sábado, 15 de outubro de 2011

Santa Edviges, Padroeira da Silésia - Festejada 16 de outubro

     Santa Edviges entrou na história da Polônia, e indiretamente na de toda a Europa, no século XIII, como a mulher perfeita (Pro. 31, 10) de que fala a Sagrada Escritura.
     Ela nasceu em 1174, na região bávara da atual Alemanha, filha da nobre família dos Andechs. Seu pai, Bertoldo, era Duque da Caríntia, Margrave de Meran e Conde do Tirol; sua mãe, Inês de Rochlitz, era igualmente de alta linhagem.
     Edviges na infância possuía uma inteligência não comum, e embora fosse criada em ambiente de luxo e riqueza, notava-se nela uma inclinação bem acentuada para todas as virtudes. O seu bem maior era o amor total a Deus e ao próximo; sua distração era ler e rezar.
     Casou-se com Henrique o Barbudo, príncipe da Silésia (um dos principados da Polônia medieval e atual região administrativa da Polônia), da dinastia dos Piastos, com quem teve seis filhos, sendo que dois deles morreram precocemente.
     Culta, inteligente e esposa dedicada, ela cuidou da formação religiosa dos filhos e do marido. Um dos seus lemas era: "Quanto mais ilustre for pela origem, tanto mais a pessoa se deve distinguir pela virtude, e quanto mais alta a posição social, tanto maior obrigação se tem de edificar o próximo pelo bom exemplo".
     Assistia quotidianamente a tantas Missas quantas lhe era possível, e com tal devoção, que edificava a todos. Submetia-se a jejuns diários, limitando-se a comer alguns legumes secos nos domingos, terças, quintas e sábados. Nas quartas e sextas-feiras, passava somente a pão e água. No tempo do Advento e da Quaresma, Edviges se alimentava só para não cair sem sentidos.
     Edviges caiu gravemente enferma e foi preciso que Guilherme, Bispo de Módena, representante do Papa na região, exigisse a interrupção de seu jejum. Para a Santa isto era mais mortificante do que a sua própria doença.
     Influenciava nas decisões políticas tomadas pelo marido, interferindo na elaboração de leis mais justas para o povo. Junto com o marido construiu igrejas, mosteiros, hospitais, conventos e escolas. Mandou erigir um convento para as religiosas da Ordem de Cister, nas proximidades de Breslau, no qual muitas meninas pobres recebiam educação e instrução religiosa. Em algumas representações a Santa aparece com uma igreja nas mãos devido a sua dedicada e generosa preocupação em expandir e proteger a Santa Igreja.
     Quando tinha cerca de 30 anos, impelida pelo desejo de servir a Deus com maior perfeição, tomou a resolução de viver em completa castidade e, de acordo com o esposo, ambos fizeram um voto nesse sentido.
     Vivia com o mínimo de sua renda para dispor o restante em socorro dos necessitados. Ela tinha um carinho especial pelas viúvas e pelos órfãos. Encaminhava as viúvas para os conventos, onde ficavam abrigadas, e as crianças para as escolas, onde aprendiam um ofício.
     Em certa ocasião, quando visitava um presídio, a Santa duquesa descobriu que muitos ali se encontravam porque não tinham como pagar as suas dívidas. Desde então, Edviges saldava as dívidas de muitos e devolvia-lhes a liberdade, procurando também para eles um emprego. Com isto eles recomeçavam a vida com dignidade. Era uma forma de evitar a destruição das famílias, mantendo-as unidas. Santa Edviges é por isso considerada a Padroeira dos pobres e dos endividados, e protetora das famílias.
     Numa guerra imprevista, o esposo caiu nas mãos do inimigo. Edviges ela mesma se dirigiu ao duque Conrado, que mantinha o seu marido prisioneiro, e rogou-lhe que o libertasse. Henrique, porém adoeceu e pouco depois morreu.
     Três anos depois seu filho Henrique o Pio também perdeu a vida numa batalha. Em 1241, os tártaros atravessaram a Polônia, vindos da Ásia, só se detendo na Silésia, nas imediações de Legnica. O príncipe opôs eficaz resistência à invasão dos Tártaros. Henrique caiu no campo de batalha, mas os Tártaros foram obrigados a retirar-se, e nunca mais voltaram tão perto do Ocidente nas suas invasões.
     O heróico filho contava com as orações da mãe, que lhe infundia coragem e recomendava a Cristo Crucificado a batalha de Legnica. A paz e a segurança das terras a ela sujeitas, como também de grande parte da Europa Ocidental, foram obtidas pelo sacrifício de seu filho e de seu coração de mãe. Em mais este duríssimo golpe Edviges demonstrou a mesma resignação que tivera na morte do esposo.
     Edviges já era então viúva e consagrou o resto da sua vida a Deus entrando no Mosteiro de Trzebnica (ou Trebnitz), por ela fundado e onde sua filha Gertrudes era superiora. Foi no convento que Edviges deu mais largos passos rumo à santidade, vivendo como a última entre as religiosas; no convento redobrou os exercícios de austeridade. As regras e as constituições da Ordem viram na santa duquesa a observadora mais fiel.
     Edviges tinha terníssima devoção à Paixão e Morte de Jesus Cristo, tema de suas meditações diárias. Dedicava também um grande amor à Virgem Maria. Seu rosto se transformava quando pronunciava o doce nome de Maria.
     A humildade da santa duquesa foi recompensada com o dom dos milagres. Uma cega recuperou a visão após Edviges ter feito o Sinal da Cruz sobre ela. Inúmeras curas foram alcançadas por sua intercessão.
     Estando gravemente doente, ela pediu os Santos Sacramentos que recebeu com tão grande fervor, que edificou e comoveu os que a assistiam. Sua morte ocorreu no dia 15 de outubro de 1243. Foi canonizada no dia 26 de março de 1267 pelo papa Clemente IV.
 
Santa Edviges e o Mosteiro de Kitzingen
Mosteiro de Kitzingen, Alemanha
     Este mosteiro foi fundado por volta do ano de 750, no tempo de São Bonifácio, e ficou conhecido como educandário para moças. Sua fundadora foi Santa Hadeloga, cujo culto foi intenso no século XII, quando foi escrita sua biografia. A forma definitiva de Kitzingen foi dada por sua sucessora, Santa Tecla, falecida pelo ano 790.
     O programa de estudos e educação nas escolas conventuais, especialmente para moças, foi baseado nas instruções pedagógicas de São Jerônimo e aplicado nas escolas das Ordens religiosas por vários séculos. O famoso Doutor da Igreja, grande erudito nas Sagradas Escrituras e fundador de comunidades monásticas femininas, não deixou um sistema completo de formação para a vida religiosa, mas sim orientações pedagógicas.
     Durante cerca de sete anos Edviges permaneceu naquele convento. Esteve em contato direto com o estilo beneditino de vida, inspirado em São Bento de Núrcia e Santa Escolástica, sua irmã: vida comum, orações freqüentes durante o dia, meditação, leitura diária da Escritura, leitura durante as refeições e, sobretudo, uma liturgia solene.
     As alunas aprendiam o latim para acompanharem a leitura em comum dos Salmos. Liam também as obras dos santos chamados "Padres da Igreja". A respeito do estudo da Sagrada Escritura, lemos na biografia de Santa Edviges: "Na sua mocidade ela estudou no Mosteiro de Kitzingen a Sagrada Escritura. Desta forma ela conseguia compreender e ordenar seus afazeres de cada dia. A Bíblia foi para ela fonte de consolação interior e de devoção".
     O aproveitamento dos talentos de Santa Edviges, conforme suas próprias palavras, foi estimulado pela convicção de que "A santidade da vida, unida ao saber, garante à alma maior glória nos céus".
     Edviges também encontrou no Mosteiro de Kitzingen vários conhecimentos práticos, tais como, a arte de escrever com cuidado e aplicação as chamadas "iluminuras". Ela aprendeu também a execução de bordados artísticos, o canto vocal e a execução de vários instrumentos da época.
     Além de tudo isto, foi instruída a cuidar de uma casa, o que compreendia saber lidar com vários empregados; aprendeu a cuidar de doentes e administrar jardins e hortas, cujos frutos eram consumidos pelas pessoas e animais, e eram fontes de remédios.
     No Mosteiro de Kitzingen, Edviges alcançou uma excelente formação humana, cultural e religiosa. A Santa levou por toda a vida uma forte influência deste período de educação. Uma de suas mestras, chamada Petrissa, foi nomeada por Edviges, vinte anos depois, Abadessa do Mosteiro de Trzebnica.
     A irmã mais nova de Edviges, de nome Mechtilde, também freqüentou Kitzingen, chegando a ser Priora. Conforme registros datados de 1522, existem relíquias de Santa Edviges, Padroeira da Silésia, no Mosteiro de Kitzingen.

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