segunda-feira, 24 de junho de 2013

Beata Raingarda de Semur, Viúva, religiosa - 24 de junho

    
Nobre dama medieval ingressando em um Mosteiro
     Raingarda de Semur nasceu c. 1075. Era filha de Godofredo III, Senhor de Semur e de Ermengarda de Montagu. Por volta de 1093 desposou Pedro Mauricio de Montboissier. Montboissier é um castelo cujas ruinas se elevam ainda agora na Alvernia, França.
      A maior glória deste matrimônio são os filhos, Raingarda teve oito: o primeiro foi Arcebispo de Lyon; quatro foram abades beneditinos, um dos quais é São Pedro o Venerável, abade de Cluny; um morreu jovem; Hugo teve duas filhas que se juntaram a avó quando esta ingressou no Mosteiro de Marcigny; e Eustáquio, o único a perpetuar o nome da família.
     Raingarda entregou-se completamente nos cuidados de sua numerosa família, conservando no fundo do coração a pena de não se ter desapegado inteiramente do mundo. Com solicitude recebia no castelo os monges que por ali passavam.
     Mauricio de Montboissier era um bom católico, mas não aquiescia aos conselhos da esposa para se retirar em um mosteiro. Finalmente, decidiu-se a fazê-lo, tendo antes feito uma peregrinação à Terra Santa. Entretanto, ao retornar caiu gravemente doente. A esposa cuidou dele com a maior dedicação, preparou-o para a morte e ajudou-o a dispor os seus bens.
     Depois do falecimento do marido, Raingarda era aconselhada pelos amigos a tornar a se casar. Mas, secretamente ela se preparava para entrar no Mosteiro de Marcigny, perto de Paray-le-Monial, por ter clausura estrita. Este mosteiro era uma dependência de Cluny estritamente reservado às mulheres.
     A noite anterior à sua partida, Raingarda passou-a junto ao túmulo do esposo em oração, seguindo depois com numeroso séquito para Marcigny. As pessoas que a acompanhavam não sabiam qual seria o termo da viagem, mas ao verem-no, romperam em soluços e queriam dissuadir Raingarda. Ela então lhes disse: “Depois da tempestade, vem a calmaria; o bom tempo sucede à chuva. E as lágrimas que choram agora serão seguidas de riso e alegria. Voltai portanto ao século, e eu vou ter com Deus”.
     Em seguida, entrou com as monjas na clausura. Com grande alegria ali cortou o cabelo e mudou de vestes. O seu principal empenho foi sujeitar-se a todas as Irmãs com profunda humildade. Logo se tornou muito amada pelas monjas. Segundo nota seu filho, Pedro o Venerável, “ela não viveu assim apenas nos primeiros anos de conversão, como fazem os outros, mas durante todo o resto de sua vida”.
     Esta mãe de oito filhos se sentia feliz nesta vida tão oculta, quando lhe foi dado o cargo de celeireira, a administração do mosteiro ficou toda sobre seus ombros. Ela viu-se absorvida por uma quantidade de questões materiais e com frequência precisava sair. Procurou aprender a cozinhas e satisfazia quanto possível às necessidades e gostos de cada uma das Irmãs: “dava a uma assado, a outra cozido, a uma coisas salgadas, a outra doce”. Ocupava-se das doentes e, como saia do mosteiro, praticava a caridade com os pobres.
     O mais admirável era ver que tantos cuidados não abalavam sua vida espiritual, ela sabia ser ao mesmo tempo Marta e Maria.
     A austeridade da vida e a grande atividade esgotaram Raingarda, que caiu doente e pediu imediatamente a Unção dos Enfermos e o Viático. Três dias depois, vendo que a morte estava chegando, as Irmãs colocaram-na sobre cinzas, conforme ela desejara, e assim faleceu Raingarda no dia 24 de junho de 1135, com pouco mais de 60 anos de idade.
     Embora Raingarda não tenha sido oficialmente beatificada, os mosteiros de Cluny a veneram como Santa.
São Pedro o Venerável, Abade de Cluny, segundo gravura medieval

 
Fonte: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J., 3ª. Edição, Editorial A.O. – Braga.

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