segunda-feira, 6 de julho de 2015

Beata Maria Rosa (Suzanne Agathe Deloye), mártir - 6 de julho

Capela dos mártires, Catedral de Orange
Religiosa beneditina do convento de Caderousse
     Suzana Ágata Deloye nasceu em Sérignan, cidade limítrofe com Orange, no dia 4 de fevereiro de 1741, filha de José Alexis Deloye e Suzana Jean-Clerc. Depois de uma infância inteira passada nas práticas mais fervorosas de piedade, tendo um pouco mais de vinte anos de idade, ela pediu e obteve o seu ingresso no mosteiro beneditino de Caderousse, sob a invocação da Assunção de Nossa Senhora.
     Ali viveu Irmã Maria Rosa, ali ela fez sua profissão, ali, por fim, por mais de trinta anos, ela se preparou, por sua fidelidade aos deveres diários de sua vocação, para a glória do martírio.
     Ela deveria abrir caminho para suas companheiras de prisão, e de ser a primeira a se apresentar para as bodas do Cordeiro.
     A supressão das Ordens religiosas a fez voltar para sua família por algum tempo. Retirada em Sérignan, ela permaneceu ali até 10 de maio de 1794, edificando os seus familiares por sua piedade, e levando no mundo uma vida de santa monja. Porque as religiosas que pela malícia dos acontecimentos retornavam para a vida secular, não se acreditavam livres de suas obrigações monásticas. Um pequeno livro de poucas páginas que se fazia circular entre elas, lembrava os votos que as ligavam e as características da vida monástica que tinham de manter no século.
     Sob o título de As regras para a conduta das religiosas dispersas pela Revolução, elas aí encontravam as instruções mais sábias. Maria Rosa deve ter lido o livro. A casa onde ela encontrou refúgio era de seu próprio irmão, Pedro Alexis. Bom cristão, ele educou seus filhos na piedade e estrita observância das leis da Igreja. Duas de suas filhas deixaram a casa paterna para se consagrar a Deus a serviço dos pobres no Hospital Santa Marta de Avignon; uma terceira, Teresa Rosália Deloye, tendo entrado no Santíssimo Sacramento de Bollène, seria a última a vestir o hábito em 23 de novembro de 1790.
     Além disso, embora sabendo que estava pondo sua cabeça em risco, ele escondeu no sótão, nos piores dias do Terror, um padre não juramentado de Saint-Paul-Trois-Châteaux. Por sua audácia e sangue frio ele se impôs aos revolucionários, foi capaz de evitar suas perseguições e graças a ele os fiéis da região puderam às vezes assistir a missa e receber os sacramentos.
     Em 2 de março de 1794, a bem-aventurada beneditina foi convocada pela municipalidade de Sérignan, em companhia de Henriete Faurie e Andreia Minutte, para prestar juramento de acordo com a lei. "Todas se recusaram a fazer o juramento, apesar de tudo o que foi feito pelo prefeito para fazê-las aceitar".
     O fracasso desta primeira tentativa não desanimou os municipais. Um período de dez dias "para que elas refletissem sobre uma recusa que não devia existir” foi dado às três religiosas, mas no sétimo dia foram convocadas novamente, e Irmã Maria Rosa persistiu na recusa, bem como suas duas companheiras.
     O Comitê de Supervisão de sua região a colocou na prisão, e a conduziu a Orange, com as duas religiosas do Santíssimo Sacramento de Bollène, Henriete Faurie e Andreia Minutte, e um padre, o Cônego Lusignan. A partir desse momento a causa de sua prisão pareceu óbvia. "Enviamos”, escreve o Comité de Sérignan ao de Orange, “as três religiosas não juramentadas que temos aqui". Nenhum outro delito era imputado a Irmã Maria Rosa, a não ser sua recusa em prestar um juramento que sua consciência rejeitava. E que culpa seriam capazes de descobrir na vida desta beneditina cujas ações e palavras eram edificantes e puras?
     Deus quis que a partir daquele momento a Irmã Maria Rosa conhecesse a amargura específica a determinados mártires. A municipalidade de Sérignan a conduziu a Orange na carroça de seu irmão Alexis, dirigida por seu empregado acompanhado de dois Guardas Nacionais.
     Na prisão da Cure, onde a Irmã Maria Rosa ficou presa desde o dia de sua chegada, 10 de maio, estavam presas há oito dias as religiosas aprisionadas no final de março.
     A presença e o fervor destas santas mulheres já tinham dado à escura prisão a aparência de um convento. Lá elas seguiam uma regra e praticavam seus exercícios regulares, e até mesmo se engajavam em algumas austeridades compatíveis com a sua situação. Irmã Maria Rosa encontrou ali, sob uma forma ligeiramente diferente, mas no seu essencial, suas práticas beneditinas. E alegremente tomou seu lugar entre as prisioneiras e participou das suas orações e penitências.
     Quase dois meses se passaram assim. Em 5 de julho, ela foi chamada ao tribunal da Comissão do Povo. Os juízes esperavam que tendo sido chamada a primeira e única de suas companheiras, ela enfraqueceria e reconsiderando sua intransigência prestaria enfim o juramento prescrito. Além disso, o presidente Fauvéty imediatamente trouxe o interrogatório em seu verdadeiro ponto, e lhe propôs jurar imediatamente, como diziam então, e obedecer à lei. Irmã Maria Rosa recusou com firmeza, declarando que ela sobretudo via o juramento como uma verdadeira apostasia.
     O acusador público Viot tinha uma tarefa fácil. Sobre a cabeça desta primeira vítima, condenada já por sua confissão corajosa a uma morte próxima, ele acumulou palavras retumbantes, mas assassinas, com que ele condenaria todas as suas companheiras. "Muito inimiga da liberdade, esta jovem tem tentado de tudo para destruir a república pelo fanatismo e pela superstição. Ela recusou o juramento que foi exigido dela, ela queria acender a guerra civil... etc.".
     “O fanatismo, a superstição”, aquilo significava na linguagem revolucionária a fidelidade à Igreja, seus sacramentos, seu culto, seus sacerdotes. Ninguém naquela época se enganava com isso e teria sido difícil manter a este respeito as menores ilusões. Fouquier-Tinville ele próprio tinha precisado o significado destas palavras encontradas em todos os indiciamentos de nossos veneráveis. Em 17 de julho 1794, uma carmelita de Compiègne acusada de fanatismo perguntou o que significava. O procurador-geral respondeu entre as mais horríveis blasfêmias: "Por fanatismo, eu entendo o seu apego às práticas pueris e às suas crenças tolas".
     Condenada à morte em 6 de julho, a Irmã Maria Rosa foi executada no mesmo dia às 18:00. Com ela morreu pela mesma causa um sacerdote santo, o Cônego Antoine Lusignan. Sua emulação para morrer como dignos mártires, diz um de seus historiadores, foi tal que não podemos dizer se foi a religiosa que sustentou a coragem do sacerdote, ou o padre que apoiou a da religiosa. O que é certo é que eles foram para a morte com uma santa alegria. Irmã Maria Rosa mostrou às suas companheiras o caminho da verdadeira vida. Elas não tardariam a palmilhá-lo.
     Foi beatificada pelo Papa Pio XI em 10 de maio de 1925.
 

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