terça-feira, 24 de março de 2015

Beata Berta de Laon, Mãe de S. Carlos Magno - 24 de março

    
     Enquanto o filho, depois de tantos e tantos séculos, ainda é muito célebre, a mãe caiu no esquecimento da História. Trata-se da Beata Bertranda (ou Berta) de Laon, mãe do imperador São Carlos Magno.
     Tendo nascido em 726, foi esposa de Pepino, o Breve, e Rainha dos Francos. Ela faleceu em 12 de julho de 783 e foi enterrada em Saint-Denis, junto com o esposo, onde o seu túmulo, mandado restaurar pelo rei francês São Luís IX, leva como única inscrição "Berta, mater Caroli Magni".
     Os historiadores dizem que o grande imperador nutria uma ternura respeitosa por sua mãe e que ouvia os seus conselhos com certa deferência.
     Não sabemos nada de certo sobre as origens de Bertranda: segundo alguns era a filha de Cariberto, Conde de Laon, enquanto outros defendem que ela era filha de um imperador de Constantinopla.
     Porém, é do conhecimento de todos os historiadores como os reis dos Francos se preocupavam pouco com as origens mais ou menos ilustres de suas esposas; ninguém nunca se ocupou em descobrir verdadeiramente de onde veio a Rainha Berta, já que até mesmo a antiga poesia heroica e as várias legendas também deixam de fora a questão.
     Seu culto como "beata" tem um caráter estritamente local. Às vezes ela é conhecida como "Berta a Piedosa".
     A Beata Berta é considerada padroeira das fiadeiras. “Do tempo em que a Rainha Berta fiava”. Este adágio, que remonta aos nossos avós, demonstra qual era a veneração que eles tinham por Berta, que permanecera em suas lembranças como um tipo de perfeição real e feminino. Este renome que atravessou os séculos é entretanto o pouco que nos restou da Beata Berta.
     Sua festa é celebrada em 24 de março.
Dados Históricos
     Ela era filha de Cariberto, Conde de Laon, cuja mãe, Bertranda de Prüm, co-fundadora do Mosteiro de Prüm, talvez fosse filha do rei merovíngio Thierry III; e de Gisele da Aquitânia.
     O casamento de Bertranda com Pepino coloca uma série de problemas. A documentação contemporânea, estudada pelo historiador Leo Levillain (1870-1952), retomada depois por Christian Settipani, cita Bertranda como única esposa de Pepino, o Breve.
     Alguns escritos indicam, entretanto, que Pepino fora casado primeiro com Leutburgie ou Leutberga, com a qual ele teria tido cinco filhos, totalmente desconhecidos em outros lugares. Esta legenda de uma primeira esposa talvez tenha erroneamente origem no Li Roumans de Berte aus grans piés (A história de Berta dos pés grandes), em que o autor dá uma primeira esposa, chamada Leutburgie, à Pepino.
    A data de seu casamento também é objeto de discussão. Os Anais de Prüm mencionam 743 ou 744 e os Anais de Saint-Bertin, escritos cem anos mais tarde, indicam 749. Em qualquer caso, Pepino era então prefeito do palácio.
     A data de nascimento de Carlos Magno também é controvertida. De acordo com Einhard em sua Vita Caroli, Carlos Magno tinha 72 anos quando de sua morte em 814. Mas o seu testemunho é incerto. Os Anais Petaviani dão a data de 747, mas eles também afirmam que Carlos Magno nasceu após a ida de seu tio Carlomano à Roma, num evento que ocorreu após 15 de agosto de 747, ocasião em que Carlomano assinou uma carta a favor da Abade Anglinus, de Stavelot-Malmédy. Além disso, em 747 a Páscoa caiu em 2 de abril e os colunistas não teriam deixado de notar a coincidência. É por estas razões que o nascimento de Carlos Magno é provavelmente considerado no dia 2 de abril de 748, e o casamento de seus pais em 743 ou 744.
     Bertranda deu à luz a Carlomano em 751, ano em que Pepino tornou-se rei dos Francos após a deposição do último rei merovíngio Childerico III. Ela foi coroada com o marido em Soissons.
     Em julho de 754, por ocasião da sagração do marido em Saint-Denis, ela recebeu a bênção do Papa Estevão II, bem como seus filhos Carlos e Carlomano.
     Após cerca de 10 anos de casamento, Pepino tentou se separar de Berta, mas o papa persuadiu-o com firmeza a mantê-la como esposa; ela lhe deu sete filhos dos quais três atingiriam a idade adulta: Carlos Magno (748-814 ou 742); Carlomano (751-771); Gisele, abadessa de Chelles (757-811).
     Dotada de uma personalidade doce e afável, Berta era muito ativa durante o reinado de seu marido, a quem ela muitas vezes dava conselhos.
     Após a morte de Pepino (768), Carlos e Carlomano tornam-se reis dos Francos, tendo o reino sido dividido entre eles, de acordo com os costumes francos. Bertranda se esforçou para manter alguma influência sobre eles. Ela inclusive tratou do casamento de Carlos, em 770, com Désirée da Lombardia, mas ele a repudiou em 771. Ela também tentou manter a harmonia entre os dois irmãos.
     Com a morte de seu irmão em 771, Carlos apossou-se de seus territórios em detrimento de seus sobrinhos. Ele afasta sua mãe, que deixa a corte para se retirar na Abadia de Choisy-au-Bac, local de sepultamento de alguns reis merovíngios (na Igreja de Sto. Estevão), perto de Compiègne, onde ela morreu em 783.
    Ela foi sepultada na Abadia de Saint-Denis, junto ao esposo Pepino, o Breve.
Inspiração literária
     Berta inspirou o trovador Adenet le Roi, que escreveu, em 1270, Li Roumans de Berte aus grans piés. Neste poema ele narra uma suposta substituição no casamento de Pepino, que foi enganado e desposou uma falsa rainha, surpreendentemente parecida com sua noiva Berta, princesa húngara. Esta última foi finalmente reconhecida pelo comprimento dos pés.
     Berta dos pés grandes também é citada na Balada das damas de outrora de François Villon. Em 21 de outubro de 2014, Rémi Usseil publicou Berthe au grand pied, uma canção épica moderna vagamente baseada no poema de Adenet le Roi.
 
Fonte: fr.wikipedia.org/wiki/Bertrade_de_Laon

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