais belos e inspirados escritos de Madre Francisca, pois que as suas trevas eram iluminadas momentaneamente por luzes vivíssimas, que a mergulhavam num mar de felicidade. Estes escritos são um alimento espiritual de primeira ordem, e aproximam, singularmente, sua autora dos grandes contemplativos que a Igreja produziu.
     Assim discorreu pelos últimos anos de sua vida, até que entregou, santamente, a alma ao Criador, em 28 de maio de 1932. Dois anos antes ela escrevera a suas filhas: “É preciso amar Nosso Senhor generosamente, até a destruição de si mesmo, o que é absolutamente necessário, se se quer amá-Lo verdadeiramente”. Pois bem, Madre Francisca fora destruída de tal forma que nela já não havia senão o que o próprio Jesus Cristo edificara; em verdade, ela nascera novamente, havendo morrido tudo quanto nela era do pecado.
     Depois de sua morte, grandes prodígios em curas e conversões se realizaram, mediante sua intercessão. Mas maior prodígio foi certamente o fato da Companhia da Virgem vir a perder a casa da Via Tuscolana, 367. ...  E com isso, a Companhia mudou-se para o Brasil [1], para Petrópolis, vindo rezar pelas vocações neste país de clero escasso, berço de sua fundadora. (...)
[1] A imagem da Sagrada Face, desenhada por Madre Francisca, foi transferida para o Brasil, onde se encontra no Priorado da Virgem, em Petrópolis, para onde se transportaram as Religiosas da Congregação fundada pela insigne santa brasileira.

Plinio Corrêa de Oliveira, Legionário N° 381, 31/12/1939 (excertos)

sábado, 19 de maio de 2012

Santa Gisela (Isberga), Princesa e Abadessa - Festa 21 de maio

     Filha de Pepino o Breve e de Berta de Laon, irmã de Carlos Magno, Imperador do Sacro Império Romano, Gisela nasceu em 757. O Papa Estevão II era seu padrinho de batismo. Assim, ao escrever a esse Papa, o Rei Pepino chamava-o de “meu caro compadre”, pois ambos eram pais desta criança, um a título espiritual e o outro segundo a carne.
     O nome primitivo desta Santa era Ghirla em latim, Giselle em francês. Ghirla é a tradução de Estevão, o nome do Papa, seu padrinho. Estevão, em latim Stephanus, vem do nome grego que significa coroa. Pouco tempo antes Pepino tinha recebido de um Papa a coroa da França. Era conveniente que a filha espiritual daquele que se chamava coroa, tivesse um nome que lembrasse esse duplo fato.
     Assim, Ghirla é a abreviação do nome Ghirlanda, que significa coroa de flores. Após a morte da Santa, o local onde repousava seu corpo foi chamado de Montanha de Ghisla (Montanha de Gisela ou Ghisleberg). Por fim, chegou-se ao nome Isbergue ou Isberga.
     Após retornar de uma expedição, o Rei Pepino decidiu viver com sua família na região da cidade de Aire-sur-la-Lys, uma planície rodeada de colinas e regada por três rios, o que a tornava muito fecunda. Ali ele construiu uma residência real, onde Gisela crescia em idade e em beleza.
     Eginardo, primeiro biógrafo de Carlos Magno, afirma que Gisela estava destinada à vida religiosa desde a infância.
     Venâncio, filho do Duque de Lorena, após uma carreira militar (fora oficial de Pepino o Breve), e de ter sofrido um grave ferimento na perna, resolveu deixar a corte e se retirar para uma ermida na floresta de Wastelau, não longe de Aire. Este santo eremita veio a ser confessor e diretor espiritual de Gisela.
     Orientada por seu confessor, Gisela consagrou a Deus sua virgindade. A princesa tornou-se monja na Abadia Real de Chelles, aonde chegou a ser nomeada abadessa. Na qualidade de abadessa de Chelles, ela supervisionou um dos mais importantes e profícuos conventos de monjas de sua época.
     Sendo uma princesa, por finalidades políticas ela era constrangida a contrair matrimônio, mas Gisela foi fiel a sua consagração a Deus. Tendo sido pedida em casamento pelo Imperador do Oriente, Constantino Coprônimo (+ 775), recusou tal honra. Depois, foi a vez do rei dos Lombardos ser recusado, apesar de este ser apoiado pela Rainha Berta, mãe de Gisela, e por vários bispos. O terceiro dos soberanos afastados foi o rei da Escócia. Persistindo ela na recusa, este rei mandou assassinar aquele a quem atribuía as suas decepções, o eremita Venâncio, que desde então é venerado como mártir.
     Gisela mandou construir uma abadia em Aire-sur-la-Lys, no local onde São Venâncio fora supliciado, e passou nela os últimos anos de sua vida.
     Segundo Eginardo, Gisela tinha um bom convívio com seu irmão Carlos Magno, o qual “a tratava com o mesmo respeito que demonstrava à mãe”. O historiador relata que Gisela morreu em 810, poucos anos antes de Carlos Magno. Este imperador e sua mulher, Ildegarda, batizaram uma filha com o nome de Gisela, esta provavelmente viveu entre 781 e 808, mas pouco se sabe de sua vida.
     Santa Gisela figura nos calendários da diocese francesa de Arras e é patrona de Artois. Até hoje peregrinos dirigem-se a Fonte de Santa Isbergues (Gisela), que segundo a tradição existe desde a época em que ela vivia, e tem poder curativo para a pele e os olhos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Beata Blandina Merten, Ursulina - Festejada 18 de maio

     Nona de dez irmãos, nasceu em Düppenweiler (Alemanha), a 10 de julho de 1883. Foi batizada dois dias após o nascimento com o nome de Maria Madalena. Foram seus pais João Merten e Catarina Winter, agricultores humildes, mas muito estimados por suas virtudes cristãs.
       Na família predominava a educação religiosa. Eram práticas habituais o Terço, a Missa e os Sacramentos. Aos 12 anos, Maria Madalena, segundo o costume da época, fez a Primeira Comunhão e recebeu o Crisma pouco depois. A partir deste momento a devoção à Eucaristia influiria beneficamente em toda a sua vida.
       Tendo logrado com alta classificação o diploma de professora, entrou a lecionar por diversas escolas entre 1902 e 1908. Tornou-se verdadeiramente um modelo de mestra católica pela bondade e saber, pela prudência e dedicação.
       Entretanto, o "vem e segue-Me" do Divino Mestre ecoou em boa hora na sua alma bem disposta. E assim, aos 25 anos, a 2 de abril de 1908, deu entrada no Instituto das Ursulinas de Calvarienberg, com o nome de Irmã Blandina do Sagrado Coração, e emitiu os primeiros votos a 3 de novembro de 1910.
       De novo lançada nas tarefas do ensino, continuou dando provas de muita competência e de singulares virtudes. Como autêntico modelo de mestra católica e credora da estima geral, sobressaíram na Irmã Blandina Merten as seguintes qualidades e virtudes: grande espírito de fé e de oração, vivo amor à Eucaristia e à Santíssima Virgem, singular dedicação ao trabalho e aos alunos.
      A sua piedade e modéstia, a sua delicadeza e pureza  granjearam-lhe o apelido de "anjo" entre os seus semelhantes desde tenra idade. O cumprimento fiel dos seus deveres profissionais, como professora, estava unido à incessante aspiração à santidade pessoal.
     Mas entremos um pouco mais na sua alma de consagrada ao Senhor. Ela própria, na altura da profissão perpétua, a 4 de novembro de 1913, escreveu o seguinte: "Nesse dia consagrei-me ao Divino Redentor e tenho por certo que Ele aprovou o sacrifício".
       De fato, tão relevante espiritualidade há de atribuir-se antes de mais ao espírito de oração, à contemplação das verdades divinas, à devoção a Cristo Sacramentado e ao seu Divino Coração.
      O caminho terrestre da Irmã Blandina não seria longo. Em 1910, por indicação médica, foi transferida para Tréveris, onde ainda pôde prosseguir lecionando. Mas no outono de 1916, a saúde agravou-se. Por motivo de doença pulmonar, incurável nesse tempo, teve de ser trasladada para o hospital das Irmãs doentes, em Merienhaus.
      A última fase da vida passou-a em permanente colóquio de amor com Deus, a quem toda se ofereceu. Nem a solidão nem as dores lhe puderam roubar o sorriso e a paz interior. “A dor - dizia ela – é a melhor escola do amor”.
     Pode dizer-se que a Irmã Blandina não fez coisas extraordinárias, mas sim que executou extraordinariamente os seus deveres quotidianos.  Aos 35 anos de idade e 11 de vida religiosa, faleceu placidamente com o nome de Jesus nos lábios, a 18 de Maio de 1918. Foi beatificada em 1º. de novembro de 1987.
AAS 76 (1984) 185-8; 80 (1988) 961-4 – Cf. Pe. José Leite, S.J. Santos de cada dia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Santa Julia Salzano, Fundadora - Festa 17 de maio

     No fim do segundo XIX, em Nápoles, foi constituído um renascer primaveril de programas educativos cristãos, no instante em que se registravam situações políticas e sociais muito complexas.
     "Ensinarei sempre o catecismo, até o meu último sopro de vida. E vos asseguro que morreria contentíssima lecionando o catecismo" foi o lema de uma vida toda dedicada a catequese, a de Julian Salzano.
     Julia Salzano nasceu em Santa Maria Capua Vetere (Caserta), dia 13 de outubro de 1846, filha de Diego Salzano, capitão dos lanceiros de Fernando II, rei de Nápoles, e de Adelaide Valentino. Aos quatro anos ficou órfã de pai e como sua mãe não sabe como manter a família, Julia foi confiada às Irmãs da Caridade no Orfanato Real de São Nicolau La Strada, onde permaneceu até os quinze anos de idade.
     Diplomada professora, recebeu o encargo de ensinar na Escola Municipal de Casoria, na província de Nápoles, para onde se transferiu toda a família.
     Em Casoria, Julia não se limita a exercer a função de professora, encontra tempo para visitar os doentes e ajudar os pobres, mas sobretudo começa a preparar as crianças para a Primeira Comunhão.
     “Dona Julieta”, como é chamada em sinal de deferência, manifestou um notável interesse pelo catecismo para educar na fé as crianças, os jovens e os adultos, cultivando, ao mesmo tempo, a devoção à Virgem Maria. Para tanto abriu sua casa não apenas para seus alunos, mas também a todas as crianças da região, organizando cursos de catecismo para os jovens, as mães e os operários, guiando os fieis na oração.
     Abriu uma oficina para confecção de paramentos para as igrejas pobres, promovia a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, junto com a Beata Catarina Volpicelli, vivendo o lema: “ad maiorem Cordis Iesu gloriam”; difundia a recitação do Rosário e a prática do mês de maio.
     Aos 50 anos, sente que é necessário dar continuidade à sua obra de catequese. Já tinha em torno de si algumas ex-alunas e outras jovens que se deixavam atrair por sua influência e com elas fundou, em 1894, a Obra de Catequese, que dez anos depois se tornaria uma congregação, com o nome de Irmãs Catequistas do Sagrado Coração.
     Julia as instruía e preparava repetindo: "Em qualquer hora a irmã catequista deve sentir-se disposta a instruir os pequeninos e os ignorantes; não deve medir os sacrifícios requeridos por este ministério, antes deveria desejar morrer no cumprimento do próprio dever, se assim fosse do agrado de Deus". Ela as precedia com o exemplo, dedicando-se completamente à catequese, apesar dos trabalhos para dirigir o Instituto.
     Em 16 de maio de 1929, na idade de 83 anos, examinou mais de cem crianças que deveriam ser admitidas à Primeira Comunhão. Na madrugada seguinte, entregou sua alma a Deus, fiel ao propósito de “ensinar o catecismo até o último sopro de vida.
     Esta figura única de fundadora devotada à catequese foi proclamada beata em 23 de abril de 2002, e canonizada em Roma por Bento XVI em 17 de outubro de 2010.
     A sua Congregação se expandiu não somente pelas cidades italianas, como também pela Europa, Canadá, Brasil, Filipinas, Peru e Índia.