quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Beata Candelária de São José, Fundadora - 31 de janeiro

     Susana Paz Castillo Ramírez, terceira filha de Francisco de Paula Paz Castillo e Maria do Rosário Ramírez, nasceu em Altagracia de Orituco (Estado Guárico, Venezuela), em 11 de agosto de 1863.
     Seu pai era um homem reto e honrado, de grande coração e profundamente católico; gozava do apreço e estima de todos os habitantes; possuía conhecimentos de medicina e os empregava para ajudar a muita gente. Sua mãe era uma pessoa piedosa, trabalhadora e honrada.
     Os pais deram a seus filhos uma educação tão esmerada quanto lhes permitia as circunstâncias de seu tempo. Sua instrução acadêmica, ainda que escassa e deficiente, própria da época, não foi um impedimento para sua formação integral: frequentou uma escola particular onde deu seus primeiros passos na escrita e no cultivo de sua paixão pela leitura. Aprendeu também corte e costura e vários tipos de trabalhos manuais, especialmente bordados. Este aprendizado foi muito valioso para ela no futuro.
     Seu pai morreu em 23 de novembro de 1870, quando Susana contava com 7 anos de idade. Quando sua mãe faleceu, em 24 de dezembro de 1887, Susana, que tinha 24 anos, assumiu as responsabilidades de cuidar da casa. Ao mesmo tempo, praticava a caridade com os doentes e feridos que recolhia e cuidava em uma casa semiabandonada, junto à igreja paroquial, pois no início do século XX a Venezuela viveu uma grande turbulência política, econômica e social como consequência da revolução pela libertação.     
     Junto com outras jovens de sua vila, com o apoio de um grupo de médicos e do Pe. Sixto Sosa, pároco de Altagracia de Orituco, fundou um hospital para atender a todos os necessitados. Ali, em macas e catres de lona, que ela mesma confeccionava, os atendia.
     Com a fundação deste centro de saúde, em 1903, se deu início à família religiosa das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia, atualmente denominada Irmãs Carmelitas de Madre Candelária. Em 13 de setembro de 1906, com autorização do bispo diocesano, Madre Susana fez sua profissão religiosa tomando o nome de Candelária de São José, ela que desde muito jovem era devota de Nossa Senhora da Candelária.
     Em 31 de dezembro de 1910 a Congregação das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia nasceu oficialmente com a profissão das primeiras seis Irmãs pelas mãos de Mons. Felipe Neri Sendrea, que confirmou Madre Candelária como Superiora Geral. Em dezembro de 1916 ela emitiu seus votos perpétuos em Ciudad Bolívar.
     Após vários acontecimentos, a Beata decidiu abraçar a espiritualidade carmelitana e pediu para entrar na Ordem do Carmo como fundadora das Carmelitas Terceiras Regulares na Venezuela. No dia 25 de março de 1925 o pedido foi aceito e em 10 de julho de 1926, com algumas companheiras, recebeu o hábito carmelitano. Em 9 de agosto de 1926, Mons. Sixto Sosa, Bispo de Cumaná, nomeou-a Superiora Geral e Mestra de Noviças no Noviciado de Porlamar.
     Seguiram-se anos de trabalho intenso, também devido aos terremotos que atingiram a Venezuela. Muitas foram as obras fundadas por ela: hospitais e uma escola para crianças pobres em Altagracia de Orituco.
     Sua vida transcorreu entre os pobres; se distinguiu por uma profunda humildade, uma inesgotável caridade, uma profunda vida de fé, oração e amor à Igreja. Além de sua esmerada atenção com os enfermos, se preocupou com a educação das crianças, tarefa que deixou como legado às suas filhas carmelitas.
     A Madre Candelária era uma religiosa de carácter afável, recolhida, de olhar modesto; após uma conversação cordial e amena com ela, sempre ficava uma suavidade em quantos a ouviam.
     Outra característica sua era a alegria; tudo fazia com amor e uma confiança sem limites na Divina Providência. Seus grandes amores foram Jesus Crucificado e a Santíssima Virgem. Percorreu muitos quilômetros em busca de recursos para a manutenção de suas obras e fundando novas comunidades que responderam às necessidades do momento.
     Governou a Congregação durante 35 anos, desde sua fundação até o capítulo geral de 1937, quando a sucedeu no cargo a Madre Luísa Teresa Morao.
     Os últimos anos da Madre Candelária foram marcados pela dor e pela enfermidade. Entretanto, depois de deixar o cargo de Superiora Geral, aceitou continuar prestando seus serviços à Congregação como Mestra de Noviças.
     Tinha plena consciência de sua enfermidade, porém com incrível paciência suportava as dores e dava provas de conformidade com a vontade de Deus. Pedia ao Senhor poder morrer com o nome de Jesus nos lábios, e assim aconteceu. Na madrugada do dia 31 de janeiro de 1940, após pronunciar três vezes o nome de Jesus, entregou sua alma ao Criador, em Cumaná. Foi sepultada no cemitério de Santa Inês. O corpo da Beata foi exumado e colocado na Casa-mãe de Caracas.
     Em 22 de março de 1969 iniciou-se na cidade de Caracas seu processo de beatificação e canonização. Foi beatificada em 27 de abril de 2008.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Ágata Lin-Zhao, Virgem e Mártir - 28 de janeiro

    Lin-Zhao nasceu em 1817, em Qinglong, província de Guizhou, China, quando seu pai se encontrava encarcerado devido sua fé católica. A menina foi batizada com o nome de Ágata três anos depois, por ocasião da libertação de seu pai.

     Ágata não era apenas bonita, mas também muito inteligente. Aprendeu a ler e a escrever e desde cedo se dedicou ao estudo da religião católica para ser uma corajosa catequista. Como era costume, ela foi prometida em casamento para a família Liu. Porém, com a idade de 18 anos, como já fizera um voto de castidade, ao saber do noivado apelou para a piedade de seus pais para cancelar o casamento.
     Naquele mesmo ano, Pe. Mateus Liu disse para ela trabalhar na escola para meninas em Guiyand. Durante um certo tempo foi dirigida espiritualmente pelo Beato Augusto Capdelaine, das Missões de Paris, martirizado em 1856.
     Dois anos mais tarde, outra perseguição começou e seu pai foi preso novamente e torturado. A casa da família foi saqueada e perderam todos os seus bens. Ao ser libertado, o pai estava tão doente que já não podia trabalhar. Ágata e sua mãe tiveram que sustentar a família. Uma visita do Pe. Tomas Liu levou Ágata a ensinar o catecismo. Ela tornou-se diretora da escola para meninas fundada pelo Pe. Tomas Liu e aos 25 anos fez formalmente o voto de castidade.
     Um ano depois, Mons. Bai, o novo administrador apostólico da diocese de Guizhou, elegeu-a dirigente do convento em Guiyang. Lá ela levava uma vida austera e tornou-se conhecida por seu cuidado especial aos pobres e aos jovens.
     Ágata ensinava o catecismo no vilarejo de Ta-pa-tien quando o vigário apostólico Albrand expandiu o seu campo de apostolado, confiando a ela o mesmo cargo em várias outras localidades. A Santa conquistou muitas pessoas, levando-as à conversão.
     Em 1857 quando Mons. Lourenço Wang Bing e o catequista Jerônimo Lu Tingmei foram presos por serem cristãos, Ágata também foi presa. O juiz do condado questionou a virgindade de Ágata e ela foi defendida pelos companheiros de fé. Os prisioneiros foram condenados à morte e após a decapitação foi constatado que Ágata era realmente virgem, tendo o magistrado admitido ter cometido um erro. Ela foi martirizada no dia 28 de janeiro de 1858.
     Foi relatado que três fachos de luz, dois vermelhos e um branco, cercaram os corpos dos mártires e alguns não cristãos viram à distância globos de luz no céu após a execução. Os três mártires são festejados no mesmo dia.
     Santa Ágata Lin-Zhao foi beatificada pelo Papa São Pio X em 2 de maio de 1909 e seu nome foi incluído na lista dos mártires canonizados em 1º de outubro de 2000 por João Paulo II.
 
Antiga pintura da Santa
 



650 mil pessoas (ACIPrensa) marcharam pela vida e contra o aborto na capital dos EUA


assista ao video acessando o link acima.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O cinto sagrado de Nossa Senhora

Na catedral de Prato, Itália, não longe de Florença, hoje é venerado solenemente
o santo cinto, cíngulo, ou correia de Nossa Senhora.
 
     Ele foi trazido de Jerusalém no ano de 1141 por Michele Dagomari, habitante da cidade e romeiro na Terra Santa. Porém, em 1173, como não havia confirmação da autenticidade da relíquia, a Providência valeu-se de um fato extraordinário para que todos a reconhecessem como verdadeira.
     A narração da presença dos Apóstolos na Assunção remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Não faz parte do dogma gloriosamente proclamado pelo Papa Pio XII, mas é largamente aceita, como se pode verificar na iconografia tradicional.
     São Gregório, Bispo de Tours (538-594), o maior historiador do século VI, foi o primeiro a escrever sobre a Assunção. Segundo ele conta, um anjo avisou Nossa Senhora de sua próxima partida aos Céus. Nossa Senhora, por sua vez, comunicou a notícia às pessoas mais próximas, entre as quais São João Evangelista.
     Os Apóstolos foram avisados a tempo de chegar, alguns naturalmente e outros miraculosamente.
     A Liturgia católica do rito maronita proclama:
     “Vós sois, ó Maria, a Mãe Puríssima, fonte de abundantes bênçãos; Vós sois a plena de graça, que quando deixastes este mundo, vieram todos os santos Apóstolos de distantes regiões, para vê-La partir para o Céu, enquanto os Anjos do Altíssimo, diante de Vós, cantavam com alegria”.
     Os Apóstolos certamente estavam acompanhados e havia a presença dos fiéis que moravam nas proximidades da casa da Santíssima Virgem. A Santa Casa de Loreto conserva um “altar dos Apóstolos”, onde eles celebravam Missa por ocasião das visitas que faziam a Nossa Senhora.
Nossa Senhora dá seu cinto a S Tomé
     São João Damasceno, Padre da Igreja, se refere à tradição do Oriente a respeito. Segundo ele, durante o Concílio de Calcedônia, o imperador Marciano e a imperatriz Pulquéria pediram o corpo de Nossa Senhora a Juvenal (422 – 458), Bispo de Jerusalém e primeiro Patriarca da cidade.
     O bispo respondeu, segundo São João Damasceno, que Ela morreu rodeada de todos os Apóstolos, salvo São Tomé, que chegou com alguns dias de atraso.
     São Tomé, que chegara atrasado, só viu a Assunção de longe. Talvez como um castigo por ele ter duvidado da Ressurreição. Mas um castigo moderado pela misericórdia de Nossa Senhora que lhe fez, já subindo ao Céu, à distância, o dom de seu cinto.
     O culto do cinto de Nossa Senhora foi instituído por Santo Agostinho, o grande Doutor da Igreja, e continua sendo difundido por sacerdotes agostinianos, aqueles que ainda se mantêm fieis (pois muitos praticamente não são mais verdadeiros católicos).
     É o famoso cinto bento, dito de Santo Agostinho, mas que é de Nossa Senhora, o qual é especialmente protetor contra os assaltos do demônio da impureza.
     É a origem da devoção a Nossa Senhora da Correia, também chamada de Nossa Senhora da Consolação.
     Sobre isto escreveu São Germano, Patriarca de Constantinopla, por volta de 720: “Não é possível ver vossa venerável correia, ó Santíssima Virgem, sem sentir-se cheio de alegria e penetrado de devoção”.
     O monge Eutino, que viveu pelos anos 1098, pregando sobre a Santa Correia de Nossa Senhora, dizia: “Nós veneramos a Santa Correia, vemos conservar-se inteira depois de 900 anos: Cremos realmente que a Rainha do Céu cingiu-se com ela”.
     O cinto estava em Prato, Itália, em 1173. Mas, o problema é que não se tinha certeza da autenticidade da relíquia, na falta de documentação canônica ou outra digna de fé. Naquele ano, a Providência valeu-se de um fato extraordinário para que todos a reconhecessem como verdadeira.
     No dia de Santo Estevão, padroeiro da cidade, colocavam-se todas as relíquias sobre o altar, para que com elas fossem abençoados os doentes e os endemoninhados.
     Na ocasião, foi exposta também a caixa contendo o cinto de Nossa Senhora. Aproximaram então uma possessa que, no momento em que tocou a caixa, começou a afirmar com insistência que esse cinto era da Santíssima Virgem, e no mesmo instante viu-se liberada de seu mal.
     Iniciou-se então o culto público à sagrada relíquia. O próprio São Francisco de Assis esteve com seus primeiros frades em Prato, no ano de 1212, para venerá-la.
     Podemos assim acreditar, com segurança, em união com a tradição da Igreja, que todos os Apóstolos, inclusive o retardatário São Tomé, se reuniram para a Assunção.
     Nesta festa podemos elevar a ele a mesma oração que Santo Agostinho compôs a propósito da dúvida que São Tomé tivera sobre a Ressurreição: “Oh, bem-aventurado São Tomé, tu tocaste com a mão e, pela tua dúvida, inúmeros céticos acabaram crendo!”
     Foi por meio dele, ou a propósito dele que a correia da Santíssima Virgem ficou nesta terra e é venerada desde a Idade Média na catedral de Prato, Itália.
 
 
ASSISTA AO VIDEO ACESSANDO O LINK ABAIXO!... E CONSTATE QUAL É A REAL FACE DO LOBBY HOMOSSEXUAL.
 
Posted: 23 Jan 2013 01:47 AM PST

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Beata Paula Gambara-Costa, Esposa, Mãe de família - 24 de janeiro

     Paula nasceu no dia 3 de março de 1463 em Brescia, norte da Itália, filha de João Paulo Gambara e de Catarina Bevilacqua, nobres e piedosos. Por ocasião de seu nascimento a família repartiu doações entre instituições de caridade e famílias pobres. A jovem recebeu uma boa educação e foi orientada espiritualmente pelo franciscano André de Quinzano.
     Desde a adolescência foi muito admirada por sua beleza e sobretudo pelo equilíbrio e profundidade de suas virtudes cristãs. Apesar de sua tendência para a vida de oração e de recolhimento, seus pais a deram em casamento, sendo muito jovem, ao Conde Luís Antônio Costa, senhor de Bene Vagienna (Cúneo), muito mundano e dado aos prazeres e diversões.
     Depois de umas núpcias principescas e de uma entrada faustosa no Piemonte, pois em Turim foram acolhidos pelo próprio chefe do estado, o Duque Carlos I de Saboia, se estabeleceram nos domínios do esposo. Tiveram um filho a quem chamaram João Francisco.
     Paula continuou levando o estilo de vida espiritual e piedoso do ambiente de sua casa natal, embora num novo contexto de luxo e dissipação. Porém, pouco a pouco, tendo que participar da vida de sociedade, foi se deixando conquistar pelo fausto e ostentação dos usos e costumes do mundo que a envolvia. Jovem e inexperiente, Paula se deixou arrastar por seu esposo a uma vida similar, esfriando nela a vida de piedade que havia levado antes de seu matrimônio.
     A Providência, entretanto, velava por ela e não tardou em reconduzi-la ao bom caminho, dispondo que passasse por Brescia o Beato Ângelo Carletti de Chiavasso, sacerdote franciscano piemontês, figura eminente de sua Ordem e pregador afamado, a quem ouviu pregar e a quem confiou a direção de sua alma. Com sua pregação e exemplo de vida franciscana o Beato arrastava muitas almas a um teor de vida mais de acordo com a condição católica.
     Paula, sob sua direção espiritual, ingressou na Ordem Terceira franciscana e realizava os exercícios de devoção e caridade próprios dela, e se entregava com grande fervor a oração, a mortificação e as obras de misericórdia, socorrendo os pobres nas suas casas e visitando os hospitais, consolando os tristes e ajudando os mais necessitados.
     Abandonando os usos e costumes mundanos que havia adotado depois de seu casamento, voltou à vida interior e devota de sua adolescência. Mas, ao invés de fugir do mundo para fazer penitência, se comprometeu a viver sua conversão permanecendo no mundo, no lugar que a Providência a havia levado e no meio das pessoas de sua classe e condição. Ali, segundo seu diretor espiritual, tinha que demonstrar que é possível viver de maneira coerente com a Fé e o Evangelho em qualquer ambiente e circunstâncias.
     Um dos documentos autênticos que nos falam sobre a Beata é o plano de vida que submeteu à aprovação do Beato Ângelo. Paula tinha que se levantar todos os dias ao amanhecer para rezar e recitar o Rosário. Depois ia para a igreja dos franciscanos da localidade onde ouvia duas Missas. À tarde, recitava o Oficio de Nossa Senhora e, antes de deitar-se, rezava outro Rosário e suas orações da noite. Dedicava também algum tempo à leitura espiritual. Jejuava nas vésperas das festas da Santíssima Virgem e de algumas outras festas, e se confessava cada quinze dias. A regra mais reveladora de seu plano de vida é a seguinte: "Sempre obedecerei meu esposo, não levarei a mal seus defeitos e farei quanto possa para que ninguém se dê conta deles”.
     Entre os anos 1493-1503 houve uma grande falta de alimentos, o que deu ensejo de Paula exercitar a generosidade com os muitos indigentes que acudiam a sua porta.
     A primeira coisa que aborreceu seu esposo foi seu hábito inveterado de dar grandes somas de dinheiro aos pobres. A coisa não teria maior importância nas épocas de bonança, porém naqueles tempos a fome constituía uma ameaça constante, os mendigos abundavam e os ricos armazenavam zelosamente tudo que podiam para os momentos de escassez. Os biógrafos da Beata asseguram que as sementes, o azeite e o vinho se multiplicavam milagrosamente à medida que Paula os repartia, de sorte que sua caridade mais a enriquecia que a empobrecia.
     Seu marido não compreendia nem participava dos novos sentimentos da esposa. Mantinha Paula prisioneira, e não poucas vezes o conde a maltratava com golpes, bofetadas; tornou-se cruel com ela e a humilhava até o extremo, fazendo com que até os serviçais não tivessem respeito algum a sua senhora. Ela tudo sofria em silêncio e oferecia a Deus o seu calvário.
     Luís tinha uma amante que acabou acolhendo em sua própria casa por mais de dez anos, à vista de sua mulher, dos domésticos e das pessoas conhecidas. Aconselhada pelo Beato Ângelo, Paula não explodiu nem simplesmente se resignou; reagiu, sim, porém não como inimiga ou vítima, mas como esposa preocupada em salvar seu marido das redes passionais que o aprisionavam e o levavam à perdição. Em 1504 a amante do conde adoeceu gravemente e todos a abandonaram. Somente Paula cuidou dela e a preparou para morrer reconciliada com Deus.
     Finalmente, o sacrifício e o comportamento de Paula deram seu fruto: o exemplo de paciência e de humildade calou no ânimo de seu esposo, que se uniu ao seu estilo de vida, permitindo inclusive que ela vestisse o hábito franciscano na rua.
     Em santa harmonia passaram uns anos até que o Senhor chamou a si o Conde Luís. Paula se entregou então por completo a meditação, levando uma vida exemplar que edificava a todos da região onde vivia.
     No dia 24 de janeiro de 1515, a Beata morreu em Bene Vagienna (Cúneo), onde havia vivido depois de casada. Imediatamente o povo passou a venerá-la, apreciando nela sobretudo o seu modo de viver o matrimônio com tal marido. Em sua terra natal subsiste o dito: «Foi provada como a Beata Paula». Seu culto imemorial foi confirmado pelo Papa Gregário XVI em 14 de agosto de 1845.
 
Fontes: Ferrini-Ramírez, Santos franciscanos para cada día; R. Bollano, Vita della B. Paola Gambara-Costa (1765); Léon, Auréole Séraphique, vol. I, pp. 534-536. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Beata Laura Vicuña, exemplo de amor filial - 22 de janeiro

Laura numa foto escolar
     Laura del Carmen Vicuña nasceu no dia 5 de abril de 1891 em Santiago, Chile. Ela foi a primeira filha da família Pino Vicuña. Seus pais eram José Domingo Vicuña, um soldado com raízes aristocráticas, e Mercedes Pino. Seu pai estava no serviço militar e sua mãe trabalhava em casa.
     No final do século XIX a guerra civil eclodiu no Chile. Uma figura chave em uma das facções em guerra era Claudio Vicuña, parente de José Domingo. Claudio Vicuña não conseguiu se tornar presidente; seus inimigos começaram a perseguir a família Vicuña, o que os obrigou a fugir de sua terra natal.
     Em 1894, após o nascimento de sua segunda filha, Júlia Amanda, José Domingo faleceu, deixando sua esposa e filhas sem dinheiro e em grande perigo. Mercedes decidiu viajar para a Argentina para se esconder daqueles que queriam a sua família morta.
     Mercedes e suas filhas se mudaram para a província argentina de Neuquén. Em busca de uma forma de financiar a educação de suas filhas, ela conseguiu um emprego no albergue Quilquihué. Pressionada pelos assédios do patrão, Manuel Mora, Mercedes acaba aceitando uma união pecaminosa. Isto influenciava negativamente na educação das duas meninas. Embora Laura fosse ainda pequena, percebia a precariedade religiosa da mãe, já que esta não era admitida aos Sacramentos devido a sua vida irregular.
     Laura logo entrou na Escola das Filhas de Maria Auxiliadora, onde lhe foi ensinado o amor à religião. Seguindo o exemplo de seu pai, e com o cuidado das freiras, ela começou a tomar um profundo interesse pela fé católica.
     Laura fez sua Primeira Comunhão em 2 de junho de 1901. Naquele dia ela escreveu alguns propósitos muito similares aqueles do Santo aluno de Dom Bosco, Domingos Sávio:
     Meu Deus, quero amar-Vos e servir-Vos por toda a vida; por isso Vos dou a minha alma, o meu coração, todo o meu ser. Antes quero morrer que ofender-Vos com o pecado; por isso desejo mortificar-me em tudo aquilo que me afastaria de Vós. Proponho fazer tudo o que sei e posso para que Vós sejais conhecido e amado, e para reparar as ofensas que todos os dias recebeis dos homens, especialmente das pessoas da minha família. Meu Deus, dai-me uma vida de amor, de mortificação, de sacrifício”.
     Ela tinha uma boa amiga, Mercedes Vera, a quem ela expressava seus sentimentos mais profundos, como o seu desejo de se tornar freira. Mesmo muito jovem, Laura era madura o suficiente para entender os problemas de sua mãe, que incluía o distanciamnnto de Deus. Isso levou-a a rezar todos os dias para a salvação de sua mãe, e para ajudá-la a deixar Manuel.
     Durante uma de suas férias escolares, Manuel Mora bateu duas vezes em Laura, porque não queria que ela se tornasse freira. Ele tratava Laura com excessivo interesse. Durante uma festa a convida para dançar e ao ser rechaçado a arrasta para fora de casa e ela tem que dormir ao relento. Mora reage cruelmente e decide não pagar a anuidade do colégio. Mas ela permaneceu firme no seu desejo de se tornar freira. Quando as freiras de sua escola souberam do conflito, deram-lhe uma bolsa de estudos. Embora ela fosse grata a suas professoras, ela ainda ficava preocupada com a situação de sua mãe.
     Um dia, lembrando-se da frase de Jesus: "Não há ninguém maior do que aquele que dá a vida por seus irmãos", Laura decidiu dar sua vida em troca da salvação de sua mãe. Algum tempo depois ela ficou gravemente doente com tuberculose pulmonar.
     Em setembro de 1903 ela não consegue sequer tomar parte nos exercícios espirituais, tão fraca tinha se tornado a sua saúde. Tentou-se uma mudança de clima, indo para a casa da mãe, mas isto também não se mostrou salutar. Retornou a Junin com a mãe, que se hospedou na cidade.
     Em janeiro de 1904, Mora chegou de visita, com o propósito de permanecer na mesma habitação naquela noite. “Se ele ficar aqui, eu vou para o colégio das irmãs”, ameaçou Laura escandalizada. E assim faz, embora perturbada pela doença. Mora a perseguiu e alcançou, a espancou violentamente, deixando-a traumatizada. Chegando ao colégio ela se confessa com seu diretor espiritual, renovando o oferecimento da própria vida pela conversão da mãe.
     No dia 22 de janeiro Laura recebeu o Viático e naquela tarde mandou chamar a mãe para transmitir a ela seu grande sonho: “Mamãe, vou morrer! Fui eu mesma que o pedi a Jesus. Há dois anos que Lhe ofereci a vida para obter a graça de que voltes para Ele. Mamãe, se eu antes de morrer pudesse ter a alegria de saber que estás em paz com Deus!”
     Mercedes, chorando, respondeu: "Eu juro, eu farei o que você me pede! Deus é testemunha de minha promessa". Finalmente Laura sorriu e disse para sua mãe: "Obrigada, Jesus! Obrigada, Maria! Adeus, mãe! Agora eu morro feliz!"
     Laura morreu de sua doença, enfraquecida pelo abuso físico que ela sofreu por parte de Mora, tendo oferecido a sua vida para a salvação de sua mãe. Por ocasião dos funerais, Mercedes se confessou e comungou junto com Júlia Amanda.
     De 1937 a 1958, os despojos de Laura estavam no cemitério Nequén, após o que foram transferidos para Bahía Blanca.
     As Irmãs Salesianas de Dom Bosco começaram o processo de canonização de Laura em 1950. A Congregação elegeu para o trabalho a Irmã Cecilia Genghini, que passou muitos anos na coleta de informações sobre a vida de Laura. Mas ela não viu a conclusão de seu trabalho: ela morreu no mesmo ano em que o processo começou.
     Um incentivo para a Congregação foi a beatificação de São Domingos Sávio (5 de março de 1950) e a canonização de Santa Maria Goretti (24 de junho de 1950). Mas Laura não pode ser considerada uma mártir, e por causa de sua tenra idade não havia muita esperança para a sua beatificação. No entanto, em 1981, o processo foi concluída pela Congregação, e em 5 de junho de 1986 ela foi declarada Venerável.
     Em 3 de setembro de 1988 Laura foi beatificada pelo Papa João Paulo II. Sua festa é celebrada em 22 de janeiro. Ela é padroeira das vítimas de abuso.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Beata Maria Cristina da Imaculada Conceição, Fundadora - 20 de janeiro

     Adelaide Brando nasceu no dia 1º de maio de 1856, numa família com boa situação financeira. O pai, homem muito respeitado, ocupava um importante cargo num Banco da cidade. Aos doze anos, na noite de Natal, ajoelhada diante do Menino Jesus, ela se consagrou a Deus com um voto de perpétua virgindade. Quando desejou ser uma Sacramentina encontrou oposição do seu pai, que depois a abençoou e permitiu que se juntasse à sua irmã Maria Pia, uma Clarissa do mosteiro das Fiorentinas, em Nápoles.
     Mas uma grave doença a fez regressar para casa duas vezes. Uma vez curada, em 1875, ingressou na Congregação das Sacramentinas. Um ano depois tomou o hábito e tomou o nome de Maria Cristina da Imaculada Conceição. Porém tornou a adoecer e foi forçada a deixar o caminho que havia iniciado com tanto fervor.
     A esta altura pôde perceber que tinha chegado o momento de criar uma família religiosa. Assim, no ano de 1878, enquanto morava no pensionato junto às Teresianas de Torre del Greco, lançou os fundamentos da Congregação das Irmãs Vítimas Expiadoras de Jesus Sacramentado, que cresceu rapidamente apesar das escassas economias e das oposições, sem falar da precária saúde da Fundadora.
     Depois de ter passado por várias sedes, seguindo os conselhos dos seus diretores espirituais, Pe. Michelangelo de Marigliano e Beato Ludovico de Casoria, a comunidade se transferiu para Casoria, não muito distante de Nápoles.
     A nova Congregação encontrou muitas dificuldades, mas conseguiu se manter com a ajuda da Divina Providência e de muitos benfeitores e sacerdotes, dentre os quais se sobressai o Pe. Domenico Maglione. A Congregação se enriqueceu com novos membros e casas, sempre testemunhou uma grande devoção para com a Eucaristia e primou pelo constante empenho e cuidado na educação de meninos e meninas.
     No ano de 1897, Maria Cristina emitiu os votos temporários; no dia 20 de julho de 1903 a Congregação obteve a aprovação canônica da Santa Sé; e no dia 2 de novembro do mesmo ano a Fundadora, junto com muitas irmãs, emitiu a profissão perpétua.
     Ela viveu com generosidade, com perseverança e alegria espiritual a sua consagração e assumiu o encargo de superiora geral com humildade, prudência e amabilidade, dando exemplos contínuos de fidelidade a Deus e à vocação, trilhando o caminho da santidade.
     Madre Maria Cristina adoeceu gravemente em 14 de janeiro de 1906, entregando sua bela alma a Deus no dia 20 de janeiro, aos 50 anos de idade. Assim como viveu, morreu, sem prodígios, mas com um semblante sereno que significava a vontade de Jesus Cristo totalmente cumprida.
     A Congregação por ela fundada em Nápoles se espalhou pela Itália e muitos outros países, com suas filhas empenhadas hoje como ontem no árduo caminho da virtude, sendo guiadas pela luminosidade do seu exemplo.
     O papa João Paulo II a beatificou em 27 de abril de 2003, em Roma, indicando sua festa para o dia de sua morte.
     Entre os fragmentos que nos restam de sua autobiografia, escrita por obediência ao diretor espiritual, podemos ler: “A finalidade principal desta obra é a reparação dos ultrajes que recebe o S. Coração de Jesus no Santíssimo Sacramento, especialmente as irreverências e desprezo, as comunhões sacrílegas, os sacramentos recebidos sem preparação, as santas missas pessimamente escutadas e o que mais amargamente traspassa este coração santíssimo é que muitos dos seus ministros e muitas pessoas a Ele consagradas se reúnem a esses desconhecidos e mais ainda ferem o seu coração (...) às Perpétuas Adoradoras, o divino Coração de Jesus quis confiar o caro e sublime encargo de Vítimas de perpétua adoração e reparação ao Seu Divino Coração horrivelmente ofendido e ultrajado no Santíssimo Sacramento do amor (...) Às Perpétuas Adoradoras de vida mista (...) o Sagrado Coração de Jesus confia o caro encargo de Vítimas da Caridade e da reparação; da caridade porque nos vem confiado o cuidado das meninas”.
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Santa Margarida da Hungria, Princesa e Dominicana - 18 de janeiro

     O ano de 1241 foi um ano dificílimo para a Polônia e a Hungria. O tártaro Ogotai tinha a intenção de conquistar o mundo inteiro. Venceu os polacos em Liegnitz e a seguir invadiu a Hungria. O Rei Bela IV e seus homens lutaram heroicamente, o que não impediu que o rei tivesse que se refugiar junto ao Mar Adriático, na costa oriental.
     Foi então, no Castelo de Ulissa, que nasceu, na primavera de 1242, Santa Margarida da Hungria, décima filha dos soberanos. Margarida foi batizada ao ar livre, na Ilha de Trau, por um dos poucos bispos húngaros sobreviventes - um terço da população tinha perecido. Quando Margarida nasceu, seus pais prometeram consagrá-la a Deus se Ele lhes concedesse a vitória. Suas orações foram ouvidas e Margarida, aos três anos de idade, foi confiada ao convento das religiosas de São Domingos, de Veszprem.
     O Rei e sua esposa, a Rainha Maria Lascaris, construíram um convento em uma ilha do Danúbio, próximo de Budapeste, onde Margarida, com apenas doze anos de idade, fez sua profissão diante do Beato Humberto de Romans.
     Bela IV recebeu o título de "campeão da cristandade" e foi descrito como "o último gênio dos Arpádios". As qualidades de Margarida provam que ela havia herdado as qualidades extraordinárias de seu pai; sua nobre linhagem realça mais os detalhes de sua extraordinária vida de abnegação. A Ordem de São Domingos tomou o cuidado de guardar a memória de uma de suas primeiras e mais ilustres filhas.
     Parece que Margarida era excepcionalmente bela. Aos 16 anos, o Arcebispo de Esztergom comunicou-lhe que o Papa Alexandre III a dispensava do voto dos pais, caso fosse de interesse da nação que ela se casasse. Com efeito, o Rei Otokar, da Boêmia, desejou sua mão após tê-la visto com hábito de religiosa.
     Margarida, porém, estando acompanhada da prioresa declarou: "Honras-me sobremaneira, rei valente e poderoso, ao desejares que seja tua mulher, e está muito longe de mim desprezar a vocação de esposa. Mas como poderia fazê-lo, tendo presente o exemplo da bem-aventurada Virgem Maria, como também a dedicação da minha própria mãe querida, de quem sou a décima filha? Mas eu não nasci para ser esposa e mãe. A minha tarefa é completamente diversa. Por isso peço que te vás embora sem te zangares, e busca para ti uma esposa que possa fazer-te ditoso. Eu, ó rei, não poderia fazer-te feliz".
     Por sua vez, Carlos de Anjou também planejou obter sua mão e recebeu igual negativa.
     Como a maioria das religiosas do convento pertencia à nobreza, a princesa Margarida era tratada com especial consideração. Ao perceber isso, ela procurou escolher sempre os trabalhos mais humildes, repugnantes e tediosos. Cuidava dos doentes que padeciam os males mais repulsivos.
     Por uma graça excepcional, uma cópia completa dos testemunhos do processo de beatificação de Santa Margarida, iniciado menos de sete anos depois de sua morte, chegou até nossos dias. Cerca de cinquenta de suas companheiras falaram sobre a mortificação e a caridade de Margarida nesse processo. Ao lermos esses depoimentos, ficamos plenamente convencidos que o seu valor na luta contra o mundo e a carne exerceu uma profunda influência nos que a rodeavam.
     Os relatos que as Irmãs fizeram sobre ela apresentam também pormenores humanos e agradáveis. A sacristã conta que Margarida acariciava sua mão e lhe prodigalizava todos os agrados possíveis para que ela deixasse a porta da capela aberta durante a noite, a fim de passar diante do Santíssimo Sacramento as horas que devia consagrar ao descanso.
     Margarida tinha uma confiança ilimitada na oração e seus pedidos a Deus tinham algo de imperioso. Várias religiosas contam algo acontecido quando a Santa tinha apenas dez anos.
     Dois frades dominicanos tinham ido visitar o convento e Margarida pediu que eles permanecessem mais tempo. Eles responderam que tinham que partir imediatamente. A menina lhes disse: - "Vou obter que Deus faça chover de tal forma, que não podereis ir embora". Embora os frades dissessem que não haveria chuva que os detivesse, Margarida foi para a capela para rezar. A tormenta que desabou em seguida foi tão violenta, que impediu os frades de partirem.
     Este episódio lembra o famoso caso ocorrido com Santa Escolástica e São Bento. As companheiras de Santa Margarida atestam sob juramento tantos casos do mesmo tipo, que se torna difícil atribuí-los a simples coincidência.
     Uma Quinta-feira Santa, Margarida não só lavou os pés das setenta religiosas do coro do convento, como também de todas as serviçais. A Santa havia passado a Quaresma em duras penitências, o que tornava tal ação bem exaustiva. Entretanto, ela apenas comentou que aquele tinha sido o dia mais curto do ano, pois não tinha tido tempo nem de rezar nem de praticar todas as penitências que desejaria.
     O dia 18 de janeiro de 1270 parece ter sido a data de seu falecimento, quando tinha apenas vinte e oito anos. O processo de sua beatificação nunca foi concluído, mas o culto de Santa Margarida foi aprovado em 1789. A canonização ocorreu em 1943.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Santa Ita (Ida), Abadessa irlandesa - 15 de janeiro

     Santa Ida (Ite, Ytha), chamada “Brígida de Munster”, nasceu em 480, no local atualmente chamado de Condado de Waterford. Seu pai Cennfoelad era descendente de Felim, o legislador, e sua mãe chamava-se Necta. Sua família era relacionada com o nobre e influente clã Déisi. O nome de batismo de Ita era Doroteia ou Deirdre; o nome Ita, que ela tomou posteriormente, significava sua sede do Amor Divino.
     Desde muito pequena Ita demonstrava uma inclinação incomum para a oração e a santidade. Todos que com ela conviviam notavam sua pureza e graça. Ela encarnava as seis virtudes da mulher irlandesa: sabedoria, pureza, beleza, habilidade musical, gentil no falar e perícia com agulhas. Ela foi descrita também como doce e cativante, prudente em palavras e obras, constante e firme nos propósitos. Mas sua feminilidade não a impedia ter um caráter forte.
     Em sua juventude Ita sonhou que um anjo lhe dera três pedras preciosas. Ela ficou perplexa e pensava o que significaria tal simbolismo. Outro visitante celestial explicou a ela que sonhos e visitas celestes iriam acontecer durante toda sua vida. As pedras no sonho simbolizavam os dons do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
     Já muito jovem Ita acreditava ter um chamado de Deus e desejava tornar-se religiosa. Mas seu pai relutava em permitir que ela dedicasse totalmente a Deus sua vida. E planejou dá-la em casamento a um jovem nobre. Depois de três dias de jejuns e orações de Ita, o pai sonhou que sua filha iria servir a Deus em outra região do condado e muitas pessoas encontrariam a salvação por meio dela. Na manhã seguinte, Cennfoelad permitiu que Ita realizasse seu desejo.
     O Bispo Declan de Ardmore conferiu a ela o véu, tornando-a monja. Ela ingressou no mosteiro de Cluain Credhail, posteriormente conhecido como Killeedy (Igreja de Santa Ida) em County Limerick. Foi eleita abadessa do mosteiro. Esta comunidade se caracterizou por ensinar as crianças da comarca.
     Era legendária sua ênfase na austeridade, bem como seus milagres e dons proféticos. Suas obras e milagres foram descritos por São Cuimin de County Down.
     Santa Ita faleceu cerca de 570, provavelmente em decorrência de um câncer, pois os cronistas contemporâneos descrevem sua enfermidade como um escaravelho que cresceu como um leitão, maneira de descrever uma doença desconhecida.
     Sua morte é mencionada nos Anais de Inisfallen (ca. 1092) com a seguinte frase: "Morte de Ita de Cluain, mãe adotiva de Jesus Cristo e de Brendan". Os Anais também mencionam que em 553 uma batalha foi vitoriosa graças às suas orações.
     Santa Ita foi venerada por numerosos Santos, incluindo São Brendan, São Pulcerio (Mochoemog) e São Cummian. São Brendan de Clonfert foi aluno de Ita, e quando mais tarde ele perguntou a ela quais as três coisas mais importantes para agradar a Deus, ela citou: fé verdadeira, simplicidade e generosidade. As mais detestáveis eram mau humor, amor ao pecado e avareza.
     Diz-se que Santa Ita é a autora de uma canção de ninar irlandesa que ela cantava quando o Menino Jesus aparecia para ela. É festejada no dia 15 de janeiro.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Beata Lúcia de Valcaldara ou Núrcia, Clarissa - 12 de janeiro

     Na região de Valcaldara, distrito de Núrcia, ainda hoje é celebrada a festa da sua Patrona, a Beata Lúcia.
     Lúcia nasceu em 1370 e se consagrou totalmente a Nosso Senhor na idade de apenas 15 anos. Fundou em Núrcia, com sete companheiras, próximo a casa paterna, um primeiro núcleo de virgens consagradas que, em 1386, com a aprovação do Patriarca de Jerusalém, D. Ferdinando, administrador da diocese de Espoleto-Núrcia (1370-1390), se tornou o Mosteiro de São Jerônimo.
     A sua escolha de vida foi um grande exemplo para toda a cidade e em 28 de janeiro de 1386 o Conselho deliberou ajudá-la.
     Em 1390, Lúcia fundou um segundo mosteiro próximo da igreja de Santa Maria, em Valcaldara. Com as companheiras, Lúcia se submetia a direção do bispo, “usando o hábito eremítico, vivendo em comunidade e observando a norma evangélica, por muitos anos não professando nenhuma Regra aprovada pela Igreja”.
     Reunidos em um só, com a aprovação do Bispo Agostinho, os dois mosteiros adotaram a Regra das Clarissas, em 1407, se definindo como Irmãs Pobres de Santa Clara, e constituíram o Mosteiro de Santa Clara, que depois do terremoto de 1703 tomou o nome de Santa Maria da Paz.
     A Beata faleceu em 12 de janeiro de 1430 e logo foi venerada e invocada como Santa. Ela é particularmente venerada em Valcaldara, onde todos os anos uma festa é organizada em agosto, com Missa, procissão, terminando com um espetáculo pirotécnico.
     O seu corpo, ainda hoje incorrupto, guardado em seu “depósito” de 1637, é exposto na igreja das Clarissas de Santa Maria da Paz.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Beata Ana dos Anjos Monteagudo, Dominicana - 10 de janeiro

     Ana Monteagudo Ponce de León nasceu em Arequipa no dia 26 de julho de 1602, filha do espanhol Sebastián Monteagudo de la Jara e da arequipenha Francisca Ponce de León.
     Conforme os costumes da época, com três anos seus pais a enviaram ao Mosteiro de Santa Catarina para ali ser educada. Voltou ao lar por decisão de seus pais quando tinha 14 anos. Nem os atrativos do mundo nem as perspectivas de um vantajoso casamento a atraiam, assim sendo, um ano depois enfrentou a indignada reação de seus pais e retornou ao mosteiro.
     Em 1618 iniciou o noviciado e acrescentou o apelativo "dos Anjos" ao seu nome. A aspereza da vida conventual não a intimidava. Vivia com entusiasmo o ideal de São Domingo de Guzmán e de Santa Catarina de Siena.
     No mosteiro, até 1632, exerceu os cargos de Sacristã; depois, até 1645, o de Mestra de Noviças; finalmente, o de Priora até 1647.
     Com fortaleza iniciou a reforma do mosteiro. Na época o mosteiro era habitado por cerca de 300 religiosas, nem todas desejosas de perfeição. Sua obra reformadora sofreu oposições, mas ela permaneceu sempre fiel à observância conventual, mantendo maturidade e equilíbrio. Exemplar na oração e na caridade, atendeu com abnegação e heroicidade as vitimas de uma peste que assolou Arequipa.
     Dentro e fora do mosteiro praticava as virtudes, mantinha a serenidade e a paciência nos sofrimentos, prodigalizando nos conselhos e no espírito apostólico, com grande misericórdia inclusive com relação às almas do Purgatório.
     Depois de dez anos de enfermidade, que a tornaram paralítica e cega, faleceu no dia 10 de janeiro de 1686, aos 84 anos de idade. Já em vida gozava de fama de santidade.
     Em 2 de fevereiro de 1985 foi beatificada em Arequipa por João Paulo II, durante sua viagem ao Peru.