segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Mélanie Calvat, a vidente de La Salette

     
Há 191 anos, no dia 7 de novembro de 1831, Mélanie Calvat nascia em Corps (Grenoble, França). Era a 4ª de dez filhos da família de um lenhador. Colocada ao serviço dos agricultores locais, em 19 de setembro de 1846, enquanto pastoreava perto da aldeia de La Salette, junto com Maximino Giraud (1835 -1875), tornou-se protagonista de uma das grandes aparições marianas dos séculos XIX e XX: Rue du Bac (1830), Lourdes (1858) e Fátima (1917).
     Os dois adolescentes viram uma mulher sentada com a cabeça entre as mãos, os cotovelos sobre os joelhos, numa atitude de profunda tristeza. Vestia-se como as mulheres da região e tinha no pescoço um colar com um crucifixo em cujos lados apareciam os símbolos da Paixão de Jesus: um alicate e um martelo. A "Bela Senhora" - como a chamaram os dois videntes - passou-lhes uma longa mensagem a ser transmitida. Mélanie e Maximino contaram o que aconteceu para o pároco e a partir desse dia toda a comunidade ficou agitada.
     Desde o início acreditava-se que a "Bela Senhora" de "La Salette" era a Santíssima Virgem que aparecera naquela tarde de sábado, em que se iniciava, com o Ofício, a festa litúrgica de Nossa Senhora das Dores, então celebrada no 3º domingo de setembro.
     Começaram as peregrinações ao local da aparição - onde nasceu uma fonte de água que começou a operar milagres – e uma comissão de teólogos e eclesiásticos analisou a mensagem que, em 1851, teve sua veracidade aprovada bispo de Grenoble, Philibert de Bruillard. Isto abriu caminho para a devoção a Nossa Senhora de La Salette expandir-se na França e no exterior.
     No ano seguinte, o Bispo instituiu a congregação dos Missionários de Nossa Senhora de La Salette e começou a construção de um santuário dedicado a Virgem ‘Reconciliadora dos pecadores’ no lugar da aparição, que em 1879 foi elevado à categoria de Basílica.
     A partir da Aparição, Mélanie Calvat iniciou um caminho de sofrimentos e de mal-entendidos que se estenderam por toda sua vida. Ela passou quatro anos nas Irmãs da Providência em Corps, mas foi o novo bispo de Grenoble, Mons. Jacques Marie Achille Ginoulhiac, que se recusou a aceitar os seus votos religiosos.
Mélanie e Maximino
     Para escapar de Napoleão III, a quem ela acusou de cesaropapismo, e do clero francês, que se lhe tornara amplamente hostil, Mélanie começou seu êxodo pela Europa até aterrissar na Itália, em Castellammare di Stabia (Nápoles). Ali ela passou 17 anos sob a direção espiritual do Abade Luís Salvatore Zola (1822-1898) dos Cônegos Regulares Lateranenses (**)
     Depois, quando este foi nomeado arcebispo de Lecce, em 1892, ela o seguiu mudando-se para Galatina (Lecce). E na pequena cidade de Salento, no dia 8 e 9 de agosto de 1897, ela conheceu o Padre Aníbal Maria de França (fundador dos Rogacionistas, canonizado em 2004). Dele lhe haviam falado o Cônego Vincenzo De Angelis de Oria, confessor de Maria Palma Matarrelli, de quem Mélanie também tinha se aproximado em segredo, e o beato de Palermo, Giacomo Gusman. O padre a tinha procurado com insistência convidando-a a assumir o ramo feminino de sua obra, ameaçado de supressão devido a uma série de incidentes desagradáveis e ​​de intrigas.
     Dada a gravidade das circunstâncias, Mélanie aceitou o convite e no dia 14 de setembro de 1897 foi para Messina e pôs mãos às rédeas com decisão diante da situação delicada. O Padre Aníbal convidou todos a seguirem as suas instruções: "Coragem, a Superiora é uma santa, ela falou com Nossa Senhora: por isso sejam felizes em obedecê-la”. As dificuldades foram superadas e assim como uma rajada de ar a sua presença limpou o ambiente de brigas e descontentamentos. E isto foi suficiente para tranquilizar a autoridade eclesiástica. Depois de pouco mais de um ano, Mélanie deixou Messina assegurando ao Padre: "Eu sou de vossa Congregação".
     Para agradecer à Virgem Maria pela presença de Mélanie e a fim de mantê-la em Messina, em 2 de agosto de 1898, o Padre Aníbal fez uma peregrinação a La Salette. Aquele ano de bênção foi considerado o início efetivo da obra feminina graças às orações e à ação de Melanie; como consequência, o Padre quis inclui-la como cofundadora do Instituto.
     Depois dela ainda ter estado na França e na Itália, em 16 de junho de 1904, Mélanie se retirou incógnita em Altamura (Bari), onde faleceu em 14 de dezembro de 1904.
     Ao ler um relato de sua vida em 1910, o Papa São Pío X exclamou ao bispo de Altamura, em cuja diocese havia morrido e fora enterrada, "Santa! Santa!" Sugeriu ao bispo que se apresentasse imediatamente sua causa de beatificação. Apesar disto, Mélanie Calvat não está atualmente beatificada nem canonizada pela Igreja Católica.
A "mensagem" e os "segredos" de La Salette
     Deve-se distinguir o conteúdo da "mensagem" e dos "segredos" de La Salette.
     Na mensagem que Maria deu aos dois adolescentes, enquanto se queixava com eles dos pecados da humanidade admoestava as pessoas a se converterem, a respeitar o dia santo dedicado a Deus, a condenarem as blasfêmias. Era um convite à penitência para afastar as catástrofes naturais, para escapar da punição divina, mas também para difundir o Evangelho da misericórdia e da reconciliação no mundo todo.
     Pelo contrário, os "segredos" confiados aos dois videntes foram divididos da seguinte forma: o segredo de Mélanie consistia no anúncio de grandes calamidades para a França e para a Europa, com referências ao anticristo e à ruína de Paris, e uma dura repreensão contra pessoas consagradas, mas infiéis; o segredo confiado a Maximino Giraud anunciava a misericórdia e a esperança.
     Em julho de 1851, a pedido da autoridade eclesiástica, Mélanie e Maximino escreveram seu segredo, que foi entregue ao Papa Pio IX.
     Enquanto isso o "segredo", lançado na íntegra em 1858, com a sua linguagem profética, repreensões tristes e o patético apelo ao clero, os anúncios de castigos da justiça divina, foram julgados muito duros e a ira de uma grande parte do episcopado francês chegou a tons inéditos. Mélanie foi reputada exaltada, louca, visionária e o segredo nascido de sua mente desequilibrada.
Sto Aníbal e Mélanie
     
Santo Aníbal, entretanto, diria dela: “Sabei que a França inteira ficará tomada de uma santa inveja para convosco no dia em que, como queremos esperar, este túmulo será glorificado não mais com o simples concurso vosso, altamuranos e futuras filhas deste pio instituto, mas com o concurso de peregrinos de diversos povos que, além da própria França, aqui virão para prestar honras à afortunada pastorinha de La Salette, quando a Santa Igreja a terá elevado aos altares, rodeada com a luminosa auréola dos Santos!
 
(*)     Santo Aníbal Maria De França (1851 - 1927) deve seu nome a um ancestral da casa real da França. Este ancestral era irmão do rei São Luís, cujo nome é Carlos de Anjou (seu título na família real).
     Ele é o fundador das Congregações Religiosas dos Rogacionistas e das Filhas do Zelo Divino. Esta segunda ordem foi fundada com a ajuda de Mélanie de la Salette.
     Foi canonizado em 16 de maio de 2004 por João Paulo II: perspicaz e possuidor de notáveis ​​habilidades literárias, respondeu generosamente ao chamado do Senhor assim que o ouviu, adaptando esses talentos ao seu ministério. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14,23).
 
(**) O Servo de Deus, Mons. Luís Salvatore Zola, foi um dos primeiros e o mais convicto apoiador de Mélanie. Em 1879 concedeu o imprimatur à publicação editada pela mesma Mélanie Calvat sobre a história da aparição de La Salette e seu "segredo".
 
Fonte: http://www.padreannibale.altervista.org/Padre_Annibale/index.html
 
* * *

     No livro de Pie Regamey, “Les plus beaux textes sur la Vierge” – Os mais belos textos sobre a Virgem – (Livre De Poche Chrétien, 1962), vem um depoimento feito por Mélanie Calvat (excertos):
     “A Santíssima Virgem era alta e bem proporcionada. Parecia tão leve que um sopro poderia atingi-La. Entretanto, Ela permanecia imóvel e inalterável”.
     “Sua fisionomia era majestosa, imponente, mas não imponente como são as grandes da terra. Ela impunha um temor respeitoso, ao mesmo tempo em que sua majestade impunha respeito entremeado de amor. Ela atraía”.
     “Ao seu redor, como em sua pessoa, tudo inspirava majestade, esplendor, magnificência de uma rainha incomparável. Ela parecia bela, clara, imaculada, cristalina, celeste”.
     “Parecia-me também como uma boa mãe cheia de bondade, amabilidade, amor para conosco, compaixão e misericórdia”.
     Mélanie descreveu também o pranto de Nossa Senhora:
     “A Santa Virgem chorava quase o tempo todo enquanto falava. Suas lágrimas corriam lentamente até os joelhos e desapareciam como faíscas de luz”.
     “Eram brilhantes e cheias de amor. Eu desejava consolá-la, para que não chorasse mais. Mas me parecia que tinha necessidade de mostrar suas lágrimas, para melhor evidenciar seu amor esquecido pelos homens”.
     “Eu quis me jogar nos seus braços e dizer-lhe: Minha mãe querida, não choreis! Quero vos amar por todos os homens da terra. Mas parece que Ela dizia: Há tantos que não me conhecem".
     “As lágrimas de nossa terna mãe, longe de diminuir seu ar de Majestade, Rainha e Senhora, pareciam embelezá-la, torná-la mais bela, mais poderosa, mais cheia de amor, mais maternal, mais encantadora. Eu talvez tivesse ingerido suas lágrimas, que faziam meu coração estremecer de compaixão e de amor”.
     “É compreensível que vendo chorar uma mãe, e uma tal mãe, se queira empregar todos os meios imagináveis para a consolar, para transformar suas dores em alegria”.
 
Para saber mais sobre as Aparições de La Salette acesse:
http://aparicaodelasalette.blogspot.com.br
 
Postado neste blog em 7 de novembro de 2013

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