segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Beata Maria Encarnação Rosal, Fundadora – 24 de agosto

   
    
Maria Vicenta Rosal nasceu em Quetzaltenango, Guatemala, em 26 de outubro de 1820, num lar cristão e cresceu num ambiente de profunda fé. Seus pais, Manuel Encarnación Rosal e Gertudis Leocadia Vásquez, deram o melhor de si para dar-lhe a formação e a cultura que combinavam com as características de um lar cristão e da sociedade guatemalteca em que viviam.
       Ela aprendeu com seus pais e irmãos mais velhos “a fé como um modo de viver, que é a piedade filial para com Deus, a orientação amorosa a Cristo na Eucaristia”, uma profunda devoção a Nossa Senhora e grande caridade os pobres e necessitados, a quem ela costumava ajudar generosamente.
     Aos 15 anos, Vicenta fez amizade com uma menina hondurenha, Manuela Arbizú, que movida pela graça de Deus, falou a Vicenta com grande entusiasmo sobre o ideal de servir a Deus na vida consagrada, e inesperadamente, ela mencionou as freiras de Belém. O nome de Belém atraiu a atenção de Vicenta. Depois de obter as respostas para todas as suas perguntas sobre a vida das freiras, ela consultou seus pais e o diretor espiritual. Viajou pela Guatemala a fim de cumprir seu desejo de ser consagrada a Deus. Ela chegou a Beaterio de Belém em 1 de janeiro de 1838.
     Ingressou na Congregação de Belém, instituição existente na cidade da Guatemala sob a jurisdição dos padres Betlemitas, cujo fundador foi São Pedro de São José Betancur (1626-1667). Em 16 de julho de 1838, recebeu o hábito das mãos do último padre Betlemita, Frei José de São Martinho, e adotou o nome de Maria Encarnação do Sagrado Coração.
     A partir do momento que entrou no convento, iniciou seu compromisso e entrega a Deus, mas infelizmente, poucos dias após sua entrada, percebeu que o ambiente não era favorável a seus ideais: intensa vida de oração, silêncio, penitência e austeridade.
     ​Deus a levou por caminhos de batalhas internas. Permitiu que ela fosse ao Convento das Catarinas, onde desfrutou da paz, do silêncio e da austeridade que seu espírito desejava. Deus mostrou-lhe que a mesma vida que vivia no convento onde acabara de chegar poderia ser vivida em Belém e, assim, ela poderia levar a comunidade que deixara às alturas de uma grande união com Deus e serviço apostólico. Depois de viver os fervorosos exercícios espirituais, decidiu voltar a Belém.
     Fez seus votos na festa da Divina Maternidade, 26 de janeiro de 1840, dia em que a Ordem celebrou a festa de Nossa Senhora de Belém.
     Assim que chegou foi imediatamente incumbida do trabalho da escola e lá ela começou a mudar, plantar e fortificar. Embora a comunidade valorizasse o serviço apostólico de Madre Encarnação, nem todas as irmãs compartilhavam seus pontos de vista, mas respeitavam seu árduo trabalho e organização.
     ​Depois de algum tempo, ela foi apontada como administradora da comunidade e iniciou a transformação interna do convento. Em 1855, foi eleita Prioresa do convento. Como ela estava ciente da missão que lhe foi confiada, dedicou-se mais à oração, a fim de pedir sabedoria e prudência para realizá-la. Começou a escrever as Constituições que governariam seu convento.
     Imediatamente meteu mãos à obra no intuito de reformá-la, mas não conseguindo realizar seu intento, decidiu fundar outra instituição onde seriam vividas as Constituições que ela havia redigido e que o Bispo local já havia aprovado. Conseguiu realizar sua fundação em Quetzaltenango, sua terra natal.
     Sua vida e obra eram dedicadas a conservar o carisma do fundador da Congregação Betlemita, São Pedro de Betancur, “À luz da Encarnação, da Natividade e da Morte do Redentor”. A Congregação vivia o espírito de reparação das Dores do Sagrado Coração de Jesus, dedicando o dia 25 de cada mês à adoração reparadora.
     A ânsia pela glória de Deus e salvação dos homens levava Madre Encarnação a “servir com solicitude ao irmão necessitado” e a “impulsionar a educação infantil e da juventude nos colégios, escolas e lares para meninas pobres”, bem como a “dedicar-se a outras obras de promoção e assistência social”.
     Em 1855, a reformadora da Ordem Betlemita iniciou formalmente seu trabalho fundando em Quetzaltenango dois colégios, mas sua obra foi interrompida com o início da perseguição política imposta pelo governo de Justo Rufino Barrios (1873-85), o qual expulsou do país várias ordens religiosas.
     Com o objetivo de continuar seu trabalho evangelizador, Madre Encarnação chegou à Costa Rica em 1877. Ali fundou o primeiro colégio para mulheres em Cartago, a 23 k desta capital, onde se encontra a Basílica da Rainha dos Anjos, Padroeira da Costa Rica.
     Em 1886, Madre Encarnação fundou um orfanato-asilo em San José. Todavia, novamente precisou abandonar o país quando outro governo assumiu o poder, expulsando as ordens religiosas e impondo a educação laica. Madre Encarnação também fundou casas na Colômbia e no Equador, sofrendo o desterro que lhe impunham as autoridades Guatemaltecas.
     Assim que precisou abandonar a Costa Rica, Madre Encarnação instalou-se na Colômbia. Na cidade de Pasto fundou outro lar para meninas pobres e desamparadas. Ela é considerada como uma das pioneiras da formação integral da mulher no continente latino-americano.
     A incansável peregrina estabeleceu posteriormente a Ordem Betlemita no Equador, em Tulcán e Otavalo.
     Madre Maria Encarnação morreu em 24 de agosto de 1886 após cair do cavalo que a transportava de Tulcán até o Santuário de Las Lajas, em Otavalo. Seu corpo foi transladado à cidade de Pasto, onde se conserva incorrupto, na Escola do Sagrado Coração de Jesus, Belemitas, Pasto.
     A causa de sua beatificação foi introduzida em 23 de abril de 1976. O Decreto de aprovação do milagre foi firmado em 17 de dezembro de 1996. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 4 de maio de 1997, na Praça de São Pedro, em Roma.
     Atualmente, sua obra está presente na Itália, África, Índia, Espanha, Venezuela, Equador, Estados Unidos, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Panamá e Guatemala. A Casa-Mãe situa-se em Bogotá, na Colômbia.
* * *
Devoção das Dores Internas do Coração de Jesus

    
A Madre Maria Encarnação Rosal foi a apóstola desta devoção.
     O principal objetivo desta devoção é honrar as dores internas do Sagrado Coração de Jesus, sendo as dez principais e mais íntimas: 1) A visão de Deus Pai gravemente ofendido; 2) A idolatria disseminada pelo mundo; 3) As heresias que conduzem à ruína os fiéis; 4) Os cismas que desmembram o corpo da Sua Santa Igreja; 5) A apostasia de tantos maus católicos; 6) O esquecimento das Suas benevolências e o desprezo das Suas Graças e dos Sacramentos; 7) A frieza e indiferença dos Seus pela Sua dolorosa Paixão; 8) Os escândalos e os sacrilégios dos maus sacerdotes; e sua negligência no cumprimento dos ofícios litúrgicos; 9) A violação dos Votos por parte das suas esposas; 10) A perseguição contra os justos.
     Na véspera da Quinta-Feira Santa, 9 de abril de 1857, perto do amanhecer, Madre Encarnação foi ao coro para meditar sobre a traição de Judas e a dor do coração de Cristo durante a oração no Getsêmani. “Enquanto eu estava em oração – a própria Madre narrou – ouvi uma voz interior me dizendo: “Ninguém celebra as dores do meu Coração”. Estas palavras foram para a Madre Encarnação um chamado particular para honrar e fazer desagravos ao Coração de Cristo pelo o mal, ingratidão e pecados da humanidade.
     Depois disso, Madre Encarnação consultou o seu confessor, Monsenhor Piñol, sobre o ocorrido, bem como o Arcebispo Frei Francisco de Paula García y Pelaez, arcebispo da Guatemala, mas nenhum dos dois lhe deu maior atenção. Nos quinze dias seguintes, a voz continuou a ressoar na Beata.
     Por volta do mês de maio, novamente entre duas e três da manhã, Madre Maria Encarnação passa pelo claustro das Irmãs e nota uma luz, e entre esta luz aparece Jesus Ressuscitado. Ela relata que o sangue escorria de todos os poros de Jesus que, tirando o Coração, mostrou-o trespassado por dez dardos cruéis, devido à violação dos dez mandamentos.
     Em julho uma epidemia de cólera estava acontecendo na Guatemala; duas irmãs foram vítimas desta epidemia e outras estavam gravemente doentes. Uma noite a Madre Encarnação sentiu uma amargura no coração e sentiu outras angústias, então pensou em promover a celebração das dores do Coração de Jesus e se ofereceu para trabalhar por esta intenção. Naquele momento, a calma voltou ao seu coração. Em uma segunda noite, Madre Encarnação voltou a sentir a amargura no coração, então disse para Jesus que comunicaria sua promessa de divulgar as dores internas do Sagrado Coração ao seu confessor e a paz voltou ao seu interior. Em uma terceira noite ela sentiu as mesmas dores no coração e prometeu ao Senhor que passaria por vergonha, contradições, trabalho e dificuldades para estabelecer e promover a devoção às Dores Internas do Coração de Jesus.
     Como prometido, Madre Encarnação conta a seu confessor e diretor espiritual tudo que aconteceu. Monsenhor Piñol lhe concede a permissão e ela começou a pedir esmolas para organizar um pequeno altar e uma celebração em homenagem às Dores internas do Coração de Jesus, pensando em fazê-lo em 25 de agosto do mesmo ano.
     O Arcebispo concedeu-lhe a licença para a referida celebração e também ordenou que a cada 25 dias de cada mês fosse realizado um ato de reparação no Convento de Belém Madre Encarnação observou que a partir de 25 de agosto a epidemia de cólera, assim como suas devastações, diminuiu no país até desaparecer por completo.
 
Explicação da Imagem

    
A imagem é uma inspiração que Madre Encarnação recebeu de Jesus. O Sagrado Coração marcado com dez dardos, sete ao redor e três no centro.


 
Tradução e Adaptação: Gisèle Pimentel gisele.pimentel@gmail.com
Beata Maria Encarnaciòn Rosal (santiebeati.it)
 
Postado neste blog em 23 de agosto de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário