quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Santa Eustáquia Esmeralda Calafato, Abadessa Clarissa - 29 de janeiro


    Eustáquia Calafato (nome religioso de Esmeralda Calafato) nasceu em Messina no dia 25 de março de 1434, sendo a sexta dos seis filhos de Bernardo Calafato e de Mascalda Romano, nobres e abastados. O pai tinha uma embarcação com a qual exercia o comércio.
     A pequena Esmeralda passou os primeiros anos de sua infância sem sobressaltos nem acontecimentos notáveis em sua casa paterna, confiada aos cuidados da mãe, fervorosa católica.
     O principal animador e expoente do movimento de reforma da Ordem Franciscana na Itália foi São Bernardino de Siena (1444), junto ao qual, e seguindo seu exemplo, floresceu todo um conjunto de espíritos seletos, insignes por sua santidade, doutrina e atividade social.
     Na Sicília o movimento observante pode datar-se a partir de 1425, quando o Beato Mateus de Agrigento, que foi seu eficaz organizador, obteve do papa Martinho V a faculdade de fundar três novos conventos para os frades que desejavam viver segundo o espírito da nova reforma. O primeiro destes conventos foi aberto em Messina, onde o Beato Mateus, pregador afamado e admirado, havia suscitado entre o povo, com sua palavra ardente, um grande entusiasmo e uma viva participação na reforma espiritual que ele propugnava.
     Mascalda assistiu aos sermões daquele fervoroso franciscano, então jovem esposa de dezoito anos, e, conquistada pelas palavras do pregador, se inscreveu nas fileiras da Ordem Terceira Franciscana, consagrando-se a uma vida de oração intensa e de ásperas penitências, e dedicando parte de seu tempo e de seus bens ao próximo necessitado. Ela infundiu seus sentimentos e aspirações à pequena Esmeralda, iniciando-a desde pequenina na piedade e no exercício das virtudes cristãs, obtendo frutos que superaram as mais nobres expectativas da virtuosa mãe.
     Em dezembro de 1444, quanto Esmeralda tinha onze anos, seu pai, sem consultá-la, segundo o costume daquele tempo, prometeu-a em casamento a um viúvo da mesma condição social e econômica. A morte repentina do prometido esposo em julho de 1446 desfez o possível casamento. A morte de seu prometido impulsionou suave e fortemente Esmeralda a considerar à luz do sobrenatural a vaidade das coisas terrenas e dos prazeres mundanos. E as reiteradas pressões dos familiares para que considerasse novas propostas de casamento foram firmemente recusadas, pois se decidira a consagrar-se a Deus na vida religiosa, decisão amadurecida por volta dos 14 anos.
     Quando o pai faleceu de repente numa viagem comercial, em meados de 1448, os obstáculos pareciam ter se dissipado. Mas somente em finais de 1449 Esmeralda pode ingressar no mosteiro das Clarissas de Santa Maria de Basicó, em Messina, onde foi-lhe imposto o nome de Irmã Eustáquia.
     A jovem noviça se distinguiu por sua piedade e virtudes. Era incrível o empenho, ímpeto e entusiasmo com que Irmã Eustáquia vivia sua vocação, dedicando-se à oração, à meditação assídua da Paixão de Cristo, à mortificação, ao serviço das doentes. Seus progressos foram tão evidentes, que atraíram a admiração, a estima e a veneração das Irmãs.
     Além do aperfeiçoamento pessoal, Irmã Eustáquia desejava ardentemente que todo o mosteiro resplandecesse pela observância da Regra. Infelizmente a abadessa, Irmã Flos Milloso, havia tirado a direção espiritual do mosteiro dos franciscanos observantes e não seguia uma estrita observância.
     As Irmãs mais sensíveis e fervorosas, entre as quais se destacava Irmã Eustáquia, procuraram em outro lugar o que faltava em Basicó e se propuseram a fundar um novo mosteiro segundo o genuíno espírito da pobreza franciscana e sob a direção espiritual dos Irmãos Menores da Observância.
     Obtida a necessária autorização pontifícia, com os meios que lhe foram proporcionados por sua mãe e sua irmã, e a colaboração da nobre Bartolomea Ansalone, apoiada moralmente por uma monja do mosteiro de Basicó, Irmã Jacoba Pollicino, superando imensos obstáculos, suportando violentas adversidades e contradições internas e externas, em 1460, Irmã Eustáquia se transladou para um velho hospital adaptada para mosteiro. Sua irmã Mita (Margarida) e uma jovem sobrinha a seguiram.
     Logo outras mulheres se juntaram ao pequeno grupo. As dificuldades materiais e morais se foram acumulando, o que fez com que as monjas tivessem que deixar o velho hospital e encontraram hospitalidade na casa de uma congregação da Ordem Terceira Franciscana, localizada no bairro Montevergine de Messina, para onde se mudaram no começo de 1464.
     Com a ajuda de benfeitores, a nova residência pode ser ampliada e adaptada para mosteiro. E assim teve origem o Mosteiro de Montevergine, no qual logo inúmeras almas nobres e generosas, entre elas a mãe de Esmeralda, solicitaram o ingresso para viver uma vida pobre e evangélica.
     Esmeralda tornou-se a mãe espiritual daquelas mulheres: as instruiu, educou e formou na vida franciscana, estimulando-as à meditação da Paixão de Cristo, comunicando-lhes os frutos de sua experiência ascética, infundindo em seus corações o amor às virtudes, que ela mesma praticava com admirável constância e heroísmo.
     Irmã Eustáquia morreu no Mosteiro de Montevergine em 20 de janeiro de 1485, deixando uma comunidade religiosa fervorosa de cerca de 50 monjas, o perfume de suas virtudes e a fama de sua santidade.
     Dias após seu sepultamento, fenômenos extraordinários se manifestaram em seu túmulo e em seu corpo, que deram origem a uma grande devoção popular por ela. Seu corpo incorrupto pode ser venerado ainda hoje.
     Atendendo pedidos de personalidades eclesiásticas e civis, as monjas de Montevergine escreveram uma biografia de sua venerada mãe e fundadora, enquanto a fiel companheira de Eustáquia, Irmã Jacoba Pollicino, em duas cartas dirigidas à Irmã Cecília Coppoli, abadessa do Mosteiro de Santa Lucia de Foligno, descrevia traços comovedores e admiráveis da Santa, e confirmava ou completava quanto de mais interessante e virtuoso havia notado nela.
     O povo de Deus, por outro lado, experimentava de diversos modos e em várias circunstâncias que Irmã Eustáquia tinha uma eficaz intercessão diante do Altíssimo.
     Em 1782, Pio VI aprovou o culto imemorial que se tributava a ela. Em 11 de junho de 1988, João Paulo II a canonizou em Messina.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Beata Maria de la Dive, Viúva, mártir da Rev. Francesa - 26 de janeiro


     Maria de La Dive nasceu em Saint-Crespin-sur-Moine (hoje no Maine-et-Loire), no dia 18 de maio de 1723. Ela era viúva de M. du Verdier de La Sorinière. Aristocrata, ela foi condenada à guilhotina por sua Fé e sua fidelidade à Igreja.
     Maria de La Dive vivia em sua propriedade de Champ-Blanc, próximo de Longeron, com suas duas filhas: Catarina de La Sorinière, de 35 anos, e Maria-Luísa de La Sorinière, 28 anos. Sua cunhada, Rosália du Verdier de La Sorinière, 49 anos, religiosa beneditina do Mosteiro de Nossa Senhora do Calvário de Angers (em religião Madre Santa Celeste), se refugiara junto a ela após a dispersão de sua comunidade pelas leis revolucionárias. Rosália nascera em Saint-Pierre de Chemillé, no dia 12 de agosto de 1745.
     Seu filho, Henrique Carlos Gaspard, que combatia junto com os Vandeanos contra os revolucionários, havia sido executado em 25 de outubro de 1793.
     As quatro mulheres foram aprisionadas em 19 de janeiro de 1794 e interrogadas pelo comitê revolucionário de Cholet. Suas duas filhas foram fuziladas no dia 10 de março junto com uma serviçal, Maria Fonteneau. A Beata Madre Santa Celeste foi guilhotinada no dia 27 de janeiro (memória litúrgica naquele dia).
     Maria de La Dive sofreu o martírio no dia 26 de janeiro de 1794 perto de Angers, e foi beatificada por João Paulo II em 19 de fevereiro de 1984, junto com Madre Celeste e um grupo de 99 mártires da Diocese de Angers dirigidos pelo sacerdote Guilherme Repin, todos eles vítimas da mesma perseguição.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Beata Teresa Grillo Michel, Fundadora - 25 de janeiro

 

     Teresa Grillo nasceu em Spinetta Marengo, província de Alessandria, em 25 de setembro de 1855, quinta e última filha de José Grillo, médico chefe do Hospital de Alessandria e de Maria Antonieta Parvopassu, descendente de uma antiga e ilustre família daquela região; foi batizada no dia seguinte na igreja paroquial de Spinetta, recebendo o nome de Madalena.
     Dotada de um temperamento inclinado à caridade, alimentado por um ambiente rico em espírito cristão, em 1º de outubro de 1867 recebeu a Confirmação na catedral de Alessandria e cinco anos depois, quando ainda se encontrava no colégio, fez a Primeira Comunhão. Após terminar a escola elementar, que frequentou em Turim, para onde sua mãe se trasladara para acompanhar os estudos universitários de seu filho Francisco, em 1867, depois da morte de seu pai, foi matriculada como aluna interna no colégio das Damas Inglesas, em Lodi, onde se formou com a idade de 18 anos.
     Terminado o colégio, regressou para Alessandria, onde, sempre sob a direção materna, começou a frequentar as famílias aristocráticas da cidade. Foi precisamente neste ambiente que conheceu seu futuro esposo, o culto e brilhante capitão de infantaria, João Batista Michel. Celebrada as bodas em 2 de agosto de 1877, mudou-se primeiro para Caserta, logo para Acireale, Catania, Portici e finalmente para Nápoles, lugares para os quais seu esposo fora transferido. Nesta última cidade, em 13 de junho de 1891, uma fulminante insolação durante um desfile militar levou à morte o Capitão Michel. Teresa caiu em uma profunda depressão que quase chegou ao desespero.
     Sua recuperação ocorrida quase de improviso, devido em parte à leitura da vida do Venerável Cottolengo e à ajuda de seu primo sacerdote, Mons. Prelli, resultou na opção de abraçar a causa dos pobres e necessitados. Teresa abriu as portas de sua própria casa senhorial às crianças pobres e às pessoas abandonadas e necessitadas de ajuda. Ao final do ano 1893, porque “os pobres aumentam a mais não poder e eu quisera poder alargar os braços para acolher a todos sob as asas da Divina Providencia”, vendeu a grande casa Michel e adquiriu um velho edifício na Rua Faa de Bruno. Ali deu início aos trabalhos de reestruturação e ampliação, construindo um piso superior e comprando algumas pequenas casas vizinhas. Surgiu assim o “Pequeno Abrigo da Divina Providência”.
     A obra dirigida por Teresa não ficou livre de adversidades: elas apareceram por parte das autoridades civis e sobretudo por parte de seus amigos e familiares. Especialmente diante da incompreensão daqueles, se tornou evidente a solidariedade e o afeto dos pobres, das pessoas generosas e de suas colaboradoras. Com a aprovação das autoridades eclesiásticas, em 8 de janeiro de 1899, vestindo o hábito religioso na capelinha do Pequeno Abrigo, Teresa Grillo, com oito de suas colaboradoras, deu vida à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.
     Nos próximos 45 anos sua prioridade foi difundir e consolidar o Instituto. Quase imediatamente depois de realizada a fundação, a Obra começou a ter casas em diversos lugares do Piemonte, desenvolvendo-se rapidamente inclusive nas regiões do Vêneto, Lombardia, Liguria, Puglia e Lucania. A partir de 13 de junho de 1900, o Instituto se estendeu ao Brasil e desde 1927, por solicitude de São Luís Orione, fundou inclusive casa na Argentina.
     Sem medir esforços, Teresa inspirava e encorajava suas Irmãs com sua carismática e solícita presença nas comunidades. Em seis oportunidades atravessou o oceano para chegar até a América Latina, onde, como frutos de sua caridade, surgiram numerosas fundações com asilos, orfanatos, escolas, hospitais e asilos para idosas. Em 1928, com a idade de 73 anos, Madre Teresa fez a sua oitava viajem.
     Em 8 de junho de 1942, a Santa Sé concedia a aprovação apostólica à Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência.
     A Beata Teresa Grillo faleceu em Alessandria no dia 25 de janeiro de 1944, aos 89 anos de idade. Seu Instituto contava então com 25 casas na Itália, 19 no Brasil e 7 na Argentina.
     Por ocasião da exposição do Santo Sudário em Turim, no dia 24 de maio de 1998, João Paulo II a beatificou. Sua memória foi colocada no Martirologio Romano no dia 25 de janeiro.
(Fonte: EWTN)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Beatas Margarida Molli, Mística e Gentile Giusti, sua discípula - 23 de janeiro

     As informações sobre a Beata Margarida Molli e sua discípula e parente, a Beata Gentile Giusti se encontram na edição de 1535 de uma Vida de duas Beatíssimas Mulheres, Margarida e Gentile, compilada de acordo com notícias em parte recebidas da mesma Gentile Giusti pelo Cônego Regular Lateranense (Agostiniano) Padre Serafim Aceti de Porti da Fermo (1496-1540), portanto contemporâneo das duas beatas. Desta edição não existe atualmente nenhum exemplar, mas somente uma cópia manuscrita no arquivo de Santo Apolinário em Russi (Ravena).
     Margarida Molli, filha dos abastados Francisco e Joana Molli, nasceu no castelo de Russi, a 15 k de Ravena, no dia 8 de maio de 1442. Logo o sofrimento se apresentou em sua vida apesar da riqueza da família, porque aos três meses ficou cega devido a uma grave doença.
     Muito pequena, já aos cinco anos, iniciou uma vida de penitência e de contemplação; caminhava sem calçado em qualquer tempo. Tudo indicava uma precoce inclinação à santidade. Cresceu perseverando na penitência, deixando os bens terrenos aos pobres, vivendo de esmolas, infringindo-se jejuns e asperezas, como por exemplo, dormir sobre a terra nua. Emitiu na adolescência o voto de virgindade. Devido a sua cegueira, que muito embora não a impedisse de caminhar rapidamente e sem guia, não podia aspirar ao ingresso em uma ordem religiosa, então passou a viver como monja em sua casa.
     Embora vivesse afastada, a fama de sua santa vida se difundiu nos arredores e muitas pessoas procuravam-na para ouvir os seus conselhos para uma vida verdadeiramente evangélica, receber as consolações dirigidas aos aflitos, suscitando arrependimento nos pecadores.
     Margarida teve o dom da profecia, como também o de operar milagres: predisse a Batalha de Ravena de 1512, o Concílio de Trento (1545-1564) e a vitória de Lepanto de 1571.
     Era chamada por todos de “a Mãe, a Santa”; ela reuniu em Pieve de São Pancrácio, distante três quilômetros de sua casa, um grupo de jovenzinhas para instrui-las e educá-las cristãmente.
     Em 1485, aos 43 anos, deixou Russi e se mudou para Ravena onde morou na casa de Lourenço Orioli, seu parente e devoto, continuando sua atividade em muitas obras de caridade, visitando as igrejas, recebendo e guiando muitas pessoas admiradas e atraídas pela sua heroica prática das virtudes cristãs.
     Conservou uma grande serenidade de espírito e resignação, mesmo diante das calúnias daqueles que não acreditavam nela. Em união com o papa, empenhou-se na defesa da Cristandade contra os muçulmanos, e ao mesmo tempo estimulava as pessoas a rezar pela união de todos os cristãos.
     Para os inúmeros fieis que recorreriam a ela criou a Confraternidade do Bom Jesus que depois de sua morte, por obra de seu discípulo Jerônimo Maluselli auxiliado por outra discípula, Gentile Giusti, se tornaria a Congregação dos Padres do Bom Jesus, muito ativa em Ravena e em Romagna (em 1538, foi aprovada pelo papa Paulo III e, em 1651, foi supressa pelo papa Inocêncio X).
     Margarida morreu em Ravena no dia 23 de janeiro de 1505. Seu modesto túmulo em Santo Apolinário Novo se tornou meta de muito devotos. Como ele fora profanado durante a invasão dos franceses, seu devoto parente, Lourenço Orioli, com o consenso dos sacerdotes, transferiu o corpo levando-o sobre um asno, deixando o animal livre para ir onde desejasse. Em meio à noite o asno parou próximo à igreja de São Pancrácio de Russi, sob uma grande árvore, e ali o corpo foi enterrado à luz de uma multidão de pirilampos.
     Em 1659 as suas relíquias foram unidas as da Beata Gentile Giusti na Igreja do Bom Jesus de Ravena. Após outras transladações, as relíquias das duas beatas repousam na igreja de Santo Apolinário em Russi.
     Em 1537, por disposição do papa Paulo III, iniciou-se um processo para os milagres atribuídos às duas beatas. O culto é de origem popular e a festa das beatas é celebrada no último domingo de janeiro.
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     Gentile era filha de um ourives de Verona, e casou-se muito jovem com um alfaiate de Ravena, de sobrenome Pianella, matrimônio combinado pelos pais. Seu esposo era certamente um “bom partido” tendo em vista a grande clientela que tinha. Grosseiro, pouco sensível e nada religioso, Pianella era exatamente o contrário de Gentile, que era sensibilíssima por natureza, muito piedosa e delicada. Assim, não se pode dizer que o casamento fosse feliz: Gentile era maltratada e ele mofava dela. Afinal o marido a abandonou e se transferiu para Pádua, deixando-a sozinha com duas crianças para criar. Embora o péssimo marido a tivesse denunciado por bruxaria, o Bispo de Ravena pessoalmente reconheceu a absoluta correção e religiosidade de Gentile.
     Anos depois ele voltou e encontrou a mulher que, apesar de tudo, permanecera fiel e havia criado os filhos (embora um deles morresse muito jovem) e continuara a rezar por sua conversão. E o milagre da unidade familiar aconteceu com a mudança radical do estilo de vida do marido, graças ao exemplo da mulher. Ele faleceu pouco tempo depois e Gentile, especializada em paciência e fidelidade, continuou a oferecer o seu exemplo de viúva dedicada aos outros.
     Parece que a sua missão específica era realmente a de tornar melhores os homens que encontrava: Jerônimo Maluselli, incrédulo e violento, após abrir-se com ela e ter escutado seus conselhos, mudou de vida e se tornou sacerdote. Também Leonel, o único filho que lhe restou, ao qual se dedicava para que não seguisse o exemplo do pai, se tornou sacerdote.
     Gentile na realidade se inspirava no modelo de vida de sua prima, Margarida, cega e arruinada pelas ásperas penitências que se infligia.
     Gentile Giusti faleceu no dia 28 de janeiro de 1530, mas ainda hoje as regiões de Russi e de Ravena reservam o último domingo de janeiro para festejar juntas as duas primas, que depois de ter partilhado os ideais de vida cristã, repousam em uma única urna, circundadas de uma devoção vivíssima.
 
Fonte: santiebeati/it

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Stos Mario, Marta, esposos, e seus filhos Audifas e Abaco, Mártires - 20 de janeiro


     São Mário, juntamente com sua esposa Marta e seus filhos Audifas e Abaco, eram venerados no dia 19 de janeiro, embora antigos martirologios os mencionem no dia 20 de janeiro. Todos foram martirizados em Roma no século III.
     Segundo antigas "passio" do século VI, os quatro componentes da família pertenciam a nobreza persa e foram a Roma para venerar as relíquias dos mártires, como era então costume dos cristãos.
     Martirologios antigos colocam a chegada deles a Roma nos anos 268-270, no tempo do reinado de Claudio II, mas naquele período não houve perseguição aos cristãos. A edição recente do Martirologio Romano relata que a família persa cristã se hospedou em Roma por um certo número de anos.
     O século III foi um período de grande expansão do Cristianismo e de tolerância, até 293, quando Diocleciano assinou três editos de perseguição.
     Essa família se associou ao Padre João no ato de dar sepultura a 260 mártires na Via Salaria, vítimas da perseguição de Diocleciano. Os corpos decapitados e sem sepultura estavam em um campo aberto.
     Esta piedosa obra não passou despercebida, dado o grande número de corpos, e Mário e seus familiares foram descobertos, aprisionados e conduzidos ao tribunal. Inicialmente ao prefeito Flaviano e depois ao governador Marciano, que seguindo as normas dos editos imperiais, os interrogaram, convidando-os a sacrificar aos deuses. Diante da recusa, foram condenados à decapitação - para os três homens - e o martírio ocorreu na Via Cornélia, "in Nimpha", enquanto Marta foi lançada num poço um pouco distante.
     Os seus corpos foram recolhidos por uma piedosa matrona romana, Felicidade, e foram sepultados em uma propriedade sua chamada "Buxus", hoje Boccea, na mesma Via Cornélia.
     Numerosos estudos dão formulações diversas a este relato da "passio" do século VI, mantendo a origem persa e o fato de serem membros de uma única família (embora nas "passio" dos primeiros séculos havia uma tendência a transformar grupos de mártires habitantes da mesma localidade como pertencendo a um núcleo familiar).
     Quanto ao local do martírio, uma igreja em Boccea, da qual ainda são visíveis as ruínas, foi meta de peregrinações durante toda a Idade Média. Suas relíquias tiveram mudanças complicadas: algumas foram trasladadas para Roma e colocadas nas igrejas de Santo Adriano e de Santa Praxedes; em 828, parte delas foi enviada para Eginard, o biógrafo de Carlos Magno, que as doou, como era uso então, ao Mosteiro de Seligenstadt.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Beata Cristina de L'Aquila, Abadessa agostiniana - 18 de janeiro

    
    A primeira biografia sobre a vida terrena da Beata foi escrita por um nobre de Aquila por volta de 1595, 52 anos após a morte de Cristina. Outra foi encontrada em Colônia, Alemanha, impressa em latim e assinada por Cornelius Curtius, um douto agostiniano belga, historiador da ordem a qual pertencia.

     Mattia Ciccarelli, filha de Domingos e Maria de Perícolo, nasceu em Colle di Lucoli, província de L’Aquila (Itália), em 24 de fevereiro de 1480. Foi a última de seis irmãos.
     Desde a mais tenra idade Mattia se distinguiu pelas virtudes da obediência, humildade e modéstia. Seu amor pela oração a levava a se retirar em recantos mais escondidos da casa onde se prostrava devotamente diante de uma imagem da Virgem da Piedade. Às orações unia constantemente mortificações e rigorosos jejuns, flagelando seu corpo para apagar dele todo sinal de beleza e impedir assim ser admirada, já que era muito bela de aspecto.
     Aos onze anos conheceu o Beato Vicente de L’Aquila, que seria seu diretor espiritual e a quem confiou seu íntimo desejo de consagrar-se por completo a Deus abraçando a vida religiosa.
     Conta seu biografo que um dia Mattia ameaçou um rapaz habituado a blasfemar e a ofender sobretudo Santo Antônio: “Se não parares de blasfemar contra o santo abade, vejo um negro demônio sobre seus ombros pronto para sufocar na garganta uma blasfêmia!” Tempos depois, o jovem, cavalgando em um asno lento no caminhar, lançou uma blasfêmia contra Santo Antônio; tendo sido lançado por terra pelo animal, fraturou o crânio e teve uma morte pavorosa.
     Em junho de 1505 Mattia entrou no Mosteiro de Santa Lucia das Agostinhas observantes, em L’Aquila, onde tomou o véu e mudou seu nome pelo de Cristina. A grande piedade, a submissão mais completa e a absoluta humildade de que deu cotidianamente claras provas, lhe alcançaram em breve a veneração de todas as irmãs de hábito que não tardaram em elegê-la abadessa, cargo para o qual, muito a contragosto seu, foi reeleita repetidas vezes.
     Conhecida por sua santidade, por suas visões e milagres realizados, Cristina era visitada continuamente por uma grande multidão de pessoas das mais modestas às mais distinguidas.
     Entre os diversos êxtases com que Deus quis favorecê-la, dois são verdadeiramente admiráveis: o que ela teve em uma solenidade da festa de Corpus Christi, quando foi encontrada erguida a mais de cinco palmos do chão, enquanto sobre seu peito resplandecia a Hóstia Santa dentro de um ostensório de ouro (é como a Beata costuma ser representada); e o segundo aconteceu em uma Sexta-feira Santa e um Sábado Santo, nos quais, segundo sua própria confissão, chegou a sentir em sua carne grande parte das dores da Paixão de Nosso Senhor.
     Devota de São Marcos, Cristina recitava o santo rosário todos os dias em sua honra; um dia lhe apareceu São Martinho de Tours e lhe perguntou: “Por que honras com tanto afeto São Marcos e não fazes o mesmo comigo?”, desde então a Beata Cristina passou a rezar para ele e a se recomendar a este santo.
     De saúde precária e afligida por diversas enfermidades, Cristina faleceu em 18 de janeiro de 1543. Iniciou-se então um longo elenco de milagres e graças obtidos por sua intercessão: curou a chaga de um lenhador, sarou duas feridas mortais de um oficial de justiça, obteve a visão a um cego, curou a perna e o ombro de um dominicano, tornou são o fêmur de um franciscano e livrou uma monja de uma terrível hemicrania.
     Cornelius Curtius conclui: “Eu acrescentaria outros casos, se não fosse causar tédio aos leitores pela semelhança que há entre eles. São suficientemente válidos estes testemunhos que demonstram que Cristina vive entre aqueles de celeste vida imortal sem se esquecer dos mortais”.
     Em 12 de outubro de 1908, quando o mosteiro das agostinianas de Santa Lucia foi suprimido os restos mortais da Beata foram trasladados para o Mosteiro de São Amico.
     O culto público iniciado imediatamente após sua morte foi confirmado por Gregório XVI em 1841.
 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Santa Nino (Nouné, Nina, Cristiana), Apóstola da Geórgia - 14 de janeiro

      

    Santa Nino é mencionada em uma página que o historiador Rufino, amigo de São Jerônimo, anexou à “Storia Ecclesiastica” escrita pelo grande bispo e historiador Eusébio de Cesareia.
     No século IV, o povo da Ibéria Caucasiana, atual Geórgia, por ocasião de uma incursão efetuada por eles nas várias províncias orientais do Império Romano, levaram com eles da Capadócia uma prisioneira cristã que – segundo outros documentos históricos bizantinos, armênios, georgianos – tinha o nome de Nouné e que se modificou na literatura georgiana e russa para Nino.
     Tornando-se escrava na corte real de Mzekheta, não distante de Tbilissi, ela guardou sua fé. Ela vivia em castidade cristã, humildade e oração, e todos que a conheciam, pagãos e idólatras, a admiravam sem compreender; para explicar seus dotes e virtudes diziam dela: “É uma cristã”, e este nome prevaleceu e por isso é chamada também de Santa Cristiana.
     A rainha da Geórgia tomou conhecimento que Cristiana havia curado uma criança cobrindo-a com seu cilício; ela mandou chamá-la porque sofria de uma grave doença, mas obteve como resposta: “Meu lugar não é num palácio”. A rainha foi até a casa de Cristiana e recuperou a saúde. Ela desejava cobrir sua benfeitora de presentes, mas esta lhe respondeu: “A única coisa que pode fazer minha felicidade será o rei e vós mesma abraçar a fé cristã”. A rainha logo se converteu ao Cristianismo e, vencendo a resistência do esposo, o convenceu a abraçar a nova fé.
     Convertido, o rei por sua vez recebeu favores celestes e entregou à escrava cristã o projeto de construção de uma igreja, utilizando para isto os operários mais hábeis. Durante a construção “a apóstola” operou prodígios que a fizeram ainda mais estimada pelo povo, ao qual incessantemente ensinava os preceitos cristãos. Assim, em 334 foi construída a primeira igreja cristã que foi concluída em 379, no local onde agora está a Catedral Svetitskhoveli em Mzekheta.
     O rei enviou uma delegação ao imperador Constantino o Grande (280-337) para pedir-lhe que enviasse um bispo e padres para seu país. Quando o bispo chegou à Geórgia encontrou um povo já convertido graças à cristã Nino e pode administrar-lhe o Batismo.
     Santa Nino se retirou para a região de Bobde, Kakheti. Após sua morte, o Rei Mirian iniciou a construção de um mosteiro naquele local, onde seu túmulo ainda pode ser visto no pátio da igreja. Em Mzekheta um pequeno oratório ainda hoje recorda o batismo da Geórgia.
     O culto pela santa “apóstola” da Geórgia se difundiu por todo o Oriente e as várias Igrejas: Armênia, Grega, Alexandrina, Georgiana a recordam em seus menologios em datas diferentes. Na Armênia, ela é conhecida como Santa Nuneh. A história de como ela foi a única das 35 monjas companheiras das Santas Gaiana e Hripsime a escapar da morte nas mãos do pagão Rei Tiridates III (convertido ao Cristianismo posteriormente com toda a família) em 301, é relatada no livro “A história dos armênios”, de Movses Khorenatzi (Moisés de Khoren), que foi escrito aproximadamente no ano 440.
     No Ocidente a Santa ficou conhecida pelos martirologios medievais. O Cardeal Cesar Baronio (1538-1607), compilador do Martirologio Romano no século XVI, introduziu a sua memória arbitrariamente no dia 15 de dezembro. A nova edição revista de 2003 registrou a antiga data de celebração, 14 de janeiro, com o nome de Santa Nino.
 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Beata Ana Maria Janer Anglarill, Fundadora - 11 de janeiro

Fundadora do Instituto das Irmãs da Sagrada Família de Urgell

     Tu, Senhor, me darás a graça para ser uma esposa fiel, que te ama muito e te serve na pessoa dos doentes, dos deficientes”, dizia a Serva de Deus.
    No dia 11 de janeiro de 1885, em Talarn, histórica vila situada junto à cidade de Tremp, Ana Maria Janer Anglarill, pouco antes de entregar sua alma a Deus, expressou seu último desejo: morrer sobre o solo nu como penitente por amor a Cristo "que por mim expirou cravado na cruz", disse a Beata. Terminava assim uma trajetória de provada santidade, de correspondência fiel ao amor de Deus.
     Ana Maria nasceu no dia 18 de dezembro de 1800 em Cervera (Lérida, Espanha). Entrou como Irmã de Caridade no hospital de Cervera, onde se entregou ao cuidado dos doentes e à educação de meninas, em momentos especialmente difíceis, marcados pelas chamadas guerras civis que ensanguentaram a história da Espanha no século XIX.
     Em 1833, quando eclodiu a primeira guerra carlista e o hospital de Castelltort se tornou hospital militar, “a situação em que se encontrou Madre Janer no campo de batalha não foi fácil, e embora não tivesse os meios suficientes, soube organizar e infundir serenidade naquelas pessoas, dar-lhes alívio, consolá-las”, conforme depoimento de Irmã Cecília. Os feridos de guerra chamavam-na “a mãe” porque “fazia de tudo para cuidar de seus ferimentos e os ajudava a morrer pacificados com Deus e consigo mesmos”, disse aquela Irmã.
     Mas, em 1836 a junta do hospital expulsou as Irmãs. Naquele ano o governo liberal decretou a supressão das ordens religiosas, o confisco dos bens eclesiásticos e a expulsão das comunidades religiosas das obras sociais e educativas que até então sustentavam. A História é rica em atropelos deste gênero.
     Terminada a guerra, Ana Maria conheceu o exílio na França até 1844. Em 1849, Ana Maria se ofereceu como voluntária para trabalhar como Irmã na Casa de Misericórdia de Cervera. Durante dez anos atendeu amorosamente os órfãos daquela casa, as crianças de famílias muito pobres, os jovens sem capacitação e os anciãos. Em sua entrega tornava realidade a presença constante da Igreja de Jesus Cristo na vida dos mais pobres.
     Em 1858, o Bispo de Urgell, Josep Caixal Estradé, chamou Ana Maria para encarregar-se da direção do hospital de La Seu de Urgell. Ali, um ano depois, no dia 29 de junho de 1859, fundou seu próprio Instituto, que em 1860 recebeu a aprovação diocesana; o novo Instituto se dedicaria à assistência de pobres e doentes, e ao ensino da infância e da juventude. Numa atividade incansável, Madre Janer fundou colégios, hospitais e casas de caridade nas dioceses de Urgell, Solsona e Barcelona.
     O período revolucionário compreendido entre 1868 e 1875 representou um duro golpe para as obras da Madre Janer. Entre 1874 e 1880 ela enfrentou também outros tipos de lutas e provas em que manifestou seu grande sentir com a Igreja, seu silêncio e obediência.
     Em 1879, Mons. Casañas, novo Bispo de Urgell, posteriormente nomeado Cardeal, reorganizou a vida do Instituto e Madre Janer, aos oitenta anos, como merecido reconhecimento foi nomeada primeira superiora geral. Passou seus últimos anos na casa de Talarn sendo exemplo de luminosa caridade.
     Madre Janer tinha um amor especial pela cruz. Contemplar Cristo Crucificado se tornou para ela a base que lhe permitia ser sinal e testemunha clara dAquele que nos amou primeiro, dAquele que nos ama até dar a própria vida.
     Atualmente o Instituto das Irmãs da Sagrada Família de Urgell está presente na Espanha, Andorra, Itália, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, México, Peru e Guiné Equatorial.
     Madre Janer foi beatificada no dia 8 de outubro de 2011, durante o pontificado de Bento XVI.
 


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Santa Kentigerna (ou Caintigern), viúva - 7 de janeiro


     Kentigerna é comemorada no dia 7 de janeiro no Breviário Aberdeen, que nos informa que ela era de sangue real, filha de Cellach Cualann, Rei de Leinster, Irlanda; sua mãe era Caintigern, filha de Conaing Cuirre. Seu esposo foi o Feriacus regulus de Monchestre, que Mac Shamhrain identifica com o Feradach hoa Artúr de Dál Riata, o provável neto do Rei Artur que assinou o Cáin Adomnáin em Birr no ano de 697 e que talvez fosse um rei em Dál Riata.
     Além de outros filhos, foi mãe do santo abade São Fœlan ou Felan (ou ainda, Fillan). Fœlan nasceu com uma deformidade, como se tivesse uma grande pedra em sua boca, e seu pai, considerando-o um monstro, ordenou que ele fosse lançado em um lago próximo. Santo Ibar viu-o na superfície do lago brincando com anjos e o trouxe com segurança para a margem e o batizou. Diante do milagre, Kentigerna também se tornou cristã. Conta-se que São Felan estudava em uma cela escura onde ele escrevia com a mão direita iluminada pela mão esquerda.
     Após a morte de seu marido, ela deixou a Irlanda com seu irmão São Comgan e seu filho São Felan, e se tornou ermitã na Escócia, primeiro em Strath Fillan, consagrando-se a Deus e vivendo em grande austeridade e humildade.
     Já bem idosa, ela desejou se dedicar mais inteiramente à devoção e foi viver na ilha de Inchelrock ou Inch-Cailliach, em Loch Lomond. Naquele local ela podia com maior liberdade se entregar à meditação das coisas celestes.
     Santa Kentigerna faleceu no ano 734. Adam King nos informa que uma igreja paroquial famosa em Locloumont, Inchelroch - a pequena ilha em que ela se retirou algum tempo antes de sua morte - leva o seu nome. 
 
Vide Brev. Aberdon. e Colgan ad 7 janeiro p. 22.
Cfr. As Vidas dos Santos, 1866, pelo Rev. Alban Butler (1711
-1773). Volume I: janeiro. p. 105.
 
 
Inch-Cailliach, em Loch Lomond, Escócia

Beata Eurósia Fabris Barban, viúva, mãe de família - 8 de janeiro

    
     Eurósia Fabris nasceu em Quinto Vicentino (Vicenza, Itália), uma aldeia agrícola a poucos quilômetros de Vicenza, no dia 27 de setembro de 1866. Era filha de Luís e de Maria Fabris, humildes lavradores.

     Em 1870, Eurósia tinha quatro anos quando foi viver com a família em Marola, aldeia do distrito de Torri di Quartesolo (Vicenza). Ela ali permaneceu durante toda a sua vida. Apenas frequentou as duas primeiras classes elementares, de 1872 a 1874, pois ajudava o pai nos trabalhos do campo e a mãe nos trabalhos domésticos. Todavia esta instrução foi suficiente para que ela aprendesse a escrever e a ler, particularmente a Sagrada Escritura, ou outros livros religiosos, como o catecismo, a História Sagrada, a Filoteia e as Máximas eternas de Santo Afonso de Liguori.
     Além das atividades domésticas, Eurósia ajudava também sua mãe no ofício de costureira, profissão que ela irá exercer mais tarde. Rica em qualidades humanas e religiosas, Eurósia sempre se mostrava atenta às necessidades da sua família.
     Aos doze anos recebeu a Primeira Comunhão. Desde então ela era assídua ao Sacramento Eucarístico, recebendo-o todos os dias de festa religiosa, já que então não se praticava a comunhão quotidiana; só bem mais tarde, em 1905, foi publicado o decreto de São Pio X autorizando a comunhão diária.
     Eurósia inscreveu-se na Associação das Filhas de Maria na paróquia de Marola, sendo assíduas às suas reuniões. Observava rigorosa e escrupulosamente os estatutos da mesma. O fervor de sua piedade mariana cresceu ainda mais sob a influência do santuário vizinho dedicado a Nossa Senhora do Monte Berico, ponto de referência da sua devoção, porque desde Marola o santuário era bem visível no alto da montanha onde fora construído.
     Eurósia tinha como objeto das suas devoções o Espírito Santo, o Presépio, o Crucifixo, a Eucaristia, a Santíssima Virgem e as almas do Purgatório. Foi uma apóstola no seio de sua própria família, no meio das suas amigas e na paróquia, onde ela ensinava o catecismo às crianças. Também ensinava corte e costura às jovens que frequentavam sua casa.
     Aos 18 anos, Eurósia era uma jovem séria, piedosa e trabalhadeira. Suas virtudes e a sua estatura física eram notadas, o que fez com que vários pretendentes desejassem contrair matrimônio com ela, o que ela sempre recusou.
     Em 1885 Rosina (assim a chamavam também na família) foi tocada por um acontecimento trágico: uma jovem esposa, sua vizinha, morreu deixando três filhas ainda pequenas órfãs. A mais velha delas morreu também pouco depois. As duas outras tinham apenas 20 meses e 4 meses, respectivamente. Um tio e o avô, doente crônico, viviam com o pai das duas órfãs. Eram três homens de forte caráter que se afrontavam verbalmente ao longo do dia.
     A situação emocionou muito Rosina: durante seis meses, todas as manhãs ela passou a se ocupar das crianças e pôr ordem na casa. Seguindo o conselho de seus pais e do pároco, depois de muito rezar, ela aceitou casar-se com o viúvo, Carlos Barban, bem consciente dos sacrifícios que ela iria enfrentar. O pároco diria mais tarde: “Foi na verdade um ato heroico de caridade para com o próximo”.
     O casamento foi celebrado em 5 de maio de 1886; o casal teve nove filhos. Além de seus filhos, das duas órfãs e de outras três crianças recolhidas pelo casal, Mamãe Rosa - como a chamavam depois do seu casamento - ofereceu carinho, cuidados assíduos, sacrifícios e uma sólida formação cristã. Uma dessas crianças, Mansueto Mazzuco, entrou mais tarde no convento da Ordem dos Frades Menores Franciscanos, onde passou a usar o nome de Frei Jorge.
     Uma vez casada, Eurósia executava com grande fidelidade as suas obrigações de vida conjugal, e vivia numa profunda comunhão com seu marido. Tornou-se sua conselheira e seu conforto, demonstrou um terno amor aos seus filhos, uma capacidade de trabalho fora de normas, uma grande capacidade para responder às necessidades do próximo, uma intensa vida de oração e amor a Deus, uma grande devoção à Santíssima Eucaristia e à Virgem Maria.
     Tornou-se para a sua família um verdadeiro tesouro, a mulher forte de que fala a Sagrada Escritura. Ela soube gerir as economias familiares, bem magras, mas conseguia dividir com os pobres o pão de cada dia. Ela demonstrou as suas qualidades extraordinárias quando seu marido faleceu após uma longa doença.
     Ingressou na Ordem Terceira Franciscana e viveu o seu espírito de pobreza e alegria, de trabalho e de oração, a atenção delicada para com o próximo e o louvor a Deus Criador, fonte de todo o bem e de toda a nossa esperança.
     A família de Mamãe Rosa era verdadeiramente um exemplo de família católica. Ela soube educar e ensinar os filhos a rezar, a obedecer, a ter o temor de Deus, a oferecer os sacrifícios quotidianos, a amar o trabalho e todas as virtudes cristãs.
     Nessa missão de mãe cristã, Mamãe Rosa sacrificou-se e consumiu-se num longo e permanente serviço, dia após dia, como uma luz sobre o altar da caridade. No período de 1918 a 1921, três dos seus filhos foram ordenados sacerdotes: dois diocesanos e um franciscano, Frei Bernardino, que foi o seu primeiro biógrafo.
     Mamãe Rosa morreu no dia 8 de janeiro de 1932. O seu corpo repousa na igreja paroquial de Marola. Eurósia foi beatificada no dia 6 de novembro de 2005, em Vicenza (Itália) pelo papa Bento XVI.
 
Fontes: http://alexandrina.balasar.free.fr/eurosia_fabris_pt.htm; L'Osservatore Romano, de 11-XI-05.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Beata Cristiana da Santa Cruz, Fundadora - 4 de janeiro

    

    Batizada com o nome de Oringa, nasceu em Santa Croce sull'Arno entre 1237 e 1240 em uma família de condições humildes. Oringa Menabuoi mais tarde viria a ser conhecida pelo nome de Cristiana da Santa Cruz ou Cristiana de Lucca.

     Amante da pureza, desde cedo tentou manter a mente e o coração puros por meio de todos os tipos de mortificações e de uma oração contínua. Desde a infância ela mostrava interesse pela vida religiosa e pela oração, que praticava com dedicação especial enquanto estava sozinha cuidando das ovelhas. Ela desejava dedicar-se ao Senhor e não queria se casar.
     Tendo perdidos os pais, fugiu de casa para escapar dos maus tratos constantes dos irmãos que queriam casá-la contra a sua vontade; indo para Lucca, ela se colocou a serviço de um rico senhor do lugar.
     Depois de algum tempo, Oringa deixou a cidade para, com algumas companheiras, fazer uma peregrinação ao santuário de São Miguel Arcanjo no Gargano. No caminho de volta, ela parou em Roma, hospedando-se em casa de uma senhora de nome Margarida, que ficou admirada com suas virtudes: foi durante a sua estadia em Roma que, devido aos exemplos de caridade cristã que ela constantemente oferecia, passou a ser chamada pelo nome de Cristiana, nome pelo qual ficou conhecida para sempre.
     Ao visitar com Margarida o túmulo de São Francisco de Assis, o Senhor mostrou-lhe numa visão a fundação de uma casa religiosa em sua terra natal. Tendo conseguido uma casa para esta finalidade, oferecida pela cidade, em 24 de dezembro de 1279 ali se retirou com algumas companheiras, fundando assim o Mosteiro de Santa Maria Novella, colocado pela fundadora sob a Regra de Santo Agostinho e canonicamente reconhecido em 1296.
     Atingida por uma grave doença, após três anos de sofrimentos atrozes e quase imobilizada por uma paralisia, Cristiana encerrou a sua jornada terrena em 4 de janeiro de 1310. Sepultada na igreja de seu mosteiro, imediatamente se tornou objeto de veneração por seus conterrâneos, que em grande número visitavam os seus restos mortais e invocavam a sua proteção.
     Para honrar a memória da Beata, o município de Santa Croce declarou o 4 de janeiro como dia festivo, a elegeu sua patrona principal e ordenou que a sua efígie figurasse no escudo da cidade ao lado da arma tradicional.
     Depreende-se de uma carta do Bispo de Lucca, Alexandre Guiduccioni (15 de dezembro de 1587) que Sisto V havia aprovado naquele ano o culto prestado a Cristiana desde tempos imemoriais, culto que foi reconhecido oficialmente por um decreto da Sagrada Congregação dos Ritos em 15 de junho de 1776 (limitado, no entanto, à cidade de Santa Croce), aprovando a concessão do Ofício e da Missa em honra da Beata, estendida para toda a Ordem Agostiniana em 1777. Sua festa é celebrada no dia 4 de janeiro.
 
Fonte: Niccolò Del Re, santiebeati/it