Angadrisma
(Angadrême, em francês) nasceu na diocese de Thérouanne, no início do século
VII, na nobre família dos condes de Boulogne, em Morins (Pas-de-Calais), no
norte da França. Era a filha única de Roberto, amigo e sucessor de Santo Omer
no cargo de Guarda dos Selos na corte de Clotário III (657-673).
Santo Omer, Bispo de Thérouanne e preceptor da criança, ensinou a ela os preceitos do Evangelho e formou sua alma na piedade. Estimulada por seu primo São Lamberto de Lyon, que decidira ser monge em Fontenelle, Angadrisma fez secretamente o voto de virgindade. Seu pai, ignorando sua decisão, projetou casá-la com Ansberto, filho de um rico senhor de Chaussy, chamado Siwin. Mas Ansberto, ele mesmo também havia feito voto de virgindade, e seria no futuro Santo Ansberto, o Bispo de Rouen.
Para evitar o indesejado casamento, Angadrisma rezou pedindo para se tornar menos atraente fisicamente. Suas orações tiveram como resultado que ela contraísse a lepra. Diante da tristeza e da inquietação de seu pai, ela garantiu-lhe que, como ela havia prometido ser esposa de Jesus Cristo, Ele a protegeria e a defenderia daquela deformação. O pai renunciou então ao casamento e a levou para Rouen para apresentá-la a São Audoeno. Foi das mãos deste santo que ela recebeu o hábito religioso. A partir desse dia, a doença desapareceu milagrosa e repentinamente.
O Mosteiro de Oroër
Sua vida monástica era, para dizer pouco, exemplar. Cerca do ano 660, Angadrisma passou a dirigir uma comunidade de virgens e viúvas no convento que seu pai havia construído para ela próximo de Beauvais, ao lado do oratório de Santo Ebrulfo.
Este mosteiro era muito provavelmente aquele situado em Oroër, pequena aldeia distante duas léguas da cidade de Beauvais, na rota de Amiens, entre Guignecourt e Abbeville-Saint-Lucien, no cantão de Nivillers.
Um dia o mosteiro foi ameaçado pelas chamas de um incêndio. Angadrisma extinguiu o incêndio enfrentando-o com a exposição das relíquias de Santo Ebrulfo.
Em seu mosteiro ela conduzia as companheiras à virtude mais pelo império de seu exemplo do que pela autoridade de suas ordens. Com efeito, ela era vista assiduamente na oração, humilde, modesta nas suas vestimentas de tecido grosseiro, cuidando dos pobres, usando uma linguagem inspirada nas Sagradas Escrituras e lhes inspirando o amor de Deus.
Santa Angadrisma dirigiu o mosteiro durante trinta anos e faleceu no dia 14 de outubro de 695.
Venerada como Santa imediatamente, foi incluída entre os patronos de Beauvais e é invocada contra os incêndios e as calamidades públicas. Suas relíquias foram transladadas em várias ocasiões devido à destruição do mosteiro pelos normandos e depois pela Revolução Francesa; repousam hoje na Catedral de Beauvais.
A
Abadia Real das Beneditinas de São Paulo
O mosteiro de Santa Angadrisma foi destruído pelos normandos em 851. Suas ruínas, propriedade da Igreja de Beauvais, serviram de fundamento para a Abadia de São Paulo. O Bispo de Beauvais, Druon, conhecido pelo seu zelo pelas casas religiosas, favoreceu esta edificação. É hoje conhecida como uma das mais belas e mais antigas abadias da França. Portanto, a Abadia de São Paulo sucedeu ao Mosteiro de Oroër, mas não é contemporânea aquela fundação, pois data de 1032 e 1040.
Os bispos e senhores de Beauvais asseguraram grandes riquezas a este mosteiro. As abadessas pertenciam, na sua grande maioria, a famílias abastadas, o que concorreu para o renome do mosteiro. Durante a Revolução Francesa, grande parte de suas instalações foram destruídas.
As relíquias
A tradição narra que Angadrisma, então Abadessa de Oroër, vindo fazer suas orações na Igreja de São Miguel de Beauvais, tendo encontrado a lamparina apagada, foi pedir fogo a um padeiro vizinho. Este, sentindo-se importunado, lançou-lhe violentamente carvões ardentes, que ela recebeu em suas vestimentas sem que elas se incendiassem. Assustado, o padeiro se lançou aos seus pés.
Este acontecimento fez que se preferisse a Igreja de São Miguel à Catedral para aí serem transferidas as relíquias da Santa quando da invasão dos normandos. Esta Igreja de São Miguel foi destruída em 1810 e substituída por uma via chamada Rua Deux-Places, hoje em dia Rua Jean-Vast.
Seus milagres
Após sua morte, os milagres se sucederam. No século IX, suas relíquias preservaram a cidade de Beauvais da fúria dos bárbaros. Mais tarde, a cidade foi protegida dos ingleses. Mas, especialmente em 1472 os habitantes de Beauvais sentiram a proteção da Santa. Oitenta mil homens da Bourgogne cercaram Beauvais e a cidade estava prestes a ser tomada. O relicário da Santa foi levado para as muralhas. A vista dele a coragem foi retomada entre os habitantes de Beauvais e os invasores foram repelidos. O relicário da libertadora foi levado triunfalmente ao santuário de São Miguel.
A partir desta data, o culto de Santa Angadrisma, que o Bispo de Beauvais Jean de Marigny havia retomado em 1321, tornou-se mais presente do que nunca. Luís XI instituiu uma procissão anual para que se recordasse a Bem-aventurada.
Abolida durante a Revolução Francesa, desde 1805, no 1º Império, a procissão foi restabelecida. A procissão partia da Catedral e ia cerimoniosamente até a prefeitura. Mas o cortejo religioso foi suprimido em 1839. Novamente restabelecido em 1848, a procissão vai então sofrer os efeitos da política.
Depois de muitas idas e vindas, após a 1ª Guerra Mundial a comemoração tomou uma característica turística: desfiles militares, cenas teatrais, reconstituições históricas, e ainda se mantém até nossos dias.
Santo Omer, Bispo de Thérouanne e preceptor da criança, ensinou a ela os preceitos do Evangelho e formou sua alma na piedade. Estimulada por seu primo São Lamberto de Lyon, que decidira ser monge em Fontenelle, Angadrisma fez secretamente o voto de virgindade. Seu pai, ignorando sua decisão, projetou casá-la com Ansberto, filho de um rico senhor de Chaussy, chamado Siwin. Mas Ansberto, ele mesmo também havia feito voto de virgindade, e seria no futuro Santo Ansberto, o Bispo de Rouen.
Para evitar o indesejado casamento, Angadrisma rezou pedindo para se tornar menos atraente fisicamente. Suas orações tiveram como resultado que ela contraísse a lepra. Diante da tristeza e da inquietação de seu pai, ela garantiu-lhe que, como ela havia prometido ser esposa de Jesus Cristo, Ele a protegeria e a defenderia daquela deformação. O pai renunciou então ao casamento e a levou para Rouen para apresentá-la a São Audoeno. Foi das mãos deste santo que ela recebeu o hábito religioso. A partir desse dia, a doença desapareceu milagrosa e repentinamente.
O Mosteiro de Oroër
Sua vida monástica era, para dizer pouco, exemplar. Cerca do ano 660, Angadrisma passou a dirigir uma comunidade de virgens e viúvas no convento que seu pai havia construído para ela próximo de Beauvais, ao lado do oratório de Santo Ebrulfo.
Este mosteiro era muito provavelmente aquele situado em Oroër, pequena aldeia distante duas léguas da cidade de Beauvais, na rota de Amiens, entre Guignecourt e Abbeville-Saint-Lucien, no cantão de Nivillers.
Um dia o mosteiro foi ameaçado pelas chamas de um incêndio. Angadrisma extinguiu o incêndio enfrentando-o com a exposição das relíquias de Santo Ebrulfo.
Em seu mosteiro ela conduzia as companheiras à virtude mais pelo império de seu exemplo do que pela autoridade de suas ordens. Com efeito, ela era vista assiduamente na oração, humilde, modesta nas suas vestimentas de tecido grosseiro, cuidando dos pobres, usando uma linguagem inspirada nas Sagradas Escrituras e lhes inspirando o amor de Deus.
Santa Angadrisma dirigiu o mosteiro durante trinta anos e faleceu no dia 14 de outubro de 695.
Venerada como Santa imediatamente, foi incluída entre os patronos de Beauvais e é invocada contra os incêndios e as calamidades públicas. Suas relíquias foram transladadas em várias ocasiões devido à destruição do mosteiro pelos normandos e depois pela Revolução Francesa; repousam hoje na Catedral de Beauvais.
O mosteiro de Santa Angadrisma foi destruído pelos normandos em 851. Suas ruínas, propriedade da Igreja de Beauvais, serviram de fundamento para a Abadia de São Paulo. O Bispo de Beauvais, Druon, conhecido pelo seu zelo pelas casas religiosas, favoreceu esta edificação. É hoje conhecida como uma das mais belas e mais antigas abadias da França. Portanto, a Abadia de São Paulo sucedeu ao Mosteiro de Oroër, mas não é contemporânea aquela fundação, pois data de 1032 e 1040.
Os bispos e senhores de Beauvais asseguraram grandes riquezas a este mosteiro. As abadessas pertenciam, na sua grande maioria, a famílias abastadas, o que concorreu para o renome do mosteiro. Durante a Revolução Francesa, grande parte de suas instalações foram destruídas.
As relíquias
A tradição narra que Angadrisma, então Abadessa de Oroër, vindo fazer suas orações na Igreja de São Miguel de Beauvais, tendo encontrado a lamparina apagada, foi pedir fogo a um padeiro vizinho. Este, sentindo-se importunado, lançou-lhe violentamente carvões ardentes, que ela recebeu em suas vestimentas sem que elas se incendiassem. Assustado, o padeiro se lançou aos seus pés.
Este acontecimento fez que se preferisse a Igreja de São Miguel à Catedral para aí serem transferidas as relíquias da Santa quando da invasão dos normandos. Esta Igreja de São Miguel foi destruída em 1810 e substituída por uma via chamada Rua Deux-Places, hoje em dia Rua Jean-Vast.
Seus milagres
Após sua morte, os milagres se sucederam. No século IX, suas relíquias preservaram a cidade de Beauvais da fúria dos bárbaros. Mais tarde, a cidade foi protegida dos ingleses. Mas, especialmente em 1472 os habitantes de Beauvais sentiram a proteção da Santa. Oitenta mil homens da Bourgogne cercaram Beauvais e a cidade estava prestes a ser tomada. O relicário da Santa foi levado para as muralhas. A vista dele a coragem foi retomada entre os habitantes de Beauvais e os invasores foram repelidos. O relicário da libertadora foi levado triunfalmente ao santuário de São Miguel.
A partir desta data, o culto de Santa Angadrisma, que o Bispo de Beauvais Jean de Marigny havia retomado em 1321, tornou-se mais presente do que nunca. Luís XI instituiu uma procissão anual para que se recordasse a Bem-aventurada.
Abolida durante a Revolução Francesa, desde 1805, no 1º Império, a procissão foi restabelecida. A procissão partia da Catedral e ia cerimoniosamente até a prefeitura. Mas o cortejo religioso foi suprimido em 1839. Novamente restabelecido em 1848, a procissão vai então sofrer os efeitos da política.
Depois de muitas idas e vindas, após a 1ª Guerra Mundial a comemoração tomou uma característica turística: desfiles militares, cenas teatrais, reconstituições históricas, e ainda se mantém até nossos dias.
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