segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Assunção de Nossa Senhora - 15 de agosto


    
     Embora a Assunção (em latim: assūmptiō - "elevado") tenha sido definida em tempos relativamente recentes como um dogma infalível pela Igreja Católica, relatos apócrifos sobre a assunção de Maria ao céu circulam desde pelo menos o século IV. A própria Igreja Católica interpreta o capítulo 12 do Apocalipse como fazendo referência ao evento. E a carta de São Paulo (1Cor 15,20-27a) tem gosto de céu: a Assunção de Nossa Senhora ao céu é considerada como antecipação da ressurreição final dos fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Portanto, observe-se que a glória de Maria não a separa da humanidade, não a separa de cada um de nós, mas a une mais intimamente a nossa pobre humanidade.
     A mais antiga narrativa, o chamado Liber Requiei Mariae ("O Livro do Repouso de Maria"), sobrevive intacto apenas em uma tradução etíope. Provavelmente composta no início do século IV, esta narrativa apócrifa cristã pode ser do início do século III. Também muito primitivas são as diferentes tradições dos "Narrativas da Dormição dos 'Seis Livros'". As versões mais antigas deste apócrifo foram preservadas em diversos manuscritos em siríaco dos séculos V e VI, embora o texto em si seja provavelmente do século IV.  
    Apócrifos posteriores que se basearam nestes textos mais antigos incluem o De Obitu S. Dominae, atribuído a São João, uma obra provavelmente da virada do século VI que é um sumário da narrativa dos "Seis Livros". A Assunção também aparece no De Transitu Virginis, uma obra do final do século V atribuída a São Melito, que preserva uma versão teologicamente editada das tradições presentes no Liber Requiei Mariae. Transitus Mariae conta a história de como os Apóstolos teriam sido transportados por nuvens brancas até o leito de morte de Maria, cada um vindo da cidade em que estava pregando no momento. O Decretum Gelasianum, já na década de 490, declarava que a literatura no estilo transitus Mariae era apócrifa.
     Uma carta em armênio atribuída a São Dionísio, o Areopagita, também menciona o evento, embora seja uma obra muito posterior, escrita em algum momento do século VI. São João Damasceno, de sua época, é a primeira autoridade eclesiástica a advogar a doutrina pessoalmente (e não na forma de obras anônimas). Seus contemporâneos, São Gregório de Tours e São Modesto de Jerusalém, ajudaram a promover o conceito por toda a igreja.
A Dormição de Nossa Senhora
    
Em algumas versões da história, o evento teria ocorrido em Éfeso, na Casa da Virgem Maria, embora esta seja uma tradição muito mais recente e localizada. As mais antigas apontam que o fim da vida de Maria se deu em Jerusalém (veja "Túmulo da Virgem Maria"). Pelo século VII, uma variação apareceu, que conta que um dos apóstolos, geralmente identificado como sendo São Tomé, não estava presente na morte de Maria, mas sua chegada atrasada teria provocado uma reabertura do túmulo da Virgem, que então se descobriu estar vazio, com exceção de suas mortalhas. Numa outra, posterior, Maria lançaria do céu sua cinta para o apóstolo como uma prova do evento. Este incidente aparece muitas vezes nas pinturas sobre a Assunção.
     A doutrina da Assunção de Maria se tornou amplamente conhecida no mundo cristão, tendo sido celebrada já no início do século V e já estava consolidada no Oriente na época do imperador bizantino Maurício, por volta de 600. O evento era celebrado no Ocidente na época do Papa Sérgio I no século VIII e foi confirmada como oficial pelo Papa Leão VI. O debate teológico sobre a Assunção continuou depois da Reforma Protestante e atingiu um clímax em 1950, quando o Papa Pio XII o definiu como dogma para os católicos.
     O teólogo católico Ludwig Ott afirmou que "A ideia da assunção corpórea de Maria foi expressada pela primeira vez em certas "narrativas de trânsito" [transitus Mariae] nos séculos V e VI.... O primeiro autor a falar da assunção corpórea de Maria, em associação com um transitus apócrifo, foi São Gregório de Tours".
     A Igreja Católica jamais afirmou ou negou que seu ensinamento tenha se baseado em relatos apócrifos. Os documentos eclesiásticos nada comentam sobre o assunto e, ao invés disso, apontam outras fontes e argumentos como base para a doutrina.
     Nossa Senhora morreu, na Assunção a presença dEla cessou; nós não a vemos com os nossos olhos carnais, mas Ela deixou um perfume por toda a Igreja que se prolongará por séculos, perfume que se exprime pelo inefável que sentimos em nossa alma quando se fala de Nossa Senhora. Nossa Senhora continua a visitar os seus filhos, não há palavras para exprimir o inexprimível: Ela é a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, está tudo dito!

Fontes:


Um comentário:

  1. Senhora Zeni, bom dia.
    Pertenço à ABRHAGI (Academia Brasileira de Hagiologia), cuja sede é em Fortaleza, CE, no entanto, como diz o nome, abrange todo o território nacional. . Em breve, será aberto edital para preenchimento de cadeiras vacantes. Considero a senhora uma grande hagióloga e pesquisadora sacra. Seria muito bom se a senhora se candidatasse ao preenchimento de uma das cadeiras. Qual é seu email, para que eu possa lhe enviar o edital quando o mesmo for lançado?

    ResponderExcluir