quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Natividade de Nossa Senhora e a Padroeira da India - 8 de setembro

     Esta festa tem sua origem em Jerusalém. Começou a ser celebrada no século V como festa da Basílica Sanctae Mariae ubi nata est, atualmente conhecida como Basílica de Sant’Ana. No século VII, já era celebrada pelas igrejas bizantinas e em Roma como festa do nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria. A festa foi incluída no calendário tridentino em 8 de setembro e permanece até hoje nesta data.
     De acordo com a tradição, Maria nasceu de pais já idosos e estéreis, Joaquim e Ana, como resposta às suas preces. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade alcançaram-lhes o prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus. Residiam em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Sant’Ana; e aí, num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa "Senhora da Luz", passado para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.
     Nenhum acontecimento extraordinário visível acompanhou o nascimento de Maria e os Evangelhos nada dizem sobre sua natividade. No entanto, São João Damasceno afirma que o nascimento a partir de uma mãe estéril já é um sinal das bênçãos especiais que recaem sobre Maria. Ainda, em sua Homilia sobre a Natividade de Maria diz: "Hoje é o começo da salvação do mundo, porque na Santa Probática foi-nos gerada a Mãe de Deus, através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, nos foi gerado".
     No século IV, e posteriormente, no século XV, surgiu a crença que Maria também teria sido concebida por uma virgem, pelo poder do Espírito Santo. Esta crença foi condenada como um erro pela Igreja Católica em 1677. A Igreja ensina que Maria foi concebida de maneira natural, mas foi miraculosamente preservada do pecado original para ser a Mãe de Cristo.
     Assim se exprimiu o Padre Antonio Vieira sobre essa celebração
 
“Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus" (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).
 
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Nossa Senhora de Vailankanni
 
Na Índia, o Santuário dedicado à memória das aparições de Nossa Senhora, cultuada como da Boa Saúde de Vailankanni, é denominado “Lourdes do Oriente” e atrai aproximadamente dois milhões de romeiros por ano.
 
 
     Arokia Matha em língua tamil significa Nossa Senhora da Boa Saúde. Também podemos nos referir a ela como Nossa Senhora de Vailankanni — nome do local, no sul da Índia, onde se encontra o santuário.
     Trata-se do maior ponto de peregrinação dos católicos indianos. A cada ano, milhões de pessoas vão ali pedir graças. O local é realmente protegido pela Santíssima Virgem.
     Exemplo dessa proteção foi o ocorrido durante o tsunami de dezembro de 2004, que matou pelo menos 230.000 pessoas. Enquanto mais de mil delas eram ceifadas num raio de um quilômetro em torno do Santuário, os dois mil devotos que se encontravam em seu interior nada sofreram (¹).
Os três primeiros milagres
     A história do santuário inicia-se com três milagres que a tradição nos transmitiu. O primeiro ocorreu em algum momento do século XVI, quando os portugueses iniciaram o nobre trabalho de conversão do país. São Francisco Xavier já havia passado por lá. Um jovem hinduísta­ — não pertencente, portanto, à pequena comunidade católica da região — carregava certa quantidade de leite para entregar a um freguês. Em determinado momento ele se deteve debaixo de um banyan — árvore do lugar que proporciona muita sombra — localizado perto de um reservatório de água.
     Apareceu-lhe então uma Senhora com um menino nos braços, pedindo-lhe um pouco de leite para dar à criança. Movido por um sentimento de piedade, o rapaz deu certa quantidade de leite à Senhora e continuou seu caminho. Chegando à casa do freguês, pediu desculpas pelo atraso, e pelo fato de trazer menos leite, relatando o ocorrido. Porém, ao abrir o recipiente, verificou que este estava totalmente cheio. O rapaz e o freguês, ambos pagãos, ficaram surpresos e decidiram voltar ao local onde o fato ocorrera. Ao chegarem lá, Nossa Senhora apareceu novamente. Tal lugar ficou conhecido como Matha Kulam, ou o reservatório de água de Nossa Senhora.
     O segundo milagre deu-se alguns anos depois. Desta vez, o beneficiado foi um rapaz inválido que vendia manteiga numa praça da periferia do povoado de Vailankanni. Nossa Senhora lhe apareceu e pediu um pouco de manteiga para dar ao filho. Também impelido pela compaixão, o inválido atendeu ao pedido. A Virgem Santíssima solicitou-lhe então que fosse até o povoado vizinho de Nagapattinam informar da aparição certo católico muito rico que ali morava. O inválido levantou-se e começou a andar, sem se dar conta de início que sua perna estropiada havia sido curada. Ao encontrar o rico católico, este lhe contou que tivera um sonho na noite anterior, no qual Nossa Senhora lhe pedia para construir uma capela. Ambos voltaram então ao local do milagre e tiveram a dita de reencontrar Nossa Senhora. Atendendo ao pedido da Mãe de Deus, ali foi construída uma capela, que recebeu do povo o título de Arokia Matha ou Nossa Senhora da Boa Saúde.
     O terceiro milagre deu-se poucos anos mais tarde. Um navio, no qual viajavam vários comerciantes portugueses, enfrentou tremenda tempestade na Baía de Bengala. Golpeada pelos ventos e pelas ondas, a embarcação naufragou. Os comerciantes, contudo, foram salvos pela intercessão da Virgem e chegaram à praia de Vailankanni. Pediram então aos habitantes da localidade para ir à capela próxima — que não era outra senão a de Vailankanni — agradecer por estarem vivos. E prometeram construir ali uma capela maior e melhor, o que realmente fizeram. Posteriormente, no decurso de subseqüentes visitas, foram acrescentando melhorias à construção. Eles dedicaram esta capela à Natividade de Nossa Senhora, que se celebra no dia 8 de setembro, data em que foram salvos.
Recompensa da generosidade
     Chama a atenção em todos esses relatos o fato de Nossa Senhora ter aparecido a pagãos que viviam em contato com católicos. A Virgem submeteu-os a uma prova solicitando-lhes um gesto de generosidade. Podemos imaginar que eram pobres e que doar parte dos produtos de seu pequeno comércio representava para eles um gesto de desprendimento. E embora talvez tivessem pensado que se atendessem ao pedido passariam alguma necessidade, contudo eles não hesitaram e, movidos por uma graça, fizeram de bom grado a doação, recebendo em troca enorme recompensa.
     Mas como Nossa Senhora ama também os ricos que praticam a virtude, apareceu ainda, segundo a mesma tradição, a outros personagens que possuíam muitos bens. No primeiro caso, ao freguês. Este, ao ouvir o relato do leiteiro, poderia ter-se revoltado. Pelo contrario, ele aceitou a versão do vidente e, depois de constatado o fato surpreendente de que não faltava leite, resolveu voltar com ele ao local da aparição.
Gesto premiado com nova manifestação da Santíssima Virgem
     No segundo caso, é um rico católico que teve um sonho. Mas um sonho é sempre algo duvidoso, pode ser uma imaginação, um engano. Ele é confirmado por um milagre, e o católico rico atende ao pedido feito por Nossa Senhora. Portanto, um ato de generosidade.
     No terceiro caso, embora os comerciantes já tivessem muitos motivos para agradecer à Virgem, eles foram generosos cumprindo de modo superlativo o prometido. Outro caso de liberalidade.
     Nossa Senhora, por assim dizer, pagou a generosidade desses personagens com juros. A quantidade de milagres operados neste santuário é realmente impressionante, a ponto de ser comparado com Lourdes!
Popularidade do santuário
     Por não terem milagres, as religiões falsas não dispõem de locais onde estes ocorrem. Explica-se assim que até indianos não-católicos visitem o Santuário de Nossa Senhora de Vailankanni, edificado em belo estilo neogótico. É para eles um convite à conversão.
     Fato curioso, mas típico dessa região, é que o santuário tornou-se popular sem que a mídia tivesse se ocupado dele. A causa de sua popularidade está no fato de que os peregrinos, ao voltar para suas casas, contavam o que viram. E sendo os indianos muito abertos aos aspectos maravilhosos da vida, explica-se que ainda em nossos dias multidões deles, provenientes até de regiões longínquas, visitem aquela igreja.
     Merece menção o fato de que no museu da Basílica existem tantos ex-votos doados por peregrinos — muitos deles de ouro e prata — que é impossível expô-los todos ao mesmo tempo. Por isso são colocados em caixas, as quais são periodicamente trocadas para dar lugar a novos ex-votos.
 
 (¹) Catolicismo, fevereiro/2005)
Fonte: www.catolicismo.com.br

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