segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Beata Serafina Micheli: a visão de Lutero no Inferno

     
     Em 1883, a Bem-aventurada Sóror Maria Serafina Micheli (1849-1911), fundadora do Instituto das Irmãs dos Anjos, passava pela cidade de Eisleben, na Saxônia, Alemanha. Eisleben é a cidade natal de Lutero. E naquele dia comemorava-se o quarto centenário do nascimento daquele grande heresiarca (10 de novembro de 1483).
     Lutero dividiu a Igreja e a Europa. Dessa divisão adviriam crudelíssimas guerras de religião que duraram décadas a fio.
     A população aguardava o imperador alemão Guilherme I que devia presidir as solenidades.
     A futura beata não se interessou pela agitação e seu único desejo era encontrar uma igreja onde pudesse rezar e visitar a Jesus Sacramentado. As igrejas estavam fechadas e já era noite. 
     Na escuridão localizou uma com as portas trancadas, mas se ajoelhou nos degraus de acesso. Pela falta de luz não percebeu que a igreja não era católica, mas protestante. Enquanto rezava lhe apareceu o anjo da guarda e lhe disse:
     ‒ “Levante, porque este é um templo protestante”.
     E acrescentou:
     ‒ “Eu quero te fazer ver o lugar aonde Martinho Lutero foi condenado e a pena que sofre como castigo de seu orgulho”.
     Depois destas palavras, a santa religiosa viu uma horrível voragem de fogo, na qual era cruelmente atormentado um número incalculável de almas. No fundo dessa voragem via-se um homem: Martinho Lutero. Ele se distinguia dos outros porque estava rodeado de demônios que o obrigavam a ficar de joelhos.
     Todos esses espíritos imundos equipados com martelos se esforçavam, em vão, para enfiar-lhe na cabeça um grande prego.
     A freira achou que se o povo que estava na festa visse aquela cena dramática, certamente não tributaria honras, lembranças, comemorações e festejos a semelhante personagem. [também pode-se dizer o mesmo daqueles que no dia de hoje comemoram a pseudo-reforma de Lutero]
     Desde então, Sóror Serafina sempre que aparecia a ocasião exortava suas irmãs de religião a viverem na humildade e no esquecimento dos outros. Ela estava convencida que Martinho Lutero foi condenado ao Inferno sobretudo por causa do primeiro pecado capital: a soberba.
     O orgulho fez que ele caísse no pecado capital e o levou para a aberta rebelião contra a Igreja Católica. A sua péssima conduta moral, sua atitude de revolta contra o Papado e a sua pregação de más doutrinas pesaram muito no desvio de muitas almas superficiais e mundanas que caíram na perdição eterna.
     Sóror Serafina foi beatificada na diocese de Cerreto Sannita, província de Benevento, em 28 de maio de 2011.


O Inferno, por Fra Angélico
Vide resumo biográfico da Beata em 24 de março de 2014.

domingo, 29 de outubro de 2017

Santa Anastasia a Romana, Osiomartir – 29 de outubro

     
     Santa Anastásia a Romana não deve ser confundida com a mais conhecida Santa Anastásia de Sirmio comemorada no Martirológio Romano no dia 25 do mesmo mês.
     Nossa santa pertence à categoria dos osiomartires, ou seja, as monjas e mártires.
     Embora não houvesse mosteiros masculinos e femininos como hoje temos, é verdade que desde o século II havia pequenas comunidades de virgens consagradas a Deus. Elas cuidavam da igreja local, o que é atestado por Santo Atanásio na vida de Santo Antônio, o Grande, e mesmo Santo Inácio de Antioquia (ou pseudo), que na epístola aos filipenses diz: “Saúdo as comunidades das virgens sagradas”.
     As virgens consagradas a Deus às vezes viviam em suas casas e reuniam-se para momentos de oração, ou para decidir como suprir as necessidades da Igreja local, especialmente a assistência aos pobres, às viúvas e aos órfãos.
     No livro História das Santas Virgens Romanas, de Antonio Gallonio Romano, padre da Congregação do Oratório, encontramos uma edição italiana de 1500 da Passio desta santa, o que mostra como Santa Anastásia a Romana foi venerada e também conhecida pela Igreja Latina.
     Antonio Gallonio relata com uma grande elegância e refinamento espiritual a história da Santa. Eis como ele descreve a entrada dela no mosteiro: Tendo atingido a idade de 20 anos, deixou seus pais e outros parentes e riquezas terrenas, e estimulada por pungentes élans do amor divino, voluntariamente se trancou em um mosteiro no qual foi instruída nas coisas espirituais por uma santa monja chamada Sofia, dando em muito pouco tempo um sinal claro de sua santidade futura.
     Segundo outras narrativas, Anastásia havia nascido em Roma, de pais nobres, e, ficando órfã aos três anos de idade, foi levada a um mosteiro de mulheres, próximo a Roma, onde a abadessa era uma monja de nome Sofia, uma mulher de vida espiritual de elevado nível.
     Aos dezessete anos a jovem Anastásia, de beleza incomum, já era conhecida pelos cristãos de toda a vizinhança como uma grande asceta, causando admiração aos pagãos.
     Probo, administrador pagão da cidade, impressionado com sua beleza, enviou soldados com ordem de trazê-la à sua presença. A boa abadessa Sofia instruiu Anastásia sobre como perseverar na fé e resistir ao engano adulador e à tortura, ao que a jovem lhe disse: “Meu coração está preparado para sofrer por Cristo. Minha alma está pronta para o encontro com meu amado Senhor”.
     Comparecendo diante do governador, Anastásia proclamou abertamente sua fé em Cristo, e quando ele tentou dissuadi-la, antes com promessas, depois com ameaças, a santa virgem lhe disse: “Estou pronta oferecer minha vida por meu Senhor, não apenas uma vez, mas mil vezes, se assim me fosse possível”.
     Durante o julgamento, Probo a apresentou nua diante de toda a cidade de Roma para humilhá-la, prometendo riquezas à mártir se ela abjurasse a fé em Cristo. Quando a despiram à força para humilhá-la, Anastásia disse ao juiz: “Açoitem-me firam-me e batam-me; só assim, meu corpo desnudo será coberto por feridas e minha vergonha será coberta de sangue”.
     Anastásia disse mais: “Ó Probo, o meu bem, a minha riqueza e a minha vida é Cristo e sofrer a morte por seu amor é para mim algo mais precioso do que a própria vida, por esta razão saiba que nem ouro nem prata ou qualquer outra coisa do mundo é para mim alegria. Na verdade, somente Cristo me faz feliz e somente Ele e sua doce companhia são minha verdadeira alegria, da qual, com glória, espero desfrutar eternamente. É por isso que eu não considero tormentos o fogo, as espadas, o ferro, o deslocamento de membros, as feridas, os espancamentos e todas as ferramentas inventadas para atormentar os servos do Senhor, mas eu os considero, no entanto, coisas de grande deleite e prazer, fixando meus olhos apenas nEle e desejando, para mostrar a Ele um sinal do amor que Lhe tenho, não uma, mas mil mortes se fosse possível sofreria por Ele. Portanto não mostre compaixão por minha beleza que logo como uma flor do campo vai murchar, mas começa a fazer tudo o que puder contra mim, pois não vou sacrificar aos seus deuses de pedra e madeira".
    Santa Anastásia sofreu vários tormentos, e por duas vezes, sentindo sede, pediu água e Cirilo, um cristão que estava por perto, atendeu seu pedido e lhe trouxe água, pelo que foi abençoado com o martírio, decapitado pelos pagãos. O peito e a língua da santa foram cortados, e um anjo do Senhor apareceu-lhe e a mantinha de pé. Fora da cidade, Anastásia foi finalmente decapitada pela espada.
     Seu corpo permaneceu insepulto por alguns dias até que a bem-aventurada Sofia, encontrando mais tarde o seu corpo, providenciou-lhe uma digna sepultura. Houve uma sucessão de milagres no seu túmulo, o que fez crescer a veneração por ela.
     Anastásia recebeu assim a coroa do martírio sob o imperador Décio (249-251 d. C.).
     O corpo de Santa Anastásia é mantido hoje em uma pequena igreja no mosteiro de Grigoriu no Monte Athos perto do Katolikon (a principal igreja do mosteiro) e é muito venerada por todos os monges e destino de peregrinações de fieis ortodoxos devido aos contínuos milagres e graças que concede sobretudo aos doentes. Novos mosteiros são dedicados a ela na Grécia, o mais famoso é aquele perto da aldeia de Rethimnòs, onde se venera um ícone milagroso e uma relíquia sua, mas seus ícones são encontrados em quase todas as igrejas da Grécia devido ao profundo amor das pessoas por ela.

Fonte: www,santiebeati.it/

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Beata Celina Chludzinska Borzecka, Viúva e Fundadora - 26 de outubro

    
     Celina Chludzinska Borzecka nasceu no dia 29 de outubro de 1833, em Antowil, então território polonês, atualmente Bielo-Rússia, a mais nova de dois irmãos, filhos do casal Ignacio e Petronella Chludzinska, cujas famílias eram abastadas. Celina teve uma infância feliz, que qualificou como “anos de ouro”, rodeada de afeto. A vida espiritual de Celina desenvolveu-se cedo e durante as orações sempre dirigia a Deus a pergunta: "O que queres que eu faça com a minha vida?"
     Após um retiro em Vilnius, em 1853, exprimiu o desejo de tornar-se religiosa, mas encontrou a oposição dos pais. Obedecendo à vontade deles e ao conselho do seu confessor, aos 20 anos casou-se com José Borzecki. De qualquer maneira, dentro dela permaneceu a convicção de que "a sua vida não deveria terminar de modo comum".
     O casal se instalou em Obremszczyzna. Profundamente amada pelo marido, também ela foi uma esposa amorosa e exemplar que partilhava a responsabilidade do lar e demonstrava a sua atenção aos pobres. Seus afazeres domésticos não a afastavam da oração; sua ascese estava impregnada também com o sacrifício. Além disto, enfrentou a dor que mais afeta uma mãe: a morte de seus filhos. O primeiro, Casimiro, nascido em 1855, morreu no mesmo ano. Após um período de alegria com a chegada de sua filha Celina, em 1858, novamente passou pelo duro transe em 1861, quando teve que enterrar sua filha Maria, que não sobreviveu. Finalmente, em 1863 nasceu Jadwiga (Edvige), que iria percorrer com ela a via religiosa que sempre aspirou.
     No ano em que a pequena Edvige nasceu Celina se envolveu na luta para resgatar os prisioneiros que iam ser executados em meio aos conflitos bélicos desatados em uma Polônia dividida pela invasão russa. As autoridades russas a detiveram e foi colocada na prisão, levando com ela a pequena recém-nascida.
     Em 1869, quando o marido teve um derrame cerebral que o deixou paralisado, Celina transferiu-se com a família para Viena a fim de obter melhores cuidados médicos para ele. Durante o seu sofrimento, que durou cinco anos, ela foi sua fonte de apoio espiritual e moral, além de dedicada e sensível enfermeira. Ao mesmo tempo, continuou a prodigalizar-se pela educação das duas filhas.
     Em 1875, após a morte do marido, Celina transferiu-se para Roma com as filhas, a fim de alargar os horizontes espirituais e culturais, e procurar indicações a respeito da vontade de Deus para si e para as suas filhas. 
     Em 1879 a jovem Celina casou-se com um rapaz polonês; a beata e Edvige se dispunham a fundar um convento de inspiração carmelita. Na igreja de São Cláudio Celina encontrou-se com o cofundador da Congregação da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pe. Pedro Semenenko, que há muitos anos desejava fundar o ramo feminino da Congregação. As conversas com o Pe. Semenenko as fizeram mudar de plano.
     Em 1882 mãe e filha começaram a ser parte do sonho do fundador, preparando-se junto com outras cinco aspirantes para entrar na vida religiosa. Iniciou-se assim a vida em comunidade, em Roma, sob a direção espiritual do Pe. Semenenko. Em 1884, se instalaram em uma casa em que três anos depois abririam uma escola para meninas sem recursos.
     Em 1886, após a repentina morte do Sacerdote, Celina teve que enfrentar muitas intrigas de pessoas contrárias à nova fundação. De maneira cada vez mais forte, Celina sentia a chamada a fundar uma comunidade de mulheres dedicadas ao Mistério da Ressurreição.
     De sua primeira escola vespertina para moças foi capelão e catequista o Mons. Giacomo Della Chiesa, futuro Papa Bento XV, cujos pais residiam no apartamento ao lado da escola. O futuro pontífice deu muito apoio aos trabalhos da nova congregação.
     Depois de anos de provações e sofrimentos, Celina e sua filha Edvige, cofundadora, com outras três religiosas, fizeram a profissão dos votos religiosos a 6 de janeiro de 1891, dando início oficialmente à nova Congregação, cujo objetivo era proporcionar educação às meninas pobres, e que posteriormente se estendeu ao cuidado dos doentes. Edvige foi sua primeira superiora geral.
     Logo foram abrindo casas nos países do Leste europeu. Na Polônia, tiveram que usar de muita prudência. Resquícios da ocupação russa levaram-nas a trabalhar clandestinamente, estabelecendo a fundação em Czestochowa, perto de Jasna Góra, e em Varsóvia. Foram momentos de grandes recordações para Celina, que havia vivido de cheio o início da invasão.
     Depois, em 1900, chegaram à América, onde abriram uma casa e uma escola em Chicago. Em 1905 a fundação recebeu o decretum laudis.     
     Conforme Madre Celina avançava em idade, era consenso geral que Madre Edvige a sucederia. Mas Madre Edvige morreu inesperadamente em 27 de setembro de 1906, na idade de 43, em Kety, Polônia. Sua mãe teve que suportar mais este sofrimento e heroicamente o fez, e disse às Irmãs que “uma alma é capaz de suportar qualquer coisa por amor a Jesus”.
     Madre Celina continuou a governar a Congregação e em 1911 convocou o 1º. Capítulo Geral. Ela foi eleita Superiora Geral ad vitam. Nos últimos anos de vida ela manteve intensa correspondência e visitas às suas Irmãs, formando-as na espiritualidade do instituto.
     A Beata expressou o dinamismo da sua vida, antes de morrer, quando escreveu num pedaço de papel, pois já não podia falar: "Em Deus reside a felicidade em eterno". Madre Celina faleceu a 26 de outubro de 1913 em Cracóvia.
     A Beata Celina pertence a um raro grupo de mulheres que experimentaram diversos estados de vida: esposa, mãe, viúva, religiosa e fundadora. Com simplicidade e humildade, escreveu, dando assim uma característica à sua vida espiritual: "Deus não me chamou para fazer coisas extraordinárias... talvez porque não queria que me tornasse orgulhosa. A minha vocação é cumprir a vontade de Deus fielmente e com amor". Ela deixou escritos como “Memórias para minhas filhas” e “Cartas desde a Bulgária”, publicadas na revista Gloria resurrectionis.
     Madre Celina foi beatificada em 27 de outubro de 2007 na Basílica de São João de Latrão, Roma.
 
A Venerável Madre Edvige, cofundadora com sua mãe

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Santa Madalena de Nagasaki, jovem mártir japonesa – 20 de outubro

    
     Madalena nasceu entre 1611 e 1612 próximo de Nagasaki, no Japão. Desde cedo ela recebeu esmerada educação. Os antigos manuscritos relatam que ela era uma jovem graciosa, delicada e bela. Seus pais eram católicos de nobre linhagem.
     Sua infância coincidiu com um período de cruéis perseguições contra os católicos. O ditador Tokugawa Yematsu, budista, decretou uma terrível perseguição contra os católicos em 1614. Com seus sucessores, Hidetada e Yemitsu, essa perseguição tornou-se ainda mais virulenta e cruel, a ponto de em poucos anos quase exterminar a cristandade do Japão.
     Os pais e irmãos de Madalena foram martirizados quando ela era ainda pequena. Ela certamente foi também testemunha da morte de muitos outros católicos. É provável que tivesse lido o livro “Exortação ao martírio”, que circulava clandestinamente entre os católicos. Neste livro davam-se conselhos para resistir à ira dos tiranos e eram lembrados os exemplos de crianças frágeis, além de jovens, homens e mulheres, que sofreram com paciência os mais terríveis suplícios por causa da sua fé em Jesus Cristo, recebendo assim a glória do martírio.
     A oração, a leitura dos livros sagrados e o exemplo de tantos mártires, compatriotas seus, foram fortalecendo o ânimo de Madalena.
     Por volta de 1624, chegaram a Nagasaki dois zelosos missionários agostinianos: Frei Francisco de Jesus e Frei Vicente de Santo Antônio. Ambos criaram a Ordem Terceira Agostiniana Recoleta para auxiliá-los no apostolado. Formada por leigos, a Ordem Terceira, hoje denominada Fraternidade Secular, ficava encarregada da catequese.
     Atraída pela profunda espiritualidade dos dois missionários, Madalena se consagrou a Deus como Terceira Agostiniana Recoleta, sendo uma das primeiras a entrar para aquela Ordem. Começou o seu apostolado com tanto carinho e abnegação, que foram incontáveis os pagãos que se converteram ao Cristianismo.
     Ela consolava os aflitos, animava os fracos, fortalecia os que fraquejavam por causa das perseguições, apoiava os corajosos e esforçados, dava catecismo para as crianças, e arrecadava esmolas para os pobres entre os comerciantes portugueses. Fez várias amigas entre as filhas dos ocidentais que moravam em Nagasaki, as quais muito se edificavam com as suas virtudes, tendo algumas delas relatado suas impressões e lembranças para os primeiros biógrafos da Santa.
     Em 1628 a perseguição ficou mais violenta. Como quase todos os católicos de Nagasaki, Madalena se viu obrigada a refugiar-se nas montanhas. Homens e mulheres virtuosos viviam nas grutas e se alimentavam de ervas silvestres. Ali vivia ela na companhia dos demais, amada e querida de todos, mesmo dos pagãos.
     Os santos religiosos, Frei Francisco e Frei Vicente, também viviam nas montanhas zelando pelas almas e oferecendo-lhes o conforto dos Sacramentos. Entretanto, ambos foram detidos e passaram vários dias na prisão antes de serem queimados vivos no dia 3 de setembro de 1632.
     No dia seguinte, chegaram ao Japão outros dois missionários agostinianos recoletos, Frei Melquior de Santo Agostinho e Frei Martinho de São Nicolau. Estes também foram presos no dia 1° de novembro de 1632 e no dia 11 de dezembro foram queimados vivos a fogo lento, tal como havia acontecido com os Bem-aventurados Francisco e Vicente.
     Após a morte desses religiosos, Madalena permaneceu nas montanhas cerca de dois anos dedicando-se ao apostolado, batizando, aconselhando, consolando e fortalecendo os que a procuravam. Numerosos foram os católicos que preferiram morrer a renegar a fé. Infelizmente, muitos também foram os que fraquejaram e apostataram diante do horror dos suplícios.
     Desolada e triste pela apostasia destes irmãos e desejosa de sofrer o martírio, Madalena acreditou ter chegado o momento de apresentar-se aos juízes e torturadores para dar exemplo vivo aos católicos.
     Vestindo o seu hábito de Terceira e portando um pequeno alforje cheio de livros de santos para meditar e pregar no cárcere, ela se apresentou aos carcereiros e guardas dizendo-se católica e religiosa.
     Num primeiro momento os guardas mandaram-na embora, dizendo que sendo ela tão jovem e frágil não poderia suportar os horríveis tormentos a que eram submetidos os religiosos. Contudo, no dia seguinte ela foi presa.
     Admirados com sua beleza e comovidos pela sua tenra idade, vendo-a estimada e admirada pelos católicos e também por ser de família nobre e ilustre, os juízes tentaram convencê-la a abandonar a fé através de atenções especiais e promessas as mais diversas, mas tudo foi em vão.
     Depois de sofrer vários tipos de torturas sem perder a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Madalena foi tirada da prisão no início de outubro de 1634, e com outros dez católicos foi levada ao lugar do martírio.
     Suspensa pelos pés, com a cabeça e o peito imersos num poço, durante o suplício a corajosa jovem invocava os nomes de Jesus e Maria, e cantava hinos ao Senhor. Ela resistiu ao tormento por treze dias. Na noite do 13° dia, o poço foi inundado por uma tempestade e Madalena morreu afogada. Tinha então 22 ou 24 anos de idade.
     Depois de morta seu corpo foi queimado, e as cinzas foram espalhadas nas águas do mar, a fim de que suas relíquias não caíssem nas mãos dos fiéis. Seu martírio deu-se em meados de outubro de 1634.
     Beatificada em 1981, foi declarada Santa por João Paulo II em 18 de outubro de 1987. Santa Madalena de Nagasaki é comemorada no dia 20 de outubro.  A Ordem Agostiniana a comemora no dia 19 de novembro.

O martírio de Santa Madalena

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Beata Inês de Jesus de Langeac, Dominicana - 19 de outubro

    
     Inês de Jesus Galand nasceu em 17 de novembro de 1602 e teve uma vida curta, faleceu em 19 de outubro de 1634. Em Le Puy-en-Velay, França, seu pai, Pedro Galand, tinha uma pequena loja de facas; sua mãe chamava-se Guilhermina Massiote.
    Desde a Idade Média Puy era um centro de peregrinações marianas entre as principais da França. Já no século XIII os religiosos dominicanos estavam presentes em Puy. A igreja de seu convento, São Tiago, ficava próxima da residência de Inês, que a frequentava para rezar e encontrava os religiosos. Um deles, o Padre Panassière, tornou-se seu diretor espiritual.
     Aos sete anos Inês se consagrou a Maria Santíssima como escrava de amor. Aos oito anos, constatando sua profunda piedade, ela foi autorizada a comungar, o que era excepcional para a época. Ela rezava longamente, a conselho de seu confessor. Aos nove anos começou a recitar o Ofício diariamente em honra ao Espírito Santo.
     Inês tinha o hábito de dar esmolas a todos os mendigos com quem cruzasse pelas ruas de Puy. Adolescente, ela reunia suas amigas para estudarem a doutrina católica e rezarem em conjunto. Ela também tinha um cuidado especial em ajudar as mulheres grávidas antes, durante e depois do parto.
     Em abril de 1621 se tornou religiosa terceira da Ordem de São Domingos e em 1623 foi aceita como freira conversa no Mosteiro de São Catarina de Siena, que fora construído naquele mesmo ano na cidade de Langeac, que fica ao longo do Rio Allier. Este mosteiro pertencia, com outros trinta, ao movimento de reforma inaugurado no sul da França pelo Padre Sebastian Michaelis. Em 1625, na Festa da Purificação da Santíssima Virgem Maria, fez a sua Profissão Solene como monja corista. Foi Mestra de Noviças e duas vezes priora.
     À imitação da mística mestra de Siena viveu apaixonada por Cristo e pela Igreja. Em 1631, Jesus e Maria convidaram interiormente Inês a interceder e rezar por um sacerdote a quem ela não conhecia. Três anos depois, no parlatório do mosteiro ela se encontrou com o Abade de Prebac, Jean-Jacques Olier, fundador do Seminário Maior de São Sulpício e ela compreendeu que ele era o sacerdote por quem ela estava oferecendo sua vida de oração e sacrifício.
     A fama de sua santidade e as funções delicadas que ela executou não só atrairam elogios, mas também a calúnia e a inveja, por isso, em 1631, ela foi demitida das suas funções como priora. Aceitou com grande serenidade todos estes sofrimentos injustos, oferecendo-os a Deus para que na França fossem aplicados os decretos do Concílio de Trento para a formação do clero, e pela futura Congregação dos Sacerdotes de São Sulpício, instituída pelo Abade Olier.
     Madre Inês mantinha um relacionamento diário com seu Anjo da Guarda. Ela deixou como herança para suas coirmãs sua vocação particular de rezar pelos sacerdotes.
     Madre Inês de Jesus morreu em 19 de outubro de 1634. Seu corpo é mantido no Mosteiro de Langeac. Em 20 de novembro de 1994, foi beatificada por João Paulo II, juntamente com o Padre Jacinto Cormier, Superior Geral de 1832 a 1916, que reconheceu que devia sua vocação às orações de Madre Inês de Jesus de Langeac.
Milagres e tradição
     Durante sua vida terrena, Inês amara especialmente estar junto às mães no momento do parto. Assim, em 1952, em Langeac, após rezarem para ela interceder num nascimento que poderia colocar a vida da mãe e da criança em perigo, o parto aconteceu muito naturalmente. Este milagre foi o ponto de partida para a sua beatificação.
     Diz-se que certa vez, quando ela ia assistir a Missa, um pobre veio até ela e pediu uma esmola. Inês lhe disse que infelizmente não tinha nada para lhe dar. "Olhe no seu bolso" - disse o pobre - "que você vai encontrar algo bom para mim". Ela obedeceu e encontrou uma moeda que ela ia entregar ao pobre, mas ele tinha desaparecido.
     Pouco depois de entrar no mosteiro Langeac, à Inês foi confiado o cuidado da cozinha. Ora, era preciso ir muito longe para buscar a água; ela precisava fazer viagens longas e árduas. Ela confidenciou seu sofrimento a Deus, que imediatamente atendeu seu desejo: Ele fez surgir na cozinha mesmo uma fonte de água muito clara e abundante. Esta fonte, organizada mais tarde, foi o foco de muitos milagres.
     Madre Inês de Jesus portava os estigmas sem que estes fossem visíveis externamente. Ela era tida como mística ainda em vida. São Luís Maria Grignion de Montfort a menciona em seu Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, parágrafo 170:
     "Contento-me simplesmente de citar uma passagem histórica que li na vida da Madre Inês de Jesus, religiosa jacobina (*) do convento de Langeac, em Auvergne, a qual morreu em odor de santidade nesse mesmo lugar, em 1634. Não tinha ela ainda sete anos, quando, uma ocasião, sofrendo tormentos de espírito, ouviu uma voz que lhe disse que, se ela quisesse livrar-se de todos os seus sofrimentos e ser protegida contra todos os seus inimigos, se fizesse quanto antes escrava de Jesus e de sua Mãe Santíssima. Mal chegou em casa, entregou-se inteiramente a Jesus e Maria, como lhe aconselhara a voz, embora não soubesse em que consistia esta devoção; e, tendo encontrado uma corrente de ferro, cingiu com ela os rins e a usou até a morte. Depois desse ato todas as suas penas e escrúpulos cessaram, e ela se achou numa grande paz e bem-estar de coração, e isto a levou a ensinar esta devoção a muitas outras pessoas, que fizeram grandes progressos, entre outros, a M. Olier, que instituiu o Seminário de São Sulpício, e a muitos outros padres e eclesiásticos do mesmo seminário. Um dia a Santíssima Virgem lhe apareceu e lhe pôs ao pescoço uma cadeia de ouro para lhe testemunhar a alegria de tê-la como escrava de seu Filho e sua; e Santa Cecília, que acompanhava a Santíssima Virgem, lhe disse: 'Felizes os fiéis escravos da Rainha do céu, pois gozarão da verdadeira liberdade: Tibi servire libertas'".

(*) Até a Revolução Francesa os religiosos da Ordem de São Domingos eram chamados jacobinos, do nome da Igreja de Saint-Jacques (São Tiago) em Paris, perto da qual a Ordem se estabeleceu.                                                                                       

Fonte: www.santiebeati.it e outras diversas.


Le Puy-en-Velay, França

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Santa Margarida Maria Alacoque – 17 de outubro


Apóstola da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

     Margarida Maria Alacoque nasceu no dia 22 de julho de 1647, na Borgonha, França. Seu pai, Claude Alacoque, era escrivão real; sua mãe, Philiberte Lamyn, era filha do também escrivão real François Lamyn. Sua família de posses, religiosa, com reputação de seriedade e honra, sofreu duro golpe após a morte do pai. Margarida teve uma juventude difícil: enfermidades, sua e da mãe, a resistência dos parentes para que abraçasse a vida religiosa. Finalmente, aos 24 anos, entrou no convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial, Ordem fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.
     Ela permaneceu entre as Visitandinas por 20 anos, e desde o princípio se ofereceu como “vítima ao Coração de Jesus”. Foi incompreendida pelas religiosas, mal julgada pelos superiores; até os diretores espirituais desconfiaram dela julgando-a uma visionária.
     Finalmente, São Cláudio La Colombière tornou-se o guia precioso desta mística Visitandina, ordenando-lhe narrar, numa autobiografia, as suas experiências místicas. Por inspiração desta Santa a festa do Sagrado Coração de Jesus nasceu, e a ela se deve a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras do mês.
     Santa Margarida Maria faleceu no dia 17 de outubro de 1690, em Paray-le-Monial, na França. Em março de 1824, Leão XIII a declarou Venerável, e em 18 de setembro de 1864, Pio IX a beatificou. Santa Margarida Maria foi canonizada por Bento XV em 1920.
     Quando seu túmulo foi aberto canonicamente, em julho de 1830, ocorreram duas curas instantâneas. Seu corpo repousa sob o altar da capela em Paray, e muitos favores são obtidos por peregrinos atraídos a este lugar de todas as partes do mundo.
*
     A humilde visitandina, à qual o Sagrado Coração de Jesus fez suas confidências, viveu no tempo em que reinava na França Luís XIV, consagrado universalmente com o título de Roi-Soleile, epíteto que correspondia à realidade, diziam que havia nele estofo para cinco reis. Luís XIV representava o tipo clássico daqueles reis de contos de fada que costumam deslumbrar a imaginação das crianças.
     Com uma alma privilegiada chamada a grandes realizações, cheio de predicados físicos e de grande personalidade, se aquele Rei tivesse seguido o exemplo de São Luis, talvez ele tivesse podido impedir a explosão da Revolução Francesa, a pseudo-reforma protestante sofresse desastres irreparáveis, e a História teria tomado um outro rumo.
     A vida de Luis XIV teve altos e baixos. Ávido de prazeres, ambicioso e vaidoso, sacrificou os recursos e prestígio que Deus lhe havia dado à sua sede de prazeres e à sua própria glória. Provocou guerras com o intuito de dilatar seus Estados, desuniu as potências católicas ameaçadas pelo protestantismo; aliou-se aos próprios muçulmanos contra o Santo Império, enfim, mereceu a censura de todos os franceses verdadeiramente católicos, mesmo os seus mais fieis súditos.
     Entretanto, ele prestou assinalados serviços para a Igreja, entre os quais figura com destaque a revogação do Edito de Nantes. Além disso, grandes foram os avanços em todos os campos da vida temporal, impulsionados por sua inteligência e bom gosto.
     O certo é que o Rei não desempenhava aquela missão providencial à qual fora chamado por Deus.
     Em determinado momento, a humilde Visitandina intervém. Entre as revelações que o Divino Redentor lhe fazia, certa feita mandou que ela dissesse ao Rei para consagrar a si próprio e o Reino ao Sagrado Coração. Nosso Senhor usou de um tom imperativo, e deixava claro que a sua recusa acarretaria para ele e para a França os mais severos sofrimentos. O Sagrado Coração de Jesus desejava uma consagração autêntica, que implicava na renúncia a todos os pecados e a todos os erros do Rei.
     Santa Margarida Maria fez chegar a comunicação a Luis XIV por meio de uma pessoa da nobreza com quem tinha relações. O Rei, porém, não lhe deu importância e a consagração não foi efetuada.
     Resultado: o Reino foi caindo mais e mais nos abismos da impiedade e da libertinagem, até que a Revolução Francesa lançou por terra o trono dos Bourbons, e espalhou pelo mundo inteiro o espírito de rebeldia e de ódio a Deus e a Religião Católica.
     Tempos mais tarde, entre os papéis do Rei Luis XVI, encontrados em sua prisão do Templo, se achou uma nota em que este soberano prometia se consagrar, e toda a França, solenemente, ao Coração de Jesus, caso fosse libertado, o que desde logo, em forma privada, ele o fazia no cárcere. Ele esperava com isto que o Coração de Jesus arrancasse a França aos horrores da Revolução. Mas, este ato piedoso valeu apenas para que ele enfrentasse com dignidade a guilhotina, e muitos o consideram como mártir.
*
     A devoção ao Sagrado Coração de Jesus enfrentou muitas peripécias na sua expansão, mas atingiu o seu auge na Santa Igreja Católica no século XIX e no período que vai mais ou menos até meados do reinado de Pio XI, já no século XX.
     Esta devoção foi muito estudada, ela teve grandes doutores, entre os quais São João Eudes, ela foi bem recebida pelos papas, Leão XIII fez uma consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Um pouco por toda parte encontramos igrejas consagradas ao Sagrado Coração de Jesus nas cidades construídas em fins do século XIX, ou no começo do século XX no Brasil, por exemplo. Era uma devoção que realmente fazia muito bem às almas.
     Esta devoção começou a ser objeto de uma campanha a partir do momento em que a heresia modernista, condenada por São Pio X, começou a levantar a cabeça com o rótulo de Ação Católica e Movimento Litúrgico.
     No reinado de Pio XI e até o reinado de Pio XII, inclusive, o modernismo não fez senão se desenvolver sorrateiramente dentro da Igreja e começou a combater a devoção ao Sagrado Coração de Jesus numa manobra a mais perigosa: o silêncio! Deixou-se de impulsionar esta devoção; deixou-se de falar a respeito dela; fez-se caso omisso disto.
A Grande Revelação (entre 13 e 20 de junho de 1675)
     Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares”.
     Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra” (¹).

(¹) Cf. Vida e Obras de Santa Margarida Maria, publicação da Visitação de Paray, 1920.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Beata Filipa de Chantemilan – 15 de outubro

    
Catedral de São Maurício, Vienne, França
     Contemporânea de Santa Joana d’Arc, ela teve uma vida mais calma e menos trágica. "Ao mesmo tempo", disse o Sr. Chevalier, "que Deus suscitava a virgem Lorena para livrar Orleans e a França do jugo dos ingleses, enviou à Vienne, outrora chamada cidade santa, uma virgem de Forez (*) para edificar com seus exemplos, e trazer de volta a piedade por suas virtudes e para embalsamar depois com o perfume de sua memória”. Estas palavras caracterizam bem a vida de Filipa de Chantemilan.
     Filipa nasceu por volta de 1412 no Castelo de Changy, Forez (Loire), na diocese de Clermont. Seu pai João de Chantemilan (Campteliman, Champ de Milan; italiano da Campo Milano) morreu pouco tempo depois de seu nascimento, e sua mãe Joana de Vernay a educou com sábia firmeza, assumindo temporariamente a função de governadora de Changy. Ao completar 15 anos, Filipa também perdeu a mãe. Muito bela e elegante, atraia a atenção dos homens; vários jovens pediram-na em casamento, mas eram recusados; outros procuraram corrompê-la recorrendo a astúcia de uma velha sem escrúpulos, mas sem resultado.
     Ela então deixou Changy e foi para Notre-Dame de Puy, e dali vai para Vienne, no vale do Ródano, onde vai se hospedar na casa da irmã da Sra. de Espinasse, que se mantém próxima de seu irmão arcebispo, e onde ela encontrou seu irmão e a cunhada ligados, um ao arcebispo, a outra a Ana de Norry, Senhora de Ghastel.  Filipa também encontrou ali um ótimo diretor espiritual, fez voto de virgindade, e iniciou uma vida sóbria e austera, frequentando assiduamente os ofícios diários e noturnos da Catedral de Saint-Maurice, cuidando dos doentes e visitando os pobres. Passava algumas semanas em Lyon para prestar assistência nos hospitais e cárceres.
     Quando Ana de Norry saiu de Vienne, provavelmente no final do episcopado de Jean de Norry, Filipa permaneceu lá, e fez uma viagem a Roma em 1450, no grande jubileu. No ano seguinte, quando ocorreu uma epidemia em Vienne, foi uma das primeiras vítimas e morreu em 14 de outubro de 1451.
     Filipa foi enterrada pelos Cônegos de Saint-Maurice perto da capela de Nossa Senhora no pequeno claustro da catedral.
     Seu túmulo logo se tornou local de peregrinação devido aos numerosos milagres ocorridos entre 1453 e 1480, entre outros, o milagre temporário de retorno à vida de uma criança recém-nascida para que se pudesse batizá-la.
     Seu túmulo foi profanado pelos calvinistas em 1562 (ou 1567).
     A partir de 10 de fevereiro de 1453 o capítulo da Catedral de Vienne iniciou uma ação para serem recolhidos por um notário os testemunhos sobre os milagres atribuídos à Beata Filipa.
     Em 1454, o Delfim Luís II, futuro Rei Luís XI, que disputava com o Duque de Saboia a vassalagem do Marques de Saluces, se lançou improvisadamente sobre Petit Bugey e tomou Pont-de-Beauvoisin, do Castelo de Verel e de Saint-Genix. Foi um desastre para a pequena cidade: pilhagens e incêndios se sucederam e dizem que ela teria sido totalmente devorada pelas chamas sem a intervenção milagrosa da Beata Filipa de Chantemilan.
     Todo ano uma missa com o canto da Salve Regina é celebrada no dia 15 de outubro.
     Em 1629 os moradores de Vienne imploraram sua intercessão para fazer cessar uma epidemia de peste. Em seguida construíram um altar sobre o seu túmulo. O culto a Beata ainda não foi confirmado.

Fontes : - Vie et miracles de la bienheureuse Philippe de Chantemilan, par le chanoine Ulysse Chevalier - Pages 179 & 180 et Une sainte forézienne: la bienheureuse Philippe de Chantemilan - abbé Reure – 1896;
http://museedudiocesedelyon.com/MUSEEduDIOCESEdeLYONphilippechantemilan.htm

(*) Forez (em arpitano Forêz) é uma antiga província da França, que corresponde aproximadamente à parte central do departamento de Loire e uma parte do departamento de Haute-Loire. Forez é o cenário de uma obra mestra da literatura francesa, L’Astrée de Honoré d’Urfé; por isso esta região é às vezes denominada Comarca de Astrée (pays d'Astrée).

Beata Ana Maria Aranda Riera, virgem e mártir – 14 de outubro

Martirológio Romano: Em Picadero de Paterna, na região espanhola de Valencia, Beata Ana Maria Aranda Riera, virgem e mártir, que durante a perseguição contra a fé derramou seu sangue por Cristo.

     Ana Maria nasceu em Denia, na província de Alicante, em 24 de janeiro de 1888, no seio de uma família abastada que cuidou muito de sua educação. Estudou no colégio das Irmãs Carmelitas. Piedosa desde muito jovem, atuou com muito zelo nas Filhas de Maria, na Ação Católica e na associação de São Vicente de Paula.
     Era muito devota da Eucaristia e da Virgem Maria; assistia diariamente a Santa Missa e Comungava.
     Nunca fizera mal a ninguém, nem dera motivo de que alguém a odiasse; por causa de seu catolicismo profundo e de sua decidida defesa dos direitos da Igreja foi levada para a prisão de mulheres de Valencia quando chegou a revolução de 1936.
     Sofreu com grande paciência e humildade na prisão, e se dedicou à oração e ao consolo de suas companheiras de cárcere, com as quais rezava diariamente o santo Rosário. Foi fuzilada em Picadero de Paterna no dia 14 de outubro de 1936.
     Em 11 de março de 2001 foi beatificada pelo papa João Paulo II.

Fonte: «Año Cristiano» - AAVV, BAC, 2003
http://www.eltestigofiel.orgindex.php?idu=sn_3760