Catarina Jarrige - conhecida como "Catinon-Menette" em seu
dialeto local - veio ao mundo no dia 4 de outubro de 1754, em
Doumis, Cantal, França. A última a nascer numa família de sete filhos, ela
tinha três irmãos e três irmãs. Era uma família de agricultores pobres. Pierre
Jarrige, o pai, trabalhava duro para sustentar os seus. Sua mãe chamava-se Maria Célarier. A
família toda se acomodava em uma única peça da casa.
Catarina levava a vida simples de uma pequena camponesa pobre de seu tempo. Na época, a escolaridade não era obrigatória e, como muitas meninas de então, não frequentou a escola. Ela adquiriu aquela sabedoria rural transmitida pela experiência e ensinamento dos mais velhos, o contato cotidiano com a natureza e o Catecismo. Ela vivia nos campos com seus irmãos e as crianças dos arredores. Ela guardava as cabras e as ovelhas, levando-as para pastar.
Aos dez anos, para auxiliar nas despesas da
casa, Catarina foi trabalhar como doméstica em uma fazenda. Seus patrões
ficaram satisfeitos com sua operosidade.
Quanto tinha doze ou treze anos, Catarina fez sua Primeira Comunhão. Para isto ela se preparou com todo cuidado e, de maneira geral, o fato produziu uma mudança nela. Na adolescência, se tornou mais séria, dedicada à oração.
Em 22 de dezembro de 1767, sua mãe faleceu na idade de 47 anos. Catarina tinha 13 anos e dois meses.
Embora sua infância pobre tivesse sido calma e piedosa, não faltaram as dificuldades e estas provas forjaram uma alma forte e corajosa. Catarina era alegre, jamais perdia o bom humor, risonha sempre e um pouco travessa.
Crescendo, Catarina aprendeu a dançar, uma das poucas alegrias no meio rural de então. Ela se apaixonou pela dança. Catarina gostava de dançar bourrée (uma dança de origem francesa dançada com dois tempos rápidos, de alguma forma semelhante a gavotte). No casamento de sua irmã foi vista sendo a primeira fazendo esta dança, embora na manhã seguinte tenha prometido nunca mais fazê-la - e ela nunca mais o fez; quando tomou consciência que o Senhor a chamava para algo maior, renunciou a este inocente prazer, não sem uma enorme batalha para dominar sua natureza impetuosa.
Este sacrifício ela o fez para colocar-se a serviço dos pobres, dos órfãos e dos doentes, se consagrando a Deus. Em 1774 ela foi para Mauriac com sua irmã Toinette para estabelecer-se como rendeira.
Como sua patrona, Santa Catarina de Siena, ela escolheu a Ordem Terceira Dominicana para nela ingressar em 1776. As terciárias faziam votos, mas viviam no mundo, onde eram chamadas de “menette” ou “monjinha”, em português, e Catarina ficou conhecida como “Catinon-Menette”, uma forma carinhosa de tratá-la.
As terciárias deviam ser, no meio de seus
contemporâneos, testemunhas da ternura de Deus. A regra prescrevia horas de
oração, assistência cotidiana a Missa, a recitação do rosário, o serviço dos
mais pobres, dos doentes e dos órfãos, e a catequese.
Durante 60 anos, até a idade de 82 anos, ela serviu
os mais necessitados. Para ajudá-los, ela procurava os mais afortunados e lhes
pedia donativos. E ela sabia insistir junto aos recalcitrantes despertando suas
consciências e concluindo: - “Vamos, vamos, dê ou eu pego”. Muitos foram
doadores por muitos anos. Ela era realmente “a Menette dos pobres”, "a
monjinha dos pobres".
Quando encontrava uma criança órfã, ou pobre,
sofredora, Catarina a tomava pela mão, a levava para sua casa, ou para alguma
casa de caridade, e ali a aquecia, servia alimento, arrumava sua roupa. E a
mandava de volta com o que ela podia dar.
Amiga dos pobres, ela mesma vivia numa grande pobreza. Ela vivia com sua irmã numa pobre mansarda. Quantas vezes ela doou suas roupas ou seus calçados! Ela dava seu próprio alimento... Sua força vinha da oração que ela fazia na igreja, em sua casa, e até mesmo nas ruas da cidade.
Durante a Revolução Francesa, Catarina sentiu enormemente a dilaceração da Igreja, o cisma, resultante da Constituição Civil do Clero. Havia então duas Igrejas na França. Ela sofria por ver a lei francesa consagrar a ruptura da comunhão com a Igreja de Roma, com o Papa, a supressão da vida consagrada, da vida religiosa, a descristianização sob o Terror, as perseguições injustas contra o clero refratário.
Durante a tormenta, ela compreendeu que o que estava em jogo era a sobrevivência da Igreja, a continuação do anúncio do Evangelho pela Igreja de Cristo. Recusou-se a assistir os ofícios do clero constitucional e começou a ajudar os refratários perseguidos a exercerem seu ministério clandestinamente. Ela escondeu dois refratários em sua casa.
Em pleno Terror, Catarina ajudava os padres que se recusaram
a fazer o juramento de fidelidade ao novo regime e os escondeu para que
pudessem celebrar a Missa e ajudou-os em seu trabalho, arriscando sua vida
várias vezes. Catarina também adquiriu vestimentas para eles em segredo, bem
como vinho e hóstias para celebrar a Missa e conseguiu salvar todos os padres,
exceto um: o Abade François Filiol. Em 1793 Catarina acompanhou-o à forca
para consolá-lo e, após sua execução, pegou um pouco de seu sangue e espalhou-o
no rosto de uma criança cega que foi curada. O carrasco percebeu e começou a
perder a compostura: “Estou perdido! Estou perdido. Eu matei um santo!”. Uma história divertida diz que ela
disfarçou um padre de camponês para tirá-lo da área e o encharcou com vinho
para criar a ilusão de que ele estava bêbado e a ele pediu que andasse como se
estivesse. Catarina também pediu que fosse ela quem falasse se um soldado se
aproximasse deles, o que aconteceu, e começou a repreender o padre como se ele
fosse seu marido. O soldado aproximou-se deles e disse ao padre disfarçado: “Cidadão,
se eu tivesse uma mulher assim afogá-la-ia no rio mais próximo”, e o padre respondeu:
“Cidadão, eu também!”
Ela foi presa várias vezes; foi levada a julgamento uma vez e foi liberada por falta de provas e porque as autoridades temiam tumultos, já que ela era uma figura popular. Ela não temia arriscar sua vida. A lei punia os suspeitos e os receptadores de padres refratários.
Passada a época terrível da Revolução, ela
continuou a levar sua ajuda ao clero para reconstruir a paróquia de Mauriac.
Até 1836, ela trabalhou incessantemente junto aos pobres, órfãos e doentes.
Após uma vida plena de serviço e de amor a Igreja e aos pobres, Catinon-Menette entregou sua alma a Deus no dia 4 de julho de 1836.
Toda a região se mobilizou para as exéquias. Todos lamentavam sua perda: ricos e pobres tributam a ela uma última homenagem e esperam guardar alguma lembrança sua. Seu túmulo sempre florido revelava pedidos de sua intercessão junto a Nosso Senhor pelos doentes, pelos necessitados, pelas vocações...
O Padre Cormier, da Diocese de Saint-Flour deu início ao processo de sua beatificação em 1911. Em 12 de junho de 1929, sob o Papa Pio XI, ela recebeu o título de Serva de Deus, enquanto a confirmação de sua vida de virtude heroica, em 16 de janeiro de 1953, permitiu que o Papa Pio XII a intitulasse Venerável. O Papa João Paulo II a beatificou na Praça de São Pedro, em Roma, em 24 de novembro de 1996, depois de confirmar um milagre atribuído a ela. Sua festa litúrgica é 4 de julho.
Catherine Jarrige – Wikipédia, a
enciclopédia livre (wikipedia.org)
Catarina levava a vida simples de uma pequena camponesa pobre de seu tempo. Na época, a escolaridade não era obrigatória e, como muitas meninas de então, não frequentou a escola. Ela adquiriu aquela sabedoria rural transmitida pela experiência e ensinamento dos mais velhos, o contato cotidiano com a natureza e o Catecismo. Ela vivia nos campos com seus irmãos e as crianças dos arredores. Ela guardava as cabras e as ovelhas, levando-as para pastar.
Quanto tinha doze ou treze anos, Catarina fez sua Primeira Comunhão. Para isto ela se preparou com todo cuidado e, de maneira geral, o fato produziu uma mudança nela. Na adolescência, se tornou mais séria, dedicada à oração.
Em 22 de dezembro de 1767, sua mãe faleceu na idade de 47 anos. Catarina tinha 13 anos e dois meses.
Embora sua infância pobre tivesse sido calma e piedosa, não faltaram as dificuldades e estas provas forjaram uma alma forte e corajosa. Catarina era alegre, jamais perdia o bom humor, risonha sempre e um pouco travessa.
Crescendo, Catarina aprendeu a dançar, uma das poucas alegrias no meio rural de então. Ela se apaixonou pela dança. Catarina gostava de dançar bourrée (uma dança de origem francesa dançada com dois tempos rápidos, de alguma forma semelhante a gavotte). No casamento de sua irmã foi vista sendo a primeira fazendo esta dança, embora na manhã seguinte tenha prometido nunca mais fazê-la - e ela nunca mais o fez; quando tomou consciência que o Senhor a chamava para algo maior, renunciou a este inocente prazer, não sem uma enorme batalha para dominar sua natureza impetuosa.
Este sacrifício ela o fez para colocar-se a serviço dos pobres, dos órfãos e dos doentes, se consagrando a Deus. Em 1774 ela foi para Mauriac com sua irmã Toinette para estabelecer-se como rendeira.
Como sua patrona, Santa Catarina de Siena, ela escolheu a Ordem Terceira Dominicana para nela ingressar em 1776. As terciárias faziam votos, mas viviam no mundo, onde eram chamadas de “menette” ou “monjinha”, em português, e Catarina ficou conhecida como “Catinon-Menette”, uma forma carinhosa de tratá-la.
Amiga dos pobres, ela mesma vivia numa grande pobreza. Ela vivia com sua irmã numa pobre mansarda. Quantas vezes ela doou suas roupas ou seus calçados! Ela dava seu próprio alimento... Sua força vinha da oração que ela fazia na igreja, em sua casa, e até mesmo nas ruas da cidade.
Durante a Revolução Francesa, Catarina sentiu enormemente a dilaceração da Igreja, o cisma, resultante da Constituição Civil do Clero. Havia então duas Igrejas na França. Ela sofria por ver a lei francesa consagrar a ruptura da comunhão com a Igreja de Roma, com o Papa, a supressão da vida consagrada, da vida religiosa, a descristianização sob o Terror, as perseguições injustas contra o clero refratário.
Durante a tormenta, ela compreendeu que o que estava em jogo era a sobrevivência da Igreja, a continuação do anúncio do Evangelho pela Igreja de Cristo. Recusou-se a assistir os ofícios do clero constitucional e começou a ajudar os refratários perseguidos a exercerem seu ministério clandestinamente. Ela escondeu dois refratários em sua casa.
Ela foi presa várias vezes; foi levada a julgamento uma vez e foi liberada por falta de provas e porque as autoridades temiam tumultos, já que ela era uma figura popular. Ela não temia arriscar sua vida. A lei punia os suspeitos e os receptadores de padres refratários.
Após uma vida plena de serviço e de amor a Igreja e aos pobres, Catinon-Menette entregou sua alma a Deus no dia 4 de julho de 1836.
Toda a região se mobilizou para as exéquias. Todos lamentavam sua perda: ricos e pobres tributam a ela uma última homenagem e esperam guardar alguma lembrança sua. Seu túmulo sempre florido revelava pedidos de sua intercessão junto a Nosso Senhor pelos doentes, pelos necessitados, pelas vocações...
O Padre Cormier, da Diocese de Saint-Flour deu início ao processo de sua beatificação em 1911. Em 12 de junho de 1929, sob o Papa Pio XI, ela recebeu o título de Serva de Deus, enquanto a confirmação de sua vida de virtude heroica, em 16 de janeiro de 1953, permitiu que o Papa Pio XII a intitulasse Venerável. O Papa João Paulo II a beatificou na Praça de São Pedro, em Roma, em 24 de novembro de 1996, depois de confirmar um milagre atribuído a ela. Sua festa litúrgica é 4 de julho.
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